Legislação Informatizada - Decreto nº 13.511, de 19 de Março de 1919 - Publicação Original

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Decreto nº 13.511, de 19 de Março de 1919

Approva o Regulamento de equitação

O Vice-Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil, em exercicio, usando da autorização que lhe confere o art. 48, § 1º da Constituição, resolve approvar o regulamento de equitação, que com este baixa, assignado pelo general de brigada Alberto Cardoso de Aguiar, ministro de Estado da Guerra.

Rio de Janeiro, 19 de março de 1919, 98º da Independencia e 31º da Republica.

DELFIM MOREIRA DA COSTA RIBEIRO.
Alberto Cardoso de Aguiar.

Regulamentação de equitação a que se refere o decreto n. 13.511 desta data

INTRODUCÇÃO

    1. O R. Eq. comprehende tres partes:

    I - Instrucção do cavalleiro:

    II - Adextramento do cavallo;

    III - Emprego do cavallo ardextrado.

    2. A parte I trata da instrucção do cavalleiro nos diversos gráos da hierarchia. Ahi leva-se em em conta a necessidade de conciliar duas exigencias em conflicto: a de simplificar a instrucção do cavalleiro novo para abreviar sua entrada na fileira com prompto e a de levar tão longe quanto possivel o adextramento do cavallo para propiciar sua capacidade de trabalho e a aprendizagem na do cavalleiro.

    Não obstante a unidade de seus pricipios a instrucção de equitação comporta uma graduação conforme se trate do recruta, do cavalleiro prompto, do monitor destinado a trabalhar no adextramento dos cavallos ou do official. Assim é que esta parte se subdivide em equitação elementar, secundaria e superior.

    3. A parte II comprehende duas subdivisões: em uma, são expostos os melhores processos para aclimatar o cavallo e iniciar seu ensaio; na outra, as regras propriamente do adextramento.

    Ella estuda a constituição mental do cavallo, os principios que podem servir para a adopção de uma linguagem equestre indispensavel ao mutuo entendimento entre o cavalleiro e sua montada, e determinada os exercicios gymnasticos para o cavallo que o tornam capaz de attender ás exigencias do cavalleiro.

    4. A parte III suppõe o cavalleiro instruido e o cavallo adextrado e dá as regras para o emprego diario deste no esterior e no combate. Os principios ahi desenvolvidos são a pedra de toque para o ensino das partes I e II, especialmente da instrucção dos soldados promptos, e classes superiores.

    5. O R. Eq. não pretende resolver explicitamente todos os problemas que só uma longa pratica revela ao cavalleiro. Os officiaes encontrarão nelle os principios a inculcar aos seus instrumentos. E só dos officiaes se exigirá o reconhecimento de todas as suas partes e a capacidade de ensinal-as.

    PARTE I

Instrucção do cavalleiro

GRADAÇÃO DA INSTRUCÇÃO

    6. A instrucção do cavalleiro tal como a entende esta parte do R. Eq. presupõe o cavallo adextrado.

    Ella comprehende o estudo de tudo quanto se refere especialmente ao homem: descreve as qualidades do Instructor e lhe apresenta as regras didacticas a seguir para o desenvolvimento da aptidão dos instruendos o qual tem como fundamento moral a confiança do cavalleiro na sua montada e como condição physica essencial a descontracção muscular: estabelece normas para a divisão dos homens e dos cavallos em escolas e a do tempo de trabalho, e discrimina o trabalho na equitação elementar, secundaria e superior.

    A equitação elementar é a que recebem os recrutas e trata do ensino necessario o bastante para o cavalleiro prompto.

    A equitação secundaria é reservada aos monitores e instructores.

    A equitação superior é destinada mais especialmente aos officiaes; estes, além da correcção e da pratica da equitação a mais ousada devem esforça-se por adquirir as finezas da arte. Este ensino será objecto da instrucção equestre da Escola de Cavallaria.

    7. Esta gradação do ensino da equitação reside sómente no desenvolvimento e na indicação de processos mais ou menos elementares ou scientificos, de accôrdo com a capacidade do cavaleiro; os principios da equitação em qualquer dos gráos são sempre os mesmos, tendem para os mesmos fim, observam a indispensavel unidade, sem a qual não haveria convergencia do trabalho para o progresso.

    - As escolas no maximo 15 cavalleiros e serão de recrutas, de 2º anno, de sargentos e de officiaes; cada uma destas categorias será, conforme o numero total, dividida em 1ª, 2ª, etc. Os Officiaes, sargentos e graduados especialmente aptos trabalham no adextramento, sem distincção de hierarchia, nas remontas novas e de 2º anno.

    Esta divisão do pessoal e dos cavallos é da alçada do commandante de esquadrão (bateria).

    8. O adextramento do cavallo, que constitue a parte II do R. Eq. suppõe, ao contrario, um cavalleiro instruido. Esta parte comporta o exame de tudo quanto diz respeito á preparação do cavallo de tropa. Estuda, de um lado, a constituição mental do cavallo e os meios de lhe inspirar confiança: de outro lado, os seu temperamento, a sua habilitação physica, e por fim, as leis do seu equilibrio e locomoção, cuja observancia constitue propriamente o adextramento.

    9. A applicação dos principios da equitação e do adextramento ao emprego de cavallo, parte III do R. Eq., considera o cavalleiro instruido montando um cavallo adextrado e estabelece então as regras para a utilização deste no trabalho quotidiano.

CAPITULO I

EQUITAÇÃO ELEMENTAR

A - O instructor

    10. Qualidades do instructor - O instructor é a alma do ensino da equitação.

    Elle deve alliar ao conhecimento theorico da arte a indispensavel pratica, deve ter grande resistencia physica e caracter, ser um exemplo de correcção em tudo.

    Elle estabelece para seu trabalho uma progressão logica, conforme ao espirito do R. Eq. do R. E. C., e do R. I. S. G.; assegura a successão regular das etapas por elle prefixadas: mantem os seus discipulos attentos pela variedade do ensino, cada dia enriquecido de um elemento novo e previsto.

    As explicações a dar durante o trabalho de equitação devera ser reduzidas ao estrictamente necessario, formuladas com precisão e pronunciadas de tal fórma e com opportunidade, que cada cavalleiro as entenda. Jamais fazel-as nas andaduras vivas. Por outro lado, não deixar passar sem observação qualquer defeito individual referente á posição, do cavalleiro, ou ao governo do cavallo; só a critica infatigavel dos mesmos erros logrará corrigil-os.

    Em resumo, o instructor decompõe cada uma das difficuldades em tantas partes quantas forem necessarias para vencicel-a; elle conduz methodicamente o seu trabalho, sériando suas exigencias.

    Elle terá sempre presente e o incutirá em seus discipulos que o progresso não vem como consequencia da quantidade do trabalho, mas da qualidade do trabalho, isto é, da maneira de executal-o.

    O conjunto destas prescripções constitue o espirito de methodo; ellas formam o esqueleto da instrucção, não a alma.

    O instructor deve achar na fertilidade de seu espirito e no seu gosto profissional idéas a introduzir, expressões a empregar para impressionar a imaginação, manter o bom humor, persuadir, arrastar e communicar a todos o seu ardor, sua abnegação e sua fé.

    - Com os commandos que no R. Eq. não estão precedidos da advertencia Escola o instructor a empregará quando fôr necessario, e empregará a voz de advertencia Testa quando a execução deva ser iniciada successivamente pelos cavalleiros á medida que cada um chegar ao ponto onde o da testa recebeu o commando.

    11. Objectivos da equitação elementar - O trabalho preparatorio, adeante descripto, com uma sobriedade intencional, comporta, sob o ponto de vista do instructor, alguns desenvolvimentos sem os quaes este trabalho não poderia dar os resultados que delle se devem esperar.

    Nesta primeira parte da instrucção os objectivos successivos que se devem buscar, são:

    fazer o cavalleiro confiante;

    dar-lhe os meios para obter e conservar seu equilibrio a cavallo;

    leval-o a independencia das ajudas

    dar lhe a devida posição a cavalo.

    12. Confiança do cavalleiro - A instrucção equestre do recruta é entravada no começo pela revolta instictiva de seu systema nervoso e muscular, da qual resulta a contracção.

    Combate-se este defeito pelo volteio, por passeios demorados dos recrutas ladeados por soldados antigos que conduzem suas montadas a cabresto, e pelo trabalho no exterior.

    As contracções particulares que surgem desde o começo do trabalho individual desapparecem pelo emprego dos flexionamentos detalhados na escola do cavalleiro. Para não perder nenhum de seus effeitos uteis é necessario seguir uma ordem logica: começar pelo assento, os rins, as espaduas, os braços e a cabeça e não empregar os movimentos das coxas e das pernas sinão depois de obtido o desembaraço do tronco.

    Mas os melhores flexionamentos são o bom humor, o gosto que trazem sem demora e definitivamente o imprescindivel sentimento de confiança.

    13. Meios de equilibrio na sella - Estabelecida a confiança é preciso dar ao cavalleiro os meios de equilibrio que permittam levar avante sua instrucção. O cavalleiro se mantém na sella pelo assento e pelos estribos.

    a) O assento - O assento é a qualidade que permitte ao cavalleiro ficar senhor de seu equilibrio em qualquer circumstancia, sejam quaes forem as reações do cavallo.

    E' a principal das qualidades a adquirir, porque ella é a base da solidez do systema constituido pelo cavalleiro com sua montada, portanto da confiança, e é a condição primordial para a boa mão sem a qual não ha governo do cavallo nem adextramento possiveis.

    O assento resulta de uma descontração geral, em particular da flexibilidade nos rins. Prepara-se-o por uma gymnastica racional das articulações e se adquire com o tempo pelo trote galope executados sem estribos bem como pelo numero e diversidade dos cavallos montados.

    Só o assento liga o cavalleiro verdadeiramente ao cavallo. Mas este resultado demanda longa pratica; a preoccupação de obter grande perfeição desde o trabalho preparatorio arrisca ser contraproducente, causa escoriações e fadiga.

    b) Os estribos - Para dar mais rapidamente confiança aos cavalleiros novos ha um outro meio de equilibrio, recurso inferior mas sufficiente: os estribos. Elles permittem trabalhar mais tempo com os recrutas e fazel-os progredir sem que se firam e sem mal para a bocco dos cavallos.

    O trote sem estribos só será empregado no picadeiro ou em pequenos percursos no exterior, como gymnastica, como prova da descontracção. A principio só se usará esse trabalho durante trotadas frequente e curtas, para fazer descer as coxas na sella e collocar devidamente o assento. No picadeiro mesmo o salto da barra deve ser feito sem estribos. Tudo quanto fôr trabalho demorado no exterior, com armas, etc., será feito com estribos.

    A progressão racional do trabalho, as longas aulas ao ar livre, as marchas, as manobras, em uma palavra - o tempo, fazem o acabamento da obra esboçada no trabalho preparatorio sem estribos e dão aos cavalleiros o assento susceptivel de ser adquirido com o serviço militar de prazo curto.

    Ganhar-se-ha com esse processo o tempo indispensavel a consagrar á segunda parte da instrucção: o governo do cavallo.

    15. Gymnastica especial do cavalleiro -. O governo do cavallo funda-se na independencia das ajudas, base de sua futura harmonia. Essa independencia das ajudas resulta da gymnastica especial a que deve ser submettido o recruta desde o trabalho preparatorio.

    O instructor esforça-se por obter:

    1º. A independencia das mãos em relação aos movimento do tronco e das pernas. Para attingir este resultado elle applica as flexões cada vez mais pronunciadas do busto, para a frente, retaguarda, direita, esquerda; flexionamentos de hombros, etc. Em todos estes movimentos a mão ou as mãos que seguram as redeas devem ficar sem rigidez, em seu logar, em contacto com a bocca do cavallo, mas independentes dos movimentos do busto.

    E' preciso agir identicamente em relação ás pernas; as elevações e rotações das coxas, a flexão das pernas, não devem repercutir na bocca do cavallo.

    2º. A independencia mutua de mãos e de pernas. Para obtel-a o instructor fará executar toda a gymnastica que permitta isolar, desligar, os movimentos de uma das mãos ou pernas, em relação á outra.

    Os movimentos mais apropriados a esse fim são o movimento gyratorio de um dos braços, os soccos á retaguarda, acariciar com a mão direita a nadega esquerda do cavallo, ou com a mão esquerda a nadega direita, reajustar e afrouxar a cilha, etc.

    O instructor velará na execução destes movimentos que o deslocamento de uma das partes do corpo não cause o de outras que não devam ser arrastadas.

    Constatam-se os resultados deste trabalho nos alargamentos de andaduras ao trote sentado ou sem estribos. Si essa gymnastica for bem dirigida as articulações adquirirão tal flexibilidade e os membros tal independencia que as reacções do cavallo recebidas pela columna vertebral não terão nenhuma repercussão na mão do cavalleiro, a qual permanecerá ao mesmo tempo firme e leve.

    Desde o começo é preciso fazer que os cavalleiros comprehendam a importancia destes exercicios. E' preciso além disso cuidar que jamais deixem o cavallo em abandono sob o cavalleiro e que, ao contrario, não abusem da propria força. Em uma palavra, deve-se procurar dar-lhes o sentimento da bocca do cavallo.

    Este tacto desenvolvendo-se pouco a pouco servirá, no governo do cavallo, para estabelecer o principio das rédeas tensas e do contacto suave da mão do cavalleiro com a bocca do cavallo. E' preciso revelar este principio e procurar applical-o desde o começo.

    16. Posição do cavalleiro - A posição está indicada adeante (B). Seu valor resulta de que o logar que ella indica para as ajudas superiores e inferiores é o que permitte ás mãos e ás pernas agirem com a maxima presteza e a proposito, com a maxima intensidade ou delicadeza.

    Certos flexionamentos facilitam o jogo das articulações, permittem corrigir as imperfeições physicas e annular as contracções que dahi decorrem.

    Obtida esta flexibilidade geral o instructor deve visar, como novo objectivo: dar posição ao cavalleiro, depois fixal-o em todas as andaduras, em qualquer cavallo e em qualquer terreno.

    Quando o instructor começa a cuidar e em posição elle aproveita o primeiro tempo de passo para collocar individualmente cada cavalleiro antes de pôr a escola ao trote.

    Logo que as posições se deformem é preciso retomar o passo, corrigil-as, trotar de novo. Donde a necessidade, no começo, de trotadas frequentes e curtas. E' por este processo que se adquirem as bellas attitudes, isto é, as boas posições.

    A estabilidade a cavallo (fixidez da posição) é a ausencia de todo movimento involuntario ou inutil e a reducção dos que são indispensaveis, ao estrictamente necessario. Ella permitte a intervenção das ajudas com precisão e opportunidade, por conseguinte gera a calona no cavallo e contribue para sua leveza.

    Fica bem entendido que a regularidade da posição deve ceder deante da necessidade da harmonia do systema variavel: cavalleiro - cavallo.

    Ser harmonico com o cavallo é a primeira das qualidades do cavalleiro e certas conformações seriam prejudicadas em serem violentadas na busca da boa posição; mas Ter boa posição traz geralmente como consequencia ser harmonico com o cavallo.

    17. A boa posição do cavalleiro depende sobretudo da maneira de Ter o olhar, os punhos, as nadegas e os joelhos.

    a) O facto de Ter os olhos attentos e de abranger francamente o arredor traz para o cavalleiro a necessidade de manter a cabeça erguida, erecto o busto, engajar o assento na sella. Demais, desde o começo os homens tomarão o habito de observar quanto se passe em torno delles.

    b) Bem collocados os punhos, separados devidamente, as unhas se defrontando, os cotovellos se approximam do corpo naturalmente; em consequencia os hombros se endireitam, o peito se apresenta e a cabeça ergue-se á vontade.

    Ao contrario, si as unhas se voltam para baixo os cotovellos se afastam, os hombros se encolhem e, como escondem o peito, os olhos se abaixam e as nadegas tendem a fugir pela patilha.

    c) O assento resulta da posição das nadegas; ellas devem ficar o mais possivel para frente, sem produzir entretanto exagerada concavidade da columna vertebral.

    d) Si os joelhos estão bem voltados para dentro os musculos da coxa acham seu logar sob o femur e a coxa fica naturalmente de chapa sobre a sella. A posição do joelho determina a do pé, que cabe naturalmente.

    18. Os flexionamentos - Resulta, do que ficou dito, que esta gymnastica representa um papel muito importante na instrucção do cavalleiro, mas tambem que o seu emprego demanda um tino particular.

