Câmara lança site e exposição sobre José Bonifácio
A vida e a importância histórica do Patriarca da Independência serão objeto de 14 painéis a partir da próxima quarta-feira (6), no Salão Negro do Congresso Nacional
O presidente da Câmara Aldo Rebelo abre nesta quarta-feira (6) a exposição "José Bonifácio, Uma Vida em Documentos", constituída de 14 painéis, no Salão Negro do Congresso Nacional.
No mesmo dia, a Câmara lança o sítio www.obrabonifácio.com.br, com 10.178 páginas de documentos e manuscritos deste personagem histórico que moldou as instituições políticas do Brasil, foi tutor do príncipe regente Pedro de Alcântara (Dom Pedro II) e é também considerado "o Patriarca da Independência" do país.
Os eventos fazem parte do projeto "Os Construtores do Brasil", uma galeria de 22 personalidades fundamentais no processo histórico da formação da nação brasileira. A galeria foi inaugurada em abril e fica localizada no gabinete do presidente da Câmara. Cada um dos "construtores" vai receber, ao longo dos próximos meses, destaques especiais como exposição de imagens e textos biográficos. Em outubro, serão destacados o Padre Manoel da Nóbrega e o ex-presidente Getúlio Vargas.
Os 14 painéis da exposição sobre José Bonifácio de Andrada e Silva mostram, cronologicamente, a atuação deste brasileiro nascido em Santos no dia 13 de junho de 1763 e que morreu no Rio de Janeiro em 1838. A Independência do Brasil, ocorrida em 7 de setembro de 1822, foi possível, segundo o historiador Jorge Caldeira, que organizou o sítio de Bonifácio na Internet, "porque estava em vigor um acordo político costurado por ele: os republicanos aceitariam a monarquia comandada pelo herdeiro do trono português e, este, o poder de um parlamento". Jorge Caldeira é doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo.
De cientista a político
A exposição e o sítio eletrônico contam a vida de José Bonifácio, que deixou o Brasil aos 19 anos para estudar em Coimbra, Portugal. Aluno brilhante, tornou-se membro da Academia de Ciências de Lisboa, ganhando bolsa de estudos do governo português para se aperfeiçoar, durante dez anos, à partir de 1790, em vários países da Europa.
José Bonifácio viu de perto o início da Revolução Francesa. Esteve na Alemanha e na Escandinávia, onde realizou pesquisas minerais. Voltou a Portugal em 1800 e lá dirigiu instituições técnicas e comandou a instalação de siderúrgicas. Retornou ao Brasil em 1819. Em 1822 foi nomeado ministro pelo regente Pedro de Alcântara, início de seu trabalho político.
Bonifácio leva para a corte a idéia de um poder de fonte popular. O resultado das iniciativas políticas foram a instalação de uma Assembléia Constituinte, a nomeação de embaixadores, a reunião de forças militares e o afastamento do poder de pessoas que eram leais a Lisboa. José Bonifácio preparou, desta maneira, a rápída separação do Brasil da Coroa Portuguesa.
Parte do plano funcionou, mas a divisão do poder com parlamentares eleitos - Bonifácio tornou-se deputado para a Assembléia Constituinte - não foi simples. D. Pedro I resistiu ao Parlamento. Sua atuação parlamentar foi marcada pela apresentação de propostas para a inclusão de índios e escravos na cidadania. Esta opção pelos excluídos lhe valeu seis anos de exílio na França.
José Bonifácio voltou ao Brasil em 1829, a tempo de ver o imperador ser derrubado pelo Parlamento, em 1831. Foi, então, nomeado tutor de Pedro II, papel que exerceu entre 1831 e 1833, sendo afastado do poder para uma prisão domicilar que durou até 1835. Morreu três anos depois.
A exposição de painéis no Salão Negro vai até o dia 10 de setembro.
SERVIÇO
Exposição: José Bonifácio, uma Vida em Documentos
Abertura: dia 06 de setembro
Encerramento: dia 10 de setembro
Local: Salão Negro do Congresso Nacional
Lançamento do sítio: www.obrabonifácio.com.br