Educação, cultura e esportes

Autoridade Olímpica evitará repetição de erros do Pan em 2016, diz secretário

22/08/2012 - 19:54  

Alexandra Martins
Ricardo Leyser Gonçalves (secretário nacional de esporte de alto rendimento do Ministério do Esporte)
Ricardo Leyser: APO impedirá variação grande entre o valor planejado e o executado.

A criação da Autoridade Pública Olímpica (APO) para gerenciar o orçamento das Olimpíadas de 2016 é a principal medida adotada pelo governo a fim de evitar que os erros dos Jogos Pan-Americanos de 2007 se repitam, segundo opinião do secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser Gonçalves. Ele participou, nesta quarta-feira (22), de audiência pública da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara sobre o início do ciclo olímpico brasileiro.

A comparação com o Pan foi levantada pelo deputado Romário (PSB-RJ), preocupado com a má utilização do dinheiro público. Segundo o parlamentar, o orçamento inicial do evento continental era de R$ 400 milhões e foram gastos quase R$ 4 bilhões.

Leyser ponderou que o Pan deixou o legado da segurança, com R$ 600 milhões aplicados no Rio de Janeiro, mas reconheceu que o orçamento foi um problema. "Acho correta a preocupação do deputado. Para os Jogos Olímpicos, propomos uma melhor institucionalização da gestão orçamentária com a criação da APO”, afirmou. O secretário ressaltou que Autoridade Pública Olímpica é um consórcio que envolve a União, o estado e o município do Rio de Janeiro e vai atuar para impedir que “haja uma variação tão grande entre o planejado e o executado, como aconteceu nos Jogos Pan-Americanos."

Metas
Quanto ao ciclo olímpico brasileiro, período iniciado com o encerramento dos Jogos de Londres deste ano e que se estende até as Olimpíadas de 2016 no Rio, Leyser lembrou que, com a Lei 12.395/11, que estabelece critérios de desempenho e planejamento para o período, o ministério passou a contar com mais recursos para apoiar o esporte de alto rendimento.

Arquivo/ Alexandra Martins
Romário
Romário: dinheiro gasto no Pan foi quase dez vezes maior do que o previsto inicialmente.

Conforme o secretário, uma das metas é tornar o Brasil uma das dez potências olímpicas. Leyser destacou que, para alcançar esse objetivo, o governo possui vários programas de incentivo à prática desportiva, como o Bolsa Atleta. “Tivemos a felicidade de ver em Londres muitos medalhistas que vieram do Bolsa Atleta, como a Sara Menezes [ouro] e o Felipe Kitadai [bronze], no judô, e o Esquiva Falcão [prata] e o Yamaguchi Falcão [bronze], no boxe, que há muitos anos contam com esse apoio."

Legado
Por outro lado, o presidente do Conselho Federal de Educação Física, Jorge Steinhilber, fez um apelo para que a educação física nas escolas tenha a mesma prioridade dispensada aos investimentos na construção de ginásios e pistas de atletismo, por exemplo. Conforme ele, o maior legado que os Jogos Olímpicos podem deixar é a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. "Temos de ensinar as crianças que elas devem praticar atividade física ao longo de toda a vida, para que possam prevenir doenças e criar vínculos sociais”, argumentou.

Para Steinhilber, não adianta alcançar metas de medalhas se a população não tirar proveito disso. Ela citou o exemplo dos Estados Unidos, que conquistam muitas medalhas olímpicas, mas são campeões em obesidade.

A audiência pública foi proposta pelos deputados João Arruda (PMDB-PR), Flávia Morais (PDT-GO), André Figueiredo (PDT-CE), Otavio Leite (PSDB-RJ) e José Rocha (PR-BA).

Reportagem – Idhelene Macedo/Rádio Câmara
Edição – Marcelo Oliveira

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