    Utilizada sem ordem e sem methodo o instructor não obterá sinão resultados mediocres, ao passo que acertadamente explorada elle transforma com exito e rapidamente os cavalleiros mesmo menos cotados.

    Considerados em seu conjunto, os flexionamentos teem um triplice fim, a saber:

    1º, a descontracção geral;

    2º, a independencia summaria das ajudas;

    3º, a regularidade da posição.

    19. O instructor escolhe e grupa para cada um destes tres fins os exercicios que lhe pareçam mais proprios para attingil-o.

    Nos dous primeiros casos a gymnastica commandada entende com a escola inteira, porque visa um fim geral; no ultimo caso convem, ao contrario, prescrever a cada cavalleiro a gymnastica que elle deva executar, pois ahi se trata decorrigir defeitos individuaes.

    Demais é preciso notar que alguns desses exercicios se contrariam; ao empregal-os é pois fundamental saber exactadamente o que é que se pretende.

    Por exemplo, a elevação das coxas, partilarmente favoravel á acquisição de assento, combate evidentemente o beneficio da rotação da coxa, movimento destinado a pôl-a de chapa e a baixar a perna.

    20. Ao cabo de algumas semanas de instrucção bem conduzida, a confiança estará firmada, as contracções terão diminuido. Os cavalleiros começarão a achar e a consertar o fundo da sella; sua articulações adquirarão liberdade, por conseguinte elles tornar-se-hão mais senhores de seus movimentos.

    A posição se esboçará.

    Será o momento de abordar o governo do cavallo e de estabelecer os respectivos principios.

B - Escola do cavalleiro

Generalidades

    21. Esta escola tem por objecto formar cavalleiros dextros no manejo de sua montada e no combate a cavallo.

    22. Para obter este resultado o instructor deve procurar primeiramente estabelecer a confiança do cavalleiro, flexibilizal-o e dar-lhe a devida posição a cavallo; em seguida dá-lhe os meios de governar o cavallo e, por fim, ensina-lhe a servir-se das armas a cavallo.

    23. O methodo indicado para a instrucção a pé (R. E. C. R. I. S. G.) é applicavel na escola a cavallo. Vêr a parte A deste capitulo 1º do R. Eq.

    24. A instrucção é individual, cada movimento novo é objecto de uma lição particular dada successivamente a cada cavalleiro.

    Durante o curso do trabalho o instructor evita as observações geraes; elle corrige os erros interpellando nominalmente o cavalleiro. Elle passa frequentemente de um cavalleiro a outro e multiplica os conselhos, inspirando-se nos principios regulamentares, sem jámais se considerar obrigado a reproduzir seu texto ao pé da lettra.

    25. O instructor não tem logar fixo e póde estar a pé ou a cavallo; nas primeiras aulas é preferival que fique a pé, afim de melhor explicar os movimentos e rectificar mais facilmente as incorrecções.

    26. Sua attitude deve ser sempre tal que possa servir de exemplo aos seus discipulos.

    27. Escolhem-se cavallos bem mansos para as primeiras aulas. Os cavalleiros trocam de vez em quando as montados, no correr da aula, á ordem do instructor.

    28. O trabalho começa e termina ao passo.

    29. No começo do trabalho ou depois de uma pausa de descanço o instructor commanda: Sentido! A este commando o cavalleiro regulariza sua posição, ajusta as rédeas.

    30. Para repousar a attenção dos cavalleiros o instrutor commanda: Escola, á vontade! A este commando os cavalleiros afrouxam as rédeas e abandonam a regularidade da posição, sem alterar a andadura.

    31. E' preciso !fazer uso frequente destes repousos, mórmente no começo, e aproveital-os para interrogar aos cavalleiros sobre o ensino recebido.

    32. Em todas as aulas o instructor não se esquece de variar as andaduras; é um expediente para não fatigar os cavalleiros nem os cavallos.

    33. A instrucção equestre é levada sem preciptação segundo os principios estabelecidos no R. I. S. G. Ella proseguirá e se aperfeiçoará através de todo o tempo de serviço.

    Ella comprehende o trabalho preparatorio, o trabalho de bridão, de freio e com armas.

    Na pratica o trabalho preparatorio e o de bridão marcham quasi simultaneamente e os flexionamentos são praticados durante toda a instrucção.

    No terceiro mez do periodo de instrucção de recrutas deve começar o trabalho de freio.

    34. Quando os recursos das unidades o permittirem, haverá vantagem em dar aos cavalleiros para o trabalho de bridão ou um duplo bridão, ou pelo menos rédeas duplas ligadas a um bridão. Neste caso o modo de segurar as rédeas é o indicado no trabalho de freio (duas rédeas em cada mão).

Trabalho preparatorio

    35. assumpto:

    Conduzir o cavallo a mão;

    Saltar a cavallo e em terra;

    Juntar as rédeas e separal-as;

    Posição do cavalleiro a cavallo;

    Flexionamentos;

    Os estribos;

    Montar a cavallo e apear;

    O trote elevado.

    36. Prescripções geraes - O trabalho preparatorio é feito sem esporas; o cavallo traz bridão de remota; a sella sem seu equipamento.

    - O instructor, principalmente nas primeiras aulas, prestará toda a attenção ao ajustamento da sella e da cabeçada, mórmente do boccado.

    Este trabalho abrange o conjunto dos exercitos necessarios para dar flexibilidade ao cavalleiro novo, dar-lhe confiança a cavallo, assegurar soffrivelmente o seu assento e leval-o ao ponto de receber frutuosamente os primeiros principios de equitação.

    - Encilhamento. Sómente quando a sella seja bem construida e bem collocada é que o cavalleiro póde sentar-se bem e agir correctamente sobre o cavallo.

    Uma sella bem ajustada apoia-se uniformemente sobre as costellas em toda a extensão das basteiras, tocando as omoplatas. Os extremos das duas basteiras devem ser ligeiramente levantados e sua borda superior não deve comprimir o dorso do cavallo, sobretudo a cernelha. O espaço entre a manta e a calha existente entre as basteiras, emquanto aquella não estiver erguida de modo a permittir perfeita ventilação ao longo do dorso, deve corresponder á altura de quatro dedos.

    A parte mais baixa do assento deve ficar no meio da sella. Caso fique mais recuada, o assento do cavalleiro escorregará para trás na montaria: as coxas e joelhos subirão (assento de cadeira). Caso fique mais avançado, o cavalleiro ficará também muito á frente e resultará facilmente a montaria de pé (assento de forquilha). As sellas mal construidas devem ser modificadas convenientemente.

    A sella collocada muito á frente sobrecarregará o antemão pelo peso do cavalleiro e tornar-se-ha diffcil actuar sobre o postmão. Posta muito atrás sobrecarregará a parte mais fraca do dorso na região renal, a cilha ficará em parte sobre as falsas costellas e comprimil-as-há.

    De qualquer modo a sella mal collocada difficulta a acção do cavalleiro. Por isso deve-se observar constatemente a posição da sella e corrigil-a, si necessario. Si o cavallo é mal conformado de dorso applicam-se cilhas anteriores e posteriores.

    A manta dobrada em quatro, deve ser posta de tal maneira que na frente exceda d quatro dedos e desça por igual nos dous lados da cernalha; as pontas abertas ficarão para o lado esquerdo, abaixo e atrás.

    O peitoral assegura melhor a posição da sella, sobretudo no animal equipado, impedindo especialmente que escorregue para trás nas subidas fortes. O reforço que cobre a juncção dos tres ramos do peitoral deve ficar sobre a cova do coração. A gamarra não deve ficar apertada nem frouxa demais.

    - Collocação do bridão. O bridão deve ser ajustado de tal modo que o boccado toque os cantos da bocca sem areganhal-os. A fivela deve ficar sobre a nuca; a testeira logo abaixo das orelhas unida á cabeça sem apertar; as faceiras ficam cerca de dous dedos atrás do osso de face. A sisgola deve Ter uma folga de quatro dedos.

    37. Para este trabalho o instructor ou dispõe os cavalleiros em uma pista, atrás de um cavalleiro antigo, ou fal-os montar um cavallo bem adestrado seguro á guia, ou ainda faz emparelhar cada recruta com um antigo, a cavallo, que conduza a montada do recruta a cabresto, preso ao bridão.

    38. O instructor regula a successão e o emprego dos exercicios segundo as aptidões e os defeitos dos cavalleiros de sua escola. O trabalho preparatorio não visa sinão um fim: equilibrar o cavalleiro nas differentes andaduras antes de cuidar da acção das ajudas, o que será objecto das lições ulteriores.

    39. O trabalho preparatorio se executa no começo em picadeiro ou em um recinto fechado.

    Os cavalleiros para ahi conduzem suas montadas a mão e da mesma fórma as reconduzem ás baias.

    Quando estiverem sufficientemente capazes vão e voltam a cavallo.

    - Sempre que o cavallo vae ser conduzido á mão (mesmo um homem montado) levantar os estribos correndo-os até junto ao gancho dos lóros e em seguida passando os lóros por dentro delles.

    40. Sendo o primeiro resultado a obter do cavalleiro acquisição da confiança e habitual-o a ficar muito tempo montado, sem fadiga, é bom dar-lhe os estribos desde as primeiras aulas. Só se commanda abandonar estribos! primeiramente ao passo, depois nas andaduras mais fortes, quando os cavalleiros já estão sufficientemente familiarisados com os movimentos do cavallo.

    41. O instructor trabalha com o recruta no exterior desde que seu adiantamento o permitta; seu cavallo póde então ser primeiramente seguro á mão por um cavalleiro antigo, como já ficou dito.

    42. Conduzir o cavallo á mão - O cavalleiro segura as rédeas do bridão na mão direita, a 15 cm, da bocca do cavallo, unhas abaixo, indicador entre as duas cannas das rédeas, mão levantada e firme (para impedir que o cavallo salte); a mão esquerda segura as rédeas pelas pontas (pelo meio se são cosidas).

    43. Para formar a escola no picadeiro o instructor dispõe os cavalleiros na linha do centro, com intervallos de 3X. Cada cavalleiro passa as rédeas no pescoço e se colloca do lado esquerdo (lado de montar), seu flanco direito na altura da ganacha, posição de sentido, mão direita como se disse no numero precedente.

    Os cavallos devem ficar perfiladas, isto é, direitos, alinhados e perpendiculares ao alinhamento (fileira).

    Um cavallo parado está direito quando aprumado sobre seus quatro membros, e tendo a cabeça, o pescoço e o corpo na mesma direcção.

    44. Saltar a cavallo e em terra - Ao commando: Por salto, a cavallo! o cavalleiro faz direita-volver, segura a rédea esquerda com a mão esquerda unhas abaixo, dá um passo á direita para se collocar na altura das espaduas do cavallo ao mesmo tempo que deslisa a mão direita ao longo da rédea esquerda até ao meio (a ponta) das rédeas e a esquerda até á altura da cernella; cruza as rédeas, muito ligeiramente tensas, na mão esquerda que pega um punhado de crinas, deixando sahir as extremidades do lado do dedo minimo; colloca a mão direita sobre o cepilho - tendo primeiramente cruzado os estribos adeante do cepilho - lança-se vivamente para cima elevando-se nos punhos, demora um instante assim, escancha-se na sella sem choque; segura em cada mão em cheio uma rédea, pollegar fechado sobre ella, mantida de chapa sobre a Segunda junta do indicador, os punhos baixos,exactamente no prolongamento dos antebraços, cerca de 25 cm, de afastamento (não mais), ambas defrontando-se, as rédeas sahindo pelo lado do pollegar, tensas de modo que o cavalleiro sinta a bocca do cavallo (*).

    - Nas primeiras semanas não mandar montar por salto. Dar tempo a que o recruta se desembarace pela gymnastica correspondente na barra fixa e no cavallo de páo. (R. G. M. 39 e 48).

    45. Ao commando Por salto, a pé! o cavalleiro passa as rédeas cruzadas para a mão esquerda, segura com ella um punhado de crinas e colloca a mão direita no cepilho - tendo primeiramente cruzado os estribos - tudo como para saltar a cavallo; eleva-se nos punhos, passa a perna direita por cima da garupa, sem tocal-a, levando-a para o lado da esquerda; fica um instante assim e salta em terra em uma leve flexão, calcanhares unidos, retoma a posição de sentido (43).

    - Nos primeiros exercicios fazer esses movimentos por partes. Commandos: «Por tempos, por salto a cavallo, um! dous! tres! quatro!»

    Ao commando um! executar tudo quanto está prescripto no n. 44, até a collocação da mão no cepilho; dous! dar o salto ao apoio nos braços; tre! cavalgar; quatro! tomar as rédeas.

    «Por tempos, por salto a pé, um! dous! tres! quatro! Execução parcellada na ordem inversa.»

    46. Para fazer os dous exercicios sem tempo de pausa o instructor commanda: Por salto, a pé e a cavallo!

    Os cavalleiros farão frequentemente estes exercicios de ambos os lados do cavallo.

    Só se executam a pé firme.

    47. Tomar as rédeas juntas e separal-as - Ao commando: Rédeas na mão esquerda! collocar esta mão em frente ao meio do corpo, passar para ella a parte da rédea que está na mão direita, separando-a da rédea esquerda pelo dedo minimo; deixar cahir a mão direita ao lado, atraz da perna, palma da mão para dentro.

    Faz-se do mesmo modo tomar as rédeas na mão direita.

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    (*) O instructor cuidará que o cavalleiro ao ajustar as rédeas não provoque nenhum movimento do cavallo nem lhe desarrange a posição da cabeça.

    48. Ao commando: Separar rédeas! segurar na mão direita a parte da rédea direita que está na mão esquerda e retomar o afastamento de cerca de 25 cm. (44).

    49. Para ajustar as rédeas o cavalleiro approxima um do outro os punhos e segura com uma das mãos, pelo pollegar e o indicador, por cima do pollegar da outra, a rédea que quer encurtar.

    50. O instructor faz abandonar e retomar as rédeas quando o julga a proposito, aos commandos: Abandonar rédeas! Retomar rédeas! No primeiro caso o cavalleiro larga as rédeas atraz do cepilho - si não abertas dá um nó simples e em seguida as abandona sobre o pescoço - e deixa cahir as mãos aos lados.

    Só excepcionalmente se mandará abandonar as rédeas, e tomadas as precauções necessarias para evitar accidente.

    51. Posição do cavalleiro a cavallo - A posição abaixo detalhada deve ser havida como um typo do qual todo cavalleiro hade approximar-se gradualmente.

    As nadegas assentam por igual sobre a sella e o mais possivel para a frente.

    As coxas voltadas, sem esforço, de chapa abarcam igualmente o cavallo, não se alongando sinão pelo proprio peso mais o das pernas.

    A dobra dos joelhos suave.

    As pernas livres e cahindo naturalmente, suas barrigas em contacto com o cavallo sem o apertar, a ponta dos pés cahindo livremente quando o cavalleiro está sem estribo.

    A região renal sem rijeza e jámais cavada.

    O alto do corpo desembaraçado, livre e recto.

    Os hombros igualmente direitos.

    Os braços livres, cotovello cahindo naturalmente.

    A cabeça levantada, á vontade e desembaraçada das espaduas.

    Uma rédea de bridão em cada mão, como está dito no n. 44.

    52. Esta posição é susceptivel de ser modificada em differentes casos, ou intermittentemente, ou de maneira continua.

    As partes do corpo representadas pelas pernas e o busto são moveis e devem agir á vontade do cavalleiro, seja intermittentemente como ajudas para o governo do cavallo ou como meios de combater suas defesas, seja de fórma continua como meio de adherir ao cavallo, aos seus movimentos.

    A coxa, ao contrario, deve ficar immovel e adherente á sella, salvo no trote elevado. Esta fixedez deve ser conseguida não a poder da pressão nos joelhos, mas pela adherencia das nadegas que é obtida com a flexibilidade dos rins e descontracção das coxas.

    Si as nadegas ficam muito atrazadas o cavalleiro não póde adherir ao movimento do cavallo e desloca o alto do corpo para a frente. Remedeia-se este defeito fazendo-o escorregar as nadegas para baixo e procurar o fundo da sella.

    Si as coxas estão muito levantadas (horizontaes), o cavalleiro fica de cadeira, seu poder sobre o cavallo é diminuido; si estão muito cahidas (verticaes) o cavalleiro fica de forquilha, sente-se contrafeito.

    Em resumo o cavalleiro deve ficar sentado com as coxas baixas.

    Os differentes defeitos de posição se combatem por flexionamentos apropriados.

