Câmara expõe os 117 anos da República

29/01/2014 13h04

 

As diversas constituições, eleições e crises políticas são retratadas em mostra que permanece aberta ao público até 1º de dezembro

Fica aberta até o dia 1º de dezembro a exposição "República: sua construção passa pelo Legislativo", composta por 52 painéis com a linha do tempo e a história das diversas constituições elaboradas no período republicano do país - que se confunde em parte com a história do Parlamento. A mostra também tem documentos históricos, fotos e até músicas de época associadas a fatos marcantes da República.

 

A exposição ficará no Salão Negro do Congresso Nacional até domingo (19), quando será transferida para o Espaço do Servidor da Câmara dos Deputados - onde permanece até 1º de dezembro. A exposição ficará aberta ao público neste final de semana.

 

O objetivo da mostra é apresentar ao brasileiro noções a respeito de como foi construída a República no país, passando pelos diversos momentos de recuos e avanços democráticos, sempre com a participação protagonista do Poder Legislativo.

 

Em 2007, a exposição será levada a outros pontos do Distrito Federal e vários estados, principalmente a assembléias legislativas e câmaras de vereadores, além de museus e escolas.

Passeio pela história

Fazem parte da exposição documentos oficiais, fotografias de personalidades, de ações de movimentos sociais, reproduções de páginas de jornais e manifestos políticos. A começar por cenas da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, momento de ruptura que surge logo após a abolição da escravatura.

A mostra destaca o ano de 1891, quando o Brasil adota sua primeira Constituição republicana. Nela, os senadores vitalícios deixam de existir e o mandato é reduzido para nove anos. Na Câmara, os deputados passam a ter mandato de três anos e o regime é definido como presidencialista, com eleição direta do Presidente da República.

Esta Constituição também acaba com a exigência de uma renda mínima para ter direito ao voto, mas mantém a proibição de voto para analfabetos e mulheres. O resultado é que apenas 2% da população podiam votar. Essa limitação resistiu ao tempo: em 1930, o candidato a presidente Júlio Prestes foi eleito com os votos de apenas 5,65% dos brasileiros.

A exposição mostra a primeira década da República como período de muitos conflitos, quando a Câmara e o Senado foram fechados em diversas oportunidades. A época foi marcada por revoltas contra o novo regime, como a que aconteceu entre 1893 e 1895 no Rio Grande do Sul - vencida pelo Partido Republicano Riograndense, com o apoio de Floriano Peixoto.

Também merece destaque na mostra o Barão do Rio Branco, que nos primeiros anos do século passado consolidou as fronteiras do país. No mesmo período, governo de Prudente de Morais, o Exército reprime com violência os sertanejos de Canudos, acusados de defenderem a monarquia.

Fotografias e matérias jornalísticas mostram ainda os anos de 1917 a 1920, marcados por greves e confrontos entre trabalhadores e forças policiais. Outra revolta retratada na mostra é a da "Chibata", de 1910, quando marinheiros protestaram contra os maus tratos nas Forças Armadas. Os castigos físicos foram abolidos depois de confrontos liderados por João Cândido, conhecido como Almirante Negro.

Balanço da República

Chama a atenção dos visitantes um quadro com os grandes acontecimentos de todo o período republicano. São sete dissoluções do Congresso Nacional, a primeira em 1889 e a última entre 1º e 14 de abril de 1977; cinco governos provisórios; duas renúncias presidenciais (Deodoro da Fonseca, em 23 de novembro de 1891; e Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961); um presidente impedido de tomar posse (Júlio Prestes, em 1930); dois vice-presidentes impedidos de tomar posse (João Goulart, em 1961; e Pedro Aleixo, em 1969); além de cinco presidentes depostos - Washington Luís (1930), Getulio Vargas (1945), Carlos Luz (1955), Café Filho (1955) e João Goulart (1964).

A exposição cobre ainda nove governos autoritários, o suicídio de um presidente (Vargas, 1954), doze estados de sítio, dois estados de guerra, dezessete atos institucionais, 14 rebeliões militares, além de inúmeras cassações de mandatos e prisões de parlamentares, banimentos e exílios de opositores ao regime, bem como intervenções em sindicatos e em universidades. Fotos e documentos mostram também assassinatos políticos, censura à imprensa e tortura nas prisões.

Os movimentos de revolta contra o autoritarismo estão também presentes, com imagens da luta pela Anistia Ampla Geral e Irrestrita, pelas Diretas Já, da luta armada urbana e da Guerrilha do Araguaia. Sem contar grandes momentos de mobilização ou comoção nacional. Uma grande fotografia mostra milhares de pessoas em frente ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, logo após o anúncio do suicídio de Getúlio Vargas. A Campanha do "Petróleio é Nosso", nos anos de 1948 a 1953, que resultou na criação da Petrobrás, também é destaque na exposição.

A montagem da exposição foi coordenada pela Presidência da Câmara dos Deputados e realizada pela Assessoria de Projetos Especiais da Diretoria Geral da Câmara. As pesquisas de documentos, imagens e obras raras foram feitas pelo Centro de Documentação e Informação, com participação da Consultoria Legislativa e apoio do Espaço Cultural Zumbi dos Palmares.

Imagens

Fotos e ilustrações da exposição podem ser obtidas no Banco de Imagens da Câmara dos Deputados - na parte referente a "imagens institucionais - no endereço:

https://www.camara.gov.br/internet/bancoimagem

 

Serviço

 

Exposição República: sua construção passa pelo Legislativo

Abertura: 14 de novembro

Até 19 de novembro: Salão Negro do Congresso Nacional (inclusive no final de semana)

De 20 de novembro a 1º de dezembro: Espaço do Servidor da Câmara dos Deputados (somente dias de semana)

Horário: de 9h às 18h