Prontos para o futuro

A maior mobilidade social dos últimos anos no Brasil teve impacto significativo também na economia do país. Mais de 30 milhões de pessoas ascenderam de classe social desde 2003. A renda de negros e mestiços das classes A, B e C aumentou 110%, enquanto a de brancos expandiu-se 42%. Esse público hoje consome, financia carros e imóveis, compra bens e serviços, além de obrigar empresas a mudar planos de venda, deixando apostas no mercado externo para se voltarem para vendas internas.
Enquanto a crise se espraia pela Europa, Japão e Estados Unidos destruindo empregos e esperanças, levas de migrantes brasileiros retornam ao Brasil. O futuro hoje está aqui, plantado sobre a previsão de crescimento econômico acima de 5% para os próximos anos. O Ministério da Fazenda calcula em cerca de 400 mil os imigrantes que voltaram ao som dos gorjeios do mercado de trabalho nacional, onde falta mão de obra qualificada para atender à demanda. Espanhóis hoje estudam português em busca de oportunidades de trabalho projetadas pelo rastro de aportes de investimento da monta de R$ 1,3 trilhão nos próximos quatro anos.
A melhoria econômica está baseada na diminuição da pobreza e nos programas de aumento de consumo. O Governo Federal foi o principal motor dessa transformação com o Bolsa Família, programa de transferência de rendas para municípios, a serem distribuídas entre os mais pobres da população. Sua manutenção está condicionada a certos critérios de desempenho, como por exemplo freqüência mínima nas escolas. Criticado pelo caráter assistencialista, o Bolsa Família tem sido defendido com argumentos econômicos: um aumento de 10% no repasse médio per capita do Bolsa Família leva a uma expansão de 0,6% do PIB, no ano em que ocorre o aumento e no seguinte.
Em outras palavras, cada R$ 0,04 do Bolsa Família aumenta o PIB em um real. O setor mais favorecido é o da indústria – em que os empregos são de mais qualidade. Enquanto no PIB agrícola cada 10% a mais nos repasses do Bolsa Família não apresenta impactos significativos, o efeito nos serviços é de 0,19% no PIB setorial. No PIB industrial, o impacto é maior com efeito multiplicador de cada 10% adicionais nos repasses do programa atingindo expressivos 0,81%. O Nordeste é a região mais beneficiada pelo Bolsa Família.
É por isso que o PMDB quer aprimorar esse programa, como um passo a mais no caminho da evolução social e econômica. Os temas sociais e a economia estão associados intrinsecamente. Educar melhor o povo é ter mão de obra mais preparada para o mercado, cada vez mais exigente. A proposta do partido é criar poupança que incentive o aluno a frenquentar efetivamente a sala de aula, obtendo bons resultados para poder sacar o valor integral acumulado ao final do período de aprendizado.
Passo seguinte e integrado a esse é criar escolas técnicas voltadas para as reais necessidades do país, oferecendo estabelecimentos com capacidade de formar brasileiros prontos para o futuro que estamos construindo. Também deve-se buscar adotar a prática de financiamento do Pro-Uni para o ensino médio, ou mesmo fundamental. A educação foi relegada, durante anos, a um segundo plano. Não deve ser mais. O futuro chegou e não se pode mais deixar brasileiros irem buscar oportunidades em outros países. É hora de cuidar para que o país não perca essa chance conquistada com muito esforço e sacrifício.

 

Michel Temer
Presidente da Câmara dos Deputados