    53. Flexionamentos - Os exercicios de gymnastica designados sob o nome de flexionamentos teem por fim obter, uns a flexibilidade dos rins, outros a interindependencia das diversas partes do corpo.

    O instructor vela especialmente por que o movimento da parte do corpo no exercicio não reaja sobre nenhuma da outras partes. Por exemplo, um exercicio do braço esquerdo não deverá desarranjar nem o braço direito nem a posição da região renal nem a das pernas.

    54. Os flexionamentos aqui indicados recommendam-se como os mais uteis, mas não são os unicos em que os cavalleiros possam ser exercitados. O instructor tem a faculdade de applicar outros exercicios adequados - como os do R. G. M. - para variar o trabalho e manter vivo o interesse dos instrumentos.

    E' bom todo o movimento que, occupando a attenção do cavalleiro, faça-o esquecer de que está a cavallo e por isto mesmo trará sua descontracção.

    Attinge-se o objetivo mediante a frequencia e variedade da gymnastica, mas evite o instructor de prolongar um exercicio até a fadiga, pois esta causará forçosamente a contracção. Evite igualmente todo movimento que tenha como consequencia sahirem as nadegas da sella ou ficarem cavados os rins.

    - Em estreita collaboração com os exercicios de flexionamento, prescriptos no R. Eq., o R. G. M. cuida com especialidade da gymnastica directamente proveitosa ao cavalleiro, e que tem logar fóra das aulas de equitação, no cavallo vivo ou no cavallo de páo, ou simplesmente no proprio homem a pé.

    55. Os flexionamentos, enunciada a especie, são iniciados ao commando: Começar!

    O exercicio prosegue, repete-se, até ao commando: Allo!

    Os cavalleiros juntam as rédeas, separam-nas, abandonam e retomam-n'as conforme fôr necessario e sem commando.

    56. Elevação das coxas - Elevar os joelhos somente quanto baste para destacar as coxas e as pernas da sella, inclinando muito levemente o alto do corpo para traz. O instructor manda que o cavalleiro estenda as coxas para a frente, sem exagero segurando-se um instante no cepilho.Tal posição força o cavalleiro a se equilibrar a cavallo pela flexibilidade. Uma vez bem achado o equilibrio elle reconduz suavemente as coxas á posição sobre a sella com o cuidado de então não alterar a posição dos rins.

    Este exercicio dá posição aos rins e lhes imprime a fórma que devem Ter; só se executa ao passo e ao trote curto.

    57. Rotação da coxa direita (esquerda) - Afastar o joelho direito (esquerdo), leval-o para traz estendendo a perna, torcer o joelho para dentro o mais possivel e recollocar a coxa de chapa sobre a sella.

    58. Flexão dos rins - A indicação: Acariciar o cavallo no flanco direito (esquerdo) dobrar-se na sella impellindo as nadegas para a frente, flexionar o rim, cintura reintrante do lado direito (esquerdo) sem inclinar-se de lado, depois descer o mais possivel a mão direita (esquerda) ao longo do flanco do cavallo.

    59. Rotação dos rins - A' indicação: Acariciar o cavallo na anca direita (esquerda) com a mão esquerda (direita) voltar-se sobre a sella sem deslocar o assento nem as coxas e executar o afago mandado, tendo o cuidado de manter a cabeça levantada e evitando de afastar o cotovello esquerdo (direito) e de pendurar-se nas nádegas.

    60. Movimento giratorio do braço direito (esquerdo) - Descrever com o braço estendido, movimento lento e uniforme, giros de baixo para cima e da frente para trás, mantendo a cabeça direita e levantada quando o braço desce.

    61. Flexão da perna direita (esquerda) - Dobrar lentamente a perna sem deslocar o joelho nem o resto do corpo.

    62. Movimento giratorio dos pés - Fazer que cada pé descreva por um movimento lento e uniforme giros de baixo para cima e de fóra par dentro, sem deslocar a perna.

    63. Flexionamento em marcha - A gymnastica aprendida a pé firme é repetida nas tres andaduras, salvo as exepções previstas.

    Para pôr a escola em marcha o instructor designa um cavalleiro antigo para servir de testa e o faz percorrer a pista; depois faz desfilar os cavalleiros por um, atrás desse guia.

    O instructor limita suas explicações aos principios do governo indispensaveis para pôr o cavallo em movimento e fazel-o parar; os cavalleiros se limitam a deixar seus cavallos seguirem aos que os precedem.

    - Os flexionamentos são exercitados com a duração maxima de dez minutos, de preferencia no fim da aula, ou então no meio, não no começo. Para a applicação com os cavallos parados o instructor mette a escola em linha, ao commando:

    «Testa á direita, escola com intervallos em linha pela esquerda! Testa alto!» A testa executa a conversão 3m, depois de entrar no lado grande; os cavalleiros seguintes successivamente cada um 3X adeante do ponto onde a iniciou o precedente.

    64. O trote deve ser primeiramente muito moderado; leva-se-o á cadencia regulamentar quando os cavalleiros tenham adquirido bastante assento para conservar nesta andadura uma posição regular.

    65. Logo que o trote tenha dado aos cavalleiros um começo de solidez e um primeiro habito de andadura viva, o instructor começa a fazel-os trabalhar ao galope. As primeiras lições de galope são dadas de um grande circulo, afim de que os cavallos tenham menos tendencia de tomar mão ao cavalleiro; deixar fazer uso dos estribos até que os cavalleiros tenham bastante confiança; fazer cruzar estribos logo que o instructor julgue sufficiente o progresso.

    O galope deve ser empregado desde cedo: é a andadura mais favoravel para dar ao cavalleiro o assento e flexibilizar-lhe a região renal.

    66. Desde que o instructor faz tomar as rédeas elle ensina ao cavalleiro a conservar o contacto com a bocca do cavallo e a deixar-lhe a liberdade de pescoço seguindo com as mãos os movimentos deste por flexões alternativas dos punhos.

    A cadencia do passo largo é facil de acompanhar com as rédeas levemente tensas; ao cabo de muito tempo o cavalleiro segue instinctivamente o movimento do pescoço. Tomado este habito, facilmente elle fará o mesmo nas andaduras vivas. Este exercicio supprime a dureza dos braços e hombros, origem habitual da dureza da mão.

    67. Os estribas - Estando o cavalleiro em bôa posição os estribos estão ajustados quando, cahidas naturalmente os pernas, a soleira se acha approximadamente na altura da base superior do salto do calçado.

    Os estribos só devem supportar o peso das pernas; devem ser enfiados até ao terço dos pés; o calcanhar deve ficar mais baixo que a ponta do pé.

    Enfiado o pé no estribo o ramo anterior deste deve ficar para fóra; assim o lóro fica de chapa, do contrario fica torcido.

    O apoio excessivo sobre os estribos desarranja o assento, contrahe a perna, prejudicando-lhe a liberdade de acção.

    Si o cavalleiro não enfia os estribos sufficientemente elle arrisca perdel-os, si os enfia demais tem menos flexibilidade para o trote elevado.

    O calcanhar fica naturalmente mais baixo que a ponta do pé desde que não esteja contrahida a articulação do tornozello.

    No galope largo, na carga o emprego das armas o para saltar obstaculos o cavalleiro enfia os estribos a fundo.

    68. O instructor exercita os cavalleiros em abandonar retormar os estribos, primeiro ao passo, depois gradualmente em todas as andaduras.

    - Quando o abandono deva ser demorado, para trabalho sem estribos, o instructor manda cruzar estribos! Ficam cruzados adeante do cepilho.

    Elle lhes ensina tambem a ajustal-os, fal-os, no repousos, estando a pé, cada um marcando no braço o comprimento do lóro.

    O instructor revêrte muito frequentemente ao trabalho sem estribos, sobretudo no galope e para saltar obstaculos.

    69. Montar a cavallo e apear - O cavalleiro estando a pé na posição de sentido (43) ao commando: A cavallo fazer direita volver, depois um passo á direita para se collocar na altura da espadua do cavallo, tomar na mão esquerda as rédeas e um punhado de crinas, como para montar por salto; enfiar o pé esquerdo a fundo no estribo, com o auxilio da mão direita, si for preciso; approximar - se do cavallo de maneira a apoiar o joelho esquerdo na, sella; collocar a mão direita sobre a patilha; elevar-se por um impulso da perna direita, ajudado pela tracção de ambos os braços; o joelho esquerdo dobrado e applicado á sella, o alto do corpo um pouco inclinado para a frente para impedir que a sella todo, levar o pé direito ao lado do esquerdo; mudar a mão direita para o cepilho, passar a perna direita acima da garupa, sentar-se suavemente na sella, tomar uma rédea em cada mão, enfiar o estribo direito corrigir o esquerdo.

    O instructor recommenda aos cavalleiros que evitem tocar com a ponnta do pé esquerdo o codilho ou as costellas do cavallo ao se erguerem no estribo; esta impericia engendra quasi todas as defesas do cavallo ao ser montado.

    70. Ao commando: A pé! passar a rédea direita para a mão esquerda, que vae segurar um punhado de crinas, descalçar o estribo direito e collocar a mão direita no sepilho: elevar-se no estribo esquerdo, passar a perna direita por cima da garupa sem tocar o cavallo, dobrando um pouco o joelho, mudar a mão direita para a patilha, collocar o pé direito ao lado do esquerdo, o joelho esquerdo firme na sella, o alto do corpo um pouco inclinado para a frente; descer levemente á terra, calcanhares na mesma linha, retomar a posição de sentido (43). Os cavalleiros são exercitados a montar e a apear tambem pelo lado direito.

    - Nos primeios exercicios montar e apear por tempos. Commando e execução semelhantes ao prescripto na nota do n. 45.

    71. Trote elevado - O trote elevado é de um modo geral o unico empregado quando os cavalleiros fazem uso dos estribos e conhecem a pratica dessa andadura.

    Seus principios são os seguintes:

    O cavallo trotando o cavalleiro inclina ligeiramente o alto do corpo para a frente, depois tomando apoio sobre os estribos, mas conservando a adherencia dos joelhos á sella, elle se deixa elevar por uma reacção do cavallo, mantem seu assento afastado da sella fugindo da reacção seguinte, e assim prosegue, sempre evitando uma reacção em duas.

    A principio facilita-se ao cavalleiro o mecanismo do trote elevado fazendo-o acariciar o pescoço do seu cavallo, o que determina a inclinação do corpo para a frente, ou fazendo-o segurar um punhado de crinas com uma das mãos.

    72. boa execução do trote elevado exige que o assento se eleve moderadamente, que o contacto com a sella seja de cada vez retomado brandamente, sem choque, que o apoio sobre os estribos seja franco, que a articulação do pé seja elastica e que o calcanhar seja mantido mais baixo que a ponta do pé.

Trabalho de bridão

    73. Assumpto:

    Pernas e redeas.

    O passo.

    Marchar e parar.

    Voltar á direita (esquerda).

    Marchar á mão direita (esquerda).

    O trote.

    O galope.

    Mudança de andadura.

    Cortar o picadeiro.

    Mudança de mão.

    Linha quebrada.

    Volta.

    Meia volta.

    Meia volta invertida.

    Alargar e encurtar.

    Recuar e parar.

    Sahir da fileira.

    Passar e saltar obstaculos.

    Trabalho em terrreno variado.

    74. - Prescripções geraes - Quando os cavalleiros estiverem familiarizados com o movimento do cavallo em todas as andaduras, o instructor fal-os passar aos exercicios de bridão, que teem por fim inicial-os no emprego das ajudas, augmentar sua confiança e sua flexibilidade e consolidar seu assento.

    As lições indicadas nos exercicios de bridão repouso sobre effeitos muito simples, que outros não devem aprender os recrutas.

    E' essencial que não se deem aos recrutas sinão cavallos bem adextrados e obedientes.

    O instructor volta frequentemente aos flexionamentos e manda que nas pausas de «á vontade» cada cavalleiro execute os que lhe indicou como particularmente proprios para corrigir seus defeitos de posição.

    Os cavallos estão de bridão, as sellas desequipadas, os cavalleiros a principio sem esporas.

O trabalho tem logar no picadeiro ou no exterior, em rectangulos cujos cantos são marcados por bandeirolas bem altas e bem visiveis.

    Estes rectangulos terão as dimensões sufficientes para que a escola possa trabalhar á vontade, ficando sob as vistas do instructor e ao alcance de sua voz. O instructor muda de terreno sempre que as pistas fiquem marcadas a ponto dos cavallos as percorrerem machinalmente; elle evita de traçar seu rectangulo parallelamente aos rectangulos visinhos ou ás linhas do terreno, afim de que desde começo o cavalleiro seja forçado a governar seu cavallo.

    75. O trabalho de bridão comporta principalmente exercicios com distancias indeterminadas (trabalho individual). O caracter destes exercicios consiste na independencia absoluta dos cavalleiros entre si e na continua obrigação que cada um tem de assegura sua direcção e de manter o cavallo em andadura constante durante a marcha na pista e a execução dos movimentos.

    - O instructor explicará préviamente as regras da disciplina de picadeiro, relativas á precedencia das mãos, andaduras e pistas. A saber: A mão esquerda tem precedencia sobre a direita, a andadura mais forte tem sobre a mais fraca, a pista total (todo o picadeiro) tem sobre as outras figuras.

    O rectangulo serve só para balizar direcções: cada um trabalha como si estivesse só, sem preocupação de distancia nem de alinhamento. Os movimentos executam-se em um ponto qualquer do terrreno assim balizado.

    Os commandos não obrigam a uma obediencia immediata: o cavallleiro só deve iniciar a execução no momento em que seu logar na pista e o estado de preparação de seu cavallo o puzerem em bôas condições para fazer regularmente o movimento commandado.

    Todos devem, além disto, escolher caminho de modo a não irem de encontro a seus visinhos; a iniciativa de todos fica assim estimulada. Quando se cruzam, os cavalleiros tomam sempre a sua direita, salvo no movimento de mudança de mão executado á mão esquerda.

    Para reunir os cavalleiros em escola o instructor commanda: Testa F... (nome) por um a seus logares!

    O cavalleiro designado continúa a seguir a pista conservando a andadura ou mudando-a para a indicada. Os outros vão na mesma andadura e pelo caminho mais curto formar atraz delle, por um, na ordem estabelecida, a 1m,50 de distancia.

    76. Para dar uma explicação a todos os cavalleiros simultaneamente, o instructor commanda: Escola, reunir! Os cavalleiros veem, conservando a andadura ou tomando a designada, reunir-se em frente delle, na fórma do R. E. C.

    77. Si os cavalleiros estiverem formados em escola por um ou grupados em torno do instructor podem ser de novo distribuidos na pista á indicação: Trabalho individual! Mão direita (esquerda)! Os homens trabalham com distancias indeterminadas.

    Si já estão no trabalho individual á mão direita (esquerda) e o instructor quer que mudem de mão, commandará simplesmente: Mão esquerda! (direita!).

    78. Habitualmente os cavalleiros serão conduzidos ao local do trabalho e reconduzidos ao quartel em columna por dous ou por quatro.

    O instructor aproveita estas occasiões para lhes ensinar a sahir de fórma e as formações indicadas na ordem unica.

    79. As pernas e as rédeas - Chamam-se ajudas os meios de acção de que dispõe o cavalleiro para governar seu cavallo: são essencialmente as pernas e as rédeas (*).

    80. As pernas servem para impelir o cavallo para a frente, augmentar a velocidade da andadura, ou obter o deslocamento lateral do postmão.

    Ellas actuam por uma pressão da barriga da perna. Se essa pressão não basta, o cavalleiro augmenta a acção por meio de batidas.

    A espora é destinada a augmentar ainda, quando necessario, a acção das pernas.

    E' essencial obter e manter no cavallo a perfeita obediencia ás pernas. A' acção simultanea e igual das duas pernas, elle deve responder pelo avançar; á acção predominante de uma perna, elle deve responder deslocando a garupa para o lado opposto. Obtida a obediencia cessa logo a acção.

    81. As rédeas transmittem ao cavallo as indicações da mão do cavalleiro para diminuir ou annullar a andadura, ou para modificar a direcção.

    Chama-se contacto um apoio leve da bocca do cavallo na mão do cavalleiro; este apoio deve ser constante.

    O cavalleiro segura as redeas a mão cheia, o pollegar fechado sobre a Segunda junta do indicador. Graças aos outros dedos que ficam frouxos, como mólas, e á flexibilidade dos punhos, dos braços e dos hombros, elle acompanha suavemente de rédeas tensas, os movimentos da cabeça do cavallo, sem perturbal-os e sem se antecipar: então se diz que a mão é passiva. E assim é, emquanto o cavalleiro não tenha que modificar a andadura ou a direcção.

