TV Câmara inaugura novas instalações
Inauguração será nesta quarta-feira (29) e marca os oito anos de uma das emissoras públicas mais premiadas do país
A TV Câmara inaugura nesta quarta-feira (29), às 19h30, suas novas instalações, um projeto de três anos baseado na filosofia da emissora: a transparência. Através de uma parede de vidro, quem estiver na Câmara dos Deputados poderá presenciar a atividade dos jornalistas e a transmissão, ao vivo, do telejornal Câmara Hoje - exibido às 21h.
As novas instalações custaram R$ 2,29 milhões (veja o detalhamento adiante) e são um marco na história da TV Câmara, criada há oito anos com a finalidade de divulgar o que se passa no Legislativo mas que se consolidou, neste período, como uma emissora pública que discute os grandes temas nacionais a partir da Câmara dos Deputados. A TV Câmara faz parte de uma verdadeira rede de comunicação pública pautada pelos interesses do cidadão, em que se destacam parcerias com outras TVs, como as emissoras das assembléias legislativas estaduais, a TV Senado e a Radiobrás - sem contar entidades como a Unesco.
As novas instalações, com 410 m², reúnem em um único complexo a redação - acoplada à bancada de apresentação do Câmara Hoje -, o estúdio de gravações, as ilhas de edição, além de espaço destinado à área administrativa e aos diversos núcleos de produção da emissora. O projeto segue a tendência da maioria dos canais informativos do mundo e contou com projetos de dois dos profissionais mais requisitados do setor, o designer Ucho Carvalho e o lightning designer Peter Gasper.
Ucho Carvalho assina o projeto de redações e cenários de emissoras como a Rede Globo (Jornal da Globo), o canal de informações GNT (da GloboSat) e o iG Studios (produtora de TV para a Internet). Peter Gasper, alemão radicado no Brasil há 49 anos, começou a carreira como cenógrafo em 1961 e tem passagens pela Atlântica Cinematográfica e as TVs Rio, Continental, Tupi, Excelsior, Manchete, Bandeirantes e SBT. Além disso, são dele os projetos de iluminação da Catedral de Brasília, da Praça dos Três Poderes, do Congresso Nacional (DF), do Museu de Arte Contemporânea em Niterói (RJ), das obras de Aleijadinho em Congonhas (MG), além de outros. Durante 12 anos, trabalhou como diretor de fotografia da Rede Globo.
Ousadia e economia
"Uma TV pública também tem que ter qualidade. Não se pode hoje, em qualquer emissora, fazer algo que não seja moderno. Agora, é claro que é preciso pensar também em economia: não se pode gastar demais nem na compra do equipamento nem na luz que se consome", explica Gasper.
O lightning designer encarou como um desafio projetar a iluminação das novas instalações, que também são um estúdio, com todas as exigências técnicas decorrentes disso. Como a redação pode ser vista da área externa, os equipamentos de luz tinham que estar integrados ao projeto arquitetônico.
Já o desafio de Ucho Carvalho foi adaptar o novo conceito visual de jornalismo televisivo às instalações já existentes na TV Câmara. "O conceito de transparência é uma tendência atual no jornalismo mundial que, além de torná-lo mais ágil, mostra ao público o local de origem da notícia. Ela é criada e gravada "in loco", vista e conferida por todos", explicou na apresentação do projeto.
Prêmios e serviços ao cidadão
Aos oito anos de idade, a TV Câmara é assídua freqüentadora de premiações jornalísticas de alcance nacional. Em 2004, dois documentários receberam o prêmio Vladimir Herzog: Florestan Fernandes — O Mestre; e a série Contos da Resistência, composta por quatro documentários sobre o golpe de 64 e a redemocratização do país. Em 2005, mais dois prêmios Vladimir Herzog, dessa vez para programas e personagens do cotidiano: a série de reportagens sobre a mortalidade infantil entre os índios do Mato Grosso do Sul e o documentário da série Brasileiros entitulado "Sônia Maria, sonho 100 dimensão".
