PROSF-11-05-05 Delcídio Amaral

<p>Autor Delcidio Amaral (PT - Partido dos Trabalhadores /MS) Data 11/05/2005 Casa Senado Federal Tipo Discurso <br /><br />O SR. DELC&amp;Iacute;DIO AMARAL (Bloco/PT - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revis&amp;atilde;o do orador.) - Sr. Presidente, Sr&amp;ordf;s e Srs. Senadores, venho no dia de hoje &amp;agrave; tribuna do Senado Federal para tratar da 1&amp;ordf; C&amp;uacute;pula Am&amp;eacute;rica do Sul - Pa&amp;iacute;ses &amp;Aacute;rabes. <br />Tenho certeza ao afirmar que hoje &amp;eacute; um daqueles dias de que ainda nos lembraremos no futuro com muito orgulho. Falo isso, Sr. Presidente, em raz&amp;atilde;o das caracter&amp;iacute;sticas especiais dos acontecimentos de ontem e hoje. Apesar de todas as cr&amp;iacute;ticas feitas &amp;agrave; pol&amp;iacute;tica externa brasileira, a realiza&amp;ccedil;&amp;atilde;o em Bras&amp;iacute;lia da C&amp;uacute;pula Am&amp;eacute;rica do Sul - Pa&amp;iacute;ses &amp;Aacute;rabes &amp;eacute; o marco da capacidade brasileira e, principalmente, um reflexo natural do novo espa&amp;ccedil;o alcan&amp;ccedil;ado pelo Brasil no cen&amp;aacute;rio internacional.<br />Vejo parte da m&amp;iacute;dia ainda insistindo tratar-se a C&amp;uacute;pula de um evento esvaziado, em face das aus&amp;ecirc;ncias de seis l&amp;iacute;deres &amp;aacute;rabes e dois Presidentes sul-americanos. Cabe perguntar: algu&amp;eacute;m considerou, nessas an&amp;aacute;lises, o simples fato de que estiveram em Bras&amp;iacute;lia, entre chefes de estado e de governo, nada mais nada menos que representantes de 22 pa&amp;iacute;ses &amp;aacute;rabes e de 12 pa&amp;iacute;ses sul-americanos? Por si s&amp;oacute;, os n&amp;uacute;meros s&amp;atilde;o um reflexo natural, at&amp;eacute; mesmo a garantia, da representatividade do evento.<br />Na abertura da C&amp;uacute;pula Am&amp;eacute;rica do Sul - Pa&amp;iacute;ses &amp;Aacute;rabes, o Presidente Luiz In&amp;aacute;cio Lula da Silva enfatizou a import&amp;acirc;ncia do di&amp;aacute;logo como fator de aproxima&amp;ccedil;&amp;atilde;o dos povos, tendo ainda, na oportunidade, feito uma importante defesa do desenvolvimento econ&amp;ocirc;mico com o objetivo de fortalecer a democracia.<br />Afirmou o Presidente: <br />Nosso encontro &amp;eacute; uma demonstra&amp;ccedil;&amp;atilde;o de confian&amp;ccedil;a no di&amp;aacute;logo como forma de aproximar pa&amp;iacute;ses distantes, culturas distintas e percep&amp;ccedil;&amp;otilde;es diferentes do mundo. Ele expressa confian&amp;ccedil;a no poder do conhecimento m&amp;uacute;tuo como fator de aproxima&amp;ccedil;&amp;atilde;o e entendimento. <br />Entre outros aspectos, cumpre destacar que estamos em um momento bastante espec&amp;iacute;fico nas negocia&amp;ccedil;&amp;otilde;es do Mercosul e este evento trouxe, em momento prop&amp;iacute;cio, a oportunidade de uma aproxima&amp;ccedil;&amp;atilde;o, temos certeza que exitosa, entre Brasil e Argentina. <br />J&amp;aacute; afirmei, aqui desta tribuna, a import&amp;acirc;ncia inquestion&amp;aacute;vel do Mercado do Cone Sul como estrat&amp;eacute;gico para todos os pa&amp;iacute;ses-membros (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). Al&amp;eacute;m de ser importante tamb&amp;eacute;m para os pa&amp;iacute;ses associados (Chile e Bol&amp;iacute;via) e para os demais pa&amp;iacute;ses sul-americanos. Portanto, n&amp;atilde;o h&amp;aacute; que falar em crise, em dissenso, mas, sim, na busca di&amp;aacute;ria do consenso no Mercosul.