Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Marquez
De 7 de julho a 4 de agosto, sempre às sextas-feiras, das 12h30 às 13h30, no Salão de Leitura da Biblioteca da Câmara dos Deputados.
Na primeira aula, o professor dá uma palestra inicial sobre o autor e o livro em questão, o que não exige uma leitura prévia por parte dos alunos inscritos. Na segunda aula, é preciso ter lido até um terço do livro. Na terceira aula, analisaremos até dois terços do livro. Na quarta aula, é importante ter lido a totalidade da obra. Na última aula, acontece o debate final. A cada encontro o professor procura levar e explicar um aspecto diferente do livro.
Cem Anos de Solidão, um livro para se ler eternamente
Por Edival Lourenço
Não queira tirar uma moral exclusiva ou um sentido único de Cem Anos de Solidão, porque ele é plural e contém todos os sentidos e todas as morais. Seu estágio de conhecimento, seu estado de espírito, suas crenças e ideias dominantes é que vão dar o tom do que se perceber, do que se retirar. No microcosmo chamado Macondo é que a saga dos Buendía-Iguarán se destrinça. Uma sequência de José Arcádios e Aurelianos se sucede em profusão, cobrindo um período sintomático de 100 anos. Penso até que a árvore genealógica dessa mítica família seja impossível de se montar, como requer uma obra representativa do realismo fantástico. Mas isso não tem a menor importância. Antes, é mais um charme dessa obra que é tão charmosa, por essas e outras.
Macondo, o cenário onde os fatos se dão, é um pequeno mundo, “um povoado de 20 casas de barro e taquaras, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos”. Por falar em ovo pré-histórico, esse romance é uma espécie de ovo da realidade que, com a força dos símbolos, dá conta de nos representar, não só o Caribe, não só a Colômbia, não só a América Latina, não só o presente momento, mas o mundo inteiro em todos os tempos com suas contradições.
Aliás, Cem Anos de Solidão teria tudo para ser um romance triste e lamentoso, pois fala da miséria da condição humana da forma mais visceral. Mas, não sendo piegas nem gaiato, o autor nos conta uma história no fio da navalha, em que a graça levita sobre a dor, o que outra coisa não é senão a própria essência da vida, em sua forma mais destilada e pura, em suas composições de mistério.
Num momento em que a crítica do mundo inteiro aventava a morte do romance nas encruzilhadas do Nouveau Roman, Gabriel García Márquez, feito um mágico de fato e cartola, chegou abrindo um novo e amplo horizonte ao gênero literário. Gênero este consagrado por outro autor de língua hispânica: Miguel de Cervantes, com o seu impagável Dom Quixote.