RATINHO JUNIOR - PSC-PR CD - 29-04-2008

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<p>Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, venho hoje a esta tribuna participar pela primeira vez como orador do Grande Expediente, período muito concorrido, cujo sorteio é necessário. Agradeço ao nobre colega paranaense Marcelo Almeida, que me cedeu gentilmente seu horário. Ao lembrar de nosso nome como o primeiro indicado a substituí-lo, S.Exa. evidenciou mais uma vez nossa afinidade e a confiança mútua. Reitero minha admiração por este competente representante do Paraná nesta Casa.<br />Sr. Presidente, quero aproveitar esta oportunidade ímpar para tratar da mobilidade urbana e da infra-estrutura das cidades, temas de vital importância para a população de qualquer município. Como membro da Comissão Especial da Mobilidade Urbana, nossa intenção é fazer uma análise dos problemas mais habituais e propor soluções, bem como demonstrar que, ao contrário do senso comum, o colapso total do trânsito nas grandes cidades pode ser evitado. <br />Uma avaliação sistêmica da infra-estrutura e das condições de uso e ocupação dos grandes centros mostra que a movimentação de pessoas, sejam elas portadoras de necessidades especiais ou não, de carro, a pé, ônibus, trem, metrô, barco, helicóptero ou bicicleta, tem gerado problemas que afetam cidades do mundo inteiro. <br />Até há poucas décadas, a preocupação da sociedade, e mesmo das autoridades públicas, quanto à movimentação das pessoas, ficava restrita a aspectos relacionados ao tempo de deslocamento. Segundo o entendimento predominante, os prejuízos eram individuais, decorrentes de atrasos e perda de compromissos particulares. As lamentações eram isoladas ou de pequenos grupos, o que dificultava a mensuração dos danos. Além disso, a culpa decorria da falta de planejamento e administração da agenda de cada um, pensava-se. Valia a regra: "Deus ajuda quem cedo madruga". <br />Com o fenômeno da urbanização, principalmente a partir da segunda metade do século passado, sobreveio o agravamento da situação. Passou a ser generalizada a percepção de que a lentidão do trânsito se tratava de um severo problema socioeconômico. A regra do "saia mais cedo" implicava perda de negócios, limitação do número de transações comerciais, problemas de saúde pública provocados por estresse, maior agressão ao meio ambiente, com aumento do consumo de combustíveis e dos índices de poluição. Notou-se, também, que novos elementos foram adicionados à equação com uma ponderação inusitada, como a questão ambiental, até então de importância residual.<br />A maior parte dos administradores municipais, no entanto, parece não ter enxergado o nível de exigência dos novos tempos. Ainda hoje, prevalece o gestor público que, no afã de apresentar resultados imediatos para dar satisfação a seus eleitores, ou para justificar promessas de campanha, apela para as soluções simplistas como abertura de novas ruas, controle eletrônico, faixas exclusivas, viadutos, restrição de estacionamento e outras. <br />É óbvio que essas medidas são importantes e até inevitáveis, entretanto não resolvem definitivamente o problema. Na verdade, devem ser parte de um processo mais complexo, estruturante. A visão de curto prazo e o comportamento superficial só possibilitam a implementação de ações que vão até a eleição seguinte. <br />Sem dúvida, o que provoca o caos na mobilidade urbana é a soma dos desequilíbrios de vários fatores conjugados, ao longo de muitos anos. Estão entre esses fatores o aumento da frota, o uso e a ocupação do solo urbano, a ineficiência dos sistemas de transporte implantados, a precariedade da infra-estrutura viária disponível, a concentração industrial e comercial, o comportamento e a integração dos diversos componentes (condutores, pedestres, vias, construções, veículos e outros). <br />De todos esses fatores, a expansão da frota de veículos é, provavelmente, o mais impactante. Por um lado, pode expressar desenvolvimento econômico, capacidade de consumo e qualidade de vida. Por outro, pode apresentar efeitos colaterais e significar prejuízos de toda ordem, inclusive ambiental. No Brasil, a cada mês, novos recordes de produção e venda de veículos são anunciados. Entretanto, não há o corresponde investimento em infra-estrutura nas cidades para suportar a expansão.