<br />Incluo no meu pronunciamento a afirma&amp;ccedil;&amp;atilde;o final do editorial do jornal Correio Braziliense: <br />...a C&amp;uacute;pula Am&amp;eacute;rica do Sul-Pa&amp;iacute;ses &amp;Aacute;rabes afirmou-se como iniciativa eficaz ante os bons neg&amp;oacute;cios encaminhados pelas partes&quot;. <br />Na mesma linha, o jornal O Globo, tratando da C&amp;uacute;pula, lembra que esse evento <br />...j&amp;aacute; pode ser contabilizado como um grande feito da pol&amp;iacute;tica externa.<br />Sabemos bem, por se tratar de uma reuni&amp;atilde;o em que se encontram dezenas de Chefes de Estado, parece-nos natural que interesses espec&amp;iacute;ficos se fa&amp;ccedil;am presentes nessa primeira C&amp;uacute;pula. N&amp;atilde;o vemos problemas nisso! Mas n&amp;atilde;o se pode de reconhecer, tamb&amp;eacute;m, que, se existem arestas pol&amp;iacute;ticas e at&amp;eacute; mesmo diplom&amp;aacute;ticas, n&amp;atilde;o &amp;eacute; esse o tom final do evento, que revelou a positividade de um encontro que refor&amp;ccedil;ou os la&amp;ccedil;os entre regi&amp;otilde;es interessadas na busca de competitividade (exig&amp;ecirc;ncia dos mercados globais) e principalmente o fortalecimento da integra&amp;ccedil;&amp;atilde;o Sul-Sul.<br />Sr&amp;ordf;s e Srs. Senadores, gostaria de destacar, tamb&amp;eacute;m, que, al&amp;eacute;m do evento principal (C&amp;uacute;pula Am&amp;eacute;rica do Sul-Pa&amp;iacute;ses &amp;Aacute;rabes), realizaram-se em Bras&amp;iacute;lia dois eventos paralelos &amp;agrave; C&amp;uacute;pula: o Encontro Empresarial e a Feira de Investimentos. Os primeiros n&amp;uacute;meros d&amp;atilde;o conta de que o encontro e a feira reuniram 826 empres&amp;aacute;rios (190 de pa&amp;iacute;ses &amp;aacute;rabes, 448 do Brasil e 188 de outros pa&amp;iacute;ses da Am&amp;eacute;rica do Sul). Os &amp;aacute;rabes s&amp;atilde;o principalmente executivos de bancos de investimento. O objetivo das iniciativas &amp;eacute; atrair recursos excedentes dos principais exportadores de petr&amp;oacute;leo e injetar dinamismo numa corrente de com&amp;eacute;rcio que totalizou US$10 bilh&amp;otilde;es em 2004, dos quais US$8,2 bilh&amp;otilde;es com o Brasil.<br />Portanto, minha expectativa &amp;eacute; de que essas iniciativas possam trazer resultados pr&amp;aacute;ticos. E &amp;eacute; isso que importa nesse momento da vida nacional. N&amp;atilde;o creio que essa possa ser considerada uma pol&amp;iacute;tica externa equivocada!<br />O Sr. Antonio Carlos Magalh&amp;atilde;es (PFL - BA) - Senador Delc&amp;iacute;dio Amaral, concede-me V. Ex&amp;ordf; um aparte?