Redecker -Papel do Mercosul
Redecker ressalta papel do Mercosul e defende negociação sobre a alca
Lembrando a comemoração do décimo aniversário do Tratado de Assunção, assinado em 26 de março de 1991, que lançou as bases do Mercosul, o deputado Júlio Redecker (PPB-RS) fez um histórico do bloco comercial e manifestou a expectativa de que ele continue evoluindo, aprofundando assim as relações econômicas, políticas e culturais entre os países membros. Ao mesmo tempo, sustentou ser esta a hora de o Brasil negociar sua participação na Associação de Livre Comércio da America Latina (Alca). "A Alca não é hegemonia dos Estados Unidos, é parceria para gerarmos emprego e renda em nossos países".disse Redecker.
O depuado recordou também citação do ex-ministro das Relações Exteriores, Luís Felipe Lampreia, que definiu o Mercosul como "o maior projeto de política exterior do Brasil desde a independência". Disse Redecker que. até poucas décadas atrás o Brasil vivia em inexplicável isolamento em relação aos demais países sul-americanos, fruto de uma rivalidade vinda da época da colonização, quando Portugal e Espanha dividiam e disputavam a região. Segundo ele, a rivalidade entre Brasil e Argentina marcou a vida dos dois países até a década de 80, quando, finalmente, eles perceberam que o futuro de ambos dependeria da parceria que fossem capazes de estabelecer.
Na época das ditaduras militares, lembrou Redecker, o preconceito recíproco era tão grande que as estratégias geopolíticas de Brasil e Argentina chegaram ao extremo de considerar um como o maior inimigo do outro. "Mas, após a redemocratização, nossos países perceberam que essa situação diplomática inviabilizava o nosso desenvolvimento", frisou Redecker.
Destacou o deputado que o Mercosul soube sobreviver a solavancos, como a desvalorização do real em 1999, e propiciou expressivo crescimento do comércio regional - que saltou de US$ 4 bilhões para US$ 20 bilhões anuais entre 1990 e 1998. "Há questões pendentes que deverão ser trabalhadas para o aprofundamento da atual união aduaneira. Entre elas, as chamadas perfurações à Tarifa Externa Comum (TEC), que limitam a plena vigência da união aduaneira, bem como os regimes especiais de importação vigentes em determinados setores que os países membros desejam proteger", afirmou Redecker. Atualmente, cada país membro pode excetuar 300 produtos da TEC, conforme seus interesses. Segundo Redecker, a tendência é o fim dessas exceções, bem como a liberação do comércio de serviços e a fixação de uma estratégia comum para as respectivas compras governamentais.
(fonte: Jornal da Câmara - DF, terça-feira, 27/03/2001, pag. 3)