Carla Camurati no Personalidade
A cineasta e atriz mostra toda sua indignação em relação aos problemas sociais do país em entrevista que estréia no próximo domingo na TV Câmara e na Rádio Câmara
A atriz e cineasta Carla Camurati é a estrela da quinta edição do projeto Personalidade, uma grande entrevista feita por jornalistas dos veículos de comunicação da Câmara com brasileiros e brasileiras de sucesso em diversas áreas.
A entrevista será transmitida pela TV Câmara no próximo domingo (1º de abril), às 20h, e pela Rádio Câmara no mesmo dia, às 22h. A Agência Câmara e o Jornal da Câmara publicarão os principais trechos no dia seguinte. Carla se emocionou ao falar da onda de violência que assola o país.
O escritor Ariano Suassuna foi a estrela do primeiro Personalidade, que estreou em 26 de novembro do ano passado. Também foram entrevistados o iatista Lars Grael, o economista Luciano Coutinho e o antropólogo Roberto DaMatta.
No programa, Carla é entrevistada pelas jornalistas Marcya Reis (TV Câmara) e Daniele Lessa (Rádio Câmara) e pela cineasta Liloye Boubli, diretora dos filmes "Tangerine Girl" (1998) e "O Guarda-Linhas" (1993).
Cineasta militante
Carla Camurati era uma atriz de sucesso, com alguma experiência na direção de curtas-metragens, quando surpreendeu o público e a crítica em 1995 com o longa-metragem ''Carlota Joaquina, princesa do Brazil''. O filme foi lançado em uma época de depressão na produção cinematrográfica nacional e seu sucesso se tornou um marco do que passou a ser considerada uma "retomada" do cinema brasileiro.
Como atriz, ela tinha vencido três vezes o Festival de Gramado. Na primeira, em 1987, ganhou o Kikito de Ouro de Melhor Atriz pelo filme ''Eternamente Pagu'' (1987). Em 1981, ganhou o de Melhor Atriz Coadjuvante por ''O olho mágico do amor'' (1981). Em 1985, ganhou Prêmio Especial do Júri por sua atuação em ''A estrela nua''.
Depois de Carlota Joaquina, Carla lançou ''La serva padrona'' (1988), ''Copacabana" (2001) e ''Irma Vap - o retorno'' (2006). Passou ainda a tentar conciliar a atividade cinematográfica com causas sociais e educativas. Produziu, por exemplo, o Festival Internacional de Cinema Infantil, o único evento nacional de cinema voltado exclusivamente para crianças. A iniciativa levou filmes nacionais e estrangeiros para salas de cinema em dez cidades no ano passado. Em parceria com o MEC, ela produziu o projeto "A Tela na Sala de Aula", em que os conteúdos dos filmes são associados aos padrões curriculares das escolas. Carla também atua na distribuição do filme "Pro dia nascer feliz", em cartaz nos cinemas. O documentário conta as visões de mundo dos estudantes de diversas escolas do país.
Essa militância sócio-cultural explica os principais pontos da entrevista de Carla Camurati, que não evitou as lágrimas ao falar do país que espera por seu filho no futuro. "Eu queria que a gente acordasse", disse. Ela explicou que o assassinato do menino João Hélio fez com que "saísse da anestesia". "Mas eu olho em volta e vejo as pessoas anestesiadas", desabafou.
A violência cometida por adolescentes faz com que Carla tenha opiniões polêmicas sobre a diminuição da idade penal e sobre a classificação indicativa por idade na programação das TVs. Ela concorda em aumentar a pena do adolescente infrator, uma maneira de estabelecer limites, mas é contra diminuir a idade penal e misturar esses infratores com os bandidos comuns. Sobre a classificação indicativa, é firme: "Sou contra a censura, mas a favor de limites de horário e da classificação indicativa na TV".
Ela cobra mais ação da sociedade. "O governo, e não estou falando do governo Lula especificamente, deveria ser processado milhões de vezes por não cumprir as obrigações que a Constituição estabelece sobre a educação das crianças". Ela atribui a passividade a questões culturais. No filme "Carlota Joaquina", mostrou a prática dos chamados "favores reais" concedidos pela família imperial. Segundo ela, esses favores ainda existem até hoje.
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