<br />O SR. DELC&amp;Iacute;DIO AMARAL (Bloco/PT - MS) - E os reflexos da C&amp;uacute;pula ainda se far&amp;atilde;o sentir no encontro empresarial que come&amp;ccedil;a amanh&amp;atilde;, em S&amp;atilde;o Paulo, organizado pela C&amp;acirc;mara de Com&amp;eacute;rcio &amp;Aacute;rabe. S&amp;atilde;o esfor&amp;ccedil;os comerciais v&amp;aacute;lidos, Sr. Presidente. Afinal s&amp;atilde;o eventos que contribuem enormemente para a divulga&amp;ccedil;&amp;atilde;o do Brasil numa regi&amp;atilde;o cheia de possibilidades reais de aumento de exporta&amp;ccedil;&amp;otilde;es, j&amp;aacute; que os pa&amp;iacute;ses &amp;aacute;rabes t&amp;ecirc;m demonstrado interesse em diversificar suas fontes de suprimento.<br />O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Delc&amp;iacute;dio Amaral, V. Ex&amp;ordf; permite dois apartes, aos Senadores Antonio Carlos Magalh&amp;atilde;es e Eduardo Suplicy?<br />O SR. DELC&amp;Iacute;DIO AMARAL (Bloco/PT - MS) - Concedo um aparte ao meu caro Senador Antonio Carlos Magalh&amp;atilde;es e, em seguida, ao caro Senador Eduardo Suplicy.<br />O Sr. Antonio Carlos Magalh&amp;atilde;es (PFL - BA) - Dou prefer&amp;ecirc;ncia ao Senador Eduardo Suplicy. Senador Delc&amp;iacute;dio Amaral, o dever do L&amp;iacute;der &amp;eacute; terr&amp;iacute;vel. Quantas vezes o L&amp;iacute;der precisa vir &amp;agrave; tribuna para exaltar feitos que talvez n&amp;atilde;o devessem ser exaltados. Como tenho o maior respeito e o maior carinho por V. Ex&amp;ordf;, daqui a alguns meses, V. Ex&amp;ordf; ficar&amp;aacute; obrigado a voltar a esta tribuna para falar sobre o resultado positivo dessa reuni&amp;atilde;o. Dos negativos eu falarei. V. Ex&amp;ordf;, ent&amp;atilde;o, prepare-se para poder sustentar o &quot;&amp;ecirc;xito&quot; que v&amp;ecirc; nessa reuni&amp;atilde;o, por meio da qual o Presidente Lula quis projetar-se e foi muito infeliz. Muito obrigado. <br />O SR. DELC&amp;Iacute;DIO AMARAL (Bloco/PT - MS) - Senador Antonio Carlos Magalh&amp;atilde;es, estarei &amp;agrave; disposi&amp;ccedil;&amp;atilde;o. Com o esp&amp;iacute;rito sempre cr&amp;iacute;tico de V. Ex&amp;ordf;, que acompanha todas as atividades, n&amp;atilde;o apenas do Congresso como do Governo Federal, tenho certeza de que teremos oportunidade de conversar e debater bastante esses temas.<br />Concedo um aparte ao meu caro Senador Eduardo Suplicy.<br />O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Prezado Senador Delc&amp;iacute;dio Amaral, V. Ex&amp;ordf; fala hoje, naturalmente, como um L&amp;iacute;der que expressa a avalia&amp;ccedil;&amp;atilde;o de muitos dos que testemunharam a C&amp;uacute;pula Am&amp;eacute;rica do Sul-Pa&amp;iacute;ses &amp;Aacute;rabes. Diferentemente do Senador Antonio Carlos Magalh&amp;atilde;es, tamb&amp;eacute;m eu tenho uma vis&amp;atilde;o bastante otimista. Acredito mesmo que as declara&amp;ccedil;&amp;otilde;es referentes ao combate do terrorismo, aos esfor&amp;ccedil;os de paz, representam passos na dire&amp;ccedil;&amp;atilde;o positiva para que, efetivamente, haja uma melhor rela&amp;ccedil;&amp;atilde;o dos Estados Unidos com os pa&amp;iacute;ses &amp;aacute;rabes e dos pa&amp;iacute;ses &amp;aacute;rabes com Israel. Ali&amp;aacute;s, as declara&amp;ccedil;&amp;otilde;es sobre as ilhas chamadas Falklands pelo Reino Unido e Malvinas pela Argentina - pa&amp;iacute;ses que reivindicam sua posse - correspondem &amp;agrave;quilo que, h&amp;aacute; tempos, tem sido objeto de defini&amp;ccedil;&amp;atilde;o por