    82. Para diminuir ou annullar a andadura, o cavalleiro fecha os dedos sobre as rédeas, sem levantar os punhos, e exerce uma acção de deante para traz, chamada effeito de rédea directa.

    Esta acção não deve ser continua: o cavalleiro age cerrando e cedendo alternativamente os dedos, as mãos sempre muito baixas e conservando o contacto no intervallo das acções.

    83. A acção da mão para modificar a direcção póde ser de duas fórmas:

    1º Quando o cavalleiro afasta a rédea direita, a cabeça e o pescoço são levados para a direita e o cavallo volta-se para este lado: então se diz que o cavalleiro actua pela rédea de abertura.

________________

    (*) Nota - Vd. Cap. II, acção do peso.

    Esta acção deve fazer-se levando francamente a mão á direita, o punho conservado no prolongamento do ante-braço, e evitando toda tracção de deante para traz;

    2º. Quando o cavalleiro apoia a rédea esquerda contra o pescoço do cavallo a cabeça póde inclinar-se para a esquerda, mas o pescoço é forçado para a direita e o cavallo volta-se para este lado: então se diz que o cavalleiro actua pela rédea contraria ou de apoio.

    E' a acção normal do cavalleiro militar, que geralmente, só dispõe de uma das mãos para governar seu cavallo.

    A rédea contraria deve agir sem tracção de deante para traz, e, como a rédea directa, intermittente.

    84. Todas as acções de rédeas devem diminuir de intensidade quando ha um começo de obediencia e cessar completamente, uma vez obtido o resultado que se quer.

    85. O instructor inspira-se nas considerações precedentes para ensinar os cavalleiros a se utilizarem das pernas e das rédeas.

    Desde o começo deve preoccupar-se em vigiar a maneira de applicação das ajudas.

    A mão deve sempre ficar baixa. E, afim de que as indicações das ajudas sejam perfeitamente nitidas para o cavallo, para que não haja nenhuma contradição entre ellas, nunca deve haver simultaneamente acção das rédeas directas pedindo a diminuição da andadura - meia parada - ou a parada completa e das pernas, que devem sempre provocar o movimento para a frente. Eis a condição essencial para a conservação da calma indispensavel ao cavallo de tropa.

    Durante o trabalho de bridão os cavalleiros devem ser exercitados em governar sua montada só com a mão esquerda (ou só com a direita).

    A aprendizagem das ajudas se obtem por meio das lições abaixo detalhadas.

    86. O passo - O passo é uma andadura em que os pés se levantam successivamente e assentam no chão da mesma ordem em que se levantaram. Si o pé anterior direito inicia a marcha, os outros se levantam na seguinte ordem: posterior esquerdo, anterior esquerdo, posterior direito, e na mesma ordem assentam novamente no chão.

    O passo deve ser franco; sua velocidade é de 100 metros por minutos.

    87. Marchar e parar - Estando parado, o cavalleiro ao commando: Marche! cerra as pernas, actuando mais ou menos energicamente, segundo a sensibilidade do cavallo, até que este rompa o passo. A mão fica passiva.

    88. Estando ao passo, o cavalleiro ao commando: Alto! assenta-se mais fundo distendendo o tronco e age pelas rédeas directas até que o cavallo pare. (82.)

    89. Voltar á direita (esquerda) - Ao commando: A' direita (esquerda)! levar os dous punhos á direita, depois marchar em frente na nova direcção quando terminado o quarto de volta.

    Quando o cavalleiro tem as rédeas separadas utiliza simultaneamente a rédea de abertura e a rédea contraria; si estão juntas na mão esquerda (ou direita é só a rédea contraria que actua. A acção das rédeas para essa mudança de direcção, se faz segundo os principios dados acima (83 a 85). O cavalleiro leva os dous punhos á direcção que pretende seguir deslocando-os apenas a quantidade necessaria.

    - Nenhuma das mãos deve passar para o outro lado de cavallo.

    Si o cavallo perde a cadencia, o cavalleiro cerra as pernas de modo a manter a andadura e cadencia desejadas, durante e após o movimento.

    90. O oitavo á direita (esquerda)! representa a metade de á direita (esquerda).

    91. A meia volta executa-se ao commando: Pela direita (esquerda) á retarguarda! juntando dous á direita (esquerda) consecutivos. Os cavalleiros designados acham-se, uma vez terminado o movimento em uma pista interior parallela á que vinham e trabalham em sentido opposto ao de seus camaradas. Elles retomam a pista mediante um movimento regular - indicado pelo instructor.

    92. Marchar á mão direita (esquerda) - O cavalleiro marcha á mão direita (esquerda) quando tem o lado direito (esquerdo) voltado para o interior do picadeiro.

    Ao commando: Mão direita (esquerda)! o cavalleiro impelle o cavallo para a frente e assim se dirige á pista onde volta para o lado indicado.

    Os cavalleiros distribuem-se por toda a pista, com distancia á sua vontade. Elles devem empenhar-se em marchar francamente na direcção, conservando os cavallos direitos, em uma andadura constante.

    Para se obter a marcha directa sobre pontos determinados collocam-se signaes particulares nas paredes do picadeiro, ou lados de rectangulo, para servirem de pontos de direcção.

    O instructor terá cuidado em que a passagem dos cantos se faça regularmente ao passo e ao trote: ao galope permittirá aos cavalleiros que arredondem os cantos dentro de limites taes que possam continuar a governar seus cavallos.

    Para desfilar com distancias iguaes (trabalho em escola por um) o instructor fará simplesmente a indicação: Escola por um, mão direita (esquerda), marche!

    93. Quando um cavalleiro está perto demais do que o precede o instructor mando-o, em occasião opportuna, cortar o picadeiro, afim de tomar na pista opposta um logar conveniente. Os cavalleiros chegam a executar esse movimento por iniciativa propria, quando fôr necessario, mas devem evitar que o caso aconteça.

    Na escola por um é preciso tender para a conservação exacta das distancias (IX,50). Quando um cavalleiro se atraza ou se adeanta (ou o de sua frente se atraza) elle restabelece a distancia mudando seu percurso, não sua velocidade: no primeiro caso arredondando um canto, cortando mesmo o picadeiro; no segundo caso entrando mais nos cantos.

    94. Logo que os cavalleiros saibam governar o cavallo segundo os principios respectivos, o instructor põe-n'os frequentemente no trabalho individual no interior do picadeiro ou do rectangulo, circulando por sua iniciativa fóra das pistas e na andadura ordenada.

    95. O instructor exercita tambe, os homens a se dirigirem individualmente em andadura determinada a um ponto designado ao longo do terreno.

    Este exercicio começa o mais cedo possivel, prosegue durante todo o curso da instrucção, e é combinado progressivamente com o salto de obstaculos e o emprego das armas.

    96. Marchar em circulo - Estando os cavalleiros em marcha, por um, (92) ao commando: Em circulo! o cavalleiro testa, seguindo dos outros, descreve um circulo entre as duas pistas grandes.

    Os homens empenham-se por conservar o mesmo grao de inclinação que seus cavallos, evitando que o corpo fique torcido com o lado exterior atrazado.

    97. Ao commando: Todo o picadeiro! o cavalleiro testa retoma a pista total, conservando a mão; os outros seguem-n'o.

    98. O trote. O trote é uma andadura na qual o cavallo da batidas egualmente espaçadas e executadas successivamente pelo bipedes diagonaes.

    Sua velocidade regulamentar é de 320 metros por minuto.

    O trote é a andadura mais apropriada aos percursos longos.

    Quando trota sem estribos o cavalleiro deve suavisar as reacções com a flexibilidade dos rins.

    99. O galope - O galope é a andadura mais rapida. O cavalleiro não deve empregal-o sem necessidade nos trajectos longos principalmente nas estradas quando o cavallo está carregado.

    Entretanto, quando a velocidade regulamentar do trote não é sufficiente, elle deve de preferencia tomar o galope a alargar o trote.

    100. Há tres especies de galope:

    O galope ordinario, cuja velocidade é de 320 metros por minuto: o galope curto, cuja velocidade é menor, e o galope largo, cuja velocidade é de 120 metros.

    101. Diz-se que um cavallo galopa á direita quando o pé anterior direito assenta na frente do anterior esquerdo e o posterior direito na frente do posterior esquerdo.

    Quando isso se dá em sentido inverso diz-se que o cavallo galopa á esquerda.

    Cada batida do galope se faz em tres tempos e é separada da seguinte por uma pausa.

    Considerando o cavallo que galopa á direita, marca-se o primeiro tempo quando o posterior esquerdo assenta no terreno, o segundo quando assentam sumultaneamente o anterior esquerdo e o posterior direito, (diagonal esquerda) e o terceiro tempo quando assenta o anterior direito.

    Quando o cavallo galopa na esquerda, os tempos são: posterior direito, diagonal direita, anterior esquerdo.

    102. Um cavallo galopa certo quando galopa á direita voltando á direita, ou á esquerda voltando á esquerda. Galopa falso quando galopa á direita voltando á esquerda ou inversamente.

    103. Começa-se com o galope em circulo porque os cavallos partem assim com mais calma e porque este processo supprime a difficuldade de regular a velocidade, permittindo a cada cavalleiro descrever um circulo maior ou menor, conforme seu cavallo galopa mais ou menos rapidamente.

    Obtido o galope o cavalleiro trata de accertar a cadencia com seu cavallo. Os rins e as pernas ligam-se ao rythmo da andadura, as mãos acompanham suavemente e sem exagero os movimentos do pescoço.

    104. Durante o galope commanda-se frequentemente: A' vontade! Os cavalleiros executam-se os exercicios de flexibilidade ordenados; abandonam-se completamente ao movimento do cavallo e adquirem assim desembaraço e adherencia á sella.

    E' nos tempos de galope prolongados, em cavallos calmos e distendidos que se obtem este resultado mais facilmente.

    105. Mudança de andadura - Estando parado ou marchando a passo, para tomar o trote ou o galope empregam-se, até conseguir a andadura desejada, os meios prescriptos para iniciar a marcha a passo.

    Para passar a uma andadura inferior ou fazer alto empregam-se, até que se obtenha o resultado, os meios prescriptos para fazer alto quando se marcha a passo.

    Estes movimentos são executados aos commandos: Ao trote! Ao galope!

    Ao trote! Ao passo! A-l-t-o!

    106. Cortar o picadeiro - Este movimento, estando-se á mão esquerda, compõe-se de dous á esquerda ligados por uma linha recta perpendicular ás pistas grandes.

    Executa-se ao commando: Cortar o picadeiro! e só se corta no sentido da largura. Os cavalleiros que se acharem no lado menor só o fazem depois de passado o canto.

    107. Ao commando: Cortar o picadeiro e mudar de mão! os cavalleiros fazem a segunda conversão em sentido contrario á primeira, de modo a tomarem a pista na mão opposta.

    108. Mudança de mão - Ao commando Mudar de mão! cada cavalleiro depois de ter passado o canto e marchando tres passos no lado maior segue obliquamente e vae tomar a pista grande opposta, na nova mão, em um ponto que fique seis passos aquem do canto. Os cavalleiros que não tiverem começado seu movimento quando outros já os alcançarem no sentido opposto deixarão livre a pista exterior e executarão o movimento por uma pista interior.

    109. Linha quebrada - Compõe-se de mudanças de direcção feitas alternativamente obliquas á direita e á esquerda repetidas um certo numero de vezes na extensão do picadeiro. Os cavalleiros estando á mão direita, ao commando: Linha quebrada! (uma, duas, tres vezes) tomam direcção obliqua á direita; depois de haverem percorrido a extensão desejada mudam a direcção para a esquerda, marcham uma extensão igual á anterior, tornam a seguir direcção á direita, e assim por deante ao longo dos lados maiores do picadeiro.

<<ANEXO>>CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 211 Figuras.

    Este movimento cessa ao commando: Todo o picadeiro!

    110. Volta - A volta é um circulo que se descreve uma vez tangenciando a pista.

    Ao commando: Volta! o cavalleiro descreve um circulo de diametro inferior á metade do lado menor do picadeiro e retoma a pista no ponto em que a havia deixado. Elle mantem seu cavallo no circulo fazendo uso dos meios prescriptos para á direita (esquerda).

    111. Meia volta - A meia volta compõe-se de um semi-circulo seguido de um oitavo (90).

    Ao commando: Meia volta! o cavalleiro descreve um semi-circulo do diametro da volta e depois obliquando retoma a pista na mão opposta á que seguia anteriormente.

    112. Meia volta invertida - A meia volta invertida compõe-se de um oitavo seguido de um semi-circulo.

    O cavalleiro que marcha á mão esquerda, ao commando: Meia volta invertida! dirige seu cavallo segundo um oitavo á esquerda e depois de haver assim andado cinco ou seis passos executa um semi-circulo á direita para retomar a pista á mão direita.

    Sendo o objectivo deste movimento ensinar o cavalleiro a dominar a garupa de sua montada, elle fará, no inicio da semi-circulo, predominar a acção da perna direita, cujo effeito deve ser impellir a garupa para a esquerda.

<<ANEXO>>CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 212 Figuras.

    A' mão direita o movimento se faz de maneira inversa.

    O effeito da perna interior da ao cavalleiro um meio de obrigar á conversão um cavallo que resiste á indicação só das rédeas.

    113. Alargar e encurtar - Para alargar ou encurtar uma andadura o cavalleiro emprega os meios prescriptos para romper a marcha ao passo ou, quando ao passo, fazer alto, até conseguir o augmento ou diminuição que deseja.

    114. O cavallo quando alarga o passo augmenta pouco a pouco a amplitude da oscillação do pescoço, á medida que augmenta a extensão do passo: elle accelera o movimento do pescoço á medida que apressa a successão dos passos.

    O cavalleiro facilita estes differentes movimentos dando maior liberdade ao cavallo. Conserva o contacto para que possa, sem que o faça de chofre, exercer uma acção de rédea directa quando sentir o cavallo prestes a tomar o trote.

    115. Para encurtar, o cavalleiro deve agir de modo que o cavallo caminhe a passo grave, diminuindo-lhe a amplitude e a frequencia dos movimentos.

    116. Para alargar e encurtar o trote o cavalleiro age segundo os mesmos principios.

    Nos exercicios de alargar o trote, que devem ser de curta duração, os cavalleiros procuram estender immediatamente a andadura e, si for preciso, passam adeante dos que estão na frente.

    117. Os exercicios de alargar e encurtar constituem uma excellente verificação do emprego das ajudas para o cavalleiro e da obediencia a estas para o cavallo; mas, na pratica o cavalleiro isolado só deve fazer uso das andaduras nas velocidades regulamentares.

    118. O instructor faz executar no picadeiro augmentos e diminuições de cadencia do galope: mas o galope ordinario e o galope largo só se executam no trabalho sobre as grandes linhas.

    119. Os exercicios precedentes executam-se aos commandos: Mais largo! e Mais curto!

    A velocidade normal da andadura é retomada aos commandos: Ao passo! Ao trote! Ao galope!

    120. Recuar e cessar de recuar - Ao commando: Recuar! agir pelas rédeas directas até que o cavallo comece a recuar e continuar por acções successivas para evitar o acuamento.

    Ao commando: Alto! cessar a acção das rédeas.

    O cavalleiro evita cuidadosamente levantar a cabeça do cavallo, pois a posição elevada da cabeça abaixa os rins, e por isso torna o recuar muito mais difficil.

    Si o cavallo desvia a garupa para um lado, o cavalleiro augmenta a acção da rédea do mesmo lado abrindo-a, de modo a endireitar o cavallo, oppondo a espadua á garupa. Esta acção póde ser secundada ou mesmo substituida pela da rédea de apoio.

    Si o cavallo resiste ao recúo, fazer um ou dous passos em frente para mover o postmão, depois aproveitar este deslocamento para retomar a acção das rédeas.

    121. A aprendizagem das ajudas pelo cavalleiro se faz de um lado por mudanças de andadura e de cadencia e de outro lado pelos differentes exercicios abaixo detalhados.

    Quando os cavalleiros empregam correctamente as ajudas o instructor fal-os executar, a titulo de aperfeiçoamento, mudanças de direcção combinadas com mudanças de andadura.

    122. Sahir da fileira - O instructor dispõe os cavalleiros em fileira em uma das extremidades do picadeiro, depois fal-os deixar a fileira mediante uma simples advertencia.

