O modernismo da era JK na Câmara
A Câmara dos Deputados sedia, a partir de terça-feira (18), a mostra O Olhar Modernista de JK, que reproduz um dos mais importantes eventos da arte brasileira, realizado por Juscelino quando prefeito de Belo Horizonte
Os maiores nomes do modernismo brasileiro estarão representados em Brasília na mega-exposição O Olhar Modernista de JK, uma realização da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) em parceria com a Câmara dos Deputados.
A partir do dia 19 de abril, a Câmara vai abrir pela primeira vez ao público o Salão Verde para uma exposição de arte e objetos cotidianos da era JK. E motivos para isso não faltam. Em 2006, são comemorados os 50 anos da posse de Juscelino Kubitschek na Presidência da República e os 30 anos da morte do construtor de Brasília - além dos 46 anos da capital, inaugurada em 21 de abril de 1960.
Paralelo à mostra, serão exibidos em frente ao Congresso Nacional carros do período. Alguns dos automóveis antigos foram usados na gravação da minissérie JK, da Rede Globo.
A abertura oficial da exposição O Olhar Modernista de JK vai ocorrer na terça-feira (18), às 19h, com a presença do presidente da Câmara Aldo Rebelo. De quarta-feira (19) até 7 de maio, a exposição ficará aberta de segunda a sexta, de 9h às 18h, e nos finais de semana e feriados, de 9h30 às 17h. Quando não houver sessão no Plenário da Câmara, todo o Salão Verde da Casa poderá ser visitado. Ali se encontram painéis de Athos Bulcão, Di Cavalcanti e Marianne Peretti, artistas representativos da época, uma das mais ricas da história das artes plásticas e da arquitetura brasileiras.
A mostra O Olhar Modernista de JK, com curadoria de Denise Mattar, foi originalmente proposta como uma remontagem da exposição Arte Moderna 1944, realizada em Belo Horizonte pelo então prefeito Juscelino Kubitschek e considerada o mais importante evento de artes plásticas realizado no Brasil depois da Semana de Arte Moderna de 1922.
Nesta nova versão da mostra são apresentadas obras dos principais artistas do evento de 1944 que se encontram atualmente em coleções brasilienses.
A mostra é dividida em três núcleos.
Núcleo I - Arte Moderna 1944
Obras de artistas do período, encontradas em coleções brasilienses. Anita Malfatti, Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Djanira, Alfredo Volpi, Burle Marx, Portinari, Mário Zanini, Milton Dacosta, José Pancetti, Carlos Scliar, Heitor dos Prazeres, Enrico Bianco, Quirino Campofiorito, Tomás Santa Rosa e Lívio Abramo são os artistas que estarão representados na exposição.
A curadora Denise Mattar selecionou obras de coleções brasilenses e encontrou preciosidades praticamente desconhecidas do público. "A excelente qualidade dos trabalhos localizados em Brasília nos permitiu traçar um amplo panorama da arte brasileira na década de 1940, apresentando as diferentes vertentes que coexistiam naquele momento", disse.
Os pioneiros do Modernismo, Anita, Di Cavalcanti, Tarsila e Brecheret contestavam a arte acadêmica e buscavam novas formas de expressão. Rebolo, Volpi, Zanini e Pancetti são da segunda geração do modernismo e suas obras têm um acento lírico e nostálgico. Portinari, Guignard, Djanira, Bianco, Clovis Graciano e Heitor dos Prazeres buscaram uma arte mais expressionista, à qual se mesclou um profundo sentimento nacionalista. Quirino Campofiorito foi um dos poucos artistas brasileiros a aludir ao surrealismo. Dacosta, Santa Rosa e Iberê Camargo faziam, em 1944, parte da novíssima geração, que iria flertar com a arte abstrata.
Núcleo II — JK e As Artes
Painéis com textos e imagens que destacam a biografia de JK e sua relação com a arte brasileira. Juscelino Kubitschek foi o único político brasileiro que de fato se interessou pelas artes. Como prefeito, governador e presidente promoveu a modernização do país não só através da industrialização, mas também da produção artística nacional.
Uma extensa cronologia mostra, através de textos e imagens, a relação de JK com as artes. Nas fotos, Juscelino pode ser visto com grandes nomes do meio artístico nacional e internacional, como a atriz alemã Marlene Dietrich, a mecenas das artes visuais de São Paulo Yolanda Penteado e na abertura da segunda e terceira edições da Bienal Internacional de São Paulo.
É impossível pensar no "presidente Bossa Nova" sem lembrar da relação de JK com a arquitetura. Segundo Oscar Niemeyer, Brasília foi a continuação de outro projeto seu, o conjunto arquitetônico modernista da Pampulha, em Belo Horizonte (1942), o primeiro da América latina e um dos primeiros do mundo.
O núcleo apresenta obras dos principais parceiros de JK na construção da Pampulha e de Brasília: maquete e desenhos de Oscar Niemeyer, pinturas de Burle-Marx e esculturas de Bruno Giorgi.
A cenografia de Guilherme Isnard incorporou à montagem da exposição o magnífico painel de Athos Bulcão, o belo anjo de Ceschiatti e os excepcionais painéis de Di Cavalcanti e Marianne Peretti que se encontram no Salão Verde da Câmara dos Deputados.
Núcleo III — Os Anos JK
Reúne imagens e peças de publicidade dos anos 1950/60. Os anos JK são marcados por um grande otimismo, pela busca do novo, por uma crença no futuro do Brasil, no seu desenvolvimento e no seu povo. O presidente Juscelino Kubitschek queria alcançar 50 anos de desenvolvimento durante os cinco anos de seu mandato. O carro e a televisão foram adotados como símbolos de seu governo. A publicidade estimulava o consumo e ajudava no desenvolvimento dos meios de comunicação. Na televisão, ainda muito precária, surgiram as famosas garotas-propaganda. Jornais e revistas tiveram suas tiragens aumentadas e se popularizaram.
Reunidos neste núcleo da exposição estão filmes de publicidade e imagens das revistas O Cruzeiro e Manchete dos anos 1950/60. Eles permitem uma leitura muito nítida do comportamento da sociedade neste período.
Imagens
Para obter imagens de algumas peças que estarão expostas na mostra O olhar modernista de JK, acesse o Banco de Imagens da Câmara. Basta entrar na página www.camara.gov.br, clicar em "Agência Câmara", em seguida no "Banco de Imagens" - no link referente a imagens institucionais. Ou pelo atalho:
https://www.camara.gov.br/internet/bancoimagem
O Olhar Modernista de JK
Salão Verde da Câmara dos Deputados
De 19 de abril a 7 de maio, de 9h30 às 17h30 - inclusive aos sábados, domingos e feriados.
De segunda a sexta, de 9h às 18h, e nos finais de semana e feriados, de 9h30 às 17h.
Exposição de peças dos artistas reunidos por Juscelino Kubitschek na mostra Arte Moderna 1944, em Belo Horizonte (MG). São esculturas, pinturas e objetos da época, inclusive do próprio Juscelino. Produção da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e da Câmara dos Deputados.
Exposição de carros da Era JK
Rampa de acesso ao espelho d'água do Congresso Nacional
De 18 a 23 de abril, de 9h às 18h.
Exposição de carros dos anos 50. São peças de colecionadores que retratam o período de industrialização do país. Alguns deles foram usados na minissérie JK, da Rede Globo.