A TV Câmara busca ainda ocupar lacunas deixadas pelas demais emissoras, comerciais ou não. Dentro dessa ótica, dois programas merecem destaque, o VER TV e o Câmara Ligada, que estrearam em 2006. O VER TV, semanal, analisa o conteúdo das TVs brasileiras. A produção é uma parceria da TV Câmara com a TV Nacional e conta com o apoio da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Já o Câmara Ligada, mensal, é um programa de auditório voltado para os jovens, principalmente os da periferia. O objetivo é estimular quem não tem intimidade com a política a debater temas de seu dia-a-dia. O ponto de partida para a discussão são as letras de bandas e artistas oriundos dessa mesma realidade - os bairros mais pobres. Na platéia, estudantes de escolas públicas de cidades do Distrito Federal discutem temas como a violência, as drogas e a cidadania.
TV pública de qualidade
O papel das emissoras públicas, em especial da TV Câmara, na divulgação das atividades parlamentares e na promoção de debates sobre os grandes temas nacionais, chama atenção dos profissionais da área, especialistas em comunicação e dirigentes de emissoras de assembléias legislativas. Leia alguns depoimentos:
"As emissoras públicas prestam um importante serviço à comunidade. As emissoras comerciais se preocupam mais com o entretenimento e com um pouco de informação. Tanto a TV Câmara como a TV Senado e as outras emissoras legislativas têm um papel fundamental. O sistema democrático só vai ser aperfeiçoado de fato quando a população conseguir perceber, sem nenhum tipo de maquiagem, o que os representantes que elegem fazem em nome delas. As TVs Legislativas são instrumento fundamental para o aprimoramento da democracia, na medida em que informam o cidadão e abrem uma janela para que ele possa fiscalizar o trabalho dos parlamentares.(Na TV Câmara) Gostaria de destacar o programa VER TV, parceria com a NBR, que tem como objetivo fazer uma avaliação do que é produzido hoje na televisão brasileira" (Rodrigo Lucena, gerente-geral de Rádio e TV da Assembléia Legislativa de Minas Gerais)
"As emissoras públicas têm um papel fundamental para a construção de públicos/audiências mais reflexivos e críticos, sem ter como parâmetro a audiência e o público como consumidor. Acredito que as principais mudanças são na abordagem jornalística, na preocupação cada vez maior destas emissoras em fazer um jornalismo público, voltado para o cidadão e independente de governos ou partidos. No caso da Radiobrás, por exemplo, estes últimos quatro anos foram de muito debate e busca desse tipo de jornalismo. A TV Câmara tem um papel fundamental, já que dá visibilidade a um dos poderes da república. Ela deve ter acesso universal, e não apenas para quem tem TV a cabo. Entre os programas mais interessantes, posso citar o Câmara Ligada, o Comitê de Imprensa, o programa de documentários, o Sempre um Papo, o Ver TV, entre tantos outros. E os programetes que entram nos intervalos da programação com dicas para o cidadão sobre leis, seus direitos, etc" (Maria Alice Lussani, chefe do Departamento de Telejornalismo da Radiobrás)
"Isso (os investimentos nas novas instalações) não é um gasto. É um investimento em cidadania. As TVs legislativas - em especial a TV Câmara - estão ocupando um vácuo na programação televisiva do país ao oferecer alternativas ao espectador. A TV Câmara oferece ao brasileiro aquilo que as emissoras comerciais não oferecem" (Lalo Leal, jornalista e sociólogo, professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e apresentador do programa VER TV)