parte da diplomacia brasileira. Foram respeitadas ambas as partes, sempre seguindo as normas da Carta das Na&amp;ccedil;&amp;otilde;es Unidas, procurando fortalecer as Na&amp;ccedil;&amp;otilde;es Unidas. No que diz respeito &amp;agrave;s perspectivas de intera&amp;ccedil;&amp;atilde;o, de interc&amp;acirc;mbio e de com&amp;eacute;rcio do Brasil com os pa&amp;iacute;ses &amp;aacute;rabes, sobretudo levando-se em conta que temos um contingente - que, ali&amp;aacute;s, &amp;eacute; representado aqui no Congresso Nacional - grande de pessoas de ascend&amp;ecirc;ncia &amp;aacute;rabe, &amp;eacute; mais do que natural que o Brasil possa se organizar, juntamente com os demais pa&amp;iacute;ses da Am&amp;eacute;rica do Sul, para desenvolver todo o potencial de neg&amp;oacute;cios e de interc&amp;acirc;mbio comercial, cultural e de conhecimento tecnol&amp;oacute;gico e assim por diante. Ent&amp;atilde;o, manifesto a minha solidariedade ao seu pronunciamento.<br />O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Permite-me V. Ex&amp;ordf; um aparte?<br />O SR. DELC&amp;Iacute;DIO AMARAL (Bloco/PT - MS) - Obrigado, Senador Eduardo Suplicy. V. Ex&amp;ordf; tem um conhecimento amplo, principalmente de pol&amp;iacute;tica externa, e muito bem representou o Partido e o Governo como Presidente da Comiss&amp;atilde;o de Rela&amp;ccedil;&amp;otilde;es Exteriores e de Defesa Nacional.<br />Concedo um aparte ao meu caro Senador Ney Suassuna.<br />O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Parabenizo V. Ex&amp;ordf; pelo pronunciamento. Realmente fiquei muito feliz com tudo o que est&amp;aacute; acontecendo, porque tive o prazer de viajar com o Presidente Lula aos pa&amp;iacute;ses &amp;aacute;rabes, quando tive a oportunidade de ver Sua Excel&amp;ecirc;ncia fazendo o convite aos pa&amp;iacute;ses da Liga &amp;Aacute;rabe. Esse convite parecia um sonho. Pela primeira vez o Brasil recebe 22 pa&amp;iacute;ses &amp;aacute;rabes, que hoje det&amp;ecirc;m US$600 bilh&amp;otilde;es aplicados nos Estados Unidos. O L&amp;iacute;bano, por exemplo, tem aplicado, no seu sistema banc&amp;aacute;rio, US$300 bilh&amp;otilde;es. T&amp;iacute;nhamos apenas US$3 bilh&amp;otilde;es de com&amp;eacute;rcio; j&amp;aacute; estamos em US$8 bilh&amp;otilde;es e chegaremos a US$16 bilh&amp;otilde;es. Esse &amp;eacute; um mundo novo, onde j&amp;aacute; estivemos muito bem, pois j&amp;aacute; exportamos para o Iraque US$2 bilh&amp;otilde;es. Entretanto, hoje s&amp;oacute; exportamos US$ 50 milh&amp;otilde;es, quase nada. Tamb&amp;eacute;m j&amp;aacute; exportamos para a L&amp;iacute;bia US$2 bilh&amp;otilde;es e atualmente exportamos pouco - US$ 300 milh&amp;otilde;es. Esse mercado &amp;aacute;rabe &amp;eacute; novo e grande. Com os &amp;aacute;rabes temos uma liga&amp;ccedil;&amp;atilde;o enorme, dado que no Brasil existem 10 milh&amp;otilde;es de descendentes. Temos, ent&amp;atilde;o, tudo para promover tal mercado. Congratulo-me com o Presidente Lula, que transformou seu sonho em realidade, e com V. Ex&amp;ordf;, Senador Delc&amp;iacute;dio Armaral, por estar fazendo refer&amp;ecirc;ncia a essa C&amp;uacute;pula, que foi extraordin&amp;aacute;ria.