Multinacional que domina o setor concorda em adotar arquivo de formato aberto em seus produtos de escritório

A empresa norte-americana Microsoft anunciou, durante o seminário Formatos de Documentos Digitais Textuais, promovido pela Câmara dos Deputados, que vai aderir a tradutores para formatos abertos na versão 2007 de seus produtos, que serão lançados no início do próximo ano. Este anúncio foi feito pelo gerente geral para a Estratégia e Padrões de Documentos da Microsoft Corporation, Alan Yates, que participou do painel sobre formatos de documentos digitais para ambiente de escritório.

O seminário, coordenado pelo Centro de Informática (Cenin) e pelo Centro de Documentação e Informação da Câmara (Cedi), despertou grande interesse de universidades, órgãos do Executivo e até mesmo observadores internacionais. O auditório Nereu Ramos, onde aconteceu o encontro, esteve com todos os seus lugares ocupados. Participaram representantes da BR-Office (Projeto OpenOffice.org no Brasil); da Microsoft Corporation e da Adobe Suystems (que também enviou ao Brasil a gerente Mundial do Grupo de Padronização, Dianna Helander).

"O momento é muito importante, já que governos de diversos países também estudam propostas para padronizar a formatação de documentos digitais de texto. As decisões são importantes pois está em discussão o lançamento de produtos dentro de um mercado de bilhões de dólares", disse o chefe da assessoria do Cenin, Sérgio Falcão.

A importância do anúncio feito pela Microsoft durante o seminário, segundo o diretor do Arquivo da Câmara, Lamberto Ricarte Serra Júnior, é significativa. A criação do projeto Open XML vai permitir que os programas Word, Excel e PowerPoint suportem documentos no formato ODF (OpenDocument Format). A decisão da Microsoft é interpretada como uma concessão da empresa às pressões que vem recebendo em vários países para que seus produtos tenham melhor interação com softwares de outros padrões, especialmente programas de código aberto.

O ODF é o formato de documento aberto criado pela OASIS (Organization for the Advancement of Structured Information Sandards), que tem o apoio de defensores do software de código aberto.

Transparência

Os representantes destas grandes corporações destacaram que a Câmara dos Deputados é o primeiro organismo público, em todo o mundo, a realizar um seminário aberto sobre o tema para posteriormente tomar uma decisão sobre qual formato de documentos digitais textuais irá utilizar. A grande maioria das entidades públicas opta por nomear uma comissão para realizar estudos e apontar soluções.

A Câmara dos Deputados pretende, segundo Sérgio Falcão, tomar uma decisão até o final deste ano. O Cenin e o Cedi estão agora coordenando um fórum, pela internet, aberto a todos os cidadãos, para continuar recebendo as mais diversas opiniões sobre o assunto. Para participar do Fórum basta acessar o endereço: www.camara.gov.br/documentosdigitais.

Assinatura digital

Na próxima legislatura, que se inicia em 15 de fevereiro de 2007, a Câmara vai adotar o sistema de Assinatura Digital. Com a definição do formato de documentos digitais textuais, os deputados, a Mesa Diretora e os demais diretores de órgãos da Câmara deixam de assinar documentos em papel, como acontece há séculos, passando a autenticá-los eletronicamente. Para o assessor do Cenin, esse processo garante total segurança e também facilita o arquivamento.

Os textos impressos vão passar a ser apenas cópias do documento original, formatado eletronicamente. O Tribunal de Contas da União (TCU) tem também demonstrado real interesse nesse assunto, pois planeja, no futuro próximo, realizar auditorias a partir de documentos digitalizados.