Câmara realiza seminário de combate ao crack

09/02/2017 07h51

Qui, 07 de Julho de 2011

Seminário Crack
A Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas promoveu, nessa quarta-feira (6), seminário para discutir o combate ao crack. O evento faz parte da série de seminários estaduais que debatem prevenção ao uso de drogas, tratamento e acolhimento de dependentes químicos e sua reinserção social.

Além de parlamentares, participaram do evento o representante da Coordenadoria de Saúde Mental do Distrito Federal, Ademário Britto; o cantor de rap Gog; a secretária nacional anti-drogas (SENAD), Carla Dalgado; a psicóloga do Tribunal de Justiça do DF e Territórios Margarete Mendonça; o educador social do movimento de meninos e meninas de rua, Giuliano Ferreira; o subsecretário de combate às drogas do DF, Aldir Roldão; e o antropólogo Felipe Areda.

Com presença massiva de crianças e adolescentes, o auditório Nereu Ramos reproduzia um dos principais focos da prevenção do uso de drogas no País: as salas de aula. Falando em uma linguagem simples e direcionada a essas crianças, o deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL) ressaltou que as drogas começam a fazer parte da vida das pessoas cada vez mais cedo, exigindo uma mudança tanto no método de abordagem quanto no tratamento. “Antes era aos 18; com o álcool, hoje se começa muito mais cedo, com 12 anos em média”, afirmou.

O subsecretário da Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal, Aldir Roldão, criticou a forma como as políticas públicas de combate às drogas são aplicadas no País. Para ele, as ações do Estado ainda são isoladas, faltando “estabelecer fluxos e gerar sinergias” entre os projetos. Para o subsecretário, o êxito de uma nova política nacional sobre drogas depende da união, eficácia e eficiência dos esforços, que não poderão ser feitos isoladamente, mas sim de forma conjunta.

Representando o coordenador de saúde mental no Distrito Federal, o psicólogo Ademário Britto exaltou a importância do papel desempenhado pela saúde no combate ao uso de drogas na sociedade brasileira, mas também cobrou uma atuação conjunta entre entidades governamentais e da sociedade civil. “Apenas com um trabalho coordenado, com a união de esforços, poderemos combater o problema do consumo de drogas no País”, afirmou.

Ex-morador de rua e usuário de drogas, o educador social Juliano Ferreira dos Santos comoveu a plateia com os relatos de sua vida. Ressaltando o papel transformador da educação, criticou a abordagem do consumo de drogas nas escolas e sugeriu a implementação de uma matéria específica para debater esse e outros temas de relevante interesse social. “As escolas deveriam ter matérias específicas que discutissem questões polêmicas, como as discriminações de gênero, homofobia e uso de drogas”, disse.

O antropólogo Felipe Areda reprovou a forma como o Governo Federal tem lidado com a questão das drogas, confundindo causas com consequências. Para ele, antes que se invista em uma atuação repressiva por parte do Estado, deve-se pensar em dar a essas pessoas os direitos de educação, saúde e cultura que elas constitucionalmente possuem. Areda ressaltou que o crack “não é a causa do aumento de furtos, roubos e outros crimes”.

Em sintonia com o trabalho desempenhado na comissão, o evento teve por base cinco eixos de orientação: prevenção, acolhimento e tratamento, reinserção social, repressão ao tráfico, sugestões para legislação. Responsável por consolidar as sugestões apresentadas nos debates regionais, o relator da comissão especial, deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL), afirmou que o texto final, a ser apresentado pela comissão até novembro, deverá conter normas que contemplem esses cinco temas.

O seminário integra uma série de encontros regionais que serão realizados em todos os estados para repensar uma política nacional contra as drogas.