O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, determinou que a Polícia Legislativa da Casa investigue a associação de seu nome a requerimentos apresentados pela ex-deputada Solange Almeida, atual prefeita de Rio Bonito (RJ), em busca de informações junto ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério de Minas e Energia sobre contratos entre a empresa Mitsui e a Petrobras.

Reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal Folha de São Paulo apresentou documentos word, supostamente elaborados no gabinete de Cunha, que teriam sido usados como base para a apresentação dos requerimentos.

A investigação solicitada pelo presidente da Câmara foi motivada pelo fato de os documentos word terem sido produzidos no dia 10 de agosto de 2011, dias depois de os requerimentos terem sido autenticados pelo gabinete de Solange Almeida (7 de julho de 2011) e apresentados na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (11 de julho de 2011).

Eduardo Cunha evitou acusar algum setor da Câmara de ter manipulado os dados, mas alertou que a divulgação dos documentos possa ter sido uma reação a recentes medidas administrativas adotadas na Câmara.

“Estranhamente, na semana passada, eu determinei a mudança na carga horária na área de tecnologia e informação, essa mudança provocou uma revolta, pois o pessoal não estava cumprindo a carga e eu determinei o uso do ponto eletrônico [para aferir a carga], e 24 horas depois aparece esse documento word”, declarou.

Eduardo Cunha questionou ainda o fato de ele ser o único deputado cujo nome aparece como autor em documentos dessa natureza. “Mandei verificar e, num universo de várias dezenas de documentos word, não apareceu o nome de nenhum parlamentar [indicando a autoria do texto], só o meu, os outros não têm [registro]”, disse. Não há prazo para a conclusão da investigação, que será feita pela Polícia Legislativa da Câmara.