    A fileira fórma-se ao commando em linha! Os cavalleiros vão pelo caminho mais curto collocar-se em linha, em uma fileira, atrás do instructor, ao passe ou na andadura indicada.

    O instructor manda em seguida e successivamente a cada cavalleiro que sáia da fileira. O cavalleiro designado impelle seu cavallo para deante, evitando surprehendel-o ou agir bruscamente, e segue em frente, perpendicularmente á fileira, indicando em voz alta seu ponto de direcção.

    Este movimento póde ser executado em marcha e em qualquer andadura. E' iniciado sempre a passo quando a fileira está a pé firme. Não se toma a andadura superior, quando fôr o caso, sem que o cavallo se haja destacado francamente da fileira.

    Os cavalleiros habituam-se deste modo a atravessar a fileira, quer no sentido da marcha, quer no sentido contrario.

    Estes exercicios desenvolvem a franqueza e a docilidade do cavallo; é importante fazel-os executar frequentemente.

    O instructor evita formar sua tropa parallelamente aos lados do picadeiro ou ás linhas do terreno. Assim elle faz os cavallos adquirirem o habito de collocar-se na direcção de seu chefe e de dirigir seus cavallos independentemente das linhas do terreno.

    123. Passagens e saltos de obstaculos - O fim deste trabalho é preparar o cavalleiro para transpôr os obstaculos de toda natureza que elle possa encontrar em terreno variado, ficando senhor de sua andadura e de sua direcção.

    O salto de obstaculos é tambem um excellente meio de instrucção. Elle torna firme o assento, desenvolve a leveza da mão e dos braços, assim como a potencia das pernas, augmenta a audacia e a solidez.

    A famliiarização com os obstaculos deve começar muito cedo e continuar durante todo o curso de instrucção. A progressão será regulada com prudencia e methodo, pois toda precipitação arrisca a confiança do cavalleiro e a fraqueza do cavallo.

    124. Este trabalho comporta duas partes bem distinctas:

    a gymnastica do salto;

    conduzir o cavallo ao obstaculo.

    125. Gymnastica do salto. Os cavalleiros se familiarizam com a gymnastica do salto passando na pista do picadeiro, primeiro sobre barras postas em terra, depois sobre pequenos obstaculos, sem qualquer preoccupação de governar o cavallo.

    Neste exercicio o instructor esforça-se por obter que os cavalleiros conservem o assento, permaneçam na sella graças á flexibilidade dos rins e sobretudo mantenham suas mãos baixas e passivas, permittindo assim que o cavallo utilize o pescoço como maromba.

    O cavallo que no obstaculo dispõe livremente de sua cabeça e de seu pescoço salta corajosamente com calma e sem fadiga. O cavalleiro habitua-se a fazer systema com elle, qualquer que seja a modificação no rythmo da andadura.

    O salto executa-se segundo estes principios: chegando perto de obstaculo, cerrar as pernas, conservando o corpo direito, a mão baixa e passiva; no momento em que o cavallo levanta, inclinar ligeiramente o alto do corpo para a frente, encolhendo a cintura e mantendo as nadegas na sella; depois sentar-se sem deslocar os punhos quando o cavallo se inclina para aterrar.

    126. Conduzir o cavallo ao obstaculo. Quando os cavalleiros estiverem sufficientemente familiarizados com a gymnastica do salto e com o emprego das ajudas, o instructor ensina-lhes a conduzir o cavallo ao obstaculo, fazendo-os saltar individualmente obstaculos collocados fóra das pistas.

    O cavallo deve saltar, em principio, sem mudar a andadura em que marchava precedentemente. Abordando o obstaculo o cavalleiro fixa o ponto em que deve saltar e conduz seu cavallo direito a elle, rédeas separadas, pernas em posição, para garantir a impulsão.

    127. Si o cavallo hesita ao chegar perto do obstaculo, antecipar-se á sua resistencia estimulando-o vigorosamente com as pernas.

    Si o cavallo refuga, deve-se obribal-o a parar, descontrahil-o, depois leval-o direito ao obstaculo e estimulal-o com a ajuda das pernas, para fazel-o saltar.

    Si o cavallo pára bruscamente perto do obstaculo, torna-se a ganhar distancia e leva-se o animal a recomeçar o movimento para a frente.

    Si, apoiando-se fortemente no boccado, o cavallo se lança para o obstaculo com demasiado impeto, isto é, dispára, é preciso moderal-o, sem, entretanto, contrariar o natural impulso que opportunamente deve tomar para o salto.

    Com qualquer cavallo que manifeste falta de calma ou de coragem, é necessario recomeçar o ensino, voltando aos saltos de pequenos obstaculos.

    128. A principio, os homens devem se utilizar dos estribos nos exercicios de salto, mas, logo que estejam habituados, isto é, logo que hajam adquirido confiança e tenham a mão sufficientemente segura, deve-se exercital-os frequentemene sem estribos, afim de terem mais assento e não ficarem desamparados quando precisarem transpôr algum obstaculo e se encontrem privados daquelle apoio.

    129. Dous são os typos principaes de obstaculos a transpor:

    1º, os que dão logar a saltos em largura, taes como fossis, sangas, etc.;

    2º, os que dão logar a saltos em altura, taes como cercas, barreiras, muros, banquetas, etc.

    As dimensões vão sendo augmentadas á medida dos progressos que os homens apresentem e podem ser limitadas ao maximo de 2m,50 para os obstaculos em largura e de 1m,0 para os obstaculos em altura.

    Os obstaculos artificiaes devem ter sempre uma frente de extensão sufficiente para não tentar o cavallo a se desviar.

    E' de regra abordar os obstaculos em altura a galope moderado e os obstaculos em largura a galope um tanto largo. Principalmente quando se trata de transpôr obstaculos em largura, a andadura deve augmentar progressivamente, de modo que o cavallo tenha todo o natural impulso no momento em que arma o salto.

    O cavallo deve estar bem na mão, antes do salto, durante e após.

    130. Os homens são exercitados no salto em conjuncto saltando primeiramente por dous e depois por quatro, a grades distancias.

    A conservação das distancias é um meio de constatar que esse exercicio não traz perturbação ao governo do cavallo.

    Uma tropa deve transpor os obstaculos que se apresentem no seu caminho sem mudar a andadura nem a formação determinadas.

    131. Trabalho em terreno variado - O trabalho em terreno variado tem por fim habituar os homens a governar seus cavallos em todos os terrenos, familiarizal-os com os obstaculos que se encontram no exterior e ensinar-lhes a regular sua marcha de modo a pouparem suas montarias, quando tenham de percorrer grandes distancias.

    Este trabalho começa cedo; suas difficuldades, como as do salto de obstaculos, são graduadas pelos progressos dos homens, sendo sempre o objectivo augmentar-lhe a confiança e a destreza.

    O instructor conduz a escola ás estradas, aos caminho existentes em terrenos cultivados, através dos campos, aos bosques e mattas, emfim, aos terrenos mais variados a que possa leval-a.

    Elle a reparte em pequenos grupos, cada um commandado por um sargento ou graduado; cada commandante de grupo regula a andadura deste, fazendo-o passar exactamente pelo silios escolhidos pelo guia da escola.

    132. O instructor ensina a seus homens os principios para conduzir o cavallo que deverão observar quanto estejam entregues a si proprios.

    Esses principios são os seguintes:

    Ao deixar o cavallo a baia respectiva, fazel-os marchar a passo durante um tempo mais ou menos longo, para que se firme sobre suas pernas:

    Variar as andaduras, sem jamais sahir da cadencia regulamentar para cada um;

    Escolher, para as andaduras vivas, os terrenos mais ou menos horizontaes, porque as subidas exigem maior esforço do cavallo e as descidas o expõem a receber ferimentos pelos arreios;

    Seguir uma progressão crescente na duração dos tempos de andaduras vivas;

    Subordinar a duração dos tempos intermediarios de passo ao gráo de rapidez com que o cavalleiro deve effectuar o percurso total;

    Procurar, em todas as circumstancias, as partes menos duras do terreno, para poupar os membros do cavallo;

    Preferir, entretanto, um terreno duro, porém plano e unido, a um terreno muito pesado ou desigual; por consequencia, em estradas calçadas, dar preferencia ao meio do calçamento, si não houver ao lado delle caminho praticavel;

    Enfim, terminar por um tempo de passo, que deve ser tanto mais prolongado quanto maior e mais severo tenha sido o percurso, pois o cavallo deve voltar á baia com pello secco e a respiração normal.

    133. A esse principios geraes, que devem ser praticamente demonstrados, o instructor accrescentará os conselhos que lhe suggerirem sua experiencia e as observações que possam resultar da natureza e do estado do terreno. As prescripções seguintes vizam a maior parte dos casos que podem se apresentar:

    Para subir uma forte inclinação de terreno, ceder a mão logo que se tenha dado ao cavallo a direcção a seguir: inclinar o busto para a frente e agarrar um punhado de crinas no meio do pescoço do cavallo, por cima das rédeas;

    Para descer uma inclinação que tambem seja forte, deixar as rédeas se estenderem e dar ao cavallo toda a liberdade, inclinar o corpo para trás e, si fôr necessario, segurar na patilha com a mão direita.

    As subidas fortes devem ser vencidas com toda a calma, principalmente si forem longas.

    Evitar-se-ha subir ou descer obliquamente, sobretudo quando o sólo estiver escorregadio.

    A iniciativa deve ser deixada ao cavallo nos terrenos difficeis: seu instituto é um guia mais seguro que as ajudas do cavalleiro.

    Atravessando um terreno alagadiço, marchar lentamente e evitar metter os cavallos em fila. Si o cavallo se atola, fica inquieto e procura se desembaraçar aos saltos, o homem deve apear e conduzil-o á mão.

    O cavalleiro deve recorrer a todos os meios par poupar seu cavallo, principalmente quando este leva o equipamento; tambem é de seu interesse passar a maior parte dos obstaculos naturaes em vez de saltal-os.

    Nos sitios particularmente difficeis, o homem apêa e, conduzindo á mão seu cavallo, fal-o passar atraz de si.

    Todos os cavallos devem ser habituados a passar assim, conduzidos á mão, toda sorte de obstaculos.

    Trabalho de freio

    134. Assumptos.

    Modo de segurar e manejar as rédeas.

    Uso e effeito do freio e do bridão.

    Emprego da espóra.

    Repetição com o freio do trabalho de bridão.

    Meia volta sobre o centro.

    Trabalho com distancias fixas.

    Mudar de bipede diagonal ao trote elevado.

    Trabalho sobre grandes linhas.

    135. O trabalho de freio é a parte principal da instrucção equestre.

    O instructor faz começar esse trabalho logo que os homens tenham adquirido assento e um conhecimento sufficiente da acção das ajudas.

    - Collocação do freio. A cabeçada deve ficar sufficientemente afastada das orelhas para que as faceiras passem 4 cm, atraz dos ossos da face; disso depende a grandeza da testeira. A focinheira fica a 2 cm, abaixo dos citados ossos, de modo a não esfolar. A fivela da sisgola fica no meio da cara; a sisgola deve deixar folga correspondente a quatro dedos.

    A fivela do cabresto e a ponta de abotoar (d), pela qual se ligam as duas cabeçadas, ficam ao meio da nuca. As faceiras da cabeçada principal (a do freio) que são ligadas lateralmente ao cabresto por meio de ganchos e olhaes, ficam cerca de 2 cm, atraz dos ossos das faces, desde que o cabresto esteja bem ajustado.

    Ao afivelar as rédeas do freio deve-se observar que a mais curta seja presa á caimba direita.

    O boccado do bridão tocará os cantos da bocca sem arreganhal-os; é preciso evitar os boccados muito finos porque sua acção é muito violenta. A rédea do bridão deve ter tal comprimento, que possa o cavallo estender o pescoço sem obrigar o cavalleiro a abandonar a posição regulamentar da mão das rédeas.

    O freio deve ficar de modo que o seu boccado esteja approximadamente na altura do limite supperior da barbada, sem tocar os colmilhos. Nos cavallos que se encapotam colloca-se o boccado do freio mais alto. A largura do boccado deve ser tal que nada delle appareça em ambos os lados da bocca; o ramo superior das caimbas não deve comprimir os beiços ou roçar a cara. A não ser assim, o freio estará largo ou apertado.

    A barbella deve ser torcida para a direita e passar na barbada, isto é, na altura do boccado. Ella passa abaixo do boccado do bridão e é engatada á esquerda pelo penultimo élo, ficando pendente o ultimo. Caso sobrem outros élos, seu numero deve ser repartido de ambos os lados; sendo impar deve sobrar á esquerda a metade mais um. Sem se tomar as rédeas e estando as caimbas na direcção da fenda da bocca é preciso que se possam introduzir facilmente dous dedos entre a barbella e a barbada. Só por intermedio da rédea é que a barbella deve entrar em acção e precisamente no logar já indicado como sua posição correcta. E' necessario que nessa acção as caimbas possam recuar até a bissetriz do angulo recto que formasse a caimba com o prolongamento da faceira. Ultrapassando essa linha diz-se que a barbella está frouxa; caso as caimbas não cedem na posição de repouso ou pouco se possam mover, diz-se que a barbella está muito apertada; a acção do freio é então defeituosa, pois a barbella receberá maior esforço do que o boccado e a alavanca torna-se muito forte.

    Em um enfrenamento correcto a barbella não deve subir quando se tomarem as rédeas; os ganchos da barbella devem conservar approximadamente a sua posição. Si se fórma um angula consideravel entre o gancho e a caimba a barbella está curta: nesse angulo serão apertados os beiços que ficarão feridos. A barbella deve adaptar-se inteiramente á mandibula; isso só é possivel si o boccado tiver a largura certa.

    O instructor é responsavel pelo enfrenamento correcto em sua escola. O bom e o mau enfrenamento tem grande influencia sobre a voluntariedade do cavallo, portanto sobre seu adextramento e conducta sob o cavalleiro.

    136. O cavalleiro conduz seu cavallo á mão segurando as rédeas do bridão como está prescripto no n. 42; as rédeas do freio ficam passadas no pescoço.

<<ANEXO>>CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 219 Figura.

    Estando o cavaleiro armado de lança, as quatro rédeas são passadas no pescoço do cavallo.

    No montar e no apear, procede-se com as quatro rédeas, como ficou estabelecido para as do bridão (n. 44).

    Depois de apear e antes de conduzir o cavallo á baia, deve-se solar a barbella.

    137. Modo de segurar e manejar as rédeas - O manejo das rédeas sendo uma das bases da equitação, o instructor exercita os homens neste manejo, quer com o cavallo a pé firme, quer marchando com todas as andaduras.

    Normalmente o cavalleiro militar segura as rédeas do freio e do bridão com a mão esquerda, na posição seguinte:

    As rédeas do freio ficam separadas pelo quarto dedo (o anellar); a rédeas esquerda do bridão, segura á mão cheia, fica sob o dedo minimo, e a direita entre o terceiro dedo e o indicador; as extremidades das rédeas do freio e do bridão sahem entre o pollegar e o indicador e pendem á direita do pesocoço do cavallo; o pollegar bem firme sobre a Segunda junta do indicador, para impedir que as rédeas escorreguem; o cotovello naturalmente descido, a mão baixa, o punho e a mão na mesma direcção do ante-braço, os dedos com as unhas voltadas para o corpo.

    O modo de sugurar as rédeas acima descripto é o usado pelo cavalleiro no combate, em que se serve da mão direita para o emprego da arma. Por consequencia deve ser inteiramente desembaraçado em governar assim seu cavallo.

    138. O instructor mostra aos homens que elles podem:

    1º, governar o cavallo com o freio, afrouxando as rédeas do bridão, modo este que é o normal de governo nas evoluções e em combate;

    2º, governar o cavallo pelo bridão afrouxando as rédeas do freio, modo excepcional de governo, empregado apenas com o cavallo que o encapota;

    3º, governar o cavallo com as quatro rédeas, sentindo o apoio no freio e o bridão; é o modo de governar na estrada, nos descansos (á vontade|) e no salto de obstante; tambem se emprega com cavallos de bocca especialmente sensivel.

    139. Desde que o cavalleiro não tenha de fazer uso immediato de suas armas, frequentemente lhe será vantajoso governar a duas mãos. Neste caso, tomará na mão direita a rédea direita do bridão ou as duas rédeas direitas.

