Mão Santa SF 16-05-2008
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Nós queremos fazer também a nossa saudação, depois das brilhantes palavras da Senadora Marisa Serrano, o que significa que temos crença no Mercosul. Está aí o exemplo da União Européia. Temos crença porque é o sonho do Simón Bolívar, El Libertador. Temos crença porque praticamente temos o mesmo espanhol, o mesmo idioma; o povo está criando uma língua nova, e é o povo quem faz a comunicação, professora - é um tal de portunhol. E nós estamos andando aí e nos comunicando.
Honra-nos a presença do Uruguai, o Deputado Doreen Ibarra. Apenas - eu não diria nem um dia - uma tarde o Brasil não gostou do Uruguai, foi em agosto de 1950, no Maracanã: Gigia: gol!. O campeão foi o Uruguai. Eu tinha oito anos; Marisa Serrano torcia pelo fluminense.
A Sr. Marisa Serrano (PSDB - MS) - Eu sou vascaína.
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Acho que o Fluminense é que deveria ter jogado. Éramos Fluminense só eu e o Chico Buarque: Castilho, Píndaro, Pinheiro, Jair, Edson, Bigode, Telê, Didi, Carlyle, Orlando e Quincas. Era naquela euforia - o meu time era o Fluminense - que perdemos e pensávamos que íamos ganhar. Era uma campanha brilhante da seleção Brasileira, e nós nos curvamos.
Porém, no mais, admiramos muito o povo uruguaio, que muito parece com nosso irmão Rio Grande do Sul, representado pelos Senadores Paulo Paim, que falou, Pedro Simon, um dos inspiradores, e Sérgio Zambiasi - vocês se identificam, se parecem mais do que nós restantes.
O Paraguai. Quis Deus eu estar aqui e pedir desculpa não só por nós, mas pedir desculpa em nome da Argentina, do Uruguai. Aquela Guerra do Paraguai foi uma vergonha! Sofremos influências internacionais, pois os ingleses dominavam o mundo. Portugal, que era o donatário influenciável, deixou seu filho herdeiro aqui. Recebíamos a influência. E Portugal estava todo endividado. A Inglaterra temia a invasão de Napoleão, que chegou a invadir Portugal, com seu General Junot. Até dizem hoje que eles foram o Vietnã para Napoleão. Resistiram, e D. João VI veio para cá - nós comemoramos 200 anos. Realmente o País passou a crescer com a presença, por 13 anos, da Corte Portuguesa.
Mas juntarmos Brasil, Argentina, Uruguai, Portugal, com o dinheiro da Inglaterra, pela disputa de mercado têxtil, foi isso então... Mas, no mais, o povo brasileiro, argentino e uruguaio, queremos dizer, são todos irmãos.
O Presidente da República, do qual não sou aliado, fez a sua mais bela página quando foi à África e pediu desculpas àquele país por termos importado milhares e milhares de africanos. Mas hoje nos orgulhamos deles, porque fazem a riqueza do Brasil.
Estamos comemorando os 120 anos da Abolição! A história é para ser contada. Os Estados Unidos se vangloriam de ter um Martin Luther King. Nós temos um aqui, esse é o Martin Luther King do nosso País. Então, sonhamos como Martin Luther King sonhava. O nosso sonho é que aqui não tivesse esse negócio de índio, branco e negro, pois somos brasileiros. Rui Barbosa, que está lá, arriba, trinta e dois anos no Senado, nosso patrono, disse que a pátria não é ninguém, somos todos nós, é a família amplificada, a família que o Paim ontem lembrava por ser o Dia Internacional da Família.
Com a Argentina, nós só disputamos o futebol, é um negócio de se saber quem é melhor, se o Pelé ou o Maradona. No mais, há uma admiração do povo brasileiro aos argentinos, à encantadora Buenos Aires e ao comportamento, uma inspiração na história do mundo. Na Segunda Guerra Mundial foi o país mais inteligente. Enquanto o Uruguai é conhecido como a Suíça, eles é que o foram: não entraram na guerra, venderam trigo e gado para todos os lados, para os democratas, para o Hitler, para o Mussolini, para o japonês, e construíram a beleza da cidade de Buenos Aires, que encanta a todos nós.
Sejam felizes. Vocês vão receber a companhia de Marisa Serrano, que simboliza o que há de melhor na política brasileira e o Professor Cristovam Buarque, ele já foi Governador de Brasília, Reitor da Universidade e Ministro da Educação. Ninguém teria uma dupla melhor para representar o Brasil.
Sejam felizes!
Convidamos para usar da palavra, pelo tempo que achar conveniente, o Senador do Rio Grande do Sul, do Partido dos Trabalhadores, Paulo Paim. Antes, porém, eu quero confessar, Paulo Paim, que, lá pelas três horas da madrugada, eu acordei e liguei a televisão. Pensei que ia pegar aquela nossa sessão que encerramos ontem, V. Exª homenageando o Dia Internacional da Família. Mas, não! Já estavam retransmitindo a Comissão que V. Exª inspirou nascer e que dirige com tanta competência, a de Direitos Humanos. E eu a assisti e aprendi, numa bela reunião, sobre o problema, hoje talvez o mais grave do País, de disputa por terras no Estado de Roraima. Ali, eu vi os dois lados, eu vi o debate. E V. Exª teve que se ausentar para acompanhar as importantes leis que queremos fazer, resgatando dinheiro dos aposentados, e deixou Geraldo Mesquita presidir, e, por sua firmeza, por sua inteligência, quero aplaudi-lo. E tanto é verdade que, hoje, eu vou dar no Piauí uma palestra numa universidade, a Fadepi, sobre o Estado de Direito Democrático.
Estou lendo o livro Política ao Alcance de Todos, de Geraldo Mesquita Júnior. S. Exª, como era de se esperar, foi de uma competência extraordinária. Aliás, V. Exª o deixou na Presidência, e foi como se saísse o Pelé e entrasse o Amarildo! Entendo, inclusive, que aquele debate deveria ter se realizado num plenário maior, porque é um tema muito importante para o nosso País, e isso engrandece o Legislativo.
V. Exª poderá usar a tribuna pelo tempo que achar conveniente.