Marisa Serrano SF 16-05-2008
A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente.
Quero cumprimentar, com carinho especial, nesta manhã, aqui nesta Casa, o Deputado Doreen Ibarra, do Uruguai, um velho amigo, antigo conhecido de lutas pela cultura e pela integração latino-americana, por meio do Parlamento Cultural do Mercosul (Parcum), que criamos lá atrás; viemos trabalhando sempre nessa direção.
O Senador Modesto Guggiari, do Paraguai, é outro companheiro de luta pela integração e, nesta sessão, representa aquilo que pretendemos com o Parlamento do Mercosul. S. Exª faz parte do primeiro grupo de Parlamentares eleitos exclusivamente para o Parlamento do Mercosul.
Senadora Sonia Margarida Escudeiro, da Argentina, é um prazer enorme recebê-la no Brasil, em Brasília, no Congresso Nacional. Espero que possamos, durante o dia de hoje, trabalhar muito, para fazer com que a Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Esportes do Mercosul, da qual fazemos parte, da qual sou Presidente, comece a dar uma resposta efetiva de integração latino-americana.
O Senador Cristovam Buarque, outro companheiro da Comissão, deve chegar daqui a pouco, para participar desta sessão conosco.
Gostaria de informar a todos que nos estão vendo e ouvindo pela TV Senado e pela Rádio Senado que cada Comissão do Mercosul tem dois representantes por país. Aqui, no Brasil, somos o Senador Cristovam Buarque e eu. Somos da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Esportes do Mercosul. Trabalhamos juntos, há muito tempo, nessa área da educação.
Quero dizer aos companheiros, ao Presidente e ao Senador Paulo Paim que, hoje, vamos discutir algo importante - todos os temas são importantes, mas este merece destaque -, que é a criação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), que, assim que for criada, deve ser instalada na reserva de Itaipu, em área que vai ser doada em comodato para a Universidade. E, a partir daí, haverá o embrião, o começo de uma Universidade que um dia pode tornar-se exclusiva de todos os países, não só do Brasil. Por enquanto, começa como uma universidade federal brasileira, mas estará aberta para alunos, professores e pesquisadores de todos os países, principalmente do Mercosul, mas também para a América Latina.
Além disso, vamos discutir como está a avaliação de um projeto que o Brasil começou junto com a Argentina, de escolas de fronteira. Começamos ali pelo Rio Grande do Sul, do Senador Paim - desde 2004, elas estão funcionando -, e a idéia é avaliarmos se é possível que esse projeto de escolas de fronteira, feito entre Brasil e Argentina, seja alargado para as outras fronteiras também, com o Uruguai, com o Paraguai e, quiçá, com outros países da América Latina.
Vamos discutir também projetos como o Fundo de Educação. O Fundo de Educação, que já discutimos um pouco no Mercosul, em Montevidéu, foi constituído e está sendo implementado agora, é novo. Vai haver recurso específico para os nossos países poderem apostar em eventos e, principalmente, em projetos para a educação do Mercosul e apoiá-los.
Quer dizer, estamos começando. É a hora de darmos um passo efetivo para a integração latino-americana, e acredito muito - acredito muito - que é necessário, sim, um mercado comum. O mercado comum foi o que deu início à arrancada do Mercosul, mas, hoje, sabemos que todos aqueles que habitam o Paraguai, a Argentina, o Uruguai e o Brasil só entenderão o Mercosul, só o aceitarão como entidade fundamental, se trabalharmos a educação, a cultura, o esporte, para que essa integração se dê mais rapidamente e seja efetiva para todos os povos.
Quero aqui agradecer muitíssimo a presença aos amigos Ibarra, Guggiari e Sonia e dizer que, hoje, será um longo dia de trabalho. Tenho certeza de que várias outras reuniões faremos, seja no Uruguai, sede do Parlamento do Mercosul, seja em outros países irmãos nossos, principalmente aqueles que fazem parte do Mercosul.
Concedo um aparte ao Senador Paulo Paim.
