Legislação Informatizada - RESOLUÇÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 24, DE 1967 - Publicação Original

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RESOLUÇÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 24, DE 1967

Constitui Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a apurar as causas da decadência financeira e administrativa da Companhia Aços Especiais Itabira - ACESITA.

Sr. Presidente:

Nos têrmos do Regimento Interno, requeremos a V. Exª a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, composta de 7 (sete) membros, com o prazo 6 (seis) meses, para apurar as causas da decadência financeira e administrativa da Companhia de Aços Especiais Itabira - ACESITA, com sede no município de Timóteo, Minas Gerais.
A Comissão disporá da dotação de NCr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros novos) para o seu funcionamento.

Justificativa:

A Companhia de Aços Especiais Itabira (ACESITA), que atua num campo de vital importância para a economia e defesa nacionais, está em situação insustentável, pelo acúmulo de problemas cada vez mais difíceis de resolver.
Desempenhando papel decisivo sôbre 35.000 brasileiros, que vivem sob sua dependência ou influência diretas, a ACESITA tem condições excepcionais para alcançar posição de liderança na produção de aços finos na América do Sul, seja pelas suas reservas minerais do mais alto teor, seja pela imensa reserva de terras, que, somadas, dão uma área superior a cinco vêzes a superfície do Estado da Guanabara, seja pela usina hidrelétrica com capacidade para 50.000 KVA.
Pois bem, essa emprêsa, cujos bens estão avaliados em 500 bilhões de cruzeiros antigos, que tem uma excelente usina implantada em Acesita, com cêrca de 5.000 empregados (1.200 estáveis), está ameaçada de fechar as portas, pela desídia administrativa, que lhe vem minando paulatinamente as fôrças. Com sede na Guanabara, a emprêsa fica entregue a alguns engenheiros que nada podem sem um contacto diuturno com a alta administração da Usina, que raramente vai à empresa. Como o Banco do Brasil dispõe de 94% das ações, a êle compete gerir os seus negócios e nomear Diretores, sempre alheios à convivência siderúrgica. E isso é grave, sabendo-se que a siderurgia exige pessoal especializado, tanto do ponto de vista nacional quanto internacional. O Banco do Brasil trata a emprêsa como uma cliente qualquer, não lhe concedendo nenhuma prioridade para os seus planos de financiamento. Devido, também, a êsse comprtamento, acumulam-se as dívidas interna e externa, sem possibilidade de pagamento.
As crises sucedem-se entre empregados e empregador. Em princípios de 1964, a emprêsa firmou contrato salarial através do Sindicato dos Metalúrgicos. Para não cumpri-lo, entrou na Justiça com processo de Dissídio Coletivo em Minas Gerais (Processo nº 4.122) com ganho de causa pelos operários. Afora isso, há mais de 500 processos de reclamação trabalhista em andamento, o que agrava profundamente a solução do problema. Há pouco, o Dr. Henrich Hellbrugher, técnico de renome mundial, teve o seu contrato de trabalho rescindido, apenas porque fêz incluir no contrato cláusula que lhe dava certa percentagem pela produção da usina. Como o índice de produção subiu, fato que se deveu à intervenção do Dr. Henrich, lògicamente, teria que subir a sua comissão. Êsse sucesso financeiro provocou o despeito da administração e ocasionou a rescisão do contrato e a conseqüente queda de produção da usina. Outro engenheiro, o Dr. Carlos Paceggio, também foi afastado sumariamente por desentendimentos com a administração.
Urge que a Nação saiba por que a ACESITA que detém uma reserva magnífica de minérios, não promoveu, até hoje, negócios para exportação de uma grama sequer de minério! Porque foi oferecida à venda e só não foi comprada por grupos estrangeiros devido a demora da elaboração da forma de pagamento!
São êsses os fatos que impõem apuração imediata, a par de outros desconhecidos, que, por certo a CPI desvenderá, para que fiquem apuradas as causas e indicados os responsáveis pelo declínio econômico-financeiro administrativo da ACESITA.

Sala das Sessões.

Milton Reis - Mário Covas - Lígia Doutel Andrade - Gastone Righi - Márcio Moreira Alves - Otávio Caruso da Rocha - Hermano Alves - Nazir Miguel - Feliciano Figueiredo - Jamil Amiden - Ivette Vargas - Souto Maior - Gonzaga da Gama - Mário Piva - Cleto Marques - Antonio Magalhães - Cardoso Alves - Mata Machado - Pedro Faria - Raul Brunini - Reynaldo Sant'Anna - Adalberto Camargo - Jairo Brun - Ney Ferreira - Padre Nobre - Maria Lúcia - Nysia Carone - Júlia Steinbruch - Alceu Carvalho - Rubem Medina - Dias Menezes - Nadyr Rossetti - José Burnett - Amaral Peixoto - Francisco Amaral - Ozires Pontes - Joel Ferreira - Pedroso Horta - Sadi Bogado - João Lira - Ruy Lino - Romano Evangelista - Wilson Martins - José Richa - Paulo Macarini - Padre Vieira - Floriceno Paixão - Chagas Rodrigues - José Maria Magalhães - Chaves Amarante - Baldacci Filho - Hélio Navarro - Regis Pacheco - Djalma Falcão - Matheus Schmidt - Humberto Lucena - José Colagrossi - Doin Vieira - Celestino Filho - Lurtz Sabiá - Athiê Coury - Dorival de Abreu - João Borges - Hélio Gueiros - Mariano Beck - David Lerer - Henrique Henqin - Antonio Neves - Aldo Fagundes - Adolpho de Oliveira - Celso Passos - Anapolino de Faria - Janduí Carneiro - Martins Rodrigues - Ulysses Guimarães - Franco Montoro - Getúlio Moura - Aquiles Diniz - Breno Silveira - Glênio Martins - Zaire Nunes - Renato Azeredo - Ario Theodoro - Altair Lima - Edgard de Almeida - Clóvis Pestana - Rockefeller de Lima - Flôres Soares - Osmar Cunha - Brito Velho - Maia Neto - Fernando Gama - Hélio Garcia - Celso Amaral - Tancredo Neves - Bias Fortes - Ozanan Coelho - Edwaldo Flores - Furtado Leite - Josias Gomes - Milvernes Lima - Rozendo de Souza - Israel Novaes - Pereira Lúcio - Minoro Miyamoto - Ezequias Costa - Aloysio Nonô - Cardoso de Almeida - Thales Ramalho - Cantídio Sampaio - Jonas Carlos - Leão Sampaio - Accioly Filho - Raimundo Vieira - Montenegro Duarte - Lauro Leitão - Lyrio Bertoli - Cícero Dantas - Hermes Macedo - Odulpho Domingues - Justino Pereira - Rubem Nogueira - Hanequim Dantas - Pedro Gondin - João Alves - Magalhães Mello - Wilmar Guimarães - Manoel Taveira - Juvêncio Dias - Nasser Almeida - Sinval Boaventura - Abrahão Sabbá - Hugo Aguiar - Gilberto Almeida - Jaeder Alberaaria - Pedro Vidigal - Paes Andrade - Antonio Feliciano.


Este texto não substitui o original publicado no Diário do Congresso Nacional - Seção 1 de 03/08/1967