"A TV Câmara, a TV Senado, a TV Justiça, a Radiobrás e todas as outras emissoras de comunicação pública, sejam elas de porte mais estatal ou menos estatal, só se justificam se atenderem a uma necessidade do cidadão e da sociedade. Não são palanques, não são agências de publicidade. São instituições que, ou atendem direito ao cidadão, ou não têm que existir. Eu avalio à distância que a TV Câmara vem fazendo um trabalho cada vez melhor. Eu vou destacar o VER TV porque não apenas inaugurou um tipo de debate que não havia na televisão brasileira, como consolida uma prática de parceria e põe, numa mesma direção de programa, profissionais da Radiobrás e da TV Câmara. Então isso é um momento alto da TV Câmara. Outra coisa que eu destacaria é a cobertura ordinária da TV Câmara. Esse é o serviço essencial da TV Câmara. Mostrar as sessões, as reuniões, os parlamentares. Agora, todos os investimentos que a Radiobrás faça, ou que a TV Câmara faça, precisam estar sempre abertos ao exame e à crítica da sociedade" (Eugenio Bucci, presidente da Radiobras)
"O respeito pela sociedade, o fortalecimento da democracia e o estímulo para o exercício da cidadania são os pilares fundamentais para o funcionamento de uma TV pública de qualidade. Aliado a esses princípios, existe a necessidade de pensar uma programação voltada para o cidadão. Ou seja, uma TV de inclusão, onde cada brasileiro possa se ver e se identificar como um integrante social. Neste contexto, a TV Câmara tem sido um exemplo para os demais canais públicos nacionais, inclusive para a TV Assembléia do Ceará, que é o primeiro canal do poder legislativo estadual a funcionar em UHF (sistema aberto) no país. A TV Câmara representa um evolução no modelo de televisão pública no país, ao provar que é possível fazer uma programação de qualidade em que o cidadão está em primeiro lugar." (Christianne Sales, diretora do Núcleo de TV da Assembléia Legislativa do Ceará)
"As emissoras de TV públicas têm hoje um papel fundamental no Brasil porque garantem um dos valores mais reivindicados pelos cidadãos, que é a transparência. Isso se dá com as transmissões ao vivo de sessões plenárias e reuniões de comissões, especialmente. Sem cortes, sem edição, os telespectadores podem avaliar o desempenho de seus representantes, diretamente. Além disso, as TVs públicas também garantem a divulgação da pluralidade de idéias, já que os espaços estão abertos para todas as forças políticas. A TV Câmara tem um papel muito importante no contexto atual porque é emissora referência para as demais emissoras públicas. Conta com profissionais competentes e prima pelo conteúdo de sua programação" (Lúcia Helena Vieira, Diretora de Comunicação Social da Assembléia Legislativa de Santa Catarina)
"As TVs públicas, exercem papel fundamental para a total transparência do setor público, tirando o mesmo de um enclausuramento de décadas. Para tanto as emissoras se preocupam principalmente, em deixar o rótulo de "chapas brancas", diversificando a grade com programas que despertem real interesse do telespectador. Atualmente os dirigentes das TVs públicas têm plena consciência da importância de se atingir todos os segmentos da sociedade de forma equânime. A diversificação da programação da TV Câmara contribui, e muito, para a mudança de comportamento, não só dos políticos como também do telespectador, que passaram a acessar a TV Câmara de forma prazerosa, em busca de notícias, cultura, conhecimentos e lazer" (Wanderley de Oliveira, diretor-geral da TV Assembléia Legislativa do Mato Grosso)
Custos
As novas instalações físicas da TV Câmara totalizaram um gasto de R$ 2,29 milhões, assim distribuído:
Mobiliário - R$ 835.000,00
Luminárias e mesas dimerizáveis - R$ 367.417,60
Ar-condicionado - R$ 366.603,97
Segurança/Comunicação de voz e dados/detecção de incêndio/elétrica - R$ 236.800,58
Divisórias, esquadrias e vidros - R$ 142.000,00
Piso elevado - R$ 79.779,40
Revestimento acústico/chapas das paredes - R$ 63.449,80
Carpete - R$ 62.405,00
Revestimento colunas e painéis/lâminas de vidro - R$ 59.899,99
Forro acústico - R$ 45.550,87
Revestimento acústico do teto - R$ 15.340,00
Eletrocalhas circulares - R$ 8.000,00
Gesso acartonado - R$ 4.799,85
Mobiliário da recepção - R$ 4.197,00
Piso vinílico do estúdio - R$ 2.808,00
Granitos da copa - R$ 675,00
Total - R$ 2.294.727,06