<br />O SR. DELC&amp;Iacute;DIO AMARAL (Bloco/PT - MS) - Muito obrigado, Senador Ney Suassuna. <br />Ou&amp;ccedil;o o Senador Arthur Virg&amp;iacute;lio.<br />O Sr. Arthur Virg&amp;iacute;lio (PSDB - AM) - Ilustre Senador Delc&amp;iacute;dio Amaral, para mim, algumas coisas interessam muito. Vou ser bastante t&amp;oacute;pico. Da&amp;iacute; surge um contencioso tolo com a Inglaterra; um contencioso desnecess&amp;aacute;rio com Israel, o Brasil sempre teve rela&amp;ccedil;&amp;otilde;es boas com os &amp;aacute;rabes e com Israel. Os jornais foram fartos hoje em not&amp;iacute;cias. O Jornal do Brasil, primeira p&amp;aacute;gina: &quot;Diplomacia brasileira perde o controle&quot;. Surge um contencioso a mais com os Estados Unidos. N&amp;atilde;o consigo entender. A id&amp;eacute;ia, que &amp;eacute; de 2000, tamb&amp;eacute;m &amp;eacute; outra coisa que n&amp;atilde;o foi inventada pelo Presidente Lula. Essa C&amp;uacute;pula vem de 2000, nasceu para complementar a a&amp;ccedil;&amp;atilde;o diplom&amp;aacute;tica brasileira, e n&amp;atilde;o para esse jogo sul-sul, que, para mim, &amp;eacute; med&amp;iacute;ocre, &amp;eacute; canhestro. Louvo o seu esfor&amp;ccedil;o em defender o Governo, &amp;eacute; seu papel. Mas h&amp;aacute; outro contencioso: o da Argentina, que ficou exposto, como tamb&amp;eacute;m se porta mal a diplomacia brasileira no epis&amp;oacute;dio do Uruguai. Para mim, o Governo foi fl&amp;eacute;bil, foi t&amp;iacute;bio em rela&amp;ccedil;&amp;atilde;o ao terrorismo. Ele n&amp;atilde;o foi correto e nem completo na condena&amp;ccedil;&amp;atilde;o ao terrorismo. Mais ainda: a C&amp;uacute;pula falou pouco em democracia, e os jornais noticiam que falaram pouco em democracia a pedido de alguns pa&amp;iacute;ses que ali estavam. Ou seja, para alguns pa&amp;iacute;ses - e n&amp;atilde;o faltava ditador ali -, n&amp;atilde;o era bom que se falasse muito em democracia. E tudo isso para qu&amp;ecirc;? Se &amp;eacute; o com&amp;eacute;rcio, os jornais disseram hoje que o Vice-Presidente da Rep&amp;uacute;blica n&amp;atilde;o recebeu quem queria de fato comerciar, mas n&amp;atilde;o quero dar tanto cr&amp;eacute;dito a isso. Se n&amp;atilde;o &amp;eacute; o com&amp;eacute;rcio, tomara que n&amp;atilde;o seja aquela insist&amp;ecirc;ncia de o Brasil virar membro permanente do Conselho de Seguran&amp;ccedil;a da ONU, por uma raz&amp;atilde;o simples: &amp;eacute; preciso que V. Ex&amp;ordf;, como l&amp;iacute;der leal, sacuda o Presidente Lula e lhe diga: &quot;Presidente, n&amp;atilde;o existe mais ONU. Ent&amp;atilde;o, n&amp;atilde;o queira ser s&amp;oacute;cio de um clube que n&amp;atilde;o existe mais&quot;. Quando os Estados Unidos bombardearam unilateralmente o Iraque, acabou a ONU. De Bretton Woods, o GATT virou OMC, que se est&amp;aacute; tentando implantar. O Fundo Monet&amp;aacute;rio Internacional est&amp;aacute; muito cansado, &amp;eacute; um senhor muito cansado; e a ONU tem que dar lugar ou a uma nova ONU, ou a uma remodela&amp;ccedil;&amp;atilde;o enorme, porque o multilateralismo foi ferido de morte no epis&amp;oacute;dio dos bombardeios unilaterais do Presidente Bush. Portanto, a minha opini&amp;atilde;o &amp;eacute; a de que uma boa id&amp;eacute;ia