30 de junho de 2005

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO
NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES
TEXTO COM REDAÇÃO FINAL
CONSELHO DE ÉTICA E DECORO PARLAMENTAR
EVENTO: Audiência Pública
DATA: 30/6/2005 - INÍCIO: 09h52min - TÉRMINO: 14h31min
DEPOENTE/CONVIDADO — QUALIFICAÇÃO
PEDRO HENRY — Deputado Federal.
ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — Advogado do Deputado Roberto Jefferson.
SUMÁRIO: Discussão acerca do Processo nº 1, de 2005 (Representação nº 28, de 2005, do Partido Liberal), movido contra o Deputado Roberto Jefferson.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Está aberta a sessão.
 O SR. DEPUTADO NELSON TRAD - Sr. Presidente, requeiro a dispensa da leitura da ata.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Por solicitação do nobre Deputado Nelson Trad, coloco-a em votação.
 Aqueles que forem favoráveis, permaneçam como se encontram. (Pausa.)
 Aprovada.
 Está dispensada a leitura da ata da sessão anterior.
 Ordem do Dia.
 A presente reunião tem por finalidade a produção de prova testemunhal.
 A respeito do depoimento da testemunha, tenho alguns esclarecimentos a fazer ao Plenário, de acordo com o que dispõe o art. 12 do Regulamento deste Conselho de Ética: "a testemunha prestará compromisso e falará somente sobre o que lhe for perguntado, sendo-lhe defeso qualquer explanação ou consideração inicial".
 Após isso, será dada a palavra ao Relator, Deputado Jairo Carneiro. A seguir será dada a palavra ao representado ou ao seu procurador. A chamada para que os Parlamentares inquiram as testemunhas será feita de acordo com a lista de inscrição.
 Eu gostaria de salientar, como nas outras reuniões, que farão uso da palavra só os membros do Conselho de Ética, inicialmente os titulares, posteriormente os suplentes. Cada um terá 5 minutos, com uma réplica de 3 minutos.
 O Deputado, quando usar a palavra, não poderá ser aparteado.
 Hoje temos como testemunha o nobre Deputado Pedro Henry. Temos também aqui um termo de compromisso, que será lido agora.
"Nos termos do art. 12, inciso I, do Regulamento do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, presto o compromisso de falar somente a verdade sobre o que me for perguntado acerca dos fatos relativos ao Processo nº 1, de 2005, Representação nº 28, de 2005, do Partido Liberal, movido contra o Deputado Roberto Jefferson.
Sala de reuniões, 30 de junho de 2005.
Deputado Pedro Henry".
 O primeiro a usar da palavra é o nobre Relator, Deputado Jairo Carneiro.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Nobre Presidente, Deputado Ricardo Izar, nobres colegas, nobre Líder, Deputado Pedro Henry... A pronúncia está certa, é Henry?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Está certa.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - ... mantemos com   V.Exa. relações plenamente cordiais, de mútua consideração. Agradeço-lhe muito a presença neste Conselho, para contribuir com os trabalhos de investigação relativos ao processo disciplinar movido por iniciativa do PL contra o Deputado Roberto Jefferson. O Deputado Roberto Jefferson, de qualquer sorte, sendo investigado, ao mesmo tempo profere denúncias e acusações contra diversas pessoas, inclusive contra   V.Exa. É importante que sua contribuição venha trazer luzes para a elucidação da verdade.
 Eu, inicialmente, apenas por curiosidade — sinta-se plenamente à vontade —, gostaria de fazer uma consulta a   V.Exa. Estou aqui fazendo uma leitura muito rápida do seu currículo, de Vice-Prefeito de Cárceres, terceiro mandato de Deputado Federal, Vice-Líder do PSDB na Casa e atual Líder do PP, tendo transitado por diversos partidos — PPS, PDT, PSDB, PPB, atualmente Líder do PP.   V.Exa. também exerce atividade empresarial? Porque não vi isso registrado em seu currículo. É apenas para ilustração e informação adicional.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, em primeiro lugar vou responder a indagação inicial do Relator. A pronúncia correta não é Henry, não. É verdade que é uma dúvida muito grande. A origem do meu sobrenome é francesa e se ela for pronunciar na origem francesa deveria ser Anri, mas ninguém fala isso. Todo mundo em casa é Pedro Henry, Pedro Henri. Então, eu já me habituei tanto com a sonorização, ilustre Relator, que eu atendo a qualquer um desses chamados. Não há constrangimento nesse sentido.
Em segundo lugar, queria dizer a   V.Exa. e aos nobres pares que aqui estão, que se eu falar que era meu desejo estar aqui eu estaria mentindo. Não é não. Se eu pudesse escolher, eu preferiria não estar aqui. Foi com surpresa, indignação e admiração que nós vimos o envolvimento do nosso nome nessa questão. Em função disso, coloquei-me imediatamente à disposição desta Comissão para prestar os esclarecimentos necessários e hoje estamos tendo a oportunidade de fazer isso.
  V.Exa. deve ter depreendido esse currículo do site da Câmara dos Deputados.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Exatamente.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Se não me falha a memória, há uma menção aí de uma passagem pelo PTB, de filiação.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Exato. Perdão. Foi a primeira.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Eu até pedi que já retirasse isso porque, na verdade, eu não me filiei ao PTB inicialmente. Não que eu não quisesse que isso constasse no meu currículo. Pelo contrário. Tenho grande admiração pelo Partido Trabalhista Brasileiro, pela sua história, mas não chegamos a nos filiar. Houve uma iniciativa nesse sentido, que acabou não se consolidando. A minha primeira filiação foi no PPS.
Quanto à atividade empresarial, quero dizer a   V.Exa. que desde que me elegi Parlamentar pela primeira vez, no ano de 1994, fiquei na condição de suplente, mas acabei ocupando uma companhia estadual de saneamento, eu parei com todas as demais atividades, inclusive com a atividade médica. Não a exerço mais desde janeiro de 1995 oficialmente. Não exerço mais nenhuma atividade médica e empresarial. Então, dedico-me exclusivamente à vida pública.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E   V.Exa. também é servidor público?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Eu sou servidor público porque eu sou concursado no meu Estado, no Governo do Estado do Mato Grosso, como médico legista da Secretaria de Segurança. Eu era perito na Secretaria de Segurança, mas não exerço a atividade desde que assumi a função pública.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Muito obrigado.
Eu também não poderia deixar de registrar o quanto — creio. É o meu sentimento — esta Casa aprecia quando   V.Exa. assume a tribuna para defender, com ardor e com a vibração do tom acústico da sua voz, sua defesa de tese, seja em nome pessoal, seja em defesa de teses da sua bancada, do seu partido e do Governo de que participa. Creio que antes com o Fernando Henrique e hoje com o Presidente Lula, e creio que chama a atenção pela forma muito enfática, determinada, o vigor da sua pronúncia em favor das causas. Esse é um aspecto positivo que considero.
Inicio, então, as indagações a   V.Exa. Diz o Deputado Roberto Jefferson em seu depoimento —   V.Exa. deve ter estado presente e deve ter coligido depois todos os elementos para poder aqui estar com toda a propriedade —, em um momento, que: "Falou com um companheiro e ele diz que não teve coragem de sustentar, e a gente compreende que isso não é dom de todos os homens" — palavras do Deputado Roberto Jefferson. "Que dissesse ao Pedro Henry: avisa ao Pedro Henry que, se ele tomar os 2 Deputados do PTB que ele está tentando com aquela mala de dinheiro, eu vou para a tribuna e conto a história da maçã e do mensalão. Avisa para ele, hein."
Muito bem. Então eu pergunto a   V.Exa.: o que tem a dizer sobre essa declaração? É verdadeira? É falsa? Há qualquer explicação que queira   V.Exa. dar sobre essa alocução do Deputado Roberto Jefferson?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Bem, Deputado Jairo Carneiro, ilustre Relator deste Conselho. Em primeiro lugar quero agradecer a  V.Exa. as palavras elogiosas que faz a minha pessoa, mas eu não sou diferente de nenhum Parlamentar desta Casa.
 Todos nós aqui temos a obrigação de representar os nossos Estados, lutar pelas causas que julgamos interessantes e importantes para o povo que viemos aqui representar e, paralelamente, também decidir as questões que são inerentes e importantes ao País.
Quando V.Ex.a. faz essa menção em referência ao nosso posicionamento e à nossa postura no Congresso Nacional, envaidece-me sobremaneira, mas não ao ponto de subjugar os meus pares. Na verdade, aqui temos grandes valores. Na maior parte das vezes a sociedade não reconhece isso e não percebe o que é a dedicação de um Parlamentar. E   V.Exa., Deputado Jairo, é um Parlamentar que, tenho certeza, orgulha o povo da Bahia porque, com muita determinação e de forma muito aguerrida, representa aqui o seu Estado. Todos nós somos testemunhas do que   V.Exa. tem feito para representar com dignidade aquele povo.
Agradeço a   V.Exa. as palavras elogiosas.
Quanto à questão mencionada na fatídica entrevista fornecida à Folha de S. Paulo, se não me falha a memória, publicada no dia 6 deste mês, o Deputado Roberto Jefferson faz menção nesse trecho de que teria dito ao Deputado Íris Simões para me procurar e me dar esse recado. Eu digo a   V.Exa. e aos nobres pares desta Casa que o Deputado Íris Simões jamais me procurou para me dar esse recado. Nunca conversamos sobre esse assunto. Aliás, ele próprio declarou na Corregedoria da Câmara da Câmara dos Deputados que nunca teve acesso a essa conversa comigo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Desculpe, quem que disse na Corregedoria?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - O Deputado Íris Simões. Disse à Corregedoria da Câmara dos Deputados e disse também à imprensa que jamais levou até a mim esse recado. Aproveito, e acho oportuno dizer, que, na condição de Líder partidário — e aqui tenho vários colegas e companheiros que tiveram a oportunidade de exercer liderança — é notório aqui, ninguém precisa se iludir, que todos os líderes partidários procuram fazer com que suas bancadas cresçam. Convites nós fazemos diuturnamente a outros Parlamentares para que possam adentrar à nossa instituição partidária. Por que disso, nobre Relator, Deputado Jairo Carneiro? Porque todos nós sabemos que, o partido, quanto maior o seu volume nesta Casa, quanto maior for a sua representatividade no cenário político nacional, maior é o seu poder de influência ou de ser agraciado com Relatorias, Presidências de Comissões, quer dizer, tem uma importância significativa no encaminhamento das questões em plenário. Então, há essa disputa, por assim dizer, por trazermos mais Parlamentares. Na função de Líder é absolutamente normal e natural que eu tentasse fazer com que o meu partido crescesse. Confesso, com extrema clareza aqui, que conversei com inúmeros Parlamentares, mas nunca, em nenhum momento, fizemos qualquer proposição com composições financeiras.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Qualquer tipo de compensação, de oferta foi feita com Parlamentar?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Financeira?
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Não. De qualquer natureza.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Não. De qualquer natureza é feito. Lógico que é feito. Há, por exemplo, uma compensação que eu acho absolutamente importante na vida política. E eu tenho certeza de que qualquer Parlamentar aqui sabe do que eu estou falando. Por exemplo, quando você oferece o comando de uma sigla partidária num Estado, vamos dizer que me interessasse, Deputado Jairo Carneiro, seduzir   V.Exa. Eu diria ao senhor: Deputado Jairo, venha para o PP. O PP é um partido que tem um tempo de televisão...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Confesso que nunca fui seduzido. (Risos.)
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Mas, olhe, eu acho que eu quero confessar aqui a minha culpa, a minha falha como Líder perante alguns colegas...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Talvez a minha cara não ajude muito, não.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Na verdade, Deputado Jairo, o comando partidário é uma compensação importante. O ambiente partidário, o respeito à individualidade que o PP sempre exerceu nesta Casa, se olharmos o perfil de votação dos nossos Parlamentares, veremos que sempre respeitamos a posição individual de cada um. Então, esses atrativos todos é que são oferecidos como atrativos, como eu disse, para uma adesão partidária. Mas nunca houve nenhuma proposta do ponto de vista financeiro, que não é da minha índole. Jamais faria isso.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Não considere ofensivo. Há mais algum tipo de atrativo, que não financeiro, que não esse que mencionou de dirigir a sigla no seu Estado?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Sr. Relator, talvez a gente pudesse falar em posições internas aqui dentro, relatorias importantes...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E junto ao Governo, à estrutura do poder?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Olha, cabe ao Líder... E aqui todos nós sabemos, nós temos um problema gravíssimo na relação Legislativo/Executivo. Todos nós sabemos disso. Nós, todos os anos, sentamos aqui, debatemos durante várias horas, vários dias, até meses interruptos o orçamento do ano seguinte. Um orçamento que não é impositivo. Aliás, essa prerrogativa não é prerrogativa deste Governo. Desde que eu cheguei aqui, em 1996, no início de 96, essa relação já existia entre o Legislativo e o Executivo. Nós temos uma Constituição com muitas características parlamentaristas e temos um sistema político muito ligado ao presidencialismo. Quer dizer, o sistema nosso é o presidencialismo, e a Constituição tem muitos componentes parlamentaristas. Então, o Governo acaba precisando do Congresso Nacional. Ele acaba tendo necessidade de ter uma maioria dentro do Congresso Nacional, por causa dessas peculiaridades. Em função disso, a execução orçamentária, ela não é impositiva. Nós discutimos aqui programas, projetos anualmente, mas, no entanto, a execução desses programas fica subordinada à vontade e ao desejo do Executivo. Isso era no Governo anterior, como é neste Governo. Se continua essa metodologia? Em função disso, a execução dos programas e projetos de interesse do Estado de cada um de nós depende também de um certo poder de influência. É óbvio que os partidos que fazem parte da base do Governo — já era assim no Governo do PSDB e o é assim no Governo do atual Presidente Lula — têm certa facilidade na execução das emendas orçamentárias. E compete ao Líder de cada partido, Deputado Nelson Trad, fazer essa interlocução, pedir a execução orçamentária, que é interesse de cada um dos Parlamentares os quais nós estamos liderando. Na função de Líder, até o ano passado, é óbvio que eu cuidava dos meus Parlamentares, dos interesses políticos de cada um deles junto à execução orçamentária, junto ao Poder Executivo. Então, isso talvez possa ser também, Deputado Jairo, encarado como um atrativo. Porque nem todos conseguem, nem todos os Líderes conseguem ter talvez uma boa performance. E nós não podemos nos queixar da nossa relação com todos os Governos — o Governo passado e este Governo. Sempre foram relações positivas nesse sentido.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Quantos Parlamentares   V.Exa. conseguiu atrair para o seu partido? E se puder relacioná-los.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Puxa vida!
