Lula cobra reforma política para restaurar vitalidade do Congresso
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou a realização de uma reforma política como forma de restaurar a vitalidade do Congresso em pronunciamento nesta terça-feira na Câmara, na sessão na qual recebeu as medalhas “Suprema Distinção” e da “Constituinte”. “Isso significa requalificar os partidos, reduzir a força do poder econômico nas eleições e ampliar as formas de participação da sociedade no processo legislativo”, disse. “A reforma política enfrenta resistências, mas não vejo outra maneira de se exercer a política de forma nobre”, emendou.
Ele defendeu o financiamento público de campanhas, o fortalecimento dos partidos, a fidelidade partidária, a diminuição do número de legendas, meios mais simples para apresentação de projetos de iniciativa popular. “Reforma política é a que mais precisamos neste momento, é tempo de conversar com a sociedade, mudar o que tem de ser mudado e fazer política de cabeça erguida”, disse.
O ex-presidente referiu-se aos protestos de junho. Segundo ele, as manifestações demonstraram que a população quer “um pouco mais de Estado”. “O povo aprendeu a comer contrafilé e não quer voltar a comer acem, ele quer comer filé”, comentou. Lula disse que os manifestantes querem acesso a medicina de alta complexidade, querem “ser tratados como cidadão de primeira classe”. Ele criticou as vozes que se aproveitaram para negar a política.
Carreira política
Lula fez uma retrospectiva de sua carreira política – do movimento sindical à Presidência da República – destacando o processo da Constituinte de 1998. Ele lembrou que a Carta foi a responsável pela criação do Sistema Único de Saúde e estabelecimento de uma sociedade de múltiplos direitos. “O PT votou contra o texto final porque queríamos avançar mais, mas o PT amadureceu como partido politico na Constituinte, e começamos ali a caminhada que nos levaria à Presidência em 2002”, disse.
Ele destacou o papel da Câmara nas políticas tomadas durante os oito anos de mandato. Lula também ressaltou as propostas de valorização do salário mínimo, do Programa de Aceleração do Crescimento, do marco regulatório do pré-sal. “Se o Brasil está hoje entre as melhores economias do mundo, essas conquistas não seriam possíveis sem a participação da Câmara dos Deputados. Assim, eu gostaria de compartilhar, de coração, essa distinção [a medalha de suprema distinção] com os deputados que contribuíram para mudar o Brasil, incluindo mesmo os que fizeram oposição ao governo”, disse.
Lula chamou atenção para a melhoria, nos últimos dez anos (período em que o PT esteve à frente do Planalto), dos indicadores sociais do País: a saída de 36 milhões da extrema pobreza; a criação de 20 milhões de empregos formais e de mais de 4 milhões de novas empresas; o aumento real de 74% do salário mínimo; a ascensão de 40 milhões para a classe média.
Em relação à educação, Lula disse ter “o maior orgulho” de ter sido o governante que aumentou o acesso à universidade por meio do Prouni, pelo Fies e também pela criação de escolas técnicas. “Este país já foi governado por muita gente letrada. Mas foi um presidente sem diploma e um vice sem diploma que vão entrar para História como a dupla que mais fez escolas neste país”.