Participante do Parlamento Jovem Brasileiro 2010 fala à revista Época sobre a participação dos jovens na política

07/02/2017 09h44

Ter, 11 de Outubro de 2011

O Parlamento Jovem Brasileiro (PJB) é mesmo um espaço privilegiado para o debate e a conscientização política dos estudantes brasileiros. Promovido pela Câmara dos Deputados, o programa, que tem sido realizado desde 2004 e encerrou há menos de um mês sua oitava edição, já contou com a participação de 546 jovens parlamentares que, na prática, são alunos do ensino médio. Durante cinco dias, jovens deputados tem a oportunidade de ter mais contato com o processo legislativo do país e simular a rotina de trabalho dos parlamentares, com todas as formalidades do regimento interno da Câmara.

"Um despertar para a política", como o programa foi por muitos participantes resumido, mostrou-se, de fato, apropriado para os objetivos do PJB. Prova disso é que, em matéria da revista Época, publicada no último dia 10, Tiago Martins, participante do Parlamento Jovem Brasileiro 2010, deu seu depoimento sobre a participação dos jovens na política. Presidente da sétima edição do programa, que ocorreu no ano passado, Martins voltou à Câmara dos Deputados neste ano para ministrar uma palestra aos participantes da oitava edição do programa sobre "O Protagonismo Juvenil e sua Experiência no Parlamento Jovem 2010".

Confira a íntegra da matéria publicada pela revista Época:

Uma pesquisa exclusiva mostra que 56% dos jovens brasileiros não acreditam nos políticos. Mas 41% aceitariam se candidatar. O que eles pensam e quais são suas causas

O filósofo e orador romano Cícero dizia que a idade aperfeiçoa a paciência, a autoridade e a ponderação, qualidades necessárias para administrar os assuntos graves. Seu pensamento reflete a visão predominante em seu tempo. Na Roma Antiga, as decisões mais importantes eram tomadas pelo Conselho dos Anciãos, formado pelos mais velhos. Surgia então o Senado que conhecemos até hoje, cujo nome vem do latim senex, que significa idoso. A média de idade dos senadores brasileiros, 58 anos, mostra que a política permanece, em grande parte, uma atividade para os mais velhos. Mas a ausência de jovens nas esferas mais altas do poder público do país não significa que eles estejam alienados da política. Uma pesquisa exclusiva feita por ÉPOCA em parceria com a Retrato Pesquisa de Opinião e Mercado traz uma surpresa positiva sobre a relação da nova geração com o poder. Feita em dez capitais brasileiras (Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), ela ouviu 990 adolescentes entre 16 e 18 anos de escolas públicas e privadas. Os dados revelam que os adolescentes não estão nos partidos, mas fazem política em seu dia a dia. Metade deles já aderiu a uma causa pela internet. Estão descontentes com as formas tradicionais de representação, mas acreditam que é possível mudar a realidade se cada um fizer sua parte. Dois em cada cinco topariam seguir uma carreira política, se surgisse a oportunidade.

Os resultados quebram o mito de que os adolescentes não gostam de política, diz a socióloga Miriam Abramovay, autora de vários livros sobre política e juventude. Eles apenas a veem de uma maneira menos formal e mais pragmática. A geração atual está menos ligada aos meios e às formas e mais ligada aos fins e aos propósitos, diz Germano Guimarães, fundador do Instituto Tellus, uma organização sem fins lucrativos que pretende aproximar o governo da sociedade. É um pessoal muito mão na massa. Parte dessa turma está engajada, como organizador ou apoiador, nos protestos que vêm sendo organizados pela internet. Eles surgiram espontaneamente no feriado de 7 de setembro, como forma de manifestar a insatisfação popular com a impunidade diante da sequência de casos de corrupção no governo e no Congresso. Agora, essa juventude mostrará seu rosto nas manifestações públicas, agendadas para o dia 12 de outubro em várias capitais do país.