Meio ambiente e energia

Gerente da Vale garante ter informado superiores sobre problemas na estrutura da barragem de Brumadinho

CPI vai pedir quebra de sigilos fiscal e telefônico de ex-presidente da empresa que conseguiu habeas corpus no Supremo

28/05/2019 - 21:39  

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Audiência pública
Audiência da CPI de Brumadinho para ouvir testemunhas do crime socioambiental

Gerente de gestão e estruturas da Vale, Marilene de Assis Araújo foi convocada pelos deputados devido a suspeitas de ter pressionado técnicos da empresa alemã Tüv Süd em prol de um laudo de estabilidade para a barragem da mina de Córrego do Feijão, que se rompeu em 25 de janeiro, em Brumadinho. Ela negou a acusação. No entanto, garantiu ter repassado para seus superiores as informações que apontavam problemas na estrutura da barragem.

"Todas as informações que chegaram à área, tanto das análises de risco quanto dos painéis (de especialistas), foram reportadas a todas aquelas pessoas que precisavam ter a informação. Então, foi dada ampla publicidade. Eu não sei informar se isso chegou ao diretor-presidente da Vale (Fábio Schvartsman), mas posso falar que, após cada painel de especialista, eu mesma enviava até o nível de diretoria as principais recomendações e os resultados das análises de risco".

Marilene Araújo chegou a ser presa temporariamente após a tragédia de Brumadinho. Depois de solta, foi afastada das funções na Vale por recomendação do Ministério Público. O outro funcionário da mineradora ouvido nesta terça, Washington da Silva, deu poucas informações à CPI.

Habeas Corpus
Os deputados fizeram fortes críticas à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que concedeu habeas corpus para que o ex-presidente da Vale Fábio Schvartsman deixe de comparecer a uma reunião da CPI para a qual ele havia sido convocado.

O relator da comissão, deputado Rogério Correia (PT-MG) adiantou que pedirá a quebra dos sigilos fiscal, telefônico e bancário de Fábio Schvartsman a partir de outubro do ano passado, quando a Vale foi informada da gravidade dos problemas na barragem de Brumadinho.

Análise de risco
O terceiro depoente de hoje na CPI foi Mário Cicarelli, diretor da empresa Potamos, integrante de um consórcio com a Tüv Süd para a análise de risco das barragens da Vale. Cicarelli, que também integra o painel de especialistas da mineradora, afirmou não ter acompanhado diretamente o trabalho técnico na mina do Córrego do Feijão e, por isso, não poderia comentar sobre os resultados divergentes das duas empresas consorciadas quanto à segurança da barragem.

Os deputados estranharam que, mesmo após a tragédia de Brumadinho, a Potamos tenha mantido cerca de 40% de todos os seus contratos ligados a negócios com a Vale. Para o deputado Gilberto Abramo (PRB-MG), empresas terceirizadas, como é o caso da Potamos, também deveriam ter responsabilidade solidária de comunicar à Agência Nacional de Mineração (ANM) eventuais problemas estruturais em barragens que coloquem a população em risco.

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Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Geórgia Moraes

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