Apresentação
Interior da então Câmara dos Deputados (Cadeia Velha), da obra de Robert Walsh, 1772-1852. Notices of Brazil in 1828 and 1829. London: Frederick Westley. A. H. Davis, 1830.
O acervo de obras raras da Câmara dos Deputados é composto por volumes essenciais, cuja formação remonta aos trabalhos da primeira Assembleia Constituinte, em 1823.
Desde sua criação, a Biblioteca da Câmara dos Deputados incorporou ao seu acervo raridades de diferentes áreas do conhecimento, como direito, política, história e literatura.
O acervo raro, de circulação restrita, mas de amplo acesso, reúne cerca de 4.600 obras e 100 títulos de periódicos. Dispõe de obras clássicas do pensamento ocidental, relatos de viajantes dos séculos XVIII e XIX, além de primeiras edições consideradas referências da historiografia, da geografia e da literatura nacionais. Oferece panorama da história do Brasil, desde o seu descobrimento até a Proclamação da República e a fixação definitiva de nossas fronteiras.
A Biblioteca possui também exemplares da legislação portuguesa, a coleção das leis do Brasil, a coleção de diários oficiais (1862 a 1899), além dos anais e diários da Câmara dos Deputados. O acervo é rico em informações importantes, e por vezes únicas, nas áreas do conhecimento que dão suporte às discussões políticas. Uma parte significativa é utilizada em prol do processo legislativo, quando é necessário buscar legislações antecedentes.
Em 1999 foi introduzida a coleção que pertenceu ao ex-deputado e jornalista Márcio Moreira Alves. Trata-se de uma riquíssima brasiliana, nome dado pelo bibliófilo Rubens Borba de Moraes ao conjunto de livros sobre o Brasil, composto por volumes que datam do século XVI até o início do século XX.
Compreende-se que a preservação e a conservação de acervos são tarefas muito relevantes, mas imbuídos do propósito de permitir amplo acesso a informação, “base e esteio da cidadania”, devemos “dar a ver os bens culturais valiosos”, peças de interesse para a nossa cultura e nossa história.
A mostra Riquezas Bibliográficas exibe alguns dos documentos mais antigos da coleção (editados no século XVI), livros referentes às grandes navegações mundiais e ao descobrimento do Brasil, obras de destaque da historiografia nacional e relatos de viajantes dos séculos XVIII e XIX que mostram aspectos da natureza e da sociedade brasileiras, tais como cenas que ilustram o trabalho, os tipos humanos, a fauna, a flora e a cultura popular.
Exposição física Zeca Ribeiro/Acervo/Câmara dos Deputados.
Dentre as raridades, temos fontes instigantes de pesquisa, como De orbis sitv, o livro mais antigo do acervo da biblioteca, datado de 1522. É uma descrição do mundo feita por Pompônio Mela, geógrafo e escritor latino do século primeiro da era cristã, e é o único tratado de geografia da Antiguidade escrito em latim clássico. Situa a Terra no centro do universo e descreve regiões, costumes e artes da África, Europa e Ásia.
Também podemos destacar a obra de Caspar Barlaeus, Rervm per octennivm in Brasilia et alibi nuper gestarum, de 1647, encomendada ao autor pelo príncipe Maurício de Nassau, que produziu um dos mais bonitos livros sobre o Brasil durante o período do domínio holandês no Nordeste. Seriam suficientes para imortalizar esta obra as estampas e mapas gravados em cobre, em páginas duplas, assinados por Franz Post, o grande pintor que acompanhou Nassau ao Recife.
A resposta portuguesa ao grande livro de Barlaeus, Istoria delle guerre del Regno del Brasile, do autor conhecido como Santa Teresa, traz belíssimas estampas, e foi impressa em Roma, em 1698. Trata-se de um trabalho suntuoso, figurando entre as duas ou três mais belas obras ilustradas sobre o Brasil publicadas no século XVII. Suas ilustrações foram feitas pelos mais famosos gravadores da época.
A exposição traz, ainda, dentre outras, a obra clássica do pensamento ocidental do século XVIII, a primeira edição da monumental Encyclopédie, do filósofo iluminista Denis Diderot e demais colaboradores.
Volume da Encyclopédie Zeca Ribeiro/Acervo/Câmara dos Deputados.
A mostra divulga obras com origem em diferentes nações, privilegia títulos de importância intelectual e histórica, destaca o valor cultural dos volumes, além do interesse que despertam nos pesquisadores e bibliófilos.
Esta exposição virtual apresenta em nove tópicos as obras raras referentes à mostra, organizadas por data de publicação, além de breve descrição e de link para visualização do texto integral na Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados, com exceção das Ordenações Filipinas de 1603, que passará por restauração antes de ser disponibilizada on-line, e da Encyclopédie de Diderot, cuja composição volumosa inviabiliza o projeto de digitalização.
Maria Cristina Rodrigues Silvestre
Rosa Maria Geaquinto Paganine
Curadoras