Iris de Araujo-CD 26-11-2007

A SRA. ÍRIS DE ARAÚJO (Bloco/PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o anúncio do Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na última quinta-feira, de que seu país desenvolverá um programa de energia nuclear é mais um capítulo das novas investidas de dirigentes que tentam modificar o perfil da América Latina enquanto espaço vocacionado para a paz e para a distância em relação aos conflitos.
Gradativamente a Venezuela se arma graças aos fartos recursos do petróleo. O país de Chávez já teria hoje a supremacia bélica sobre todos os países da região, inclusive o Brasil.
Conforme informou o articulista Aldo Pereira, colaborador especial da Folha de S. Paulo, o Presidente Hugo Chávez comprometeu, nos últimos 2 anos, cerca de 4 bilhões e 500 milhões de dólares em armas, mais do que a poderosa China!
A lista inclui, apenas para citar as mais importantes: 9 submarinos; 4 corvetas espanholas de patrulha oceânica e outras 4 para operações costeiras; 10 modernos aviões espanhóis de transporte militar e 2 de patrulha marítima; 24 caças-bombardeiros e 35 helicópteros russos de transporte e combate; 1 sistema de mísseis antiaéreos russos; e, pasmem, mais de 100 mil fuzis.
As bilionárias armas de Chávez contrastam com a realidade da Venezuela e seu cenário de desigualdades. A Capital Caracas abriga, entre outras, a favela de Petare, a maior do mundo, com mais de 600 mil habitantes, 3 vezes superior à população da Rocinha, no Rio.
Qual seria o propósito dessa inédita corrida armamentista patrocinada pelo Presidente venezuelano? Provocar os Estados Unidos?
Quem naturalmente sairá perdendo serão as sacrificadas populações de países que sequer conseguiram vencer o espectro da fome!
Fico a imaginar o quanto se poderia fazer em prol dos marginalizados da América Latina com os bilhões de dólares que Chávez gastou só nessa primeira leva de armas, que passará, sem dúvida nenhuma, a fomentar a política com sabor de morte e de destruição.
A única guerra que deve nos motivar, Sr. Presidente, é aquela destinada a promover o extermínio da fome, do desemprego, do analfabetismo, da violência.
Aqui, na Câmara, foi aprovada na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, da qual sou titular, a Mensagem nº 82, de 2007. E foi igualmente aprovada na semana passada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, por ampla maioria.
O dilema de aprovarmos ou não o ingresso da Venezuela no MERCOSUL passa pela importância da consolidação do Mercado Comum da América do Sul, em que se reúne a integração e o fortalecimento dos povos da América do Sul.
Trata-se de imperativo do momento. O ingresso da Venezuela no bloco é de fundamental importância para o MERCOSUL, pois, sem dúvida, se trata de um parceiro estratégico, com singular potencial energético, o que obviamente robusteceria o bloco.
Cabe agora fazermos uma escolha: se pretendemos realizar a integração econômica do Cone Sul, precipitando a união sul-americana, ou se pretendemos constituir um novo bloco político e ideológico, o que, sem dúvida, deturpa a idéia de realinhamento, ocorrida no pós-Guerra Fria.
Mas, para que consigamos o nosso objetivo - pela paz, pelo desarmamento, pela integração os povos e para o crescimento desses países -, é necessário ter líderes sensatos, equilibrados, democráticos e justos, que coloquem o melhor de seus ideais para promover a vida, a paz e o amor, pelo que o povo brasileiro tanto anseia.
É o que tenho a dizer.
Muito obrigada!