poder&amp;aacute; trazer resultados funestos a partir das decis&amp;otilde;es que foram tomadas e com muita decep&amp;ccedil;&amp;atilde;o para mim, porque nunca imaginei que pudesse o Brasil - que nem na ditadura assim se portava - ficar fazendo esse jogo de apadrinhar terrorismo ou fingir que n&amp;atilde;o viu, na extens&amp;atilde;o, o que ali estava posto. A C&amp;uacute;pula n&amp;atilde;o deveria ter virado esse palanque anti-Israel ou Estados Unidos. E n&amp;atilde;o sou pr&amp;oacute;-Israel, nem Estados Unidos; jamais votaria no Presidente Bush se fosse cidad&amp;atilde;o americano. Sou um cidad&amp;atilde;o brasileiro que entende que a diplomacia deve ser equilibrada, e nunca deve se parecer com palanque pr&amp;eacute;-eleitoral, Sr. L&amp;iacute;der. Mas parab&amp;eacute;ns pela lealdade com que sobe &amp;agrave; tribuna para cumprir com o seu dever de L&amp;iacute;der de um partido que defende - e essa &amp;eacute; a sua obriga&amp;ccedil;&amp;atilde;o - um Governo que, a meu ver, tem errado, e muito, na sua democracia, que, para mim, &amp;eacute; med&amp;iacute;ocre e canhestra.<br />O SR. PRESIDENTE (Ti&amp;atilde;o Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Delc&amp;iacute;dio, a Mesa interrompe V. Ex&amp;ordf; para registrar a visita ao plen&amp;aacute;rio do Senado Federal brasileiro do Ministro das Rela&amp;ccedil;&amp;otilde;es Exteriores do Sud&amp;atilde;o, acompanhando o Presidente da Comiss&amp;atilde;o de Rela&amp;ccedil;&amp;otilde;es Exteriores do Senado Federal, Senador Cristovam Buarque, o Ministro Mustafa Osman. <br />Bem-vindo ao plen&amp;aacute;rio do Senado Federal brasileiro!<br />O SR. DELC&amp;Iacute;DIO AMARAL (Bloco/PT - MS) - O que estamos fazendo, Sr. Presidente, &amp;eacute; leg&amp;iacute;timo. Estamos buscando maiores espa&amp;ccedil;os num mercado extremamente globalizado e competitivo. <br />A esse respeito, nos informa o jornal O Estado de S. Paulo : <br />Por enquanto, os n&amp;uacute;meros das vendas para os pa&amp;iacute;ses &amp;aacute;rabes ainda s&amp;atilde;o incipientes, se considerarmos o com&amp;eacute;rcio exterior brasileiro como um todo. Respondem por menos de 4% das exporta&amp;ccedil;&amp;otilde;es do Pa&amp;iacute;s. E o crescimento n&amp;atilde;o tem sido t&amp;atilde;o grande nos &amp;uacute;ltimos anos justamente porque as vendas est&amp;atilde;o centradas em commodities, mercado dominado pelos EUA, justamente onde a porta agora se abre.<br />Mas cabe destacar, Sr. Presidente, que, apesar das dificuldades e potencialidades, n&amp;atilde;o h&amp;aacute; como negar que j&amp;aacute; houve avan&amp;ccedil;os. Segundo dados da C&amp;acirc;mara &amp;Aacute;rabe, de 2003 para 2004, as exporta&amp;ccedil;&amp;otilde;es brasileiras para os 22 pa&amp;iacute;ses que comp&amp;otilde;em a Liga dos Estados &amp;Aacute;rabes cresceram 46%: de US$ 2,76 bilh&amp;otilde;es para US$ 4 bilh&amp;otilde;es. <br />Por esses n&amp;uacute;meros, percebe-se que os pa&amp;iacute;ses &amp;aacute;rabes n&amp;atilde;o s&amp;atilde;o ainda um mercado significativo, se levarmos em conta o montante exportado para os Estados Unidos ou para a Uni&amp;atilde;o Europ&amp;eacute;ia. Mas sabemos que os pa&amp;iacute;ses &amp;aacute;rabes nunca ser&amp;atilde;o um substituto para esses mercados. Mas podem se transformar em uma alternativa importante para os exportadores brasileiros. Afinal, como bem nos lembra a jornalista S&amp;ocirc;nia Racy, os &amp;aacute;rabes &quot;importam tudo, num montante que chega a US$240 bilh&amp;otilde;es por ano&quot;.