    Para tomar a rédea direita do bridão na mão direita, o cavalleiro ao commando «mão direita no bridão» segura essa rédea, por deante da mão esquerda, com a mão direita em cheio, que vem á altura da mão esquerda; a extremidade da rédea vem a sahir do lado do pollegar que se apoia sobre a segunda junta do indicador, prendendo a rédea. Para segurar as duas rédeas direitas na mão direita, o cavalleiro ao commando «mão direita nas rédeas direitas» toma essas rédeas com a mão toda, separando-as pelo dedo minimo. Esse modo de segurar as rédeas é empregado principalmente em terreno variado, para o alto de abstaculos, para fazer galopar o cavallo, etc.

    Quer se tome na mão direita sómente a rédea direita do bridão, quer se tomem as duas rédeas direitas, a mão esquerda deixa desligar a rédea ou rédeas tomadas pela mão direita, mas não as abandona.

    Em certos casos, quando um cavallo resiste ou se defende, o cavalleiro separa na mão direita as duas rédeas, fazendo a mão esquerda abandonal-as completamente.

    Esta posição de rédeas é tomada, nos exercicios á voz separar rédeas.

    - Recapitulando: Sempre que uma rédea direita seja segura pela mão direita, ella é tomada nesta mão tal qual o é na mão esquerda a rédea esquerda correspondente.

    140. Durante os descansos e nas estradas, os homens podem trazer as rédeas quer «separadas», quer na mão esquerda, quer na mão direita. Assim se evita que fique de travez na sella e deem aos cavallos falsa flexão de pescoço.

    Para deixar o cavallo á vontade, marchando a passo ou estanado parado, deve-se afrouxar os dedos, sem afastar a mão do eu logar, de modo a permittir a distensão completa do pescoço.

    Quando o cavalleiro tem a lança ou a espada na mão, póde, si fôr necessario, utilizar a mão direita para ajustar as rédeas ou separal-as momentaneamente; mas terá cuidado em manter levantada a ponta de sua arma, fim de não ferir seus camaradas.

    141. Para «ajustar as rédeas», pegal-as com o pollegar e o indicador da mão direita acima do pollegar da mão esquerda, entreabrir os dedos da mão esquerda, elevar a mão direita, sentir ligeiramente o apoio do freio e fechar depois a mão esquerda.

    142. Os homens devem ser exercitados frequentemente em passar do governo a quatro rédeas ao governo apenas com as rédeas do freio e reciprocamente. Para encurtar as rédeas», pega-se entre o pollegar e o indicador da mão direita acima do pollegar da mão esquerda, as rédeas que se deseja encurtar. Para «alongar as rédeas» (dar rédeas ao cavallo), pega-se entre o pollegar e o indicador da mão direita, abaixo da mão esquerda, aquellas que se deseja alongar. Esses movimentos devem ser executados deslocando-se o menos possivel as mãos.

    143. Uso e effeito do freio e do bridão - Os effeitos das rédeas do freio são analogos aos das rédeas de bridão, porém mais accentuados, ainda mesmo quando produzidos por mais leves acções das mãos.

    O freio age sobre as barras e em grande parte deve a sua potencia ao ponto de apoio que lhe dá a barbella, em quanto que o bridão age sobre a commissura dos beiços do cavallo e directamente.

    144. Para demonstrar aos homens esses effeitos, o instructor faz segurar, primeiramente, só as rédeas do bridão e executar assim alguns movimentos simples; em seguida manda segurar sómente as rédeas de freio e executar os mesmos movimentos.

    Mostra, então, a differença entre os dous meios de governo.

    Depois o instructor faz os homens manejarem só com a mão esquerda as rédeas do freio e termina essa parte da instrucção pelo emprego das quatro rédeas, seguras como ficou determinado 137).

    145. O effeito das rédeas de freio resulta de quatro movimentos principaes que a mão póde executar, indo á frente, atráz, á direita ou á esquerda.

    Si a mão vae á frente sua acção diminue até se tornar nulla; limita-se, então, a não se oppòr ao movimento do cavallo para a frente.

Si a mão vem atraz, as duas rédeas ficam igualmente tensas; a pressão recebida pelas barras do cavallo obriga-o a diminuir a andadura ou mesmo a executar o movimento retrogrado (rédea directa).

    Si a mão vae á direita, a rédia direita torna-se frouxa e não age mais; a rédea esquerda torna-se tensa, encurva e pescoço do cavallo para a esquerda, mas fazendo recahir todo o peso á direito assim obriga o cavallo a voltar á direita (rédea contraria ou de apoio).

    Si a mão vae á esquerda, o effeito é inverso.

    Os effeitos da «rédea contraria» produzidos por uma só mão podem não ser sufficientes para conseguir mudança de direcção. Nesse caso o cavalleiro póde separar as rédeas para utilizar a «rédea de abertura».

    Servindo-se alternativamente do freio e do bridão, o cavalleiro poupa a bocca do Cavallo que forceja nas rédias, pois assim procedendo o cavalleiro age ora sobre as barras, ora sobre a commissura a dos beiços.

    Em todos os movimentos, o cavalleiro conserva o braço dobrado, devendo a flexibilidade das articulações do punho, do cotovello e da espadua contribuir para suavisar o effeito produzindo pela mão.

    146. Emprego da espóra - A espóra é um recurso que completa o effeito das pernas, augmentando sua potencia.

    O cavalleiro a emprega atraz e perto da cilha por acções francas, simples ou repetidas, segundo a sensibilidade e o gráo de submissão do cavallo.

    147. Repetição das lições de bridão no trabalho de freio - Todos os exercicios do trabalho de bridão são repetidos no trabalho de freio. Essa repetição tem por fim aperfeiçoar os homens no emprego das ajudas, procuradas a correcção dos movimentos e a regularidade das andaduras.

    Os movimentos devem ser executados de conformidade os principios do trabalho de bridão, porém levando-se em conta a differença, já assignalada, entre a potencia do freio e a do bridão.

    148. Na execução das meias voltas e das meias voltas invertidas, o instructor utilisa as obliquas dessas duas figuras, para ensinar aos homens a deslocar a garupa de seus cavallos.

    Por exemplo, na meia volta á mão direita, no momento de entrar no oitavo, o cavalleiro leva a perna esquerda atraz, para impedir a garupa para a direita, de modo que o cavallo avance cruzando ligeiramente suas pernas, mas continuado parallelo á pista. O movimento assim feito é limitado a alguns passos. A mão se mantém passiva, si o cavallo não augmenta a andadura: no caso contrario, a mão age directa.

    As meia-voltas e meia-voltas invertidas executadas com um raio cada vez menor, constituem preparação para a meia-volta sobre o centro.

    149. Meia volta sobre o centro - A meia volta sobre o centro consiste em rodar o cavallo em torno de seu eixo, deslocando as espaduas para um lado e a garupa para outro.

    Ao commando: A' direita (esquerda), meia-volta sobre o centro, parar o cavallo, elevar a mão atraz e á direita (esquerda) afim de deslocar as espaduas do animal para a direita (esquerda) ao mesmo tempo, agir com a perna direita (esquerda), afim de impedir a garupa para a esquerda (direita).

    Para conservar ao cavallo toda a sua fraqueza é essencial fazer-o avançar com vivacidade, logo que haja terminado a meia-volta sobre o centro.

    150. Afim de tornar os homens bem seguros do mecanismo da meia-volta sobre o centro e obter a calma e regulamento necessarias, esse movimento é, no começo da sua praticagem, executada lentamente, mas a rapidez com que deve ser exegido augmentará progressivamente, até chegar ao gráo indispensavel para seu emprego no combate individual.

    151. Trabalho com distancias fixas - O trabalho com distancia fixa ou em escola por um comporta a repetição dos movimentos do trabalho individual, mas a execução deve seguir logo ao commando e os homens são obrigados a se regularem pela testa da escola.

    Esse trabalho, portanto, exige dos homens mais exactidão e mais precisão no emprego das ajudas e serve de preparação ao trabalho de conjunto.

    Para o instructor, é a verificação dos resultados obtidos. Ele reune os homens em uma ou duas escolas por um, indicando para cada escola um testa e designando qual dos dous deve servir para regular a conducta do outro.

    Os homens seguem o respectivo testa e todos passam successivamente pelos mesmos logares em que ele passar, conservando suas distancias (1m,50).

    152. Mudar de bipede diagonal no trote elevado -Marchando o cavalleiro ao trote elevado, diz-se que ele trota sobre o bipede diagonal direito (esquerdo) quando depois de se levantar na sella, torna a assentar no momento em que pousa no chão o membro anterior direito (esquerdo) do cavallo.

    Há interesse em ensinar ao cavalleiro a trotar tanto em uma como em outra diagonal, pois assim os membros do cavallo trabalham por igual e tornam-se menores as probabilidades de ferimentos pelos arreios.

    O instructor ensina ao cavalleiro a conhecer em que diagonal vae trotando.

    Em seguida, para lhe ensinar a mudar de diagonal, o instructor manda que diminua o apoio sobre os estribos e deixe o assento receber na sella duas reacções consecutivas, em vez de uma só; o cavalleiro passará assim, a trotar sobre a diagonal contraria daquella em que trotava.

    153. Trabalhos sobre grandes linhas - O trabalho sobre grandes linhas é executado em um rectangulo de dimensões extensas (136). Os homens são ahi exercitados em todas as andaduras, mas os exercicios são limitados ás mudanças de direcção e aos alargamentos e encurtamentos de andadura.

    O objetivo desses exercicios e complexo: confirmar o cavallo na marcha em linha recta, augmentar seu desembargo por deixal-o mais separado dos autros regular suas andaduras; habituar o cavalleiro aos galopes ordinarios e largo; exercitando-se os homens em grupos formados em uma só fileiras, servir de preparação ao trabalho na tropa e habitual-os a se regularem nos seus movimentos por um chefe; emfim fazer os homens e os cavallos adquirirem a calma indispensavel nas andaduras vivas.

    O homens guardando entre si grandes distancias, são dispostos em todo o perimetro do rectangulo. Quando formam grupos, um cavalleiro do centro (designado) serve de guia devendo, portanto, os outros se regularem por ele.

    O instructor se limita a determinar ao cavalleiro ou ao grupo que passa defronte delle qual a andaduras ou o movimento que deseja; os outros homens ou grupos imitam-no.

    Aproveita-se esse trabalho para habilitar os homens a executar os commandos pelo apito e por toques de corneta.

    154. Os cantos do rectangulo são marcadas por bandeirolas altas e bem visiveis. Para permittir ao instructor verificar as andaduras, as dimensões do rectangulo são fixadas em 220 metros para os grandes lados e 100 metros para os pequenos. Essas duas dimensões representam, respectivamente, as distancias que o cavallo percorre em um minuto ao trote e ao passo.

    Sommadas representam, levando-se em conta o arrendamento dos cantos, a distancia a percorrer em um minuto ao galope.

    Para ter a distancia a percorrer em um minuto a galopes largo, basta accrescentar á referida somma o cumprimento do outro pequeno lado.

    No trabalho a galope, todos os esforços de instructor tenderão a abter andadura calma e uniforme, o que exige muitos exercicios.

    Deste que os cavallos executem com calma o galopes ordinario, passam a ser exercitados no galopes largo.

    155. Em seguida preparam-se os homens para a carga exercitando-os no galopes a toda velocidade (galope de carga) em uma extensão de 60 a 80 metros. O movimento é executado individualmente. Cada cavalleiro á voz dada pelo instructor da ao cavallo a liberdade necesaria pára estender o pescoço, conservando, porém, o apoio sobre o freio e faz alargar o galope, o mais possivel, gritando, ao mesmo tempo; carga!

    Para corregar o cavalleiro inclina o busto para a frente, entra os estribos a fundo para augmentar seu apoio, faz o cavallo sentir a espora, si fór necesario, e continúa a avançar na direcção dada.

    A principio o exercicio é facilitado grupando-se os homens por dous.

    Para passar do «galope de carga» ao galopes ordinario, empregam-se os meios já prescriptos para encurtar a andadura.

    Afim de não fatigar os cavallos por carga amiudadas ou executadas em terrenos duro, os exercicios de carga individual devem ser repartidos pelas diversas aulas e executando sempre em uma «pista» ou parte do terreno para isso especialmente preparada e conservada.

    156. A velocidade das andaduras deve ser regulada pelos dados do seguinte quadro:

    

Andaduras ................................................................................................. Pesso Trote Galope Galope largo
 
Metros percorrido em 1 minuto
 
100
 
220
 
320
 
420
Minutos e segundos empregados em perceber 1 kilometro approximadamente.....................................................................................  
10.
 
4.33
 
3.07
 
2.23

    157. Os exercicios em grandes rectangulos são utilmente completados pelo trabalho em quadrados moveis.

    Nesse trabalho, os homens, formados em fileiras de quatro, guardam entre si 3 ou 1 metros de distancia e de intervallo. O instructor fal-os marchar em todas as direcções a andaduras e executar os movimentos de trabalho de freio e tambem exercicios de manejo e emprego das armas. A boa execução do trabalho exige que cada cavalleiro conserve rigorosamente o seu logar em relação aos outros e que os movimentos sejam feitos em conjunto e correctamente.

    158. Instrucção dos cavalleiros no 2º anno -A instrucção de equitação é continuada durante o segundo anno de serviço. O trabalho de longa duração a trote e sem estribos e então de grande utilidade. Applicado a cavalleiros promptos e treinados, capazes de supportal-o sem fadiga, esse trabalho consolida o assento e permitte rectificar as posições.

    Aos cavalleiros do 2º anno de serviço faz-se executar a serie de exercicios indicada na progressão para o adextramento propriamente (Parte II).

    Esses exercicios feitos em cavallos promptos confirmam os homens no emprego das ajudas.

    Ao mesmo tempo servem para repetir e completar o adextamento dos cavallos.

    Os commandantes de esquadrão devem exercitar as praças que já tenham mais de um anno de serviço, em percursos rapidos em terrenos variados, sem deixarem de poupar seus cavallos, mas utilisando habilmente as forças destes, e devem aperfeiçoal-os incessantemente no emprego das armas contra manequins e nos exercicios de combate. Isto é, acima, de tudo, devem se empenhar em fazer de seus homens verdadeiros cavalleiros de exterior e combatentes a cavallo.

    O valor individual de cada cavalleiro dá conjunto da tropa, com o sentimento de sua força, a confiança e a audacia que permitem ao chefe todos os emprehendimentos.

    159. Logo que tenham adquirido sufficiente assento e habito das ajudas para não se embaraçarem retardando assim seus progressos em equitação, os homens passarão a fazer exercicios conduzidos suas armas.

    O manejo e emprego da lança e da espada obedecerão ao Regulamento para Manejo e Emprego das Armas Branca e começarão tão cedo quanto possivel.

Capitulo II

EQUITAÇÃO SEGUNDARIA

    Governo do cavallo

    160. As regras e os processos de governo do cavallo, indispensaveis ao cavalleiro de fileira, acham-se expostos no Capitulo I e constituem a equitação elementar. O que se segue deste capitulo ll destina-se, exclusivamente aos quadros e constitui a equitação secundaria.

    O estudo do governo do trabalho tem por fim ensinar ao cavalleiro o emprego dos recursos de que elle dispõe para manejal-o em todas as andaduras, ou todas as direcções e em todo os terrenos.

    161. Governar um cavallo consiste em:

    Fazel-o mover-se;

    Regular seu movimento;

    Dirigir seu movimento.

    Para isso é preciso:

    Conhecer as forças que a natureza, a arte e a sciencia põem A disposição do cavalleiro (estudo das ajudas);

    Poder dispôr destas forças (posse das ajudas);

     Applicar estas forças (empregos das ajudas).

    § 1º Estudo das ajudas

    162. Em seu conjunto, o conhecimento das ajudas quer o estudo das aptidões physicas e das qualidades moraes (do homem, o das ajudas naturaes propriamente ditas e o das ajudas artificiaes.

    163. Aptidões - O peso, o porte, a firmeza ou a falta de estabilidade, o poder muscular ou a falta de forças, a flexibilidade ou n rijeza, a energia ou a indecisão, a intelligencia, a perseverança, a paciencia, ou, ao contrario, o temor, a nervosidade, a brutalidade, são factores que, em equitação, incluem decisivamente sobre os resultados, qualquer que seja O valor dos instructores ou dos methodos. Deve-se ligar grande importancia á harmonia da designação dos cavallos para os cavalleiros, principalmente em relação ás remotas.

    Ajudas naturaes

    164. as ajudas naturaes são as pernas, as rédeas e o peso corpo. As pernas e as rédeas servem para pôr o cavalleiro em relação com sua montada; permittem julgar do caracter e do temperamento do cavallo, transmittir-lhe e impôr a vontade do homem.