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Se forem mais de 20, depois o senhor fornece a relação.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Eu queria pedir ao Luciano... Luciano, traga o meu notebook, por favor. Mas eu vou abordar... Enquanto ele traz aqui, eu vou abordar... Enquanto a minha assessoria traz meu notebook, eu vou abordar o seguinte: o Partido Progressista, diferentemente até do que foi noticiado em alguns setores da imprensa, elegeu na eleição passada 49 Parlamentares — 49 Parlamentares pela sigla partidária. Na época chamava-se PPB — Partido Progressista Brasileiro. Nós fizemos algumas mudanças de nomes. Fizemos uma alteração estatutária e mudamos o nome para simplesmente Partido Progressista. Mas na época da eleição era PPB. E nós elegemos 49 Deputados. Se não me falha a memória, é a quinta maior bancada partidária. Muito bem. Eu estou falando que foi noticiado de forma enganosa, porque alguns segmentos da imprensa falaram que o PP tinha elegido apenas 26 Deputados. Isso não é verdade. É só acessar o site do Tribunal Superior Eleitoral e os senhores vão ver que nós elegemos 49 Deputados. Durante esses 2 anos e meio de Governo do Presidente Lula, o PP não variou muito. Nós chegamos ao máximo de ter 56 Deputados num determinado momento. Então, de 49 a 56 — hoje não sou mais Líder, mas se não me falha a memória são 55 —, houve uma variação de 5 ou 6 daquilo que nós havíamos eleito. Mas, na verdade, saíram muitos Deputados. Alguns licenciados, como é o caso do Deputado Odelmo Leão, que se elegeu Prefeito de Uberlândia; outros cassados, como é o caso do Deputado Narciso, do Acre, que no ano de 2003 sofreu cassação, alguns estão licenciados cumprindo o papel de Secretário de Estado. Mas houve, sim, algumas movimentações. Acho que entre aqueles que saíram, que foram, se não me falha a memória, em torno de 18, que deixaram o PP nesse período e procuraram outras agremiações, outros 24 também adentraram o partido. Então, se analisarmos a curva de variação do Partido Progressista, vamos ver que é uma curva quase que linear, não há grandes alterações nem para baixo nem para cima, portanto não houve grande variação parlamentar no PP. Ao todo, se não me falha a memória — e aqui vou buscar ajuda um pouco mais sofisticada da tecnologia —, são 24 que se filiaram ao partido e, se não me falha a memória, são 18 — posso confirmar esses dados e enviar depois por escrito oficialmente a   V.Exa. — os que deixaram o partido. Agora, especificamente, meu caro Relator, na questão que está em pauta, a relação PP/PTB, se formos pontuar, Deputado Roberto Jefferson, que é do PTB, e eu, que sou do PP, essa relação traz um saldo negativo para o PP: 4 Parlamentares nossos deixaram o PP e foram para o PTB; apenas 2 Parlamentares do PTB deixaram o partido e vieram para o PP. Então, não há nenhuma relação espúria. E não estou querendo afirmar com isso que há alguma fraude ou algum sentido de coação nisso, de forma nenhuma. Nós, que somos Parlamentares nesta Casa, sabemos perfeitamente que há questões regionais que nos motivam às vezes a fazer mudanças partidárias. Há algumas questões que são absolutamente alheias à nossa vontade pessoal que acabam nos motivando a fazer mudanças partidárias. Infelizmente isso acontece na vida pública brasileira. Então, essas alterações partidárias são, para mim, absolutamente normais, e não quer dizer, porque foram 4 para o PTB, que eu tenho raiva ou ódio do PTB, e também não fui lá cooptar, como disse o Deputado Roberto Jefferson, proposta financeira de ninguém. Já afirmei isso anteriormente.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Esses 24 Parlamentares que ingressaram no partido foram durante a sua Liderança e em função de articulações de   V.Exa.?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Não. Não foram só sob a minha Liderança. Eu saí da Liderança e esse ano mesmo houve várias modificações.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Depois   V.Exa. então fornece a relação dos que ingressaram, dos que saíram e daqueles que ingressaram durante o exercício da sua Liderança.   V.Exa. pode fornecer a este Conselho?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Posso, sim, senhor. Posso fornecer inclusive com a data de filiação.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Para concluir essa primeira parte, pergunto se houve algum impulso do Governo incentivando a que   V.Exa. conquistasse e ampliasse a sua legenda, a sua bancada.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Deputado Jairo Carneiro, se   V.Exa. me permitir, só para concluir a pergunta passada, já estou com os dados oficiais em mão. Houve 17 filiações entre os anos de 2003 e 2004 ao PP, meu partido, e, neste ano de 2005, as outras 7 a que eu havia me referido. São 24 ingressos no partido. Então, repetindo, 17 foram ainda em 2004, enquanto eu era Líder do partido, e outras 7 aconteceram mais ultimamente, neste ano, quando eu já não era mais Líder do partido. Desculpa,   V.Exa. pode repetir a pergunta seguinte?
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Houve algum tipo de impulso, de iniciativa, de incentivo, de estímulo do Governo ou do PT para que   V.Exa. realizasse esse trabalho para a ampliação da legenda da sua bancada?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Caro Deputado Jairo Carneiro, quero dizer a   V.Exa. que nunca permiti muito esse tipo de relação do Executivo com a questão partidária nossa. Quem é Parlamentar nesta Casa sabe perfeitamente que o Partido Progressista, apesar de intitular-se base do Governo, sempre manteve com o Governo Federal uma relação crítica e manteve internamente uma relação respeitosa. Falo isso para   V.Exa. e cito como exemplo, se   V.Exa. me permitir, o seguinte aspecto, caros Deputados: no meu Estado, no período eleitoral, fizemos uma aliança com o Governador Blairo Maggi, que é do PPS, e por conseguinte acabamos apoiando o Ministro Ciro Gomes como candidato a Presidente da República. Durante todo o primeiro turno nós fizemos esse trabalho. Quando o Ministro Ciro Gomes perdeu a eleição e não foi ao segundo turno, fizemos uma reunião de todo o grupo político, e a opção que tivemos lá foi a opção de apoiar o Presidente Lula. Fui junto com o Governador a uma reunião em São Paulo, entre o primeiro e o segundo turno da eleição, e fechamos o entendimento de apoiamento ao Presidente Lula. Então, vim para cá com uma ligação, vamos dizer assim, de cabo eleitoral, de quem ajudou ou contribuiu, de certa forma, modestamente, no meu Estado, para a eleição do Presidente Lula. Esse foi o meu espírito. Nesse momento, Deputado Jairo, eu nem sonhava em ser Líder do partido, eu nem tinha essa perspectiva, mas o destino me reservava esse privilégio, e eu agradeço aos meus colegas de partido que me deram essa oportunidade. Acho que isso é um exercício fantástico. Cada Parlamentar que tiver a oportunidade de exercer a Liderança sabe perfeitamente o quanto isso é importante e o quanto isso amadurece o indivíduo, e para mim foi uma experiência fantástica. Então, eu vim nessas condições. Mas no meu partido, o PP, há alguns Estados brasileiros — como não lançamos candidatos a Presidente, não tínhamos um candidato do partido — que fizeram coalizões completamente diferentes. E eu me permito aqui, com todo o respeito, sem querer macular ninguém, fazer uma comparação, por exemplo, com o Estado do Rio Grande do Sul. O PPB, hoje PP, é um partido fortíssimo no Rio Grande do Sul. Tínhamos lá, até a eleição passada, 187 Prefeitos. Então, em tamanho — se número de Prefeitos for tamanho —, era um dos maiores partidos do Rio Grande do Sul, e são adversários ferrenhos do PT. Então, os companheiros do Rio Grande do Sul têm muita dificuldade aqui de apoiar o Governo do Presidente Lula, o que é absolutamente natural, se entendermos a origem de cada um. E, ao longo desses 2 anos em que eu tive o privilégio de ser o Líder da bancada, soubemos respeitar cada um desses Parlamentares. Não obrigamos ninguém a fazer aquilo que não quisesse. Talvez esse seja, caro Deputado Jairo Carneiro, o grande mérito do Partido Progressista, o respeito à individualidade de cada um. E, nesse sentido, conseguimos manter uma bancada harmônica. Falo aqui com orgulho. Durante os 2 anos que exerci a Liderança fizemos reuniões em 27 Estados brasileiros. Reuniões, Deputados Ricardo Izar, em que cada Parlamentar levava a família, levava os filhos, e nós interagíamos como uma grande família. Vejo ali o aceno de cabeça do Deputado Enivaldo Ribeiro, concordando conosco em quanto agradável era isso, porque nós extrapolamos a nossa convivência do cotidiano do Congresso Nacional para a vida familiar e particular de cada um de nós. Então isso, por si só, funcionou como um cimento de lealdade dos companheiros aqui e de respeito ao individualismo de cada um. Por isso, eu me sinto extremamente feliz de ter podido exercer esse mandato. Não houve qualquer influência do Governo na condução partidária, porque nós não permitimos isso, nem eu nem o Presidente do partido.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Essa indagação eu fiz em razão do noticiário da imprensa, que amplamente difundiu essa idéia, do conhecimento geral de todos nós e da sociedade brasileira, para que não pareça despropositado eu fazer isso.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Muito obrigado, Deputado Jairo Carneiro.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Em outro momento no depoimento do Deputado Roberto Jefferson, ele diz: "Mas, Deputado Valdemar Costa Neto, Deputado Janene, Deputado Pedro Corrêa, Deputado Sandro Mabel, Bispo Rodrigues, Pedro Henry, me perdoem, me perdoem de coração, eu não posso ser cúmplice de vocês nessa história que envergonha uma grande parte da Câmara dos Deputados." Ele refere-se ao mensalão. Como   V.Exa. reage a essa declaração, que é grave, que é uma acusação a vários Parlamentares e a   V.Exa.?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Bom, eu quero dizer que tomei conhecimento desse esquema que o Deputado Roberto Jefferson batizou de mensalão através da entrevista que ele fez à imprensa. Até chegaram a me perguntar, na própria Corregedoria, onde nós fomos prontamente prestar os nossos esclarecimentos, chegaram a me perguntar se no mês de setembro do ano passado, Deputado Jairo, havia surgido esses fatos na imprensa, se eu não tinha tido conhecimento. Parece que foi no mês de setembro do ano passado que houve alguma coisa no noticiário. E eu respondi lá na Corregedoria, me foi perguntado novamente: "Mas, Deputado, o senhor tem certeza que o senhor não viu na imprensa em setembro do ano passado?" Tenho certeza, estou dizendo com absoluta tranqüilidade e até com muita humildade que não vi. As atribuições de um Líder aqui consomem o dia a dia de tal sorte, de tal forma, que as pessoas às vezes, membros da sociedade civil que não têm função pública, conhecem mais das coisas que acontecem aqui dentro do que nós mesmos, que estamos aqui dentro. Cito como exemplo disso um episódio em que houve aqui uma manifestação na frente do plenário da Câmara e do Senado em que quebraram vidros, tudo o mais. Eu passei o dia inteiro aqui, Deputado, e não vi nada disso. Estava aqui dentro do Congresso, trabalhando, e me assustei quando cheguei em casa e fui ver o noticiário noturno, e acabei vendo tudo aquilo. Falei: "Escuta, isso aconteceu no Brasil? Foi aqui?" Estou só citando esse exemplo para dizer a vocês que a maior parte do tempo a gente passa evolvido em reuniões, ainda mais quando se tem a obrigação de exercitar a palavra representando honrosamente mais de 50 Parlamentares. Você passa envolvido aqui em reuniões diárias, exaustivas e seguidas, quer no Colégio de Líderes, quer com o Poder Executivo, quer com a sua própria bancada. Eu adotei uma prática aqui: quando eu ia para uma reunião de Colégio de Líderes ou da base do Governo, eu antes reunia a minha bancada, discutíamos, Deputado Benedito de Lira, cada assunto, tirávamos o norte da minha bancada para eu poder ir defender esse assunto. Essa foi a minha prática, esse foi o meu exercício de Liderança. Então, digo a  V.Exas. que aqui estão: tomei conhecimento dessa história de mensalão pela entrevista que o ilustre Deputado Roberto Jefferson deu à Folha de S.Paulo. Antes, eu não tinha ouvido isso.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Muito bem. Agora, a pergunta, objetivamente, é: qual a sua reação diante dessa declaração dele no depoimento perante o Conselho? Eu li que ele disse que não poderia ser cúmplice de alguns que ele cita, inclusive de   V.Exa., nessa vergonha que é o mensalão. Qual a sua reação?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - A minha reação foi fazer o que eu estou fazendo agora, colocar-me inteiramente à disposição deste Conselho para vir aqui responder a todas as perguntas que forem formuladas a mim. Não há outro tipo de reação. Se   V.Exa. pretende saber se eu tomei algum tipo de atitude, não foi por esta declaração que eu tomei a atitude que já tomei. Na verdade, quando saiu a reportagem publicada na Folha de S.Paulo, meu primeiro passo, minha primeira atitude foi fazer um ofício endereçado ao Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Severino Cavalcanti, pedindo a ele que, diante da gravidade das denúncias feitas pelo Deputado Roberto Jefferson na imprensa nacional, que o Presidente da Casa determinasse a apuração na Corregedoria. Entendia eu, Deputado Jairo, ilustre Relator, não sei se de maneira equivocada a interpretação regimental que dei, entendia eu que lá deveria iniciar o processo de apuração. Então, encaminhei esse ofício no mesmo dia, pedi ao Deputado Severino que procedesse à abertura de um processo de sindicância na Corregedoria da Câmara. Isso foi prontamente atendido, coloquei-me à disposição imediatamente do Corregedor da Casa para ir prestar o meu esclarecimento. Não sei se fui o primeiro ou fui o segundo, mas fui um dos primeiros a ir lá. Da mesma forma me portei quando houve a representação de que nós estamos tratando aqui, que é a representação do Partido Liberal contra o Deputado Roberto Jefferson. Também me coloquei à disposição para aqui conversar e poder esclarecer. Afora isso, Deputado Jairo Carneiro, não tomei outras providências porque estou aguardando o desenrolar dos fatos. Obviamente, vejo que minha honra foi atingida. Há um prejuízo disso. Disse, no início desta sessão, que me sinto desconfortável. Não gostaria de estar envolvido nisso tudo. Não é da minha índole, não é da minha personalidade fazer isso. Infelizmente, a obrigação como homem de vida pública me traz aqui, perante os senhores, para prestar todo e qualquer esclarecimento que for necessário. Não tenho medo de nenhuma verdade, não tenho medo de encarar os fatos que precisam ser encarados e de responder a toda e qualquer pergunta.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Então, a instauração da sindicância que está em curso foi iniciativa de   V.Exa.?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Eu não sei se outros o fizeram, mas eu o fiz, e o fiz de pronto.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Muito bem.   V.Exa. pode oferecer à Mesa uma cópia desse ofício?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Posso, sim. Peço à assessoria que vá anotando para mim, por favor.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Prossigo.   V.Exa., juntamente com os Deputados Bispo Rodrigues e Valdemar Costa Neto, Presidente do PL, reuniram-se para pressionar o Deputado Múcio para receber o mensalão? Isso também consta do depoimento do Deputado Jefferson, quando diz que foram pronunciadas as seguintes palavras: "Que é que é isso? Vocês não vão receber? Que conversa é essa? Vão dar uma de melhores que a gente?", atribuindo a   V.Exa. O Deputado Roberto Jefferson.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Eu nego, Deputado Jairo Carneiro, Srs. Parlamentares. Essa reunião nunca existiu. Existiram inúmeras reuniões, incontáveis, em que estivemos juntos o Deputado José Múcio Monteiro, o Deputado Valdemar Costa Neto, o Deputado Bispo Rodrigues, o próprio Deputado Roberto Jefferson e outros Líderes, diversos. Nossa Senhora, foram 2 anos de incansáveis reuniões para discutir inúmeros assuntos, especificamente envolvendo o PTB — Partido Trabalhista Brasileiro — é melhor eu falar por sigla, para não ficar confundido no som —, o PP e o PL. Houve mais, porque, de certa forma, esses 3 partidos trabalhavam aqui mais ou menos alinhados, mais ou menos em conjunto. E nós tivemos um período em que esses 3 partidos, as Lideranças desses 3 partidos, tanto os Presidentes nacionais como os Líderes desses partidos, sentiram a necessidade de se unir pela questão da condução da reforma política, que nós sentimos que estava sendo conduzida de maneira desfavorável aos nossos interesses. Então, nós fizemos, vamos chamar de uma tríplice aliança desses 3 partidos, e houve reuniões mais amiúde. Mas nunca, nunca, Sr. Relator, foi abordado qualquer assunto referente a esse tema que o...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Do mensalão.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - ... do mensalão, que o Roberto Jefferson coloca. Aliás, eu vejo com indignação o seguinte: nós convivíamos aqui semanalmente, às vezes diariamente, no Colégio de Líderes, e eu nunca ouvi o Deputado Roberto Jefferson mencionar esse assunto diretamente a mim. Em 2 anos de Líder, ele nunca mencionou esse assunto para mim. E digo mais, durante esse último ano agora, de 2005, em que eu deixei a Liderança, eu tenho me voltado muito mais às questões regionais, do meu Estado, meio que, vamos dizer assim, saí do foco da cena, do cenário político, e fiquei muito mais recolhido às minhas questões regionais. Confesso a   V.Exa. que praticamente não tive mais convivência no Colégio de Líderes, muito menos com o Deputado representado aqui ou com qualquer outra Liderança partidária. Eu fiquei muito mais fora do cenário do que isso. Então, em nenhum momento nós ouvimos esse tipo de coisa. Aliás, não fui só eu que estou dizendo que não houve essa reunião, todos os mencionados estão dizendo publicamente que não houve essa reunião.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Então, para ficar bem patente,   V.Exa. nunca propôs mensalão a nenhum Parlamentar?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Nunca.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E nunca recebeu proposta para receber mensalão?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Nunca.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO -   V.Exa. conhece os senhores Delúbio Soares e Marcos Valério?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - O Sr. Marcos Valério, eu o conheço pela imprensa, nos últimos dias. Antes disso, nunca estivemos juntos, nunca estivemos em nenhuma reunião. Não fui apresentado pessoalmente. Tenho certeza de que esses fatos, ao longo do processo de apuração, ficarão muito patentes, muito evidentes, porque não há nenhum tipo de relação que eu mantenha com esse indivíduo. Aliás, eu o conheci pela televisão.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Nenhum dos dois?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não, espere um pouquinho, falei do...
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Marcos Valério.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — ... Dr. Marcos Valério.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Nem por contato telefônico?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Nem por contato telefônico. Nunca conversei com esse cidadão, não tenho nenhum tipo de ligação. Nada. Com respeito ao Dr. Delúbio, proferi uma nota à imprensa, no dia que saiu essa entrevista do representado na Folha de S. Paulo, e acabei dizendo lá que nós não mantínhamos relações. Até a imprensa de Mato Grosso me fez uma correção: quando da campanha do Deputado Greenhalgh à Presidência da Câmara, ele visitou o meu Estado, Mato Grosso, e, através do Partido dos Trabalhadores — PT, marcou uma audiência com o Governador Blairo Maggi e chamou todos os Parlamentares para estarem presentes ao Estado para fazerem uma visita de cortesia. Estava fazendo uma visita de campanha, na verdade, e ele pediu que nós, Parlamentares, estivéssemos lá, juntos. Eu fui a essa reunião no gabinete do Governador, e o Deputado Greenhalgh estava acompanhado do Deputado Professor Luizinho, que, na ocasião, era Líder do Governo, e também do Sr. Delúbio Soares. Então, o nosso conhecimento é de reuniões desse tipo, que aconteceram, casualmente, no Estado do Mato Grosso, quando da visita deles. E numa outra oportunidade, tivemos que estar juntos na sede do Partido dos Trabalhadores, quando fui, uma vez, conversar com o Deputado José Genioso, e ele também estava junto nessa reunião.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Em São Paulo?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não, aqui em Brasília.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Em Brasília. No Palácio do Planalto,   V.Exa. nunca viu o Sr. Delúbio?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Nunca fiz reunião com o Dr. Delúbio lá no Palácio. Eu Freqüentava...
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Mas nunca o viu?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não, nunca o vi. Na verdade, eu freqüentava muito o Palácio. Todo mundo sabe que os Líderes partidários praticamente diariamente freqüentam o Palácio do Planalto. Eu nunca o vi lá.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Nunca?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Nunca fiz nenhuma reunião com ele lá e com o Presidente.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Mas sabia que ele fazia reuniões lá?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não. No Palácio, não. Não tinha esse conhecimento.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Não tinha?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — E olha que eu tratava diretamente na Casa Civil com o então Ministro da época, José Dirceu; com o seu sub..., com o seu Chefe de Gabinete, o Berger. A gente circulava muito lá, porque tinha muitas tratativas a serem feitas junto ao Governo, e eu nunca o vi lá.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Costumava encontrar outros dirigentes do PT no Palácio do Planalto?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Talvez a memória possa me trair um pouco neste momento, mas, talvez, o Genoíno a gente tenha encontrado algumas vezes.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — E o Sílvio Pereira?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não. Sílvio Pereira, não me lembro. Tenho pouca relação com esse cidadão.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Prossigo. O jornal O Estado de S.Paulo divulgou declaração do Secretário-Geral do PP, Sr. Benedito Domingos, segundo a qual, em seu partido, o dinheiro era distribuído no apartamento do Deputado José Janene, do PP do Paraná, num edifício da região da Asa Sul, em Brasília. O que   V.Exa. tem a dizer a respeito?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Olha, o que posso dizer a respeito a   V.Exa., acho que   V.Exa. vai ter oportunidade de perguntar isso diretamente ao Deputado José Janene, porque ele é um dos citados na matéria e, obviamente, ele também vai fazer o mesmo papel que eu: vir aqui, servir de testemunha, a convite desta Comissão, para poder prestar esclarecimentos necessários. Da minha parte, o que posso dizer a   V.Exa., Deputado Jairo Carneiro, ilustre Relator, é que o Deputado José Janene tem uma virtude muito grande: ele contratou uma cozinheira que, cá entre nós, Deputado-Relator, tem qualidade espetacular. Mais do que isso: além de ter habilidade para a arte culinária, é uma pessoa que não tem preguiça. É comum se reunirem no apartamento do Deputado José Janene não só Parlamentares do nosso Partido, o PP, Partido Progressista, mas como a maioria dos vizinhos do prédio dele, que são vizinhos de apartamento e que também freqüentam lá, porque a comida é muito boa, muito agradável. Mas são reuniões não com o objetivo que estão sendo colocados aí, são com objetivos gastronômicos, de lazer, nos momentos de folga, exatamente nos momentos pós-votação. Então, eu nunca participei desse tipo de reunião que o Deputado representado coloca, mas, sim, gastronômicas. Aliás, deixei algum tempo de ir lá até por questões de saúde. Tive ganho de peso de quase 20 quilos, um absurdo, em função de muitas vezes estar freqüente lá. Isso me causou custo bastante grande, porque tive que freqüentar spa, tive que fazer uma série de tratamentos. Foi até objeto de gozação, no final do ano, quando houve um momento em que estávamos cotados para assumir um Ministério e a imprensa começou a falar que eu estava fazendo regime para poder ir para o Ministério mais bonito. Mas não era isso, era um problema de saúde, de natureza médica. Tenho um problema hepático grave, tenho uma infecção, tenho hepatite tipo C, uma doença crônica, de evolução arrastada, e a gordura me faz mal. E me encontro novamente fora de peso, Deputado Ricardo Izar, estou precisando novamente fazer o meu regime. Porque isso me faz mal, organicamente. Eu, como médico, tenho consciência disso, o que é pior.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO —   V.Exa. teve oportunidade de encontrar o Sr. Benedito Domingos em alguma dessas reuniões?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputado Benedito Domingos?... Se eu tiver que ter um padrinho no Partido Progressista, atribuo esse apadrinhamento a 2 figuras: primeiro, ao Ministro Francisco Dornelles; segundo, ao querido Bené, como eu o chamo. Posso dizer aos senhores aqui, com absoluta tranqüilidade e clareza, que talvez em toda essa história que está sendo colocada a público, e que está sendo colocada à sociedade brasileira com bastante constrangimento, posso dizer que o episódio que mais me causou mal, pessoalmente, foi esse episódio com o Benedito Domingos. Eu, se   V.Exa. me permitir, gostaria que me concedesse um tempo...
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Eu farei outra indagação relacionada, mas primeiro esta: em algum momento o senhor encontrou o Sr. Benedito Domingos em reunião na casa do Deputado José Janene?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não, não. Eu encontrava freqüentemente com o Benedito Domingos aqui na liderança do Partido e na sede nacional do Partido porque ele era nosso tesoureiro nacional, o homem que cuidava das finanças do partido. É uma figura que tem representatividade no nosso partido muito forte, é emblemático para todos nós. Então, esses eram os locais em que eu encontrava com maior freqüência o ex-Deputado e ex-Vice-Governador Benedito Domingos.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Eu entendo que   V.Exa. declarou, em resposta, que não tem conhecimento de que ocorresse distribuição de dinheiro no apartamento.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Exatamente.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Não tem conhecimento?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não tenho.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO —   V.Exa. não contesta a declaração do Sr. Benedito Domingos, apenas   V.Exa. não tem conhecimento;   V.Exa. não participou de reunião de distribuição de dinheiro. Quero ressalvar, para deixar clara qual é a sua contribuição, independentemente daquilo que é uma declaração da responsabilidade do Sr. Benedito Domingos, pela qual ele tem de responder ou comprovar. Claro?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Certo.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Justo. Ainda com referência ao Sr. Benedito Domingos, declarou ele que há 2 meses foi procurado por   V.Exa. dizendo-se porta-voz de uma proposta de apoio financeiro dos Deputados Pedro Corrêa, do PP de Pernambuco, e José Janene, do PP do Paraná, em troca de que ele abandonasse a Presidência do PP no Distrito Federal. O que o senhor declara a respeito disso?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — A respeito disso, declaro que há um equívoco em sua plenitude. Isso não é verdade. Volto a salientar, Deputado Jairo Carneiro, que talvez em todo esse episódio o que mais me machuca e o que mais me magoa é exatamente isso, dada a relação de amizade e o sentimento que eu tenho de carinho para com o meu querido Bené, que é Benedito Domingos. Tenho uma relação de amizade profunda com ele. Na verdade, o que aconteceu foi que ele ligou várias vezes ao meu gabinete, e eu estava fora. Quando cheguei ao meu gabinete, recebi recado da minha secretária: "Olha, o Benedito Domingos quer falar contigo". Falei: "Ligue a ele". Liguei a ele. Ele falou: "Pedro, preciso falar com você". Falei: "Bené, o que é isto? Você não tem hora, não tem dia, cara. A hora que você quiser e onde você quiser. Onde é que eu tenho que ir?". Ele falou: "Não, eu vou aí no seu gabinete". Portanto, não fui eu quem o procurou, ele foi ao meu gabinete". Segundo...
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Desculpe, ele não diz que   V.Exa. o procurou...
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Ele disse que eu o procurei. Ele disse isso.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Nessa declaração, não. Ele disse que 2 Deputados se apresentaram a ele como porta-vozes seu.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Bom, eu não li isso. Na matéria que eu li no Correio Braziliense, ele declarava que eu o tinha procurado...
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Então, indago:   V.Exa. credenciou esses 2 Deputados a irem em seu nome?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Não?
 
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não sei nem quem são esses Deputados, e eu não credenciei ninguém a ir. E também estou explicando a   V.Exa. como aconteceu a conversa.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Permita-me, porque acho útil ressalvar logo sua posição.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Pois não, Deputado.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Se   V.Exa. não credenciou esses Deputados, e o Sr. Benedito Domingos declara à imprensa que eles foram lá como seus porta-vozes, ou prepostos, que reação   V.Exa. tomou diante dessa declaração que ele deu para a imprensa e a sociedade brasileira, atribuindo-lhe algo que   V.Exa. não fez.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Pois é, eu disse que não era verdadeiro.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Mas apenas isso?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Apensa isso. Apenas isso, e eu explico...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Por que não mais do que isso?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Eu não sei o que   V.Exa. pensaria em mais fazer: processá-lo...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Eu acho que atinge sua imagem, eu acho que fere a dignidade de   V.Exa. Por mais digno que seja o Sr. Benedito Domingos, por mais amigo que ele seja de   V.Exa., é uma leviandade e é grave o que ele atribui a   V.Exa.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputado Jairo,   V.Exa. precisa compreender o que está acontecendo, por isso gostaria de contar a história como um todo, para que   V.Exa. pudesse entender. Eu fui procurado então pelo Deputado Benedito Domingos...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Mas não deixe de responder a esse ponto.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Vou responder, na seqüência, Deputado; na seqüência lhe respondo. Fui procurado pelo Deputado Benedito Domingos, que falou que queria conversar comigo no meu gabinete. Eu o recebi. E ele foi lá me fazer um apelo, um pedido. Falou: "Pedro, me ajuda. Estão querendo me tirar o comando do diretório do Distrito Federal, e eu preciso da sua ajuda, sou seu amigo. Quando você precisou de mim, eu estive em Cuiabá várias vezes a seu benefício." Eu falei: Bené, pára de reclamar, eu sou seu amigo, vou ajudá-lo, vou conversar com o partido. O que está acontecendo?" Ele falou: "Estão tentando trazer para o partido o Senador Valmir Amaral e passar o comando partidário para ele, porque eu já tenho um cargo na executiva nacional do partido." Eu falei: "Tudo bem, vamos lá, vamos conversar com o partido. Quando vai ser essa reunião?" Ele falou: "Depois de amanhã." Falei: "Estarei lá para defendê-lo". E de fato, Deputado Jairo, fui a essa reunião. E fiz um discurso, e os meus companheiros que estão aqui, que participaram daquela reunião, sabem perfeitamente o quanto eu defendi o Benedito Domingos. E propus ao partido que nós referendássemos um acordo, que nós fizéssemos um entendimento. Era importante para o PP ter um representante no Senado da República para ter uma bandeira do nosso partido lá no Senado. Por isso esse esforço de todos os companheiros em trazer para o partido um Senador. Mas era importante também preservar um companheiro histórico, fundador do PP. E foi nessa linha que nós discursamos e acabamos chegando a um entendimento. O entendimento era de que Benedito Domingos indicaria, Deputada Angela, 7 membros para a executiva regional do Distrito Federal, e o Senador Valmir indicaria outros 7 membros. Ainda fariam parte da executiva provisória do Distrito Federal o Deputado Distrital Wigberto Tartuce e o ex-Deputado Jofran Frejat, que fechariam a lista de 16 membros. A executiva nacional indicaria o outro nome. Seriam 17. Ficava paritário. Esse foi o acordo, depois de um discurso que eu fiz aos meus companheiros pedindo esse entendimento. Implorei a ele que aceitasse também isso. Nós nos demos as mãos, e eu saí de lá convencido de que o acordo estava feito, estava formulado, saí com o espírito transbordando de alegria porque havia conseguido ajudar um amigo: resolvemos, acomodamos, encontramos uma equação satisfatória — esse foi o espírito, Deputado Jairo, com que saí daquela reunião. Fui surpreendido alguns dias depois por essa declaração, porque, na seqüência, ele acabou registrando uma ata no TRE, não cumpriu o acordo que fechou no partido. O partido decretou a intervenção. E aí começou uma sucessão de fatos, de brigas internas dentro da cúpula partidária. O Deputado Benedito Domingos ficou talvez constrangido, ou talvez — me falta o adjetivo mais adequado —, acuado, talvez, e disparou uma série de críticas infundadas à minha pessoa, que sinceramente eu não mereço. Nessa relação de amizade, de carinho, eu entendo a frieza de   V.Exa. quando recebe isso, porque   V.Exa. não entende. Benedito Domingos foi à minha cidade, no interior do Mato Grosso, em Cárceres, fazer representação partidária num momento em que eu estava muito fragilizado no meu Estado. Esteve junto comigo em Mato Grosso, inaugurou obras comigo, fez discursos a meu favor, deu declarações altamente positivas à imprensa como Vice-Governador do Distrito Federal. Então, era uma pessoa com a qual eu tinha uma relação de extrema amizade. E, aí, de repente, eu vi tudo isso e falei: "Meu Deus do Céu, que bobagem que o Benedito fez!" Esse foi sentimento que eu tive na hora.   V.Exa. podia me perguntar: "Mas por que não o processou?" Talvez isso servisse para a imprensa, talvez isso servisse como argumento, mas o meu sentimento pessoal não era esse, meu sentimento pessoal era de dor, era de traição; me senti traído. Eu estou dando um tempo. Eu rezo todos os dia, Deputado Jairo, na expectativa de o Deputado Benedito Domingos retroceder e falar a verdade, dizer com clareza ao povo e à sociedade brasileira que eu jamais fiz qualquer proposta a ele de natureza financeira ou deleguei a terceiros essa propositura. Eu tenho certeza de que em sua sã consciência ele ainda vai acabar dizendo ao povo brasileiro que isso nunca existiu da minha parte, que eu jamais fiz qualquer proposta financeira a ele.
E é nessa expectativa que eu não vou fazer retaliação nenhuma; eu vou aguardar o desfecho. Digo aos meus colegas aqui da Câmara dos Deputados: "Não fiz isso, jamais o faria". Pelo contrário, a relação como Benedito era o contrário. Ele era o tesoureiro a quem eu recorria para repassar os recursos para o meu Estado." Era ele quem autorizava as transferências do fundo partidário para os Estados do nosso partido. Então, nossa relação sempre foi essa. Eu não o processei e não desejo fazê-lo. Se   V.Exa. me perguntar se os meus sentimentos me falam para fazê-lo, digo que não falam, não falam. Não tenho esse desejo. Tenho um profunda admiração por ele, e espero que ele justifique essa admiração que tenho por ele e que possa retroceder nas suas declarações, porque elas não são verdadeiras.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — E   V.Exa. nem dirigiu a ele uma palavra depois disso?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não, senhor. Não telefonei, não o procurei e não vou procurá-lo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — E   V.Exa. chamou os nobres Deputados — está aqui presente o nobre Deputado Pedro Corrêa — Pedro Corrêa e José Janene para que também lhe dessem alguma explicação sobre essa declaração do Sr. Benedito Domingos?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputado Relator Jairo Carneiro, o Deputado Pedro Corrêa e o Deputado Janene terão oportunidade de vir aqui.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Exatamente.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Já se colocaram à disposição desta Comissão. E no momento oportuno, quando for agendado, tenho certeza de que vão poder dizer...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Mas   V.Exa. o chamou diante da declaração do Benedito Domingos?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Se   V.Exa. me pergunta se nós conversamos sobre esse assunto, nós conversamos.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Depois da declaração do Benedito Domingos?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Depois da declaração nós conversamos e falamos: "Mas o que está acontecendo?" E realmente o sentimento dentro do partido é este: o que está acontecendo com o Bené?
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — E o que ouviu desses 2 Deputados?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — A indignação, a surpresa; ninguém estava entendendo. Agora, eu preciso relatar aqui, Deputado Jairo, que há um problema pessoal entre o Deputado Janene e o Deputado Benedito Domingos; houve rusgas significativas. Na eleição passada, o Deputado Benedito Domingos estabeleceu, parece-me que no segundo turno da eleição passada — refiro-me à eleição de 2002 —, houve uma parceria política no segundo turno da eleição com o Partido dos Trabalhados aqui — o candidato na época era o Geraldo Magela. E o Bené acabou ajudando o Geraldo Magela no segundo turno — desculpem-me, o ex-Vice-Governador e ex-Deputado Benedito Domingos acabou ajudando o Deputado Magela aqui, que ficaram muito próximos nessa aliança. O Deputado Magela perdeu a eleição, o Governador Roriz se elegeu, e houve algumas gestões do Deputado Magela em ajudar o Deputado Benedito, que acabou ficando sem mandato, para que ele fosse também exercer um cargo de direção junto ao Governo Federal, mais precisamente, por incrível que possa parecer, uma diretoria nos Correios. E eu fiz algumas gestões junto ao Governo no sentido de ajudar para que isso se consolidasse. Graças a Deus que isso não aconteceu, porque senão hoje talvez o Benedito Domingos estivesse no foco dessa discussão também. Graças a Deus que isso não aconteceu, mas nós fizemos várias gestões, e aconteceram algumas rusgas, porque o Deputado Janene era contrário à ida do Benedito Domingos para essa diretoria. Então ficou uma rusga e, quando surgiu a intervenção aqui, ampliou-se a rusga, e eu prefiro acreditar — e acredito piamente, Deputado Jairo — que eu estou sendo envolvido nessa história injustamente pelo Deputado Benedito Domingos. Mas me parece até que   V.Exa. já deve ter aí também requerimento pedindo que ele venha aqui...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Ele vai comparecer como testemunha arrolada pela defesa.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Talvez ele possa explicar melhor isso. O que eu posso dizer aqui sem nenhum constrangimento aos meus pares que estão aqui, hoje, nesta Comissão, é que eu jamais fiz qualquer proposta financeira ao Deputado Benedito Domingos para que ele deixasse o diretório ou deleguei a alguém o poder de fazê-lo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Ele continua na Presidência do partido?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Eu não sei. Não sei... Sabe por quê, Deputado Jairo? Novamente eu vou explicar a   V.Exa., eu vou explicar a   V.Exa. por que eu não sei — eu acho que haverá um momento em que   V.Exa. pode esclarecer isso. Porque eu, desde que deixei a liderança, tenho me voltado mais para os meus projetos regionais. Então, não estava nem participando mais das reuniões nacionais do partido. Eu estava muito dedicado ao meu projeto estadual e, em função disso, eu só fui à reunião da executiva nacional porque ele me pediu para ir, para ajudá-lo. E estou saindo dessa reunião envolvido num episódio ruim, desagradável como esse, envolvido até por ele próprio, de uma forma completa e absolutamente injusta.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — A sua relação hoje com o Sr. Benedito Domingos é...
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não existe. Depois que ele deu essa declaração, eu não falei mais com ele.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Muito bem.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Ele não me procurou, e eu não o procurei.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Tenho mais duas indagações.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Pois não, Deputado; quantas   V.Exa. quiser fazer; é um prazer falar com   V.Exa.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Obrigado.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Muito agradável.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Igualmente. Nas indicações de nomes para diretorias de empresas estatais,   V.Exa. participou de indicações, liderando o seu partido ou pessoalmente ou em nome da bancada, para algumas empresas?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputado Jairo, como Líder partidário, a gente sempre assina esses ofícios junto com o Presidente, com o Secretário Nacional do partido. Então, nós fizemos alguns ofícios fazendo indicações, sim. Não só indicações para participar de, como   V.Exa. diz...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Diretorias de empresas estatais.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — De diretorias de empresas, mas também de cargos em nível estadual para alguns companheiros que tinham interesse. Esses ofícios normalmente eram encaminhados, sugestões ao Governo Federal para ocupação de espaços estaduais. Eles eram encaminhados pelo Líder do Partido, então eu acabava assinando, porque o Líder do partido, até mais do que o Presidente Nacional do partido, é quem tem relação mais próxima com o Executivo, está no cotidiano, no dia-a-dia. Então, eu realmente mandei alguns ofícios nesse sentido ao Governo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Desses nomes que estão relacionados, citados, acusados, de qualquer forma mencionados pelo Deputado Roberto Jefferson constam alguns?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY —   V.Exa. pode me pegar na palavra aí. Eu queria ser mais cauteloso.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Então   V.Exa. poderia fornecer a relação dos indicados que estão ocupando cargos em empresas estatais?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Eu preferia que   V.Exa. fizesse diferente. Se   V.Exa. me permitir, dada nossa amizade e companheirismo, se   V.Exa. me falar o nome, vou falar para o senhor... Eu não sei o que ele mencionou. Nos Correios nós não temos ninguém — isso eu posso lhe afirmar.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO —   V.Exa. pode dizer em que empresas tem.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — No IRB há uma indicação que é do partido.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — No IRB?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — É. O Dr. Lucena foi uma indicação que o partido fez.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO —   V.Exa. também subscreveu a indicação?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Eu não posso precisar isso com segurança, mas eu acho que sim. Eu acho que sim, porque era quem encaminhava...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Em que outras empresas?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Há também uma representação, que não é mais hoje, na Secretaria de Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. Estava lá o Dr. Luís Carlos, que também já foi exonerado, não está mais, não há nenhum substituto nosso no local — o Ministro o substitui por outra pessoa que não de indicação nossa. Há também uma diretoria na ANVISA para a qual nós fizemos a subscrição — se não me falha a memória, o Dr. Victor Hugo. Há também uma diretoria de abastecimento da PETROBRAS, com o Dr. Paulo Roberto, também subscrito por nós. Que eu me lembre, de relevância...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Correios? Furnas?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não. Não.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — ELETRONORTE?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não. ELETRONUCLEAR — parece-me que foi citada aí —, ninguém. Nunca assinei nenhum ofício nesse sentido. E há algumas sugestões que foram feitas, como eu disse, em nível estadual, níveis pontuados. Por exemplo, no meu Estado, apesar de ter sofrido uma barreira incrível até de personalidades do Partido dos Trabalhadores do meu Estado, eu sugeri lá o superintendente da Caixa Econômica. Foi uma sugestão que eu fiz; era um funcionário de carreira da Caixa, e eu fiz. E há outros Estados em que há outros cargos que a gente fez a sugestão, ajudando a contribuir para a montagem da equipe de Governo. Obviamente que isso aí se refere a cargos de menor importância, de menor amplitude.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Das indicações, sejam aqui a nível federal, Brasília, sejam nos Estados, existem nomes indicados pelo partido, pela liderança, que estejam sendo alvo de qualquer tipo de investigação?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Aqui, a nível federal?
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Dos nomes indicados que estão ocupando cargos, aqui em Brasília ou nos Estados. Existem nomes...?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Processos administrativos, a gente não fica nem sabendo o que está acontecendo nos Estados.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Essas investigações que aí estão sendo promovidas pela Polícia Federal, Ministério Público, Corregedoria-Geral da República?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputado Jairo, que eu tenha conhecimento, neste momento, só se a memória me traia, mas eu sinceramente... Essa pergunta, eu acho que ela está sendo genérica demais. Eu não estou me lembrando.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Não,   V.Exa. se sinta à vontade. Eu não quero criar embaraço para   V.Exa.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não, não é isso. Se   V.Exa. pudesse ser mais objetivo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — É porque eu também não disponho assim com precisão dos nomes.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Ah, bom, porque eu acho que é arriscado. Sabe por quê? Amanhã ou depois alguém pode pegar esse texto de resposta aqui e falar assim: "Oh, o senhor falou que tem fulano lá que está sendo processado lá no Pará, que tá não sei o quê".
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Tudo bem.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Como vou saber dessas coisas?
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Eu peço, então, que   V.Exa. possa responder posteriormente por escrito, fornecendo os nomes dos indicados que ocupam cargos na administração federal e se alguns estão respondendo a qualquer tipo de investigação por práticas de irregularidades.   V.Exa. pode fornecer posteriormente por escrito. Diz o Deputado Roberto Jefferson que os partidos, palavras dele, quando indicam pessoas para ocupar cargos na administração, estabelecem um pacto com essas pessoas para que elas se comprometam a arrecadar recursos para fornecer ao partido que o indica. Existe essa situação no caso das indicações do seu partido? Existe esse compromisso das pessoas?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — O Partido Progressista nunca adotou essa prática. Se   V.Exa. se refere à mesada ou mensalidade, como foi mencionado...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Qualquer expressão que possa ser...
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não há esse tipo de prática nem de reciprocidade nas indicações que nós fizemos. Aliás, quero dizer a   V.Exa., pessoalmente, que no meu Estado me sinto muito orgulhoso, porque indiquei o superintendente da Caixa Econômica, o Chefe de Escritório da Caixa Econômica, e ele foi premiado pela Caixa Econômica como um dos melhores do ano passado em escritórios de negócios da Caixa Econômica. É funcionário de carreira, de muitos e muitos anos na Caixa Econômica, o único mato-grossense a dirigir a Caixa Econômica no meu Estado, nunca tinha sido um mato-grossense. Eram sempre pessoas de outros Estados que vinham para lá. E houve uma resistência tão grande quanto a essa indicação que, depois que ele ganhou esse prêmio,   V.Exa. não imagina quanto que eu vibrei de emoção de ter podido apresentar um nome, sugerido um nome. Primeiro, era natural de Mato Grosso, da minha cidade do interior do Estado, que é Cárceres, na fronteira com a Bolívia, e por ele ter ganho um prêmio como o melhor Chefe de Escritório deste País.   V.Exa. vê até na minha face a satisfação que eu tenho de ter podido participar dessa indicação.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Eu acho que é o prestígio de   V.Exa., eu acho que o cheque em branco o senhor merece. Só pra concluir, se   V.Exa. não se opõe, havendo eventualmente interesse deste Conselho em que   V.Exa. possa estar diante de um Parlamentar ou ex-Parlamentar para uma eventual acareação,   V.Exa. teria alguma objeção?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Eu não entendi a pergunta de   V.Exa.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Uma eventual acareação com algum Parlamentar ou não Parlamentar?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não. Se eu teria objeção a uma acareação, se for necessário? Se o Conselho entender, no futuro, se é necessário?—
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Correto.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não tenho nenhuma objeção a fazer.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Estou satisfeito, Presidente. Quero, desculpe, saudar o advogado do representado, o que não fiz no início.-
O SR.. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Com a palavra agora o advogado do representado, Dr. Itapuã.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — Sr. Presidente, Sr. Relator, nossos cumprimentos. Vou me dirigir, nos termos regimentais, a   V.Exa. para que possa repassar a pergunta ao nobre Deputado. Sr. Presidente, o Deputado Pedro Henry foi eleito Líder do PP em que mês? Em 2003, 2004, em que mês?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Se a memória não me trai, em fevereiro de 2003.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — E permaneceu Líder, Sr. Presidente, do partido até quando?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Janeiro de 2005.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — Mesmo no exercício da Liderança, Sr. Presidente, naquela época em que a Folha de S.Paulo publicou aquela matéria a respeito do mensalão, ele, quando foi instalada aquela sessão aqui na Casa para fazer aquela apuração, nem mesmo na condição de Líder ele ficou sabendo daqueles fatos à época?
O SR.. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Só para esclarecer: não foi a Folha de S.Paulo.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — Folha de S.Paulo. Foi...?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Jornal do Brasil.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — Jornal do Brasil. Desculpe, Sr. Presidente.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Já declarei a esta Comissão e reitero que nem naquela ocasião tive conhecimento.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — Sr. Presidente, no final de 2003, no período em que era Líder, se ele chegou a fazer na residência dele, o nobre Deputado, alguma reunião com representantes dos outros partidos da base e se ele poderia declinar o nome das pessoas que participavam dessas reuniões na residência dele e o assunto que era tratado à época?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — V.Sa. poderia repetir a pergunta, por favor?
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — Repito, Sr. Presidente. Na época em que era Líder, se o nobre Deputado chegou a fazer reuniões na residência dele com outros líderes dos partidos da base ou de outros partidos ou Parlamentares de outros partidos na residência dele, dentre eles inclusive com a presença do Deputado Roberto Jefferson, do Líder Múcio Monteiro, dentre outros, e que assunto era tratado à época, Sr. Presidente.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Na verdade, Srs. Parlamentares, senhor advogado do representado, a nossa prática do cotidiano diário aqui, principalmente de quem é Líder, eu vejo aqui o Deputado Ortiz, que durante algum tempo exerceu a Liderança do PV, junto conosco, é nós fazermos tantas reuniões, né Ortiz, e cada em cada lugar, né? Ou era na casa do João Paulo ou era no gabinete do Presidente. Houve algumas reuniões na minha casa também, eu não me lembro se era do Colégio de Líderes ou outras. Mas de Parlamentares com certeza houve várias. Eu tinha o hábito de convidar alguns Ministros para conversar com a nossa bancada. Eu me lembro perfeitamente da ida do Ministro Palocci, onde nós discutimos com a nossa bancada, foi no meu apartamento essa reunião, questões inerentes à política econômica. Lembro-me de reuniões com a Ministra Dilma Roussef, e me lembro de reuniões que nós fizemos na casa do Ministro Dornelles com prepostos também, o Deputado Virgílio, para discutir a reforma. Ele era o Relator da reforma tributária. A gente fazia jantares. Essa era uma prática que a gente adotava com muita freqüência no PP. Fazer reuniões, jantares, em que nós podíamos discutir. Especificamente se o advogado pretenda que eu diga a respeito do Deputado Roberto Jefferson, não me lembro se ele foi à minha residência. Mas fizemos várias reuniões juntos com o Deputado Roberto Jefferson, quer seja para tratar de assuntos de interesse da base do Colégio de Líderes e outras que eu quero aqui externar de público que até agora não foi mencionado por ninguém. Havia um desejo do falecido Deputado Martinez, muito grande, e um esforço nesse sentido, porque ele tinha um projeto. Um projeto que ele confidenciou a nós. Era o projeto de indicar o Vice-Presidente na futura chapa do Presidente Lula. Esse era o desejo de crescimento que ele mantinha dentro do PTB, esse desejo que ele tinha de crescer o PTB era exatamente em função disso. E foi feita uma fusão, a memória me trai aqui novamente, entre o PTB e um outro partido — talvez o Deputado Ricardo Izar possa me ajudar — é o PSDC? Não. PSD? PSD, foi feita essa fusão. E o Deputado Martinez e o Deputado Roberto Jefferson, junto com o Deputado Pedro Corrêa e eu, fizemos várias reuniões, inclusive na casa do Deputado Martinez. Se não me trai a memória, pelo menos em duas ocasiões eu fui lá na casa dele, no Park Way, bem distante por sinal, para fazermos reuniões para... O objetivo era discutir a possibilidade de uma fusão partidária entre o PTB e o PP. Nós nos reunimos várias vezes para discutir isso. A idéia do falecido Deputado Martinez era de nós fundirmos o PTB e o Partido Progressista, -transformando-os no maior partido da Casa, para que nós pudéssemos ter aqui a prerrogativa de indicar o Presidente da Casa na eleição e formar um grande e sólido partido, para que nós pudéssemos nos colocar, nos inserir na possibilidade de uma indicação numa chapa majoritária futura. Era o desejo do Deputado Martinez trabalhar nisso. Nessas reuniões, o Deputado Martinez e o Deputado Roberto Jefferson inclusive nos propuseram — e eu tenho certeza de que, quando do depoimento do Deputado Pedro Corrêa aqui, isso poderá ser confirmado por ele &mdashque; esse novo partido seria presidido pelo Martinez e liderado por mim aqui no Congresso. Essa era a proposição que se estava trabalhando. E nós chegamos inclusive, Sr. Advogado, a fazer alguns ensaios, estudando Estado por Estado, a realidade de cada Estado. Por exemplo, Santa Catarina. Em Santa Catarina, o PP tem fulano, sicrano, tem o Espiridião Amim, tem o Ivan Ranzolin, que está aqui, tem não sei quem, não sei quem. Ah, quem tem o PTB. Ah, o PTB tem fulano, tem sicrano, mas aqui dá pra gente acomodar, tal. Então, a gente chegou a fazer esse tipo de exercício, e sobraram aí uns 4 ou 5 Estados, onde nós teríamos problemas, caso contrário... O restante, todos os demais seriam compatibilizados com relativa facilidade, sem ter que serem feitas grandes cirurgias, conforme o termo que o Deputado Roberto Jefferson usava na época. Então, esse ensaio, ele aconteceu em diversas reuniões. Mas acabou, Deputado, e   V.Exa. foi eleito pelo PTB, né?   V.Exa. sabe muito bem que o que eu estou falando é verdadeiro e sabe que acabou não dando certo, e nós abandonamos essa idéia e seguimos adiante cada um, buscando a melhor performance para o seu partido.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — Sr. Presidente, ele já informou à Mesa que esteve algumas vezes na sede do PT fazendo uma audiência com o Deputado José Genoíno. Ele chegou a ter alguma audiência com o Dr. Delúbio na sede do PT aqui ou em São Paulo?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não, em São Paulo eu não conheço a sede do PT. Eu acho que, talvez a memória me traia um pouquinho, mas foi entre o primeiro e o segundo turno das eleições presidenciais, eu acompanhei o Governador Blairo Maggi a São Paulo para nós termos uma conversa com o Presidente Lula. Ele ainda, na época, não era..., ele era candidato a Presidente, o Lula. E talvez essa reunião pudesse ter sido na sede do PT. Eu não me lembro se aquele espaço em que nós nos encontramos era um escritório, era um sobrado grande, 2, 3 andares, e isso quando o Lula não estava nem eleito. Depois disso, eu nunca estive na sede do PT em São Paulo.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — Sr. Presidente, uma última pergunta, até porque o próprio Deputado fez esse comentário. Ele comentou que uma das formas de ele fazer convites para Deputados ingressarem no PP seria a execução, a facilidade na execução orçamentária. Que essa execução orçamentária interpreta-se, salvo engano, me corrija   V.Exa., com a liberação de emendas. É isso, Sr. Presidente? É isso?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Bem, vou responder a pergunta do advogado do representado com absoluta tranqüilidade e transparência. Aqui têm vários Parlamentares, como eu, que têm mais do que um mandato. Eu estou exercendo o meu terceiro mandato. E essa prática, desde que eu cheguei aqui, ela existe e é inegável. Os Parlamentares que são da base do Governo têm maior facilidade para execução orçamentária, e a execução orçamentária é a liberação das emendas parlamentares. Cada um de nós que aqui estamos sabe perfeitamente o quanto é importante para os nossos Municípios, que nós representamos aqui, a materialização de uma coisa invisível chamada imposto. A sociedade tem essa percepção, a sociedade não conhece esse ser invisível chamado imposto. Quando a gente consegue aqui, através de uma indicação feita não no anonimato, mas na completa abertura e subscrita e assinada por cada um de nós, as chamadas emendas parlamentares, as quais nós temos o direito e a prerrogativa regimental de fazê-la, então, não é nada feio, não é nada horroroso que precisa ser escondido. A emenda parlamentar é legítima e legal. Não há nem imoralidade nisso.
Então, quando a gente tem a coragem de assinar, fazer essa indicação e grifar no Orçamento da União... Conforme eu disse no início da nossa audiência, infelizmente, o Orçamento não é impositivo, e a liberação, ou o chamado descontingenciamento, a palavra mais bonita que deram ultimamente — o primeiro ato é de contingenciar —, essa prática não é de agora; essa prática já vem de muitos e muitos anos. Desde que eu cheguei aqui existe essa prática. Então, há 2 momentos em que o Legislativo precisa se subjugar, precisa ter anuência do Executivo para conseguir uma coisa que é legal e legítima. Infelizmente, a prática é essa. Era no Governo do PSDB e continua sendo no Governo do PT. E é fácil de se constatar isso de maneira oficial: é só se buscar as execuções orçamentárias de todos esses anos pra trás aqui que nós vamos ver com clareza que os Parlamentares que são mais próximos do Governo têm um êxito maior, percentualmente, dessas execuções orçamentárias, e os Parlamentares que são mais distantes do Governo executam menos, embora ainda executem. Então, Deputado João Fontes, essa inocência nós não precisamos ter aqui. Isto é uma prática que já existia no Governo do PSDB e continua existindo agora. E eu, como militante do PSDB, da base do Governo Fernando Henrique, ajudei aqui, muitas vezes, o Governo do Presidente Fernando Henrique, e questões regionais fizeram com que eu tivesse de deixar o PSDB. Tenho, hoje, dentro do PSDB enormes amigos, companheiros de tantas e tantas lutas. Fui coordenador de campanha de Aécio Neves à Presidência da Câmara dos Deputados, a Líder do partido. A Liderança do Partido, quando nós lançamos Aécio Neves a Líder do partido, nasceu dentro da minha casa. Eu fui o coordenador da campanha dele. Então, quer dizer, eu só tenho amigos dentro do PSDB, mas a vida pública, lá no meu Estado, acabou criando algumas barreiras, algumas dificuldades, Deputado Leréia,   V.Exa. que chegou aqui depois que eu já tinha deixado o PSDB, criou algumas dificuldades que eu tive de deixar o PSDB e procurar outro partido. Então, essa prática é absolutamente normal. Então, respondendo de maneira bastante objetiva, Deputado Ricardo Izar: sim, o Líder partidário fazia, sim, o papel de agente catalisador, não só do meu partido, mas ajudei muito o Deputado Ortiz também aqui a executar suas emendas e outros Parlamentares que nos pediam. A gente brigava, porque eu acho que é legítimo do Parlamento, e eu sempre defendi que essas emendas fossem executadas na sua plenitude, para que todos pudessem atender seus Municípios, porque acho que isso é legítimo. E sou municipalista e por causa desse perfil é que eu luto tanto para que parte dos tributos federais possam voltar aos Municípios e estarem lá, vamos dizer assim, suprindo deficiências de infra-estrutura importantíssimas para o desenvolvimento, o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Sr. Presidente, o nobre Deputado nos informou que, para a construção da base de sua legenda, o PP costumaria convidar Deputados de outros partidos para virem para o PP, e dentre uma das formas que eram utilizadas, legitimamente, segundo nosso representante, seria oferecendo, às vezes, a Presidência do Partido nos Estados. Isso ajuda a construir essa base, essa manutenção, essa média de 50 Deputados no PP
 Eu indago de   V.Exa., Sr. Presidente: será que o Governo do PT, então, segundo esses argumentos também, utiliza a liberação de emendas para a consolidação da sua base dentro do Congresso Nacional? Para a manutenção da sua base, uma das técnicas utilizadas pelo Governo é a liberação das emendas tanto do Governo do PT?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Eu acho que essa pergunta o advogado tem que fazer... Quase que ele derrubou o meu computador aqui.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — Na opinião dele, Sr. Presidente.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Eu acho que essa pergunta do advogado tem que ser dirigida ao Governo do PT.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — Eu repito. O senhor quer que eu repita, Sr. Relator?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Eu não vou responder por Governo nenhum. Eu vou dizer do meu trabalho aqui dentro do Congresso Nacional. Tenho lutado muito para que cada Parlamentar possa dar resultado a seus eleitores. Vou continuar cumprindo esse papel, estando ou não fazendo parte de base de Governo. Acho que esse é um direito legítimo do Parlamento, e nós todos devemos lutar para que isso seja impositivo, para que isso possa acontecer com absoluta naturalidade.
Infelizmente, a imprensa brasileira, às vezes, coloca isso como uma questão suja, mas não o é. Então, eu quero dizer que a minha posição pessoal é de luta sempre pela liberação dessas emendas. Agora, se o Governo faz este ou aquele procedimento, essa pergunta não pode, Sr. Presidente, ser dirigida mim, mas, sim, ao Governo.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Continuando.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Sr. Presidente, segundo as afirmações do Deputado Pedro Henry, ele teria nos dito que, sendo legítima essa liberação dessas emendas, mas há uma facilidade de liberação dessas emendas nos partidos da base. Mas também disse o nobre Deputado Pedro Henry que, nesse entra e sai, nessa mudança de partidos que houve no PP desde a última eleição, 24 Parlamentares entraram no PP.
 Considerando essa facilidade com que ele se manifesta, ele poderia nos informar se esses Deputados foram da Oposição ou foram partidos da base que se movimentaram, além daqueles 2 do PTB? Se vieram partidos da Oposição também para o PP?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Vou responder de maneira bastante objetiva ao advogado do representado, com números bastante objetivos, porque acho que é a forma mais prática. Eu disse aqui que se filiaram ao partido, nesses 2 anos e meio, 24 Srs. Parlamentares. Alguns dos senhores não estavam aqui no início da nossa conversa, talvez tenham perdido essa parte, mas eu afirmei isso. E eu vou narrar aqui, em ordem decrescente, os partidos de que eram esses Parlamentares que vieram para o PP. Falei também dos outros que saíram do PP, mas eu vou falar em ordem decrescente. O campeão de fornecimento de Deputados para nós foi o PFL, com 5; o PSDB, com 4; o PMDB, com 3; o PRONA, com 3; o PL, com 2; o PPS, com 2; o PTB, com 2; o PDT, com 2; o PSB, com 1. Isso inteira 24. Portanto, a resposta é: se a gente considerar como partido de base... Eu já dei a resposta, não é, Sr. Presidente?
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — Satisfeito, Sr. Presidente.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Antes de chamar o primeiro inscrito, que é o nobre Deputado Benedito de Lira, eu gostaria de fazer alguns esclarecimentos ao Conselho de Ética.
 Eu gostaria de lembrar aos Srs. Deputados Membros do Conselho que, se a LDO não for aprovada, nós poderemos fazer reuniões na terça-feira que vem. Caso contrário, nós faremos reunião apenas no dia 02 de agosto e, na quarta-feira, o Relator, eu e os Deputados que quiserem faremos uma reunião informal para fazer a relação das pessoas que devem ser convidadas a participar. Na semana que vem, se a Lei de Diretrizes Orçamentárias for aprovada, nós entraremos em recesso. Certo?
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Sr. Presidente, qual seria o horário?
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Às 14h30.
 Concedo a palavra ao nobre Deputado Benedito de Lira.
 O SR. DEPUTADO BENEDITO DE LIRA - Sr. Presidente, Sr. Relator, companheiro Pedro Henry, Srs. Deputados e Deputadas, eu teria algumas perguntas para fazer ao Deputado Pedro Henry, mas essas perguntas já foram praticamente todas dissecadas pelo Relator.
 O processo tem algumas informações que foram dadas pelo Deputado Pedro Henry. A bem da verdade, o que estamos investigando aqui é se o Deputado Roberto Jefferson, quando compareceu ao Conselho de Ética, veio para confirmar ou negar a sua entrevista dada à Folha de S.Paulo.
Então, eu acho que o nosso trabalho se restringe única e exclusivamente a sabermos se o Deputado Roberto Jefferson falou a verdade ou mentiu, se S.Exa. feriu ou não o decoro Parlamentar.
 O que observei, por exemplo, em relação às indagações feitas pelo advogado do representado, é que inclusive o mecanismo de Orçamento da União, que permite aos Parlamentares legalmente apresentar emendas, que, na sua grande maioria, não são pagas, não são liberadas para os seus Estados e Municípios... Com isso, talvez ele quisesse fazer qualquer conotação no que diz respeito à denúncia do Deputado com relação aos partidos que ele citou aqui como beneficiários de um imaginário mensalão.
 Pois bem, o que eu desejaria perguntar ao nobre Deputado Pedro Henry é se S.Exa. confirma ou nega as informações que foram dadas aqui de que ele participou de algumas reuniões, inclusive com o Líder do PTB e com o Líder do PL, para falar sobre mensalão. S.Exa. já respondeu.
 Se S.Exa. teve algum encontro com esse Marcos Valério que o Sr. Roberto Jefferson disse que é o operador do mensalão. S.Exa. nem sequer o conhecia.
 Então, Sr. Presidente, eu encerro a minha participação, porque as perguntas que eu desejaria formular já foram feitas. Conseqüentemente, eu gostaria apenas de dizer aqui que nós teríamos que nos restringir única e exclusivamente a isso.
 O que se está a entender, pelo que estou depreendendo, é que cada testemunha que vem aqui ou cada citado pelo Deputado que vem aqui é como se fosse o acusado. É como se fosse o acusado. Uma série de perguntas lhe é feita e, muitas vezes, nada têm a ver com as declarações que foram prestadas pelo Deputado Roberto Jefferson.
 É bom que a gente se conscientize de que este Conselho trata única e exclusivamente do decoro Parlamentar; se o Deputado o feriu ou não. Não o Deputado Roberto Jefferson — no caso, está sendo analisado esse aspecto —, mas qualquer desvio de função ou de atitude do Parlamentar é evidente que virá para cá, para que este Conselho possa analisar essa condição: feriu ou não feriu. Parece-me que este não é um local em que se criem as condições, como se fosse aqui, vamos dar o exemplo, uma delegacia de polícia. Não estamos exercendo aqui nenhum papel de delegado de polícia. Nós estamos exercendo o papel de julgadores, porque a polícia é feita lá na Corregedoria. A Mesa serve, hipoteticamente, como se fosse o Ministério Público, e aqui é a última instância para julgar, para encaminhamento ao Plenário se o Deputado cometeu ou não ilícito da quebra do decoro Parlamentar.
 São observações que eu teria de fazer.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Deputado Pedro Henry.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputado Benedito de Lira, apesar de   V.Exa. não ter me feito nenhuma pergunta formal, eu queria aproveitar a oportunidade —   V.Exa. está aqui desde o início desta sessão do Conselho — para dizer a   V.Exa. que, no início, disse do meu constrangimento de estar aqui. Sr. Presidente, Sr. Relator, preciso retificar isso. Constrangimento é de ter sido mencionado. Estar aqui com   V.Exa. é para mim um prazer muito grande, poder está conversando, esclarecendo essas dúvidas. Pois é, Deputada Angela Guadagnin, infelizmente, talvez o nervosismo dos primeiros momentos de uma discussão acabaram me provocando ser descortês e deselegante com meus companheiros e ter me colocado mal. Então, eu peço desculpas e quero aqui retificar. É um prazer enorme está aqui com   V.Exa. O constrangimento é de ter sido mencionado. Deputado Benedito de Lira, eu queria aproveitar para dizer alguma coisa especificamente a   V.Exa. Eu disse aqui, há alguns minutos, que 2 Parlamentares deixaram o PTB — o seu PTB, Deputado Ricardo Izar — e vieram para o nosso PP. Apenas 2. Aliás, esses 2 Parlamentares foram aqui isentados pelo próprio representado. Quando do seu depoimento, ele mencionou   V.Exa. pessoalmente, nominalmente. Ele disse que   V.Exa. senhor estava completamente cheio de razão quando deixou o PTB dele e veio para o nosso PP, por incompatibilidade local.
Ele o isentou dessa transferência, e   V.Exa. é o exemplo vivo, Deputado, de uma das filiações que estão hoje no PP, as quais foram oriundas do PTB. A outra é seu colega de bancada hoje do PP que é o Dr. Antonio Cruz, que, por sinal, foi meu professor — operamos e fizemos cirurgias inúmeras vezes juntos, madrugadas e madrugadas. Ele era um excelente — era não, ainda o é; eu é que era — cirurgião lá em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Ensinou-me muito; aprendi muito com ele. E, quando eu soube da sua filiação, já neste ano, em que já não era mais Líder, em que ele decidiu, e também foi isentado, aqui, nominalmente, pelo Deputado Roberto Jefferson. Quer dizer, não há nenhum constrangimento dos 2 petebistas que vieram para o PP. Eu fiz um discurso lá em que dizia que estávamos recebendo, naquele momento, o Toninho — todo mundo ficou olhando para mim: que Toninho? É, estamos recebendo o Toninho, Antonio Cruz. Eu o chamava de Toninho. Essa era a nossa relação de amizade, Ricardo. É uma relação... Quer dizer, os 2 Parlamentares que saíram do PTB e vieram para o PP tiveram a justificativa e a defesa dessa filiação não feita por mim, pelo próprio representado aqui, que referendou que deveriam ir mesmo. Até no caso do Antonio Cruz, do Mato Grosso do Sul, ele mesmo se referiu que acabou deixando o suplente do Senador lá no PTB como Presidente. Então, o Antonio Cruz, bobo que ele é, não é Ricardo Izar, trabalha lá hoje com 2 partidos políticos, tanto o PTB quanto o PP. E, para quem faz a política regional, todos nós sabemos aqui, essas coisas são perfeitamente naturais e não existe excrescência alguma nessa questão. Quando não se concorda com a Direção Nacional, com a Direção Regional, acaba havendo divergências que motivam a saída. Até o mais puro dos partidos, o Partido dos Trabalhadores, enfrentou, recentemente, aqui, uma defecção de alguns Parlamentares que não concordavam com a direção que o partido estava tomando. Isso é absolutamente normal e não implica dizer que há negociata ou entendimento ilegal ou financeiro que seja para fazer essas mudanças. Então, a gente tem que compreender que a natureza da atividade política às vezes exige que tomemos esse tipo de postura.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Nobre Deputado Pedro Henry, quero alertar   V.Exa. de que 8 Deputados membros titulares do Conselho estão inscritos, 2 suplentes, e um representante de Líder.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY —   V.Exa. está me chamando a atenção para ser mais breve?
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Exatamente. (Risos.).
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Está entendido.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Com a palavra o nobre Deputado Chico Alencar.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Bom dia a todos. Bom dia, Deputado Pedro Henry, agradeço, em nome do Conselho, a sua presença, aqui.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Nobre Deputado, um instante.
 Gostaria de convidar o Deputado Josias Quintal para presidir os trabalhos por alguns instantes.
 Com a palavra, nobre Deputado Chico Alencar.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Entendo que todas as indagações que fazemos a todos os que vierem aqui não podem perder o foco: trata-se de um processo disciplinar solicitado pelo Partido Liberal contra o Deputado Roberto Jefferson.
 Portanto, todas as indagações que fazemos têm por escopo, inclusive a meu juízo, uma nova inquirição do Deputado Roberto Jefferson, porque há inúmeras contradições e contraditas entre o que S.Exa. proclama, declara, reafirma e o que ouvimos aqui. Portanto, nós ainda devemos fazer um encontro dessas informações todas.
 É nesse sentido que eu faço algumas indagações a   V.Exa., nessa busca da verdade.
 Por tudo o que   V.Exa. tem declarado aqui neste Conselho fica muito evidente que, no seu entendimento, e até no de outros que já vieram, aqui, como o Deputado Sandro Mabel, acusados de forma muito dura e contundente pelo Deputado Roberto Jefferson, S.Exa. cometeu, no entendimento de   V.Exa., uma injúria, uma difamação, algo que, na vida pública, é irreparável.   V.Exa. mesmo deve estar sentindo os efeitos maléficos dessas afirmações e reiterações. Aí eu faço, nesse sentido, algumas indagações.
 V.Exa. não considera qualquer ação judicial própria, cabível, no caso do Deputado Roberto Jefferson? E o PP, partido que   V.Exa. liderava até há pouco tempo, não quis tomar a mesma iniciativa que o Partido Liberal, a de representar contra o Deputado junto a este Conselho? Por que razões?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputado Chico Alencar, não obstante o respeito que tenho por  V.Exa., vou responder a algumas indagações que   V.Exa. me pergunta do ponto de vista pessoal e a outras indagações em cima de "achismo", porque não tenho o poder delegado para falar em nome do partido. Mas vou falar para  V.Exa. o que eu sei e o que entendo ser correto. Em primeiro lugar, conversei muito com o meu advogado desde que surgiram essas denúncias a que estamos assistimos. Tenho uma interpretação diferente. E, por todo o respeito que tenho pelos demais pares desta Casa, eu entendia que esse processo deveria ser iniciado pela Corregedoria. Não sei se, de maneira equivocada, interpretei mal o Regimento da Câmara dos Deputados. Então, eu provoquei aquilo que eu achei ser o conveniente para o momento: entrei com um ofício, no mesmo dia em que o Deputado Roberto Jefferson publicou na Folha de S.Paulo, no dia 06, aquela entrevista, na Presidência da Câmara, pedindo que o Presidente determinasse à Corregedoria que instaurasse um processo de correição. Eu entendia que, regimentalmente, esse era o caminho. Discuti isso com o meu advogado — homem que tem muita experiência no Congresso Nacional —, no mesmo dia, e ele me disse que o caminho correto seria que eu entrasse com ofício à Presidência, pedindo que ela determine à Corregedoria que instaurasse um processo de sindicância. Então, essa foi a primeira providência que eu tomei, porque entendia que era a mais adequada.   V.Exa. me pergunta: por que não representou ao Conselho de Ética? Até onde vai o meu pouco conhecimento regimental, pessoalmente, eu não poderia fazê-lo, e o meu partido entendeu que não era esse o procedimento correto também. Por isso não o fez. Achou que o caminho tinha que começar pela Corregedoria. Entretanto, o Partido Liberal o fez. E nós estamos, aqui, na condição de colaborador, aguardando. Agora, digo a  V.Exa., que tem participado, desde o início, desta Comissão, tem assistido a todas as reuniões deste Conselho. O que   V.Exa. tem visto aqui é um grande teatro ao público brasileiro, em que o ator principal — até, como disse o nobre colega Miro Teixeira, uma minissérie de altíssima audiência neste País — manipula muito bem as palavras, é uma figura que tem um domínio da oratória muito grande e um alto poder de convencimento. Então, foi oferecido a S.Exa., aqui no Conselho de Ética, a vitrine de que precisava se utilizar para fazer que as injúrias e inverdades que lançou pudessem alcançar dimensões nacionais. O Deputado Roberto Jefferson não se preocupou, em momento algum, Deputado Chico Alencar, com a imagem da instituição e dos homens desta Casa. Na verdade, o Pedro Henry não foi atacado sozinho; os outros mencionados nessa entrevista não foram atacados sozinhos. Saiba   V.Exa. que, na minha avaliação, a profundidade das graves denúncias apresentadas pelo Deputado Roberto Jefferson — na minha interpretação, de forma absolutamente leviana e irresponsável — colocam em risco o Presidente da República, os seus Ministros — vários deles —, colocam o Congresso Nacional em xeque, colocam em xeque a democracia e as instituições brasileiras. Acho que temos que ser maduros o suficiente, Deputado Chico Alencar, como   V.Exa. tem mostrado maturidade no seu mandato, precisamos ser maduros e responsáveis para conduzir isso de forma sensata, sem sensacionalismo, apurando profundamente as denúncias apresentadas, mas não sob os holofotes. Quem é que não sabe da relação que existe de alguns Parlamentares que procuram se privilegiar da oportunidade de poder falar a um público maior e às vezes agem de maneira inconseqüente e irresponsável? Eu não procuro fama. Fui um Líder — e   V.Exa. é testemunha disso e tenho certeza de que todos os demais que estão aqui nesta Casa —, um dos Líderes que fez menor exposição na imprensa; talvez o mais discreto. E digo isso com orgulho, com satisfação, Deputado Chico Alencar. Sabe por quê? Porque não procuro fama aqui no Congresso Nacional. O meu intuito aqui é contribuir com o meu País e, fundamentalmente, contribuir com o meu Estado. Tive, Deputado Chico Daltro... Perdoe-me. É que o Presidente do meu partido se chama Chico Daltro, e eu, na insistência de falar com o meu Presidente, acabei cometendo esse equívoco. Mas eu procuro... Eu tive, na última eleição, no Mato Grosso, 10% dos votos válidos no meu Estado. A minha responsabilidade com o meu Estado é enorme. Então, eu não posso brincar de fazer representação. Eu preciso ser eficiente para honrar com a honra que esse povo me deu no Estado do Mato Grosso. E eu nem filho natural daquela terra não sou. Fui paulista de nascimento e fui para lá há mais de 30 anos construir minha vida, juntamente com minha família e com meu pai. E o povo mato-grossense me deu esse privilégio. Então, eu tenho uma responsabilidade muito grande com aquela sociedade. E foi em cima disso que procurei, aqui, conduzir a minha liderança com a maior discrição possível, mas com eficiência. E digo a   V.Exa. que conseguimos construir um ambiente partidário extremamente saudável. Conseguimos resgatar um pouco da imagem do nosso partido. Na parceria que fiz com o Deputado Pedro Corrêa, Presidente Nacional do Partido, conseguimos fazer um movimento centrífugo, alcançando todos os Estados brasileiros, extremamente, saudável. Desse modo, tenho prazer em relatar a  V.Exa.s o quanto me sinto bem dentro deste partido político pelo tipo de relação que construímos nesses 2 anos, 2 anos e meio. Digo a   V.Exa. o seguinte... Acho que fugi um pouco do que   V.Exa. me perguntou. Se   V.Exa. puder me ajudar a retornar...
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Ah, é sobre a questão da ação judicial. A opção do PP  V.Exa. já explicou, mas...
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Ah, sim, perdão.   V.Exa. me desculpe. É que a memória às vezes nos trai. Quero dizer a  V.Exa. o seguinte. entrar com uma ação judicial, neste momento, sabemos que não haverá resolução prática alguma. Mas servirá de mais uma vitrine para que essa grande encenação possa ser transportada para a sociedade brasileira. Eu não vou fazê-lo; vou fazê-lo no momento adequado. Vou fazê-lo quando a verdade for depurada e a sociedade estiver consciente. Aí, sim, vamos responsabilizar os inconseqüentes e os irresponsáveis. Estou com a ação pronta. A queixa-crime está pronta, e a procuração, assinada para o meu advogado. Eu falei: "O senhor aguarde um momentinho. Nós vamos entrar no momento certo". Eu até disse, depois daquela entrevista concedida ao Programa Roda Viva, que eu iria ingressar, imediatamente, com a queixa-crime. Achei por bem não, Deputado Chico Alencar. Não vou fazer erro algum nesse processo. Vamos conduzir isso com maturidade. Haverá o tempo — e o tempo é o senhor da razão — de nós provarmos quem é que mente nesse processo. Aliás, cito aqui o episódio Ibsen Pinheiro, que, depois de tantos anos e tanto sofrimento e angústia familiar a que esse cidadão se submeteu, teve reparado um erro gravíssimo que, às vezes, um julgamento político faz. Então, estou sereno; absolutamente, tranqüilo. Sei do que fiz e sou responsável e não me arrependo de nada do que fiz, Deputado Chico Alencar. Então, tenho uma relação desse tipo, vou preservá-la e, no momento adequado, tomarei as medidas judiciais cabíveis.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Concordo com o caráter espetacular nessa sociedade "midiática" e do espetáculo em que vivemos que ganhou o primeiro depoimento a este Conselho. Aliás, o depoimento do Deputado Roberto Jefferson a este Conselho tem o mesmo caráter que esses todos outros. Claro que aquele foi retumbante. Mas, talvez, para amenizar a contundência daquelas calúnias a outros pares,  V.Exa. não entenderia que seria bom fazer, lá mesmo, o debate, inclusive podendo questioná-lo?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Lá onde?
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Naquela reunião do Conselho. Eu não tenho certeza se   V.Exa. compareceu ou não. Mas vi o Deputado Valdemar Costa Neto e o Deputado Sandro Mabel, quando o Deputado Roberto Jefferson veio a este Conselho, no início, há 2 semanas, e tivemos momentos fortes lá do embate. Sandro Mabel e Valdemar Costa Neto questionaram, ali, no ato, e no espaço próprio do Legislativo, aquelas afirmações que S.Exas. consideraram caluniosas.
   V.Exa. também aí fez uma opção diferente. Não sei se compareceu, volto a dizer, mas não considerou que fosse importante? Eu só quero dizer que eu pergunto isso porque junto aos meus colegas de partido, que também estão sendo acusados aí, eu sempre, e muitos outros, cobro e cobramos ações judiciais, respostas rápidas — nem sempre dadas, infelizmente —, uma contundência na reação. É nesse sentido.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputado Chico Alencar, nós nunca tivemos, pessoalmente — eu e   V.Exa. —, nenhuma contenda. Nós nunca tivemos, pessoalmente.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Não. Também eu nunca pude desfrutar desses acepipes que o senhor elogiou tanto na casa do Deputado Janene.
 Não seria contenda, mas poderia ter um debate político.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Nós nunca tivermos nenhuma contenda, mas no dia em que a tivermos, se um dia viermos a ter — e nós, Parlamentares, não estamos isentos dessa possibilidade...
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Aqui é o espaço do dissenso.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — É, exatamente. Eu quero dizer para   V.Exa. que eu jogo com resultado. Eu não jogo para as luzes; eu jogo para o resultado. Eu jamais vou jogar contra  V.Exa. no seu campo. Vou jogar no meu. Eu escolho onde vamos digladiar. E o que o Deputado Roberto Jefferson quis e queria era exatamente aquilo que foi dado a ele naquela sessão. Se nós tivéssemos deixado — todos os acusados — que ele falasse o que quisesse, e, depois, no momento oportuno, no local correto, como este agora, nós fizéssemos o nosso esclarecimento, talvez a opinião púbica hoje já estivesse de maneira diferente. Eu não me presto a show; eu não sou artista, Deputado Chico Alencar. Eu não vou fazer jamais show artístico para a sociedade. Então, por isso não me prestei a estar aqui naquele dia. O senhor fala lá, mas não é lá; é aqui. O Conselho só mudou de sala. Por isso que eu não entendi a pergunta: "Lá?". Eu falei: "Aonde?" Mas é aqui. Na verdade, é aqui. Só estava funcionando em outra sala.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Foi até em um plenário maior, porque ia haver muita audiência.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Então, acho o seguinte: deliberadamente, tomei a decisão de não participar, porque eu queria vir aqui, ter a oportunidade.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — O senhor nem compareceu, não é ?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não compareci. Não fui. Vou fazer parte de um show? Não vou. Talvez alguns aqui tenham feito parte por obrigação institucional, como   V.Exa., que é membro deste Conselho. Eu, não; não sou membro; era parte interessada. No momento correto... Julgo que este é o momento correto, Deputado Josias, de estarmos aqui debatendo e discutindo os nossos pontos de vista.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Por que o senhor considera que o Deputado Jefferson escolheu o senhor para fazer esses ataques tão pesados, que o deslustram tanto? Porque ele até diz que, ao contrário de afirmações iniciais, quando ele envolvia, nas entrevistas da Folha de S.Paulo, a bancada do PP, Partido Progressista, e do PL, no suposto mensalão, depois ele poupou alguns do PP — até citou, se não me engano, o Deputado Dornelles, o Deputado Delfim. Agora, o senhor traz aqui essa afirmação dele de que os que se transferiram, inclusive, do PTB para o PP, foram por ele elogiados. Disse que não houve nada de errado nessa transferência. No entanto, contra   V.Exa. ele insiste na acusação. Teria havido alguma desavença de ordem política forte para que isso acontecesse?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputado Chico, se   V.Exa. me permitir, não obstante ter sido repreendido aqui pelo ilustre Presidente Ricardo Izar para que eu fosse o mais breve possível, mas eu acho que o momento oportuno de nós conversarmos é este, exatamente este que nós estamos tendo aqui agora. Então, eu peço um pouquinho de compreensão da Mesa Diretora, mas eu gostaria de responder a essa pergunta de   V.Exa., no primeiro momento falando sobre motivação. Qual foi a motivação? Não quero aqui afirmar nada. Eu quero deixar aos senhores membros deste Conselho o julgamento individual. Quero deixar à sociedade brasileira o julgamento pessoal de cada um. O que é que realmente motivou o Deputado Roberto Jefferson a fazer essas denúncias? Será que foi um ato de civismo, de patriotismo, de combate à corrupção neste País? Ou será que foram interesses contrariados? Essa resposta, se definida com clareza... Aliás, acho que, se alguém de   V.Exa. procurar nos depoimentos dele, ele mesmo diz, ele mesmo esclarece à sociedade a motivação que o levou a fazer isso. Em todas as entrevistas, em todos os depoimentos que prestou aqui, ele diz qual é a motivação, se o interesse dele é patriótico ou se o interesse é contrariado e, em função disso, ele fez o que o motivou.
As teses em que ele envolveu o meu partido eram teses de que nós estávamos recebendo recursos mês a mês do Governo, do PT, para cooptar Deputados e, com isso, dar mais votos ao Governo no plenário da Câmara dos Deputados. Esta é a tese que ele defendeu; em suma, é esta. Que envolve e que interessa ao Partido Progressista esta foi a tese que ele colocou. Contra esta tese ele mesmo falou por diversas vezes, e alguns números que eu coloquei aqui hoje colocaram com clareza para os senhores. O Partido Progressista não cresceu; o Partido Progressista evoluiu de 49 e fez uma variação para menos e chegou até 55. Não é uma grande variação. Se projetarmos mês a mês — eu fiz isso graficamente, Deputado Chico; eu fiz isso no gráfico —, se projetarmos mês a mês o número de Parlamentares num gráfico do Partido Progressista — se   V.Exa. quiser ver, eu projetei aqui. Acho que todos podem ver dessa distância o gráfico —, se projetarmos mês a mês, vamos ver que é praticamente uma reta, com algumas variações para menos, algumas variações para mais, mas é praticamente uma reta. Então, não há grande variação do número de Parlamentares na nossa bancada. Então, a tese que ele defende de que nós utilizávamos de recursos financeiros para crescer o partido, a nós ela não se aplica; a nós ela não é verdadeira. A questão da fidelização, Deputado Chico — eu disse aqui no início, não sei se   V.Exa. escutou —, essa subserviência ao Governo, ela não se aplica ao PP. No nosso partido, nós não estabelecemos aliança nacional na última eleição, nós não tivemos candidato formal à Presidência da República. Cada Estado, cada Unidade da Federação teve a liberdade de escolher a aliança que melhor lhe aprouvesse. Alguns escolheram o Presidente Lula, como eu. Outros escolheram o candidato do PSDB. E nem por isso nós desagregamos o nosso partido. Nós soubemos representar; nós soubemos ter o entendimento global e partidário de respeito a essas diferenças regionais. Então, nós não poderíamos... Se nós fizermos isso na eleição, nós não poderíamos fazer diferente disso aqui no Congresso Nacional. Por isso que existem algumas votações em que menos da metade dos Deputados do PP votam junto com o Governo. E esta relação eu sempre expliquei com absoluta clareza, até para o Presidente Lula. Falei a ele, em algumas ocasiões: "Não espere subserviência do PP. O PP vai estar com o senhor onde for possível estarmos. Onde não for, nós queremos ter a liberdade de votar do jeito que a gente achar melhor". E aí, Deputado Chico Alencar, se   V.Exa. ainda me permitir, queria mostrar uma outra tabelinha que eu fiz aqui para o senhor, que vai mostrar o comparativo de apoio à orientação do Governo nos anos de 2003 e 2004, de algumas votações que aconteceram no Congresso. Vou virar aqui de novo o computador: esta linha azul inferior, que   V.Exa. está vendo aí, são as votações do PP; é o percentual de Parlamentares que votaram junto com a orientação do Governo, comparativo com o PTB, o partido do Deputado Roberto Jefferson. Então, a fidelidade às propostas do Governo, o PTB tem muito mais do que a gente. E eu não acho que tem nenhum demérito nisso. Eu só estou justificando que a nós, do Partido...
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — O PTB é a linha vermelha?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — É a linha vermelha. A nós, do Partido Progressista, essa tese não se aplica. Se nós estivéssemos recebendo mensalidades para votar a favor do Governo, estaríamos sendo traidores, Deputado Chico, porque não estamos votando junto com o Governo; nós estamos votando com a nossa identidade ideológica, e, naquilo em que há compatibilidade, em que há interesse do País, em que os nossos Parlamentares, com uma discussão prévia que temos o hábito, como o partido de   V.Exa. faz. Sei do quebra-pau que acontece dentro da bancada do PT para discutir algumas teses. O senhor está achando que o PP aqui é muito diferente? Isso aqui não é uma ditadura que vem de cima. O PP não é uma ditadura que vem de cima para baixo e engole todo mundo quietinho, não. Eu tenho 6 ex-Ministros na minha bancada, que eu liderei. O senhor acha que é fácil convencê-los e doutriná-los a me acompanharem aonde quero ir? Pelo contrário, muito similarmente eu passei muita dificuldade, Deputado Chico, muita dificuldade, para conduzir minha bancada nesses 2 anos. E ainda assim o senhor vê aqui, em algumas votações, que nós chegamos a menos de 45% de acompanhamento ao Governo. Então, a tese de que nós recebíamos recursos do Governo, ou do Partido dos Trabalhadores, como querem alguns afirmar — não sei se o Partido dos Trabalhadores tem tanta riqueza assim para poder estar distribuindo para todo mundo, também não me compete isso.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — É a linha vermelha?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não é   V.Exa. que está sendo inquirido. Essa tese não se aplica a nós.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Nobre Deputado, eu pediria a   V.Exa. que forneça cópia desse gráfico do comportamento da votação da bancada.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputado Jairo, eu já o faria sem   V.Exa. me pedir. Agora, o senhor me pedindo, é que o farei com mais determinação.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Mas, Deputado Pedro, eu insisto nessa questão, que, para mim, é misteriosa: por que — na sua visão, obviamente — o Deputado Roberto Jefferson personifica essa carga em relação ao PP, citando, reiterando o seu nome, quando ele fala — já foi mencionado aqui — até de detalhes, da tal da maçã: "Se o Deputado Pedro Henry continuar seduzindo nossos companheiros aqui, eu vou lá na tribuna e denuncio; conto a história da maçã". Suponho que não tenha nada a ver com o seu vivo interesse gastronômico, que é meu também. Mas ele falou de uma tal maçã. E personificando. E também os Deputados José Janene e Pedro Corrêa. Por que ele estaria focando nessas pessoas? Houve alguma contenda política, alguma desavença de ordem pessoal, já que o senhor aqui, evidentemente, está negando qualquer realidade a esse esquema de dinheiro, de qualquer forma de suborno de mandatos parlamentares que o Deputado Jefferson denunciou?
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Josias Quintal) — Deputado Pedro Henry, compreendo o interesse de   V.Exa. de dar todos os esclarecimentos, mas quero reiterar a solicitação anterior do Presidente, até porque existem 10 Deputados inscritos. Já estamos chegando ao meio-dia, vamos ter uma pauta também, e há o risco de termos o trabalho de algum modo afetado.
 Então, eu pediria ao senhor que procure dar os esclarecimentos devidos, mas que de fato sintetize.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Eu tenho feito perguntas bem rapidinhas.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY —   V.Exa. está colocando a responsabilidade em mim. É isso?   V.Exa. está colocando a responsabilidade pela demora em mim. É isso?
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — O senhor está eloqüente e com detalhes importantes, sem dúvida!
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Entendi. Deputado Chico, vou responder de maneira objetiva. O que   V.Exa. me pede é um "achismo", não é?
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Sim.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Então, dentro de um "achismo", digo a   V.Exa. que talvez eu tenha sido envolvido pelo ônus de ter sido Líder do meu partido durante 2 anos e de ter tido um certo respeito, uma certa credibilidade no Colégio de Líderes, como a gente conseguiu conquistar e talvez isso tenha, de alguma forma, causado algum constrangimento pessoal ao Deputado Roberto Jefferson. No campo pessoal, nós nunca tivemos, assim como eu e o senhor, nunca tivemos nenhuma contenda pessoal.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Tiveram, evidentemente, maior proximidade, na condição, ele, de Presidente do PTB, e o senhor, de Líder, base do Governo.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Na verdade, não. Depois que ele se transformou em Presidente do partido, ele deixou de freqüentar as reuniões — ele as freqüentou muito pouco. Daí para a frente, foram muito poucas. Até o momento em que ele era Líder do partido, havia uma freqüência muito maior.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Então, nenhuma desavença política, nenhuma visão divergente de como participar do Governo, nada disso?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputado Chico, eu, como médico e com um pouco de conhecimento de psicologia, respondo a   V.Exa. o seguinte: às vezes a gente acaba ofendendo alguém sem saber por que está ofendendo. Então, do meu conhecimento, da minha consciência, eu não tenho nenhuma contenda pessoal.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — O senhor mencionou aqui que o que mais lhe doeu nesse processo todo, que é realmente muito doloroso para qualquer pessoa que está na vida pública, foi a atitude do Sr. Benedito Domingos, que é seu dileto amigo. E o senhor ainda tem...
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Era.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Era. Bom, aí eu não sei.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Eu estou com a esperança e a expectativa de ainda sê-lo, Deputado Jairo.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Agora, o senhor inclusive disse aqui que espera que ele faça uma retratação, que ele mude de postura. O senhor, ainda assim, com essa amizade e essa dor, não se sentiu à vontade para procurá-lo, depois do que ele fez, para, inclusive, esperar, com mais substância, essa retratação?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Acho que não seria digno da minha parte, Deputado Chico, procurá-lo, porque eu não o ofendi em momento algum, eu não o agredi, mesmo depois do que ele falou. Então, eu ir procurá-lo? Eu fui o ofendido nessa história e acredito, com toda a convicção, injustamente. Estou aguardando, estou dando um tempo para a retratação.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Por fim, Deputado Pedro, ontem o Estado de São Paulo fala de uma série de outros ataques que o senhor atribui a esse denuncismo, mas, de fato, o Sr. Hamilton Gurjão é seu assessor, que está citado lá, não é?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — É.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Que providências o senhor vai tomar? Eu pergunto isso porque tem a ver com esse contexto de recursos, de campanha, de dinheiro. Na matéria se diz que chegou dinheiro lá em Cárceres. O senhor, também ali, não vai mover nenhuma ação judicial, nenhuma reação?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não, não Deputado Chico! Não faça esse tipo de afirmação!
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — A Deputada Angela está aqui me policiando e dizendo que isso não tem nada a ver. Tem, sim!
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Nós estamos falando sobre mensalão.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Nós estamos falando sobre recursos para atividade política indevidos. A matéria, aliás, só saiu por causa desse contexto, não é?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Agradeço   V.Exa., sem dúvida nenhuma.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Muito obrigado.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Uma cidade do interior do Estado de Mato Grosso, com menos de 100 mil habitantes, sair em meia página do jornal O Estado de S.Paulo, em condições normais de pressão e temperatura, com certeza, não aconteceria.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Só saiu por causa desse contexto.   V.Exa. tem uma oportunidade de esclarecer aqui.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Só saiu por causa desse contexto e acho até que motivado por algum outro interesse que ainda não está confessado com clareza. Mas, tudo bem, não estou aqui para fazer análise de mérito...
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Editorial.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — ... editorial. Eu acho que isso aí cabe a cada órgão de imprensa fazê-lo. O que eu queria dizer a   V.Exa. é no caso específico.   V.Exa. é político como eu. Eu não sei se   V.Exa. é de capital ou do interior...
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Sou da capital, principalmente.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Mas alguns de nós aqui somos do interior e sabemos que a política municipal é a política mais aguerrida que tem, é a mais disputada, é a que tem mais cotoveladas, é a que tem mais pressão, tudo mais. Eu, como líder partidário no meu Estado e, vamos dizer assim, como expressão política maior do meu partido no Estado — temos lá 5 Deputados Estaduais, só eu de Federal e agora, recentemente, o Deputado Lino Rossi, que está aqui presente, veio também para o partido e agora somos 2. Mas, na época da eleição, eu era a expressão maior. Então, tinha que rodar o Estado todo. Com candidatos em quase todos os Municípios, quer dizer, eu tinha que rodar quase que o Estado todo. Então, você não se prende muito a este ou aquele Município; é uma coisa muito dinâmica. Este caso específico que   V.Exa. menciona, que foi a matéria de reportagem do O Estado de S. Paulo de ontem, eu recebi um telefonema na sexta-feira do jornalista, que estava no Município. Ficou 2 dias em Cárceres. Saiu de São Paulo, foi um enviado especial, segundo ele, Roberto Brant.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Ricardo Brant.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Ricardo Brant. Ficou 2 dias em Cárceres, ficou mais alguns dias em Cuiabá. Ele me fez uma série de indagações pelo telefone e eu respondi tudo a ele