Cespo debate propostas para o atletismo no ciclo olímpico Paris 2024 em audiência pública

Atendendo ao requerimento nº 8/22 do deputado Luiz Lima (PL/RJ), a Comissão do Esporte realizou nesta terça-feira (17) audiência pública para debater o planejamento e programas direcionados ao atletismo brasileiro neste ciclo olímpico de Paris 2024. O autor do requerimento citou a importância do debate, uma vez que há recursos públicos das loterias e a Caixa Econômica Federal é uma das patrocinadoras da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Além disso, por critério do deputado, o atletismo é uma das cinco modalidades que mais conquistaram medalhas nos jogos olímpicos desde Atenas 1986.
17/05/2022 19h55

Elaine Menke/Câmara dos Deputados

Cespo debate propostas para o atletismo no ciclo olímpico Paris 2024 em audiência pública

Mesa da Audiência Pública que debateu o planejamento do atletismo para Olimpíada de Paris 2024.

Ao dar início à reunião, o presidente da CBAt, Wlamir Motta Campos, apresentou propostas e realizações da confederação durante o planejamento do ciclo olímpico de 2024. Dentre elas, o desejo de aumentar o número de atletas profissionais na modalidade. Segundo ele, no ano passado já foram convocados 452 atletas e 112 treinadores para as seleções brasileiras. "Nunca tivemos tantos atletas e treinadores convocados para eventos internacionais. A CBAt participou de todos os eventos com delegação completa”. A ideia é que o objetivo principal seja aumentar a quantidade de medalhas na modalidade a cada ciclo olímpico.

Por mais que o foco de qualquer atividade de alto rendimento seja sempre com olhar nos resultados finais, houve uma aceitação por parte dos participantes de que este não deve ser o único objetivo. De forma geral, não se faz um atleta de alto nível sem grandes investimentos na base estrutural para formar o topo da alta performance na área esportiva.

O Secretário Nacional de Alto Rendimento da Secretaria Especial do Esporte, Bruno Souza, disse que a pasta não é inclusiva por se tratar apenas da elite dos atletas profissionais. Mas existem formas de se diminuir essa diferença e, segundo ele, “o maior pedido dentro da secretaria são as pistas de atletismo” para democratizar o acesso à modalidade no país. A importância delas vai além: são mais de 2.400 esportistas olímpicos e paralímpicos adeptos do Bolsa-Atleta e todos precisam de centros de treinamento.

Como forma de sustentar a categoria para a conquista de mais medalhas a cada ciclo, o representante das federações estaduais, Francisco Xavier de Oliveira, lembrou que “os atletas devem ser buscados dentro das escolas” e, por isso, as leis de incentivo são uma ferramenta “muito importante para o desenvolvimento do atletismo”. Ele ainda alertou que o papel das federações é de extrema importância para inserir as crianças no atletismo, já que o primeiro contato delas com o esporte deve ser na escola.

Para o diretor executivo da Confederação Brasileira de Atletismo CBAt, Claudio Roberto de Castilho, chegar a três medalhas em Paris, já seria suficiente para demonstrar evolução em relação a Tóquio, onde foram conquistadas duas medalhas de bronze na modalidade. Os atletas ainda precisam ter um nível de desempenho para que eles continuem atendendo a critérios para os próximos ciclos e, não apenas, ao subsequente.

Em levantamento da Secretaria Especial do Esporte, descobriu-se que apenas oito ou nove pistas de atletismo estavam sendo utilizadas entre as construídas recentemente até dentro de universidades federais, segundo Bruno Souza. O presidente da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Atletismo, Cleiton Cezário Abrão, em acordo com o Souza, afirmou que “o acesso dos atletas a essas pistas é fundamental” para o crescimento da modalidade no Brasil. No entanto, esta não é a única vantagem do projeto para Abrão. O desenvolvimento deve também ter o caráter de formação do cidadão que poderá usar o esporte como meio para ascensão social.

Para a representante dos treinadores, Sonia Ficagna, uma outra solução para a falta de utilização de pistas públicas seria a inserção de crianças ainda no ensino básico nas pistas municipais de treino. Ela, como professora de educação física, se mostrou desapontada ao relatar que “a maioria dos jovens nunca praticaram atletismo sequer uma vez na vida ao chegarem na faculdade”. Para uma boa formação do atleta, é necessário que existam bons treinadores envolvidos. Ela também pediu para que esta classe de trabalhadores, quase majoritariamente autônomos, seja incluída nas federações e confederações nacionais, tais quais os atletas. A falta de profissionalização destes profissionais, leva o cidadão a procurar outro emprego para conseguir se sustentar e faz com que o atletismo “não consiga manter os treinadores”. Segundo ela, “um atleta pode trazer medalhas para o nosso país, mas um treinador, pode formar centenas de atletas".

Durante a reunião, alguns participantes posicionaram o atletismo como “o pai ou a mãe” dos outros esportes, uma vez que a maioria dos movimentos necessários para quase todos os outros exercícios são abordados nesta modalidade. Com isso, o vice-presidente do Esporte Clube Pinheiros, Carlos Alexandre Brazolin, afirmou que o investimento nesta área é o mesmo que investir indiretamente em outros esportes, já que muitos atletas iniciam nas pistas e acabam migrando para campos ou quadras de outras atividades. “O valor que o clube investe é muito menor do que o recebido em troca”, finalizou.

Por fim, o último participante foi o representante dos árbitros, Florenilson Itacaramby de Almeida, que ressaltou a importância da arbitragem nas práticas esportivas. "Nós, da arbitragem, procuramos um conhecimento maior para dar uma tranquilidade e segurança para que o atleta possa ter um desempenho maior”.

O deputado Dr. Luiz Ovando (PP/MS) mencionou a importância do movimento corporal para a saúde e bem-estar humano. Ainda relatou ter participado de 14 maratonas e definiu o atletismo como “fantástico por exercitar grande massa muscular que são as que melhoram o desempenho cardiovascular que é fundamental para que se tenha uma saúde adequada”. Com a palavra, o deputado Felipe Carreras (PSB/PE) fez um convite aos participantes da reunião para participar e colaborar na relatoria do PL 409/2022, que trata a respeito da atualização do Plano Nacional do Desporto. O projeto tramita em regime de urgência e deve ser votado em plenário até o início do mês de junho.

 

Ascom/Cespo