    Os movimentos do cavallo variam conforme a posição que tomam as differentes partes do seu corpo e conforme a quantidade de impulsão de que elle dispõe.

    Para fazer executar pelo cavallo um movimento qualquer, é preciso, pois, de um lado dar-lhe uma posição que pormitta, facilite ou determine o movimento que se quer obter, e de outro lado, produzir, manter augmentar ou moderar a impusão.

    A rapidez do movimento depende do gráo de impulsão.

    E' por meio das ajudas que se dão ao cavallo posição e impulsão.

    165. Acção das pernas - as pernas devem ser fixas, isto, é, adherentes e em brando contacto com o corpo do cavallo, livres de todo movimento involuntario, e muito moderadas em sua acção.

    Os estribos são ajustados em conformidade com essas condições. O defeito apposto [a fixidez é a instabilidade das pernas, que anarchisa o cavallo.

    As pernas podem agir, resistir ou ceder. Agem, quando sua pressão augmenta, no intuito de determinar um movimento; resistem, quando sua pressão permanece a mesma e se oppõe a um deslocamento do posimão; emfim, cedem, quando a pressão diminue e admitte este deslocamento. Nos dous primeiros casos, ellas são activas, si bem que em gráos diffferentes; no ultimo caso, ellas são passivas.

    166. a) Quando as duas pernas agem simultaneamente, devem produzir o avanço do cavallo, si elle está parado; o augmento de sua impulsão si elle está em mercha. Sua acção deve exercer-se um pouco atras da cilha: brandamente para não surprehender o cavallo; energicamente e por batidas francas das barrigas das pernas, si elle hesita em ir para a frente.

    b) Quando uma única perna, a direita, por exemplo, age atraz da colha, deve dar em resultado impellir a garupa para a esquerda, provocando tambem o movimento para diante. O cavallo volta-se para a direita si está parado; volta-se para a direita augmentando a andadura si está em marcha.

    Deve-se produzir esta acção recuando um pouco a perna, porém, sem lecel-a muito para traz; progressivamente, para não surprehender o cavallo; por pequenas batidas das pernas, si elle hesita em obedecer. (*) Deve-se cessar desde que elle obedeceu.

    167. A espora serve, no caso em questão, para reforçar a acção da perna e para tornar mais prompta a obediencia do cavallo: ella é na perna o que a barbella é na mão. E' preciso usar della com discreção e regular seu uso pelos resultados a obter e pelo gráo de sensibilidade do cavallo. Não obstante, há que distinguir entre as applicações energicas, que é preciso empregar para impellir o cavallo para a frente ou para castigar-o no caso de necessidade, e o toque tece da espóras, que é uma ajuda delicada.

    168. Acção das rédeas - As rédeas agem na boca do cavallo por intermedio do boccado.

    Para que seus effeitos sejam precisos, é necessario que ellas fiquem ajustadas e tensas durante o trabalho; si ficassem frouxas, as indicações da mão chegariam ao cavallo, ou chegar-lhe-hiam confusas ao debaixo de fórma de choques brutaes e desasados.

    Chame-se contacto a ligação branda que deve existir entre a mão do cavalleiro e a bocca do cavallo, em particular os noves, o contacto é antes um descango igual e france; no exterior, nos andamentos vivos e principalmente na carga, o contacto póde se transformar em um apoio mais ou menos accentuado.

    169. As mãos, como as pernas podem agir, resistir ou ceder.

    Ajustadas as rédeas, as mãos agem quando augmenram a sua tensão: resistem quando se fixam immoveis cedem quando acompanham o movimento do pescoço.

    E' muito importante saber agir a proposito, resistir a proposito, ceder a proposito.

    As acções da mão devem ser progressivas.

    A mão resistindo exerce um poderoso effeito sem irritar o cavallo, como succederia com uma acção energira; ella produz seu effeito em razão de sua duração; deve ceder deste que o cavallo cede.

    Chama-se mão aclica a que age contra o equilibrio do cavallo ou contra a impulsão; cama-se mão pussiva a que, conservando o contacto, não se oppôe nem á impulsão cem aos deslocamentos de pesos.

    170. a diversidade e a multiplicidade das sensações e das resistencias transmittidas pelas rédeas á mão do cavalleiro teem como consequencia a variedade das acções desta mão.

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    (*) Agindo a perna direita na cilha, enquanto a esquerda se oppõe do desvio da garupo, póde-se ter como resultado arquear-se o cavallo á direita e sotopôr o posterior direito, collocal-o sob a massa.

    Essa acção da perna direita deve-se produzir inteiramente no memso logar: e delicada e é antes do dominio da equitação superior.

    Entre essas nimerosas acções convém determinar e definir aquellas cujos effeitos simples e evidentes bastam para obter todos os movimento uteis á aquitação militar.

    a) As rédeas regulam a impulsão.

    As duas rédeas agindo simultaneamente, devem dar em resultado diminuir a marcha, para ou fazer recuar. São chamadas rédeas directas. Sai acção deve-se produzir sustendo a cavalleiro os punhos com os dedos cerrados sobre as rédeas ajustadas, recuando o menos possivel os cotovellos e as mãos.

    A meio parada é uma acção energica e curta da mão, que o cavalleiro executa com os dedos fechados sobre as rédeas, girando vivamente os punhos de baixo para cima e de deante para traz, sem perder o contacto da bocca do cavallo.

    Emprega-se contra os cavallos muito ardegos ou ainda para transferir sobre o postmão o excesso de peso que certos cavallos mal equilibrados fazem incidir sobre as espeduas.

    Executa-se conforme as necessidades, seja em uma rédea, seja em ambas ao mesmo tempo, seja no bridão ou no freio.

    A mão deve graduar a porencia de seus efeitos pelos resitencias de peso que encontra.

    A vibração é uma série de pequenas sacududelas, uma tremura que se produz em um dos boccados agindo o cavalleiro em uma rédea ou nas duas ao mesmo tempo. Ella póde ser feita, como a meio parada no freio oi no bridão dura um ou varios segundos é forte ou fraca conforme a nesistencia a vencer.

    A vibração é empregada para destruir as contracções musentares do maxillar inferior que o cavallo opponha instictiva ou voluntariamente á acção do freio.

    b) Obtem-se com as mãos tambem a attitude do antemão.

    As rédeas agem, por intermedio da bocca na cabeça, no pescoço e nas espaduas: permittem deslocar a cabaça em relação ao pescoço, este em relação ás espaduas, estas em relação ao pescoço este em relação ás espaduas, estas em relação á garupa. Podem mesmo agir indirectamente na mudar cupa dando ás esoeduas uma attitude que a obrigue a mudar de direcção: é o que chama appôr as espaduas á garupa.

    Estes differentes effeitos dependem do sentido que recebe a tensão da rédea, conforme o cavalleiro leva a mão mais adeante ou mais atraz, mais á direita ou mais á esquerda mais alto ou mais beixo.

    171. podem-se grupar as differentes acções da mão em cinco sérios principaes, divisão puramente theorica, que facilita, na instrucção, o estudo das ajudas; entre as acções extremas, adeante á direita, atraz á direita á esquerda, adeante á esquerda, ha uma infinidade de direcções ou de tracções, pór meio das quaes o cavalleiro encontrará o justo effeito tanto mais promptamente quento maior seu saber experiencia e tacto.

    172. 1º effeito, a) Levando o punho direito para a direita, o cavalleiro desloca a cabeça do cavallo em direcção á dereita; a rédea direita toma então o nome de rédea de abertura.

    O Cavalleiro deve evitar de puxar pela rédea de deante para traz e de afastar o cotovello.

    b) Si o cavalleiro accentua o movimento do punho direito para a direita, o pescoço segue a cabeça, as espaduas seguem o pescoço, o cavallo colta-se para a direita, avançando.

    173. 2º effeito. Dando á rédea direita da abertura uma tensão de deante para traz, o cavalleiro puxa as espaduas de seu cavallo para traz e para a direita e obriga-o a lançar sua garupa para a esquerda. A rédea toma o nome de rédea direita de opposição. Esta acção deve ser exercida baixando-se o punho com os dedos virandos, sobre uma rédea ajustada.

<<ANEXO>>CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 230 Figura.

    174. 3º effeito a) Levando-se o punho direito para deante e para a esquerda, o cavalleiro puxa a venta do cavallo para a direita e sobrecarrega a espadua esquerda, pondo sobre ella uma parte mais consideravel do peso do pescoço. A rédea direita toma então o nome de rédea contraria ou rédea direita toma então o nome de rédea contraria ou rédea de apoio (equitação elementar).

    b) si o cavallo accentua o movimento do punho direito para a esquerda, o augmento de peso que dahi resulta deve provocar um rompimento de equilibrio do cavallo neste sentido e fazel-o voltar-se para e esquerda. A conversão se faz, avançando.

<<ANEXO>>CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 231 a 235 Figuras.

    Dando á rédea contraria, (rédea direita) uma tensão de deante para traz, dous effeitos podem-se produzir, conforme a tensão se exerce adeante ou atraz do garrote.

    175. 4º effeito. Si ella se exerce adeante do garrote, isto é, em direcção á espadua esquerda, as espaduas são forçadas para traz e para a esquerda, o cavallo volta-se para a esquerda, recuando se está a pé firme; diminuindo a andadura, se em movimento.

    176. 5º effeito. Si a tensão da rédea passa atraz do garrote, isto é, no sentido do quadril esquerdo, a rédea age no cavallo todo e impelle o antemão e o postmão em direcção á esquerda.

    Si o cavallo está em marcha, esta acção diagonal da rédea direita, arqueando-o para a direita, impelle-o obliquamente para deante, em direção á esquerda, tanto mais energicamente quanto maior é a impulsão.

    As duas acções (4º e 5ºeffeitos) de uma rédea contraria, tendentes ambas a oppor as espaduas á garupa, tomam o nome de rédeas contrarias de opposição.

    178. Accôrdo da ajudas - O accôrdo das ajudas é a harmonia que o cavalleiro deve obter das pernas, mãos e peso do corpo, afim de permittir, facilitar ou apressar a boa execução dos movimentos exigidos.

    179. 1º Accôrdo entre as pernas agindo simultaneamente e as duas rédeas tambem agindo simultaneamente.

    As pernas dão a impulsão.

    As rédeas regulam a impulsão.

    A acção simultanea das pernas dá em resultado produzir manter ou apressar o movimento para deante.

    A tensão simultanea das rédeas dá em resultado limitar o movimento para deante, isto é, diminuir a marcha, parar ou fazer recuar.

    Estas duas acções são pois inteiramente oppostas e nunca devem produzir-se ao mesmo tempo, sob pena de annullar ou destruir a impulsão.

    Quando as pernas agem para produzir um augmento de velocidade, as mãos devem pois ceder, para o permittir; em seguida resistem, si necessario fôr, para limital-o.

    Da mesma fórma quando as rédeas agem para produzir uma diminuição de velocidade, as pernas cedem, em seguida resistem, si fôr necessario, para limital-a.

    Em resumo, si se trata de diminuir a marcha, parar ou fazer recuar, as pernas vigiam o movimento: afim de regularizal-o, em caso de necessidade: porém só devem agir quando o cavallo obedeceu e se a impulsão cessa.

    Si se trata de marchar, de tomar o trote, de alargar a andadura, as rédeas devem estar promptas para resistir no momento desejado, afim de regularem a andadura: porém só dão resultado quando o cavallo começou a ceder á acção das pernas.

    Portanto, em linha recta, a acção das mãos e a das pernas nunca são simultaneas.

    E' evidente que quanto mais um cavallo tiver decisão e obediencia, tanto mais se poderão approximar estas acções, sem entretanto jamais confundil-as. Ao contrario, quanto mais um cavallo ainda é indeciso, tanto mais as indicações que lhe são dadas devem ser claras, tanto mais convém separar as acções cujos effeitos se poderiam contrariar.

    180. Accôrdo das duas rédeas. Antes de procurar regularizar ou reforçar a acção de uma rédea pela da outra, é preciso Ter a certeza de que ellas não se contrariem; si a mão direita age, deve-se estar certo de que a esquerda permitta que a direita produza todo o seu effeito.

<<ANEXO>>CLBR Vol. 02 Ano 1919 Pág. 236 Tabela. (Quadro que resume os cinco effeitos de Rédea Única)

    Para isso, a mão esquerda não sómente deve não agir, mas não deve nem resistir: deve ceder.

    Si ella agisse ao mesmo tempo que a mão direita, mesmo si apenas resistisse, longe de reforçar-lhe a acção, não poderia sinão contrarial-a, attenual-a, algumas vezes mesmo annullal-a completamente.

    Ao contrario, ceder a mão esquerda quando a direita age, é deixar ás acções da direita seu pleno effeito.

    Em resumo, toda a vez que a mão direita agir, seja como rédea de abertura contraria ou como rédea contraria de opposição, deve-se primeiramente ceder a mão esquerda para perimittir a cabeça e ao pescoço tomarem a posição indicada, depois resistir, si fôr necessario, para limitar o movimento. Esta mão desempenha então o papel de rédea reguladora.

    Uma acção da mão esquerda póde perfeitamente succeder a uma acção da mão direita: póde-se substituir, por exemplo, por uma acção da rédea contraria uma da de abertura, porém estas acções são successivas e o principio da rédea activa e da rédea passiva é sempre respeitado.

    No governo á mão única, a rédea contraria age só, a direita fica frouxa momento da acção. Si as duas não estão absolutamente em accôrdo, pelo menos não se contrariam.

    181. Accôrdo das duas pernas. Quando a perna direita age só, deve primeiramente ceder a esquerda para permittir que a acção da perna direita produza seu resultado: ella resiste, si fôr necessario para regularisar o movimento, limitando o deslocamento da garupa.

    182. Accôrdo das pernas com cada um dos effeitos de rédea. A pressão das pernas dá em resultando levar o cavalo para deante, produzir o movimento que ás rédeas compete dirigir: da mesma fórma, as tracções transmittidas pelas rédeas têm por fim produzir na garupa resultados que as pernas devem facilitar.

    Ha, pois, uma relação constante entre as pernas e as mãos, as quaes, em vez de se contrariarem, devem justamente se combinar, concordar, se reforçar mutuamente.

    a) A rédea direita de abertura leva o peso do pescoço sobre a espadua direita, sem fazer opposição á garupa que segue a direcção tomada pelas espaduas.

    As pernas se limitam a manter o movimento por meio de uma pressão igual.

    b) A rédea direita directa de opposição curva o pescoço para a direita, levando seu peso sobre a espadua direita para fazer opposição á garupa e afastal-a para a esquerda.

    A perna direita age impellindo tambem a garupa para a esquerda.

    c) A rédea direita contraria faz virar a cabeça para a esquerda, leva o peso do pescoço sobre a espadua esquerda, sem fazer opposição á garupa.

    As duas pernas agem igualmente com o fim de manter o movimento para deante.

    d) A rédea direita contraria de opposição (tracção exercida adeante do garrote) curva o pescoço para a direita, leva o seu peso sobre a espadua esquerda e afasta a garupa para a direita, oppondo-lhe as espaduas.

    A perna esquerda age impellindo igualmente a garupa para a direita.

    e) A rédea direita contraria de opposição (tracção exercida atraz do garrote), curvando o pescoço para a direita, dá em resultado levar o seu peso sobre a espadua e o posterior esquerdos e deslocar, quando o cavallo está em movimento, toda a massa para deante e para a esquerda, pela opposição da cabeça e do pescoço ás espaduas e á garupa.

    A perna direita impellindo a garupa para a esquerda reforça e activa o movimento.

    Está claro que, prescrevendo-se a acção de uma perna, não se quer dizer que a outra fique inactiva; ao contrario, ella deve desempenhar o seu !papel de impulsão e de ajuda reguladora, como ficou dito atraz, !quando se tratou do accôrdo das pernas.

    183. Ajudas lateraes e diagonaes. Effeitos lateraes e diagonaes. Na instrucção, para abreviar as explicações, consideram-se as ajudas ou sob o ponto de vista das diversas combinações que podem resultar da associação das duas mãos e das duas pernas, ou sob o ponto de vista da direcção de suas acções, isto é, dos resultados produzidos.

    Quando as ajudas determinantes são applicadas do mesmo lado do cavallo, por exemplo, perna direita e rédea direita, chamam-se ajudas lateraes.

    Quando estas ajudas são, ao contrario, uma á direita outra á esquerda do cavallo, por exemplo, perna esquerda, mão direita, chamam-se ajudas diagonaes.

