Brasília: renovação política ou repetição?
Brasília: renovação política ou repetição dos interesses particulares e da corrrupção?
A atitude ousada de Juscelino Kubitschek de trazer a capital para o centro do Brasil tinha objetivos nobres: interiorizar o país, promover o desenvolvimento fora do eixo Rio-São Paulo e fugir da mentalidade coronelista da época. Brasília deveria servir de modelo para a criação de uma melhor consciência política no país.
A semente foi plantada num gigantesco canteiro de obras. Há 50 anos brotava no meio do cerrado, cheia de viço, a esperança de uma nova fase na política brasileira. Brasília foi criada não só para reunir os ministérios, os tribunais superiores e abrigar o Congresso Nacional e o presidente da República. Foi planejada para modernizar a política. Para mostrar ao brasileiro o valor do voto, da participação popular, da tomada de decisões que afetam a vida de todos. Brasília foi palco de momentos decisivos da história recente do país, como o movimento das Diretas Já e as manifestações dos caras-pintadas pelo impeachment do ex-presidente Collor.
Nos últimos anos, o gramado do Congresso, considerado o mais acessível dos três poderes, reuniu trabalhadores sem-terra, índios, ruralistas, estudantes, prefeitos, aposentados e sindicalistas de todo o país. Seria um indício de aqui realmente é o palco central da consciência política? Há quem ache, dentro da Câmara, que a capital não deveria ter saído do Rio de Janeiro.
Brasília enfrenta uma crise de identidade por causa do escândalo de corrupção no governo local. Fala-se até na possibilidade de uma intervenção federal. Pela primeira vez na história do país um governador foi preso no exercício do cargo. As imagens do escândalo chocam e entristecem a população.
Mas isso tira o mérito de tudo o que a nova capital representou e representa para o país? Muita gente demonstra decepção com a crise política que Brasília enfrenta, mas há quem destaca que os atos condenáveis que foram praticados não nasceram aqui. O cientista político ressalta que quem tem poder para mudar a situação é o eleitor. É nele que se desenvolve a consciência política.
Créditos:
- Deputado Maurício Rands (PT-PE)
- Deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR)
- Ophir Cavalcante – presidente da OAB
- Ariadne Oliveira - repórter
- Rejane Pitanga - presidente da CUT-DF
- Cristiano Noronha - cientista político
- Produção - Joana Praia e Laura Benevides
- Edição de Imagem - Marcel Ricard
- Edição de Texto - Malva Beatrice
Reprodução autorizada mediante citação da TV Câmara