Max Rosenmann-CD 02-10-2007

O SR. MAX ROSENMANN (Bloco/PMDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quando iniciei minha vida pública, há mais de 2 décadas, o Brasil ainda sonhava com a retomada das liberdades democráticas, restringidas no período dos governos militares. Era uma época de temor, mas também de esperança, em que a atividade política ainda era vista a partir de uma perspectiva idealista, em que o exercício do poder se colocava a serviço da promoção do bem comum e do interesse público. E foi com esse espírito público que cheguei a esta Casa pela primeira vez, como Deputado da Assembléia Nacional Constituinte.
Posso dizer com certeza que, nas prováveis dezenas de milhares de vezes que votei neste plenário, desde então, nunca votei pela abstenção, pois sempre considerei que é obrigação do político ter opinião, não se esconder. Por isso, fico muito decepcionado quando vejo as reações extremadas provocadas pela votação do processo do Senador Renan Calheiros, no Senado, na semana passada, quando 6 abstenções acabaram sendo determinantes para sua absolvição, causando mais uma vez na opinião pública indignação difusa e generalizada contra a classe política.
O grande problema é que na esteira das crises provocadas pelas séries de denúncias envolvendo políticos, as pessoas acabam muitas vezes não sabendo separar o joio do trigo e colocam todos na mesma vala comum do descrédito. E todo o esforço daqueles que continuam dia e noite a trabalhar pelo bem do País torna-se aparentemente em vão.
Na qualidade de Parlamentar, sempre estive do lado da construção, da busca pela formulação das soluções para os grandes problemas e necessidades da coletividade, nunca me preocupando com os holofotes, mas sim em defender o interesse e os direitos do cidadão e do contribuinte, independentemente dos interesses de governos. E é assim que tenho continuado a trabalhar, mesmo nos períodos conturbados que temos atravessado nesta Casa, desde a última Legislatura, quando o escândalo do mensalão e do caixa 2 do PT e de seus aliados se tornou a principal pauta do noticiário político brasileiro.
Acontece que, independentemente de crises, escândalos, denúncias, CPIs, esta Casa continua trabalhando, e nós Parlamentares comprometidos com o interesse público continuamos dia a dia nos dedicando a debater, elaborar e aprovar leis que beneficiam a todos os brasileiros.
Somente neste ano de 2007, conseguimos fazer aprovar e avançar pelo menos 3 temas de grande interesse e impacto na vida do País, como a lei de resíduos sólidos, em cuja tramitação mais de 120 projetos foram transformados em um só, para regulamentar essa questão que afeta diretamente o dia-a-dia da nossa população.
Também conseguimos aprovar recentemente substitutivo de nossa autoria ao Projeto de Lei nº 836, de 2003, que regulamenta a inclusão do nome de consumidores em cadastros de proteção ao crédito e cria o chamado cadastro positivo, que beneficiará os bons pagadores com a possibilidade de concessão de menores taxas de juros e melhores condições de pagamento. O texto também estabelece regras mais claras para evitar abusos contra o consumidor que eventualmente atrasa suas contas. Essa é uma medida que tem grande efeito na economia do País, pois permite a dinamização dos negócios, o barateamento do crédito, protegendo empresas e consumidores.
Além disso, presidimos uma Comissão Especial e, em apenas 18 reuniões, conseguimos aprovar a Lei do Gás, que estabelece as normas para a regulamentação da pesquisa, exploração, comércio, armazenagem, distribuição e transporte de gás natural no Brasil.
Trata-se de passo decisivo para garantir o aumento dos investimentos para prospecção e exploração de novas reservas, permitindo assim a consolidação do gás natural como matriz energética de fundamental importância para a economia e o desenvolvimento do Brasil.
Paralelamente a isso fomos escolhidos pela bancada de nosso partido, o PMDB, para assumirmos uma cadeira de Deputado no Parlamento do MERCOSUL, que tem a importante missão de agilizar e consolidar a integração econômica, cultural e social dos países do bloco.
Mas apesar de todas essas conquistas, os resultados de nosso trabalho muitas vezes não aparecem, porque as atenções da opinião pública estão voltadas para escândalos, denúncias, crises, reais ou artificiais, que monopolizam a mídia.
Por tudo isso, sinto-me magoado quando vejo as pessoas desqualificando a atividade política, sem saber separar aqueles que se utilizam dela em benefício próprio, daqueles que, ao contrário, trabalham pela coletividade.
Esse tipo de generalização só favorece os maus políticos, que se beneficiam da desinformação geral para perpetuarem suas práticas corruptas, explorando a boa-fé dos mais carentes, por meio de trocas de favores, compra de votos e abuso do poder econômico.
Estou cada vez mais convicto de que essa situação só poderá ser revertida quando tivermos uma reforma político-eleitoral digna deste nome, não um arremedo de acomodação de interesses, como aconteceu recentemente.
Da minha parte, tenho a consciência limpa e o coração tranqüilo de que estou cumprindo fielmente todos os compromissos firmados com meus eleitores, que afortunadamente me permitiram tornar-me o único Parlamentar do Paraná a permanecer na Câmara Federal por 6 mandatos consecutivos, desde a Assembléia Nacional Constituinte, sempre com as maiores votações do Estado.
Independentemente de crises, governos, escândalos, continuamos e continuaremos trabalhando e produzindo as soluções de que o Brasil precisa para crescer e conquistar a posição de grande nação que lhe cabe no mundo.
Continuo acreditando que o Brasil é maior do que suas crises e que nós brasileiros podemos dar um grande salto rumo à modernidade, se tivermos a coragem de enfrentar de peito aberto os desafios que nos cercam e soubermos explorar toda a criatividade e potencialidade de nosso País e de nosso povo.
Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação do meu pronunciamento no programa A Voz do Brasil.
Muito obrigado.