<br />&amp;Eacute; com essa preocupa&amp;ccedil;&amp;atilde;o e objetivo que o Ministro Furlan reuniu-se com empres&amp;aacute;rios (brasileiros e &amp;aacute;rabes) dispostos a elevar de US$8 bilh&amp;otilde;es para US$15 bilh&amp;otilde;es o com&amp;eacute;rcio com o Oriente M&amp;eacute;dio (Jornal do Brasil).<br />Sr&amp;ordf;s e Srs. Senadores, trago, ao final, aquela que entendo ser a demonstra&amp;ccedil;&amp;atilde;o cabal do &amp;ecirc;xito de um evento como a 1&amp;ordf; C&amp;uacute;pula Am&amp;eacute;rica do Sul - Pa&amp;iacute;ses &amp;Aacute;rabes, que o nosso Governo tem a honra de realizar. <br />Falo, Sr. Presidente, da Assinatura de Acordo-Quadro de Coopera&amp;ccedil;&amp;atilde;o Econ&amp;ocirc;mica entre o Mercosul e o Conselho de Coopera&amp;ccedil;&amp;atilde;o do Golfo.<br />Estamos certos de que se trata de um marco fundamental na nossa pol&amp;iacute;tica externa e, sem d&amp;uacute;vida, do Mercosul. Com o Acordo assinado, temos, como afirma a NOTA &amp;Agrave; IMPRENSA do MRE (que desde j&amp;aacute; solicito sua publica&amp;ccedil;&amp;atilde;o integral nos Anais desta Casa), na qual destaca que:<br />Acordo-Quadro de Coopera&amp;ccedil;&amp;atilde;o Econ&amp;ocirc;mica criar&amp;aacute; Comit&amp;ecirc; Conjunto que ter&amp;aacute;, entre suas atribui&amp;ccedil;&amp;otilde;es, aprofundar os entendimentos, com vistas &amp;agrave; conclus&amp;atilde;o de acordo de livre com&amp;eacute;rcio entre os dois agrupamentos. O Mercosul e o CCG poder&amp;atilde;o examinar, assim, meios para a amplia&amp;ccedil;&amp;atilde;o do interc&amp;acirc;mbio bilateral, buscando, igualmente, estimular os investimentos rec&amp;iacute;procos.<br />Por fim, Sr. Presidente, destaco que a certeza de um &quot;desejo de maior aproxima&amp;ccedil;&amp;atilde;o entre os dois blocos, promovendo a coopera&amp;ccedil;&amp;atilde;o nas &amp;aacute;reas econ&amp;ocirc;mica, comercial, t&amp;eacute;cnica e de investimentos&quot; &amp;eacute; o ponto fundamental do Acordo hist&amp;oacute;rico e um t&amp;iacute;pico fruto de uma Na&amp;ccedil;&amp;atilde;o que tem objetivos claros: desenvolvimento e cidadania para seu povo!<br />Sr. Presidente, concluindo, quero que seja registrado nos Anais do Senado Federal - que saiu h&amp;aacute; poucos minutos e j&amp;aacute; dispon&amp;iacute;vel na Internet - a Declara&amp;ccedil;&amp;atilde;o Conjunta da C&amp;uacute;pula Am&amp;eacute;rica do Sul-Pa&amp;iacute;ses &amp;Aacute;rabes&quot;, no seu art. 2.16, que diz o seguinte: <br />Enfatizam a import&amp;acirc;ncia do combate ao terrorismo, em todas as suas formas e manifesta&amp;ccedil;&amp;otilde;es, por meio de uma coopera&amp;ccedil;&amp;atilde;o internacional ativa e eficaz, no &amp;acirc;mbito das Na&amp;ccedil;&amp;otilde;es Unidas das organiza&amp;ccedil;&amp;otilde;es regionais pertinentes, com base no respeito aos objetivos e princ&amp;iacute;pios