Relator da CPI debate crise aérea na internet
Bate-papo na internet, na próxima segunda-feira (28), terá como tema os trabalhos da CPI da Crise Aérea
A Agência Câmara promove na próxima segunda-feira (28), a partir das 15h, bate-papo pela internet com o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Crise Aérea, deputado Marco Maia (PT-RS). Ele responderá às perguntas dos internautas sobre o assunto. Para participar, basta acessar o site www.agencia.camara.gov.br e clicar no ícone do chat.
Instalada no início do mês, a comissão iniciou seus trabalhos pela investigação do acidente entre um Boeing da Gol e um jato Legacy, em 29 de setembro de 2006, que matou 154 pessoas. Desde então, os passageiros têm convivido com atrasos e cancelamentos de vôos.
Os parlamentares da CPI já ouviram o depoimento do delegado da Polícia Federal responsável pelo inquérito sobre o acidente, Renato Sayão Dias; do presidente da comissão da Aeronáutica que investiga o acidente, coronel-aviador Rufino Ferreira; e de controladores de vôo, entre outros.
Renato Sayão deu detalhes sobre investigação da PF que constatou falhas cometidas pelos pilotos do Legacy, os norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paladino, mas também revelou irregularidades no trabalho dos controladores de vôo. O delegado disse que não poderia investigar a ação dos controladores, uma vez que militares só poderiam ser investigados por um inquérito policial militar (IPM). O coronel Rufino Ferreira, no entanto, em seu depoimento, afirmou que o inquérito seria instaurado caso houvesse solicitação da PF. "Há contradições que precisam ser esclarecidas", comentou o relator na ocasião da audiência com Ferreira.
Zonas cegas
Os controladores de vôo se defendem. O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, disse na CPI que há zonas cegas no controle do trajeto feito pelo jato Legacy. Botelho afirmou que já ouviu, inclusive, reclamações de associações internacionais de controladores de vôos sobre a existência dessas zonas no espaço aéreo brasileiro, além de críticas ao software utilizado nos radares.
Os pontos cegos chegaram a ser apontados como a possível causa do acidente com o avião da Gol. Na semana passada, porém, o brigadeiro-do-ar Jorge Kersul Filho, que chefia o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), negou a existência de pontos cegos nos radares que controlam o espaço aéreo brasileiro.
Cindacta
Após visita ao Cindacta 1 - responsável pelo controle na região Centro-Oeste e em parte da Sudeste -, em Brasília, na semana passada, Marco Maia avaliou positivamente a segurança de vôos no Brasil. O sistema, disse, é complexo e bem organizado, servindo até de referência para outros países.
Jorge Botelho, em seu depoimento, porém, reclamou das condições de trabalho. Segundo ele, mais de 90% dos controladores de vôo desempenham outra atividade para complementar seus salários, que chega a R$ 3,2 mil no caso dos civis e R$ 4,8 mil para os militares. Muitos profissionais, disse Botelho, são taxistas, motoristas de ônibus e comerciantes nas horas de folga. O sindicalista admitiu que os "bicos" atrapalham e colocam em risco a aviação civil no Brasil. (Agência Câmara)