Descriminalização do Aborto é tema de chat
A possibilidade de descriminalização do aborto é tema do próximo bate-papo da Agência Câmara. Na quarta-feira (13), o deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) responderá às perguntas dos internautas interessados no assunto, a partir das 16 horas. Para participar, basta acessar o site https://www2.camara.gov.br/internet/homeagencia e clicar no ícone do chat.
Mudalen é relator, na Comissão de Seguridade Social e Família, do Projeto de Lei 1135/91, dos ex-deputados Eduardo Jorge e Sandra Starling, que descriminaliza o aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento. A proposta suprime o artigo 124 do Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40), que prevê, para esses casos, pena de detenção de um a três anos.
Na ocasião de apresentação do projeto, Eduardo Jorge e Sandra Starling apontaram a necessidade de atualizar o Código Penal, adaptando-o aos valores e necessidades do mundo atual. A mulher, lembraram, entrou no mercado de trabalho e passou a conciliar o emprego assalariado com a atividade doméstica, em condições desfavoráveis. Essas mulheres, a maioria de classe baixa, submetem-se a abortos realizados em condições inadequadas, que podem levar à morte. "É absolutamente desnecessário e desumano querer aplicar penalidade a uma pessoa que já foi forçada a submeter-se a tamanha agressão. A gestante, quando provoca aborto em si mesma ou permite que outro o faça, está tomando uma providência extrema que a violenta física, mental e, com freqüência, moralmente", afirmaram na justificativa do projeto.
Audiências
Há 16 anos em análise na Câmara, a proposta sempre provocou polêmica. Na legislatura passada, o texto teve como relatora a ex-deputada Jandira Feghali. Ela chegou a apresentar substitutivo para garantir à mulher o direito ao aborto realizado por médico até a 12ª semana de gestação, sem precisar justificar o motivo, e até a 20ª semana, se a gravidez for conseqüência de estupro. O substitutivo de Feghali prevê ainda a interrupção da gravidez no caso de risco de morte para a mãe ou de diagnóstico de malformação do bebê incompatível com a vida ou de doença fetal grave e incurável.
O parecer da ex-deputada nunca foi votado e, com o encerramento da legislatura, o projeto foi arquivado e desarquivado neste ano a pedido de diversos parlamentares. Designado novo relator, Jorge Tadeu Mudalen sugeriu a realização de audiências para esclarecer o tema e legitimar sua discussão no Congresso. O primeiro debate está previsto para o dia 27 de junho. Serão ouvidos especialistas, autoridades e representantes da sociedade civil organizada.
Mudalen lembra que o aborto, apesar de ser uma decisão individual que envolve valores morais e religiosos, também tem caráter coletivo de saúde pública. Os abortos clandestinos exigem tratamento prolongados para reparar seqüelas e, em alguns casos, provocam a morte das pacientes.
Na Câmara, existem pelo menos quatro frentes parlamentares ativas (formalmente e informalmente) mobilizadas contra a interrupção da gravidez: a Frente Parlamentar Evangélica; a Frente Parlamentar Contra a Legalização do Aborto - Pelo Direito à Vida; a Frente Parlamentar da Família e Apoio à Vida; e a Frente Parlamentar em Defesa da Vida - Contra o Aborto. Não há nenhum grupo de deputados ou de senadores organizado em defesa da descriminalização do aborto.
Noeli Nobre - Agência Câmara
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