da carta das Na&amp;ccedil;&amp;otilde;es Unidas em absoluta conformidade com os princ&amp;iacute;pios do direito internacional e dos direitos humanos. Reafirmam, ademais, a import&amp;acirc;ncia de se fortalecer a coopera&amp;ccedil;&amp;atilde;o e a coordena&amp;ccedil;&amp;atilde;o no campo do interc&amp;acirc;mbio de informa&amp;ccedil;&amp;otilde;es e conhecimento t&amp;eacute;cnico, bem como do desenvolvimento de &amp;oacute;rg&amp;atilde;os especializados no combate ao terrorismo.Conclamam a realiza&amp;ccedil;&amp;atilde;o de uma confer&amp;ecirc;ncia internacional, sob os ausp&amp;iacute;cios das Na&amp;ccedil;&amp;otilde;es Unidas, para estudar esse fen&amp;ocirc;meno e definir o crime de terrorismo. Registram as recomenda&amp;ccedil;&amp;otilde;es adotadas na Confer&amp;ecirc;ncia Internacional sobre antiterrorismo, patrocinada pelo Reino da Ar&amp;aacute;bia Saudita, em Riad, nos dias 5 a 8 de fevereiro de 2005, que constitui uma abordagem abrangente para contra-arrestar o fen&amp;ocirc;meno do terrorismo.Ap&amp;oacute;iam a proposta de S.A.R Abdullah Bin Abdul Aziz Al-Saud, Pr&amp;iacute;ncipe herdeiro do Reino da Ar&amp;aacute;bia Saudita, de criar um Centro Internacional de Combate ao Terrorismo.<br />Por isso, Sr. Presidente, eu gostaria de destacar - e, mais do que nunca, rejeitar por completo, em fun&amp;ccedil;&amp;atilde;o do afirmado na Declara&amp;ccedil;&amp;atilde;o Conjunta da C&amp;uacute;pula Am&amp;eacute;rica do Sul-Pa&amp;iacute;ses &amp;Aacute;rabes - a abordagem que foi feita aqui sobre a quest&amp;atilde;o do terrorismo. O Brasil repudia o terrorismo e deixa muito claro, com todos os pa&amp;iacute;ses que participaram da C&amp;uacute;pula Am&amp;eacute;rica do Sul-Pa&amp;iacute;ses &amp;Aacute;rabes, essa sua disposi&amp;ccedil;&amp;atilde;o.<br />Eu gostaria de fazer um registro, at&amp;eacute; em fun&amp;ccedil;&amp;atilde;o do que foi mencionado ao longo da minha fala, que respeito muito e espero que as Na&amp;ccedil;&amp;otilde;es Unidas resgatem o seu papel fundamental de um dos principais instrumentos de integra&amp;ccedil;&amp;atilde;o e de garantia da paz entre os pa&amp;iacute;ses do nosso planeta. N&amp;atilde;o &amp;eacute; porque algu&amp;eacute;m atropelou a Organiza&amp;ccedil;&amp;atilde;o das Na&amp;ccedil;&amp;otilde;es Unidas que vamos considerar o terrorismo como foro leg&amp;iacute;timo para defesa das causas e, acima de tudo, dos povos de bem.<br />Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />1**********************************************************************************************<br />DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR DELC&amp;Iacute;DIO AMARAL EM SEU PRONUNCIAMENTO.<br />(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e &amp;sect; 2&amp;ordm;, do Regimento Interno.)<br />**********************************************************************************************<br />Mat&amp;eacute;rias referidas:<br />&quot;Declara&amp;ccedil;&amp;atilde;o Conjunta da C&amp;uacute;pula dos Am&amp;eacute;rica do Sul-Pa&amp;iacute;ses &amp;Aacute;rabes&quot;;<br />&quot;Assinatura de Acordo-Quadro de Coopera&amp;ccedil;&amp;atilde;o Econ&amp;ocirc;mica...&quot;</p>