    Sob o ponto de vista da dicrcção, na qual agem as rédeas, chamam-se effeito lateral toda acção da mão direita.(esquerda), exercida nos mebros direitos (esquerdos) do cavallo: rédea directa, rédea de abertura, rédea directa de opposição.

    Chama-se, ao contrario, effeito diagonal, toda acção da mão direita (esquerda), exercida ao mesmo tempo, de deante para traz e da direita ( esquerda) para esquerda (direita) (acções contrarias de opposição).

    Segundo estas definições, si ao ladear para a direita, o cavalleiro se serve da perna esquerda e da rédea esquerda, emprega ajudas lateraes: porém, agindo a mão esquerda de deante para traz e da esquerda para a direita, produz um effeito diagonal.

    Si no mesmo movimento o cavalleiro emprega a perna esquerda e a rédea direita, serve-se das ajudas diagonaes; porém, a rédea direita, puxando levemente a cabeça do cavallo, produz na direcção da marcha um effeito lateral.

    184. Estas considerações mostram quanto são !mais apparentes que reaes quaesquer distincções que se pretedam estabelecer entre uma equitação lateral e uma equitação diagonal.

    A verdadeira equitação é apenas a combinação de todos os effeitos lateraes ou diagonaes acima tratados. O cavalleiro tem duas mãos e duas pernas que podem agir isoladas ou simultaneamente, lateral ou diagonalmente e produzir assim resultados muito variados.

    Compete ao cavalleiro pôr em jogo, conforme o cavallo que monta, conforme o fim a que se propõe, a ajuda, ou as ajudas, que deva produzir o resultado desejado.

    185. Peso do corpo - Estudando as acções das rédeas, viu-se que, sob sua influencia, o equilibrio do cavallo se modifica a ponto de fazel-o voltar-se, seja para a direita, seja para a esquerda, conforme o peso do pescoço é transferido sobre uma ou outra espadua. As espaduas desigualmente sobrecarregadas movem-se pois para o lado ao qual o excesso de peso as impelle.

    A repartição igual ou desigual da massa do cavallo sobre os membros que a supportam, com mais forte razão influe directamente no sentido do movimento impresso á machina inteira.

    Quando o cavallo está montado, a massa que os membros sustentam, não é sómente constituida pelo peso do cavallo, é preciso juntar-lhe ainda o do cavalleiro, que pesa em média de 65 a 80 kilogrammos. O alto do corpo, que representa por si só a maior parte desse peso, póde, deslocando-se, contribuir poderosamente para as modificções que as ajudas trazem ao equilibrio do cavallo.

    E' pois necssario que o cavalleiro não contrarie os movimentos do cavallo pela má repartição de seu peso, porém ao contrario, que os favoreça agindo sempre no sentido e na direcção desejados.

    Em movimento, nos altos, nas conversões, no ladear, o cavalleiro carregando com seu corpo as nadegas ou as coxas no sentido do movimento, póde pois facilitar e apressar a obediencia do cavallo. Bastante accentuados no começo do preparo da remonta, é preciso que estes deslocamentos do peso do cavalleiro se tornem cada vez mais discretos, á medida que o ensino se aperfeiçoe.

    Na equitação superior, elles se reduzem simplesmente a pesar sobre o estribe.

Ajudas artificiaes

    186. As ajudas artificiaes são meios de dominação creados pela industria e engenho do homem para ampliar suas ajudas naturaes, reforçal-as, suppril-as. Ellas variam com a natureza dos cavallos e com o uso que destes se faz.

    As de emprego mais corrente são primeiramente o chicote, muito utilizado no começo do adextramento para ensinar ao cavallo novo a ceder com a garupa sob a acção do calcanhar, e, na equitação corrente com os cavallos que dão coices, atirados ao calcanhar do cavalleiro; depois o pingalim, a mão de a amigo, as gamarras, a focinheira, as rédeas rigidas, as grandes guias, as rédeas com roldanas ou rédeas correntes, o homem de madeira.

    Ellas comportam igualmente todos os recursos da industria de aperos de arreios, taes como os innumeraveis typos de boccados, etc.

    Estes differentes meios podem, á primeira vista, ser preciosos para dominar um cavallo, para readquirir rapidamente a autoridade perdida e para fazer em certos animaes difficeis o trabalho indispensavel ao seu adextramento. Mas é preciso não esquecer que a maior parte destes processo, excellentes em certas mãos, tornam-se perigosos com os cavalleiros menos experimentados.

    Além disso, os resultados obtidos algumas vezes muito rapidamente com o auxilio destes meios, são em geral apenas superficiaes. Não poderiam pois supprir a verdadeira educação do cavallo, que reside tanto na submissão moral como na obediencia physica ás ajudas naturaes.

§ 2º Posse das ajudas

    187. Por mais precisos que sejam, theoricamente os effeitos das pernas e das rédeas, elles só poderão ter utilidade pratica si as ajudas que os produzem estiverem perfeitamente disciplinadas e submettidas á vontade do cavalleiro, isto é, si este dispuzer de sua plena posse. Não basta conhecer suas forços, é preciso estar senhor dellas.

    Si o cavallo não se submette ás exigencias do cavalleiro, não é, a maior parte das vezes, por igonorancia do cavalleiro nem por má vontade da montada; é porque as ajudas impotentes ou incoherentes não impõem o movimento desejado.

    O equilibrio moral e a independencia das ajudas se obtêm pelo dominio das acções reflexos.

    Si se manda, por exemplo, um cavalleiro principiante agir unicamente com a perna esquerda vê-se quasi sempre a direita afastar-se do cavallo, de uma distancia igual á de que a esquerda se approximou. Basta este exemplo para dar idéa do trabalho a proseguir, afim de educar os musculos e fazel-os agir apenas para um fim util e em um sentido determinado (*).

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    (*) "E' preciso observar, diz d'Auvergne, que se façam agir apenas as partes necessarias ao fim, pois o que impede as boas acções é que as partes que não devem agir, actuam independente

    Sem insistir nas causas scientificas do que se chama commumente «desaso», vê-se que o papel do instructor consiste em fazer appareccer e multiplicar, para os cavalleiros principiantes, as occasiões de se servirem de suas ajudas de uma fórma exacta e precisa, empregando-as primeiro isoladamente, em seguida combinando-as entre si.

    188. Conservando o cavalleiro as rédeas separadas nas duas mãos, preserve-se-lhe empregar em movimentos simples (como a passagem dos cantos, cortar o picadeiro, as voltas) primeiramente effeitos de abertura, depois effeitos contrarios, em seguida effeitos de opposição, abandonando completamente a rédea que não determina o movimento.

    Exemplo:

    Pela rédea direita de abertura: á direita!

    Pela rédea direita contraria: volta á esquerda!

    Pela rédea esquerda directa de opposição: pela esquerda á retaguarda!

    189. Ensina-se-lhe em Segunda em movimentos compostos, a substituir, por effeitos de abertura, effeitos de opposição; ou por effeitos contrarios, effeitos de abertura, etc.

    Exemplo:

    Marchando o cavalleiro á mão esquerda;

    Pela rédea direita contraria, meia volta invertida!

    Pela rédea direita contraria de opposição, ladear na diagonal do picadeiro!

    Pela rédea esquerda de abertura: pela esquerda, á retaguarda!

    Ou, marchado á mão direita:

    Meia volta: Pela rédea direita de abertura, pela direita a retaguarda!

    Pela rédea esquerda contraria de opposição ladear á direita, e em seguida: Pela rédea direita contraria, cortar o picadeiro!

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    da vontade ou sem disso se aperceberem, como, por exemplo, o corpo não deve mudar de posição quando são utilizados as pernas e as mãos, e da mesma fôrma, os joelhos não devem se deslocar quando são utilizadas as pernas."

    "E' ainda essencial não approximar a perna direita si se tem necessidade de empregar apenas a perna esquerda, e pela mesma razão não recorrer á esquerda quando se tem necessidade sómente da direita, pois o cavallo não executaria o que delle se esperava. E' indispensavel ensinar a todo homem que monta a cavallo, o effeito que deve produzir cada perna em particular e ambas em conjuncto. Não é menos essencial saber o effeito que produz cada rédea do freio e do bridão, para que não succeda empregar-se a esquerda quando se deveria empregar a direita, e da mesma fórma, a direita quando se deveria empregar a esquerda, e muitas vezes as duas, quando se deveria empregar sómente uma.

    Mostrar-se-ha assim ao cavalleiro que no primeiro exemplo a rédea direita, conforme a direcção que lhe foi dada, pôde determinar tres movimentos differentes; no segundo caso, elle terá aprendido a substituir rapidamente a acção da mão esquerda pela da direita, para voltar em seguida áquella.

    190. Quando esta gymnastica das mãos isoladas está bem comprehendida e é bem executada, é preciso ensinar, nos mesmo movimentos e segundo a mesma progressão, a agir com as duas rédeas, porém harmonizando-as, as mãos agindo, resistindo ou cedendo conforme as circumstancias.

    191. E' preciso emfim complicar os movimentos, linhas quebradas, serpentinas, perseguição, e fazel-os succeder a breve prazo para dar ás mãos decisão e agilidade.

    No meio desta difficuldades crescentes, o instructor observa si o cavalleiro utiliza convenientemente todas as acções das mãos e das pernas, que lhe são prescriptas, e si percebe os effeitos que dellas resultam. Indica-lhe as posições a obter da cabeça e do pescoço, as difficuldades a evitar e corrige, por uma intervenção incessante, todas as faltas commetidas.

    O cavalleiro chegará então a discernir os musculos que devem agir na execução dos movimentos ordenados, a isolal-os em acção e a augmentar seu rendimento em potencia e em rapidez. Nada mais lhe restará, então, sinão adquirir, pela experiencia, a justeza e a opportunidade para entrar em plena posse dos seus recursos equestres e vencer todas as difficuldades.

    § 3º Emprego das ajudas

    192. Quando o cavalleiro conhece suas forças e está senhor dellas, resta-lhe applical-as com tacto.

    O simples facto de applicar as forças, determina o movimento, regula-o e o dirige para um fim determinante. Elle faz nascer, com a pratica, o sentimento do cavallo e o tacto equestre.

    O sentimento do cavallo permitte ao cavalleiro avaliar seu gráo de submissão ou de resistencia.

    O tacto equestre preside á economia das forças da cavalleiro. Leva-o a determinar o effeito a produzir, a intensidade deste effeito e o momento exacto da intervenção. Permitte vencer as resistencias, ou pelo menos prevenil-as.

    Os agentes do tacto equestre são as pernas e as mãos.

    193. Tacto das pernas. As pernas quasi não podem agir sinão em um unico sentido. Em sua utilização há, pois, unicamente uma questão de intensidade, que o auxilio da espora torna ainda mais energica. Não obstante, sem entrar no estudo do mecanismo das andaduras, que não é do dominio da equitação secundaria, o cavalleiro, por seu assento, póde ter um certo sentimento dos movimentos fugazes que constituem o erguer, o descançar e o apoiar os membros; pode, pois, aproveitar-se delle para accelerar ou retardar-lhes o jogo, destruir-lhes conseguintemente as combinações e, por esse meio, corrigir e mesmo modificar as andaduras.

    194. Tacto da mão. O estudo da acção das rédeas mostrou seus effeitos theoricos, porém, estes effeitos produzem resultados muito differentes conforme as qualidades ou os defeitos da mão que os provoca:

    As qualidades da bôa mão são a justeza, a leveza, a suavidade e a firmeza.

    Ter a mão justa não quer dizer que a mão deva ficar immovel em sua posição; ella deve, ao contrario, segundo as necessidades, se transportar para baixo, par cima, para a direita, para a esquerda, porém, na execução ella deve ser isenta de todo movimento involuntario ou inutil.

    Esta qualidade é a primeira a busca e a mais importante de todas; sem ella, as outras não se poderiam manifestar em sua plenitude. A mão louca, que é o contrario da mão justa, não poderá ter nem leveza, nem suavidade, nem firmeza; sua indicações são incertas e o cavallo, por mais attento que seja, não póde obedecer a acções incoherentes.

    A mão leve marca o simples contacto com a bocca do cavallo.

    A mão suave dá o descanço.

    A mão firme dá um apoio franco e decidido.

    Ella deve ainda saber resistir com autoridade quando e preciso, porém, ceder desde que a resistencia desappareceu e voltar á suavidade, que é sempre o traço de união entre a leveza e a firmeza. E' com esta significação que se póde definir a bôa mão: tem nos dedos uma força igual e contraria ás resistencias do cavallo, porém nunca superior.

    195. As acções da mão variam em extensão e intensidade, conforme o gráo de adextramento do cavallo. Largas extensas com os cavallos novos, afim de claramente exprimirem a intenção do cavalleiro, devem tornar-se quasi invisiveis á proporção que o ensino progride.

    Si, no começo, o antebraço, o punho e a mão participam da acção, com o cavallo adextrado, ao contrario, é unicamente pelo cerrar mais ou menos energico ou pelo afrouxar mais ou menos completo dos dedos que o cavalleiro transmitte sua vontade. Aos effeitos de tracção, algumas vezes mesmo de força, succedem effeitos de indicação ou de educação.

    196. Em resumo, o tacto equestre consiste em escolher, pela reflexão, as ajudas determinantes e as ajudas reguladoras, em repartir entre ellas a parte de acção, de resistencia ou de passividade que cabe a cada uma e, emfim, pela vontade em fazer intervir o esforço no ponto desejado, levando em conta as sédes de resistencias, que são a bocca, as espaduas e a garupa, e no momento desejado, na medida do possivel, levando em conta as leis do equilibrio e da locomoção.

    A tarefa do instructor é aqui muito reduzida, porque não estando elle proprio sobre o cavallo, varias modalidades de resistencia lhe escapam. E' preciso pois que o discipulo redobre de sinceridade para comsigo mesmo. Si elle não se erigir em juiz de suas proprias acções, nenhum progresso alcançará. E' a pratica, estribada em bons principios, que deve ser seu verdadeiro mestre.

CAPITULO III

EQUITAÇÃO SUPERIOR

    Instrucção do official

    197. A equitação superior é o desenvolvimento normal e a exacta applicação ao emprego do cavallo dos principios que servem de base á instrucção equestre das praças e dos graduados das armas montadas. Ensinada com especialidade na Escola de Cavallaria, é a equitação superior destinada a um pessoal de escól. Seu fim é desenvolver nos officiaes o espirito emprehendedor, tornando-os habeis instructores, affeitos ás multiplas exigencias da sua missão.

    No ponto de vista theorica, este ensino comprehende o estudo completo de todos os conhecimentos que o verdadeiro equitador deve possuir e, em particular, o exame dos mais reputados methodos de equitação, assim como o conhecimento dos diversos processos preconisados de adextramento do cavallo.

    Na pratica, além dos exercicios de equitação, mais arrojados, comporta o aprofundado estudo do governo de cavallo, segundo os principios racionaes, bem como a applicação das leis e dos processos que teem por fim o adextramento do cavallo.

    A equitação superior ensina ainda ao homem a conservar, mesmo no meio das maiores difficuldades, assento impeccavel, firmeza na sella, justeza e subtileza de ajudas com absoluta discreção no seu emprego; emfim, a naturalidade e a correcção da posição que provam o dominio do cavalleiro sobre si mesmo e que se sente á vontade.

    A equitação superior visa ao cavallo a calma e a obediencia absolutas, a constante impulsão ao movimento para a frente, a posição rigorosamente direita e a leveza na execução de todos os movimentos: o cavallo para frente, direito e leve.

    Sem encarar o ensino da alta escola, ella retira no entretanto desta o uso de certos trabalhos, taes como o ladear classico e a mudança de pé, cuja pratica assignala no cavallo um gráo a mais na submissão ás ajudas, ao mesmo tempo que desenvolve consideravelmente, no cavalleiro, o tacto e o sentimento do cavalo.

    Impondo a um e outro a sobriedade dos movimentos ou das acções, a perfeição e a graça da attitude, a equitação superior merece absolutamente a consideração tradiccional de que gosa. As qualidades que ella desenvolve são um poderoso elemento de disciplina, porque augmentam o prestigio do chefe e lhe fortalecem a autoridade, firmando sua constante superioridade no exercicio diario do commando.

    Rio de Janeiro, 19 de março de 1919. - Alberto Cardoso de Aguiar.



Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União - Seção 1 de 24/03/1919


Publicação:
  • Diário Oficial da União - Seção 1 - 24/3/1919, Página 5461 (Publicação Original)