O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senadora Marisa Serrano, quero cumprimentar V. Exª pela atividade no dia de hoje e, ao mesmo tempo, saúdo nossos colegas Parlamentares do Mercosul que se deslocaram de seus países de origem para virem aqui debater com V. Exª, com o Senador Cristovam e, tenho certeza, com outros Senadores questões fundamentais como educação, tecnologia, cultura e esporte. Sou um apaixonado também pelo Mercosul. Confesso que tenho um pouquinho de inveja de todos vocês, porque eu queria estar entre os Parlamentares do Mercosul, mas, como não dá para estar em todos os lugares ao mesmo tempo e como o Sul já tinha três ou quatro candidatos, acabei ficando fora do Parlamento. Mas tenho certeza de que, um dia, no futuro, terei oportunidade de estar junto com vocês. Quando digo "inveja", essa é uma inveja positiva, elogiando o trabalho belíssimo que todos os países que compõem essa integração estão fazendo. Eu mesmo havia apresentado aqui, no Senado - e V. Exª é testemunha -, um projeto, para que se criasse a Universidade do Mercosul, e V. Exª me disse que há outra iniciativa, que é bem mais abrangente. De pronto, eu me senti contemplado e, por isso, entendi que nem precisaria apensar um projeto ao outro. Presido aqui, no Brasil, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado da República, um campo de trabalho com negros, com índios, com idosos, com mulheres, com crianças, com pessoas com deficiências, e, com certeza, todos nós temos o mesmo objetivo: construir um mundo melhor para todos. Acredito que é possível a construção de uma sociedade - e o Mercosul é um caminho, como o é o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) para outros, como o é a Comunidade Européia para outros - em que efetivamente o ser humano estará, sempre e sempre, em primeiro lugar. Por isso, permitam-me, simbolicamente, que encerre meu pronunciamento, dando uma salva de palmas a todos os Parlamentares do Mercosul. Sejam bem-vindos! (Palmas.)
A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - Obrigada, Senador Paulo Paim.
Como eu disse, o Senador Paulo Paim é do Rio Grande do Sul, um Estado, portanto, ali na fronteira do Uruguai e da Argentina, e venho - Guggiari sabe disso, conhece minha terra - do Mato Grosso do Sul, fronteira do Brasil com o Paraguai.
As pessoas se surpreendem em saber, Senador Modesto Guggiari, que, pela primeira vez, parlamentares do Mercosul serão eleitos exclusivamente para o Mercosul. Nem o povo brasileiro sabe disso ainda. Nem todas as milhares de pessoas deste País sabem que, em 2010, na eleição de 2010, o povo brasileiro, pela primeira vez na sua história, vai votar num parlamentar que não virá à Brasília, que não virá para este plenário nem para esta Casa, mas que vai para o Uruguai, para lá trabalhar no Parlamento do Mercosul. Essa votação vai ser secreta e universal. Tenho certeza de que o povo brasileiro vai saber escolher os melhores parlamentares para, primeira vez, formar o grupo efetivo do Mercosul. Todos nós que estamos lá agora, os 18 brasileiros que estão participando desse Parlamento do Mercosul, fomos nomeados para isso. Temos um mandato, que ninguém pode nos tirar - a não ser que renunciemos - até 2010. Nas eleições de 2010, nós, então, vamos eleger parlamentares que vão direto para o Mercosul; não virão para Brasília, vão trabalhar lá no Uruguai. Assim é também na Comunidade Européia: os parlamentares eleitos em cada país da Comunidade Européia não ficam em seu país, vão para Bruxelas, na Bélgica, onde é a sede do Parlamento Europeu.
Portanto, Sr. Presidente Mão Santa, que hoje preside a Mesa desta sessão, quero agradecer a V. Exª a gentileza.
Agradeço também ao Senador Paulo Paim, que muito tem trabalhado também por essa integração. Tenho a certeza de que o projeto de V. Exª vai ser debatido, embora o Executivo tenha mandado esse da Unila. Acredito que podemos trabalhar juntos, melhorar o do Executivo naquilo que V. Exª colocou no seu projeto, de uma universidade para o Mercosul. E tenho a certeza também, Sr. Presidente, de que começamos uma nova fase de maior integração latino-americana, principalmente com os países do Mercosul.
Muito obrigada, Sr. Presidente.