<br />Os números são extremamente dinâmicos e assustam. Segundo o DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito), a quantidade de veículos automotores dobrou, no Brasil, em apenas 13 anos. Saltou de 18 milhões em 1990 para 36 milhões em 2003. De 2001 a 2007, o crescimento foi ainda mais acelerado e superou a marca de 55%. No mesmo período, a população brasileira aumentou perto de 8%, o que torna a relação habitante por veículo cada vez mais próxima daquela verificada nos países mais desenvolvidos do mundo. <br />Quase todas as capitais brasileiras e muitas outras cidades prósperas do interior já enfrentam complicações no trânsito. Para ilustrar nosso pronunciamento, vale registrar alguns casos bastante emblemáticos.<br />O Sr. Eugênio Rabelo - Excelência, gostaria de um aparte.<br />O SR. RATINHO JUNIOR - Em 1 minuto, Deputado. <br />Por isso, quero registrar a situação de São Paulo e Curitiba, 2 das mais importantes metrópoles do País. As 2 cidades têm em comum a saturação do sistema de transporte, os congestionamentos e a grande densidade de veículos. Segundo dados do IBGE, incluindo motocicletas, carros, caminhões, ônibus e utilitários, São Paulo apresenta 10 veículos para 20 habitantes, ao passo que Curitiba exibe inacreditáveis 10 veículos para 17 moradores, a maior média nacional. <br />A capital paulista enfrenta diariamente engarrafamentos gigantescos. Há 10 anos, quando a cidade possuía metade da frota atual, a média de quilômetros de congestionamento medidos pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) no sistema viário principal era de 40 quilômetros, na hora de pico da tarde, na hora do rush, como se costuma dizer. Nos últimos anos, a média tem superado a casa de 120 quilômetros e não raramente ultrapassa a marca de 200 quilômetros. Somente neste mês de abril, em 2 oportunidades a lentidão ultrapassou 220 quilômetros. Hoje, há grandes engarrafamentos até em corredores distantes localizados na periferia. A fluidez do trânsito diminui na mesma proporção em que a crise de mobilidade se agrava. As áreas congestionadas se expandem e a velocidade média tende a zero.<br />Concedo aparte ao nobre Deputado.<br />O Sr. Eugênio Rabelo - Deputado, V.Exa. aborda tema importante para o nosso País e principalmente para cidades grandes como São Paulo. Os dados que cita são de grande relevância. Espero que as nossas autoridades os examinem com cuidado e façam adequado planejamento, para que tenhamos verdadeiro desenvolvimento. Obrigado.<br />O SR. RATINHO JUNIOR - Obrigado pelo aparte. <br />O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. me permite, Deputado Ratinho Junior?<br />O SR. RATINHO JUNIOR - Pois não, Deputado. <br />O Sr. Mauro Benevides - Cumprimento V.Exa. pelo discurso que profere na tarde de hoje. Quando V.Exa. se reporta ao acúmulo de veículos em Curitiba e em São Paulo, eu me arriscaria a dizer a V.Exa. que na minha cidade, Fortaleza, a quinta do País, naqueles dias de rush, principalmente sexta-feira, as artérias que demandam às principais áreas da cidade também se acham congestionadas. Temos de buscar alternativas que possibilitem o fluxo de veículos para evitar aqueles transtornos que até hoje têm ocorrido entre nós. Portanto, adito ao seu pronunciamento mais esse exemplo vivenciado por todos nós na Capital do meu Estado, que é a quinta cidade brasileira. <br />O SR. RATINHO JUNIOR - Obrigado, Deputado. <br />Também concedo aparte ao Deputado Edigar Mão Branca, nosso companheiro do PV. <br />O Sr. Edigar Mão Branca - Deputado Ratinho Junior, o seu discurso prova que representa o novo nesta Casa ao abordar tema de grande importância. Parabenizo V.Exa. pelo brilhante pronunciamento e também pelo atuante trabalho desenvolvido nesta Casa em todas as áreas, apresentando diversas propostas. Somos testemunhas do seu bom gosto e da coragem nas suas atitudes. Fico feliz de ver V.Exa. trazer à tona esse tema, que, por sinal, abordamos há alguns dias neste plenário. Nossas ruas infelizmente estão cheias de carros vazios, o que nos tem trazido tantos problemas. V.Exa. tem nos surpreendido com suas atitudes maravilhosas, especialmente neste dia ao abordar esse tema. Parabéns, Deputado Ratinho Junior. <br />O SR. RATINHO JUNIOR - Obrigado, Deputado Edigar Mão Branca. Agradeço também aos demais Deputados os apartes. <br />Sem dúvida alguma, a nossa preocupação, e tenho certeza que é também de vários outros, da grande maioria de Deputados e Deputadas desta Casa, é com o futuro de nossas cidades. As pessoas convivem nas cidades, moram em seus bairros, e é necessário que haja planejamento para o futuro, para décadas. Pensando nisso, tive a honra de ser autor de uma emenda ao Plano Plurianual - PPA de 2007 para o metrô de Curitiba, uma das poucas Capitais do Brasil que não têm sistema de trem urbano ou metrô, tão conhecido na Inglaterra, há mais de 100 anos; em Paris, há mais de 1 século; em São Paulo, onde está muito bem; em Porto Alegre; em Recife; em Salvador e em Brasília. Curitiba sempre foi a vanguarda do transporte coletivo para seus habitantes e hoje se vê ultrapassada no tempo.<br />Esperamos que por meio do projeto da CBTU, do Governo Federal, seja realizada, o mais rápido possível, essa parceria com a Prefeitura de Curitiba para implantação do metrô.<br />Ouço aparte do Deputado Barbosa Neto.<br />O Sr. Barbosa Neto - Deputado Ratinho Junior, cumprimento V.Exa., na esteira do que disse o companheiro Edigar Mão Branca, acima de tudo pela atualidade desse fato que, cada vez mais, toma conta dos debates mundiais. Gostaria que V.Exa. discorresse mais sobre o metrô para Curitiba, cidade planejada, que já foi administrada por arquitetos, pioneira pela implantação do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba - IPPUC. Gostaria que V.Exa. discorresse um pouco mais sobre o impacto desse problema no meio ambiente, o que poderia ser diminuído com a instalação de um metrô. Não é verdade, Deputado Dr. Talmir? Trata-se de uma cidade que já foi considerada a Capital ecológica, mas que hoje é considerada uma das Capitais mais violentas do Brasil, conforme os últimos dados mostraram, pelo número de pessoas assassinadas e também pelos problemas ambientais sérios, até na questão da água, na conurbação. Gostaria que V.Exa., que também é representante e morador de Curitiba, discorresse um pouco mais sobre esse projeto específico do metrô e sobre como V.Exa. vê a questão do impacto no meio ambiente.<br />O SR. RATINHO JUNIOR - Obrigado, Deputado Barbosa Neto. <br />Nossa preocupação com a questão da mobilidade urbana, já pensando nessa emenda que fizemos no PPA, foi justamente visando a essa vanguarda que a cidade de Curitiba sempre teve perante as outras Capitais na questão da qualidade do transporte coletivo, o que, lamentavelmente, pelo aumento da frota de carros, pelo número de habitantes, que vem crescendo a cada dia, mas muitas vezes até mesmo pela falta de planejamento estratégico e de futuro, acabou ficando no ostracismo, ficou ultrapassado perante outras Capitais. O metrô já se mostrou uma maneira de fazer um transporte coletivo de qualidade, rápido, eficaz e, acima de tudo, de uma energia limpa. Diferentemente do que é derivado do petróleo, que joga gás carbônico na atmosfera, poluindo as nossas cidades, e, lógico, automaticamente traz também doenças respiratórias. <br />Esta é a nossa preocupação. Queremos que a cidade de Curitiba, o Estado do Paraná volte a ser a vanguarda da qualidade de vida. Pensando nisso, até na questão da infra-estrutura, juntamente com o Deputado Estadual do Paraná Marcelo Rangel, da cidade de Ponta Grossa, estamos em conversa com o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, sobre a implantação do primeiro aeroporto privado do Brasil, na área de Ponta Grossa. Seria o aeroporto que atenderia a todo o MERCOSUL.<br />Essas são as bandeiras que temos na área da infra-estrutura para o Estado, numa parceria com os Governo Federal, Estadual e Municipal. Esses são os nossos objetivos. <br />Ouço, com prazer, aparte do nobre Deputado Dr. Talmir.<br />O Sr. Dr. Talmir - Deputado Ratinho Júnior, obrigado por me conceder o aparte. Quero parabenizá-lo pelo discurso e dizer que, com o número elevado de carros, a emissão de CO2 para a atmosfera é muito grande. Não somente quando nasce uma criança é necessário que se dê ao pai uma semente, para que plante, faça com que nasça uma árvore e cuide dela. Também é necessário que as Prefeituras pensem na arborização que combaterá a emissão do CO2 enquanto não encontramos alternativas além dessa relacionada com carro. Parabéns pelo seu pronunciamento.<br />O SR. RATINHO JUNIOR - Muito obrigado. <br />Prossigo, Sr. Presidente. Para enfrentar essa dramática situação, São Paulo introduziu o sistema de rodízio de placa, isto é, a cada dia da semana ficam proibidos de circular veículos com placas de finais específicos. Os resultados são pífios, pois, em função do grande número de veículos, as famílias apenas deixam nas garagens os carros que estão proibidos de transitar ou, o que é mais sério, adquirem, sem necessidade real, novos veículos apenas para escapar da exigência. <br />Existe ainda uma nítida limitação do rodízio, que é fazer valer a regulamentação. Por ser ultrapassada, a fiscalização manual se dá por amostragem, portanto não inibe a maior parte dos condutores, nem os resultados refletem o verdadeiro quantitativo de veículos retirados de circulação. Mesmo assim, imaginando que o máximo possível da frota permanecesse nas garagens (cerca de 20% por dia), com o acréscimo de emplacamentos atual, em menos de 2 anos estariam nas ruas mais veículos que o número total hoje existente. <br />Outras ações relacionadas ao controle de tráfego e de vagas de estacionamento foram introduzidas, obras foram executadas (viadutos, anéis viários), mas, como se sabe, não foram suficientes para solucionar os graves problemas de mobilidade de São Paulo.<br />Curitiba, a cidade brasileira com a maior proporção de veículo por habitante, como já destacado, deixou de ser modelo de eficiência e qualidade no transporte urbano, por conta da conjugação dos diversos fatores mencionados anteriormente, mas especialmente pela tentativa de manutenção de seu status com medidas vistosas e de resultados duvidosos e de curto prazo. A implantação de corredores exclusivos para o transporte coletivo, o uso de ônibus biarticulados, os famosos tubos, as catracas eletrônicas, tudo foi importante, mas sem o alcance estratégico. As melhores experiências devem ser preservadas, mas o investimento tem de ser em obras que possam dar um novo perfil à cidade, com vistas ao longo prazo. <br />A descentralização de serviços, de forma a desafogar a grande Curitiba, precisa ser priorizada. Nesse sentido, estamos à frente do projeto de instalação do Aeroporto Internacional do MERCOSUL, a ser instalado em Ponta Grossa, interior do Paraná. A mobilização é geral, e já estivemos com o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, que destacou equipe para analisar a viabilidade do projeto. O aeroporto deverá ser o primeiro terminal aéreo privado do Brasil e maior aeroporto de cargas da América do Sul. Não temos dúvida de que será significativa a contribuição, nesse caso, para amenizar as condições ruins de mobilidade da capital paranaense. <br />Antes mesmo de ultrapassar a marca de 1 milhão de veículos para menos de 1.800.000 habitantes, a população começou a sofrer os transtornos de intermináveis congestionamentos. Vale lembrar que a cidade dispõe de cerca de 4.500 quilômetros de vias, segundo o IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba). Se forem colocados todos os veículos da capital paranaense em fila única, considerando o comprimento médio de 4 metros e uma distância de meio metro entre os veículos, não sobraria nem 1 metro de pista. <br />Essa análise explica por que é tão urgente a necessidade de elaboração e implantação de um plano mais abrangente e revolucionário para o transporte urbano de Curitiba. O planejamento da cidade foi concebido com base no uso intensivo do transporte coletivo, ainda utilizado por 70% da população. Portanto, pode-se facilmente imaginar como estará a cidade nos próximos anos, tendo em vista a saturação do sistema atual, a falta de atrativos e o aumento da frota de veículos menores. Se apenas cerca de 25% dos deslocamentos em Curitiba são feitos por automóveis particulares e já é insustentável a situação, certamente a mobilidade local chegará à ruína dentro de poucos anos. <br />Não é exclusividade do Brasil, com seus tradicionais gargalos, o caos na mobilidade urbana. Em todo o planeta, os centros urbanos vêm passando por alterações profundas, o que exige dos agentes e gestores públicos uma crescente capacidade de resolução de problemas e da sociedade o total engajamento à questão. A implementação de ações estratégicas torna-se uma necessidade constante e imperiosa, pois não há mais espaço para soluções paliativas.<br />Ao longo do século XX, diversas metrópoles, consideradas exemplos de modernidade e avanço, adotaram soluções tradicionais e com base em projeções que não levaram em conta a explosão do número de veículos, os diversos componentes da mobilidade urbana e outros avanços da globalização. <br />As grandes cidades européias enfrentaram situações tão dramáticas com o caos urbano que soluções heterodoxas e impopulares foram adotadas. Londres, depois de penar com sucessivos prejuízos provocados pela lentidão do trânsito da cidade, de até 4% do produto interno bruto local, implantou, em 2003, a cobrança de pedágio urbano. Além de estipular uma taxa desestimuladora para quem deseja trafegar nas áreas centrais, as autoridades inglesas fixaram pesadas multas para os casos de descumprimento da norma. Por ter um controle sofisticado e ágil, em que o pagamento pode ser feito até pela Internet e a fiscalização por câmaras espalhadas nas ruas, a rejeição por parte da população foi superada e os resultados têm sido satisfatórios na capital inglesa. <br />Diversas metrópoles têm tentado seguir o exemplo de Londres. Em Nova Iorque, a criação de um pedágio urbano de US$ 8 por dia para motoristas que quiserem trafegar na ilha de Manhattan tem sido discutida à exaustão. O objetivo é reduzir os engarrafamentos e os índices de poluição, insuportáveis nos últimos anos. Pela impopularidade da medida, a execução enfrenta sérias dificuldades para ser colocada em prática.<br />Outras capitais européias estabeleceram horários para a entrada de carros de particulares nas áreas centrais ou passaram a impedir o tráfego em determinadas áreas de freqüente congestionamento.<br />Sras. Deputadas, Srs. Deputados, diante desse cenário apocalíptico, uma pergunta é obrigatória: o caos absoluto é inevitável para a mobilidade urbana?<br />A minha convicção é que há saídas e soluções para os problemas de mobilidade das pessoas. Mas é preciso dar ao tema a devida importância e também é indispensável planejamento contínuo e visão de futuro. É imprescindível compreender as diferentes dimensões e as formas de pressão exercidas sobre a rede de transportes: <br />1) Social: o usuário do transporte público exige qualidade, fatores de atração, que incluem conforto e ganho de tempo, e tarifas compatíveis com sua renda. De outra forma, prefere utilizar veículo próprio, mesmo enfrentando congestionamentos cada vez maiores.<br />2) Física: saturação por falta de espaço. Ao utilizar veículo próprio, por falta de sistema coletivo eficiente e atrativo, o usuário agrava ainda mais a situação geral de lentidão, com a conseqüente elevação de prejuízos de qualquer natureza.<br />3) Ambiental: poluição e descaracterização geográfica. Os engarrafamentos são responsáveis por diversos tipos de danos à natureza. A emissão de gases poluentes potencializa o aumento da temperatura global. As obras afetam a topografia, alteram a natureza e modificam o clima.<br />4) Segurança: acidentes e mortes. Os índices de ocorrência estão diretamente associados à qualidade no trânsito. <br />5) Econômica: custos e prejuízos pela lentidão. Estudos apontam que os congestionamentos provocam perda significativa do produto interno bruto aos municípios. Prejuízos individuais, compromissos não cumpridos e negócios particulares não realizados são imensuráveis. A soma é desastrosa. <br />6) Governamental: eficiência e eficácia, redução de investimentos. A pressão de entidades governamentais por melhores resultados e implantação de sistemas mais eficientes decorre de escassez de recursos.<br />7) Movimento pendular: deslocamentos casa/trabalho e casa/escola intensificam desequilíbrios em determinados horários. <br />8) Temporal: relativo ao tempo. Nas grandes cidades, a população cresce em progressão aritmética, enquanto os espaços construídos e a frota aumentam em progressão geométrica. <br />Além da compreensão dos diversos aspectos envolvidos na mobilidade urbana, é fundamental conhecer e entender os avanços tecnológicos, as vantagens comparativas dos diferentes modelos e as melhores experiências. Quero registrar aqui algumas conclusões e opiniões sobre o tema.<br />Todas as experiência têm comprovado que o modelo de linhas de trens urbanos é nitidamente superior ao tradicional transporte urbano feito por ônibus. Menos poluente, mais avançado, desenvolve maior velocidade média. Associado à baixa ocorrência de acidentes, à segurança, e ao conforto, o sistema de trens urbanos preserva vidas e contribui decisivamente para o controle da qualidade das condições ambientais, além de possibilitar o deslocamento de um número muito maior de passageiros em tempo menor. <br />Por apresentar um custo médio de implantação mais elevado que as intervenções do transporte coletivo de superfície, o sistema de trens urbanos tem sido rejeitado por gestores públicos que não conseguem pensar além de um mandato. Mas, de nossa parte, pensando nas gerações futuras e absolutamente confiantes no potencial de nosso povo, asseguramos a aprovação no Plano Plurianual (PPA) 2008/2011 de uma emenda no valor de R$ 700 milhões para a implantação da primeira etapa do metrô. A implantação do sistema mudará a história da mobilidade urbana de Curitiba.<br />A primeira parte da obra compreende o trecho entre o Pinheirinho e o Cabral e corresponde a uma extensão de cerca de 14 quilômetros. Dimensionado para atender a uma demanda inicial de 468 mil passageiros, o Metrô de Curitiba certamente vai assegurar qualidade de vida, economia e eficiência no transporte local por muitas décadas. Continuaremos a luta para que outras etapas sejam implantadas posteriormente.<br />Sr. Presidente, temos ainda outros motivos para acreditar no Brasil. As pesquisas científicas brasileiras e a dedicação incansável de nossos profissionais abnegados têm produzido impulsos expressivos ao setor. Recentemente, foi apresentado, na 12ª edição do Encontro Marcado, evento ocorrido na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), o Projeto do Aeromóvel. Trata-se de uma alternativa de transporte de baixo custo que reduz o tempo médio de viagem, preparado para atender até 25 mil passageiros/hora-sentido. <br />O criador do Aeromóvel é Oskar Coester, brasileiro, técnico aeronáutico e ex-funcionário da VARIG. Coester idealizou, no final dos anos 1970, um sistema que não conflitasse com o tráfego de superfície, de baixo custo de implantação, seguro, confortável, confiável, rápido e que impactasse minimamente o meio ambiente.<br />O Aeromóvel não possui motor, mas pode atingir maiores velocidades com maior número de usuários, em menos tempo. Ele se locomove por meio de grandes ventiladores elétricos que fazem o ar movimentar o trem em trilhos tradicionais para a direção desejada, sem a necessidade de frenagem nas rodas. Em Porto Alegre, funciona regularmente, desde 1983, uma linha-piloto de pouco menos de 1 quilômetro, beneficiando passageiros do Aeroporto Salgado Filho. O Aeromóvel leva pouco mais de 1 minuto para chegar ao destino. <br />O sistema é bastante promissor para trânsito intenso, especialmente quando se tratar de curtas distâncias, como por exemplo de um grande centro comercial ao aeroporto, de uma estação a um bairro densamente povoado.<br />O sistema já foi aplicado e funciona com sucesso em Jacarta, na Indonésia, desde 1989, em um parque. Nos primeiros 15 anos de funcionamento, transportou mais de 14 milhões de passageiros, sem falhas, num trecho de 3,5 quilômetros desenvolvendo uma velocidade de 50km/h.<br />Sr. Presidente, está na hora de superar a fase dos antigos paradigmas da mobilidade urbana. É preciso dar um basta à política das passarelas, das multas indiscriminadas, das ações remediadoras. A complexidade da questão exige muito mais de todos. Não podemos aceitar passivamente a degradação e o colapso de nossas cidades.<br />Como entusiasta do assunto e preocupado com a qualidade de vida de nossa população, continuarei a empregar o máximo esforço na Comissão Especial da Mobilidade Urbana. Estarei com toda a atenção voltada para apoiar os projetos de estruturação de nossas cidades e enfrentar os grandes desafios inerentes à mobilidade urbana que se apresentam a cada ciclo.<br />Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, queremos deixar aqui o nosso registro e a nossa dedicação, não só deste Deputado, mas também de toda esta Casa, em se preocupar com a mobilidade urbana, a expansão da infra-estrutura em nosso País. E eu, pessoalmente, preocupado também com o nosso Estado, o Paraná, que vem crescendo de maneira muito feliz para todos os moradores, mas sem dúvida alguma precisa estar preocupado com a questão ambiental, com o transporte coletivo, para o seu trabalhador, a sua trabalhadora, a sua dona de casa terem aquela qualidade de vida que todos merecem.<br />Era o que tinha a dizer.<br />Muito obrigado e uma boa tarde a todos. <br />O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Queremos cumprimentar o ilustre Deputado Ratinho Júnior pelo seu pronunciamento tratando de assunto que interessa ao País e à sua base eleitoral</p>
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