Alceni Guerra-CD 04-06-2007
ALCENI GUERRA (DEM-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira, V.Exa. e eu estávamos sentados neste plenário, em um começo de tarde, no fim da década de 90, quando se sentou na cadeira da Presidência da Casa um ilustre Deputado, querido amigo de todos nós. Nos 10 minutos seguintes, percebemos que ele estava em surto de psicose aguda.
Lembro que recomendamos, V.Exa., alguns outros colegas médicos e eu, que ele fosse levado rapidamente para fora do País, porque alguém da sua importância teria dificuldades para se tratar aqui. Ele viajou, voltou medicado, teve um comportamento normal no resto da vida e tornou-se uma das grandes figuras deste País.
Depois disso, quantas vezes estivemos frente a frente com governantes que apresentam alguns sinais de neurose e também recomendamos que fossem tratados!
Mas quero abordar, na presença de V.Exa. e do Deputado Bonow, médico como nós, que, na política, freqüentemente nos deparamos com sociopatias. O que é uma sociopatia? Mais suave do que a neurose e longe da psicose, geralmente quem a porta é um ser humano cativante, envolvente, com grande capacidade de expressão, mas incapaz de emoções positivas e de gostar de gente. E se elege com facilidade.
Geralmente, o primeiro sinal da sociopatia é a falta de capacidade de conviver com críticas, como Chávez na Venezuela agora, que fechou um canal de televisão por o criticava. Logo depois, o degrau seguinte do sociopata pode ser igual ao de Hitler, de Mussolini, de Idi Amin, que gostavam de matar gente.
Minha preocupação hoje, Sr. Presidente, advém do que a Folha de S. Paulo diz hoje na página 3, no editorial assinado por Aldo Pereira, um dos seus grandes editorialistas - e se ele o faz é porque tem o consentimento da direção do jornal: Chávez já comprou 4,5 bilhões de dólares em armas nos últimos 2 anos. E o Brasil tem 2.200 quilômetros de fronteiras com a Venezuela!
E o artigo assim termina: "Se desejas a paz, prepara-te para a guerra, escreveu o estrategista romano Flavius Renatus", recomendando o rearmamento do Brasil.
Quatro bilhões e meio de dólares, Sr. Presidente, seria exatamente o valor de que precisamos para regulamentar a Emenda Constitucional nº 29.
Ora, vamos gastar essa quantia na compra de armas, porque um sociopata assumiu o poder na Venezuela?! É preciso dar-lhe o castigo já, mostrar-lhe que não temos de conviver com falta de democracia, com tiranias, com governos rearmamentistas. Precisamos de dinheiro, sim, mas para levar desenvolvimento ao povo sul-americano.
Por isso, Sr. Presidente, quero deixar clara a minha posição e a de inúmeros Deputados desta Casa: é preciso retaliar economicamente o Governo Chávez, não permitir o ingresso da Venezuela no MERCOSUL, mostrar-lhe que só queremos conviver com democratas, não com gente do tipo que começa fechando televisão, depois inicia a escalada militar - o que ele já faz - e, finalmente, provoca uma sanguinária guerra entre vizinhos.
Entre nós, quem conviveu com imprensa oposicionista, dura, cruel? Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e agora Lula. E toleramos de todos os brasileiros, sempre, a livre manifestação do pensamento. É preciso exigir idêntico comportamento dos governantes da América do Sul. Caso contrário, retaliemos, antes que tenhamos de nos armar e de travar, depois, com esses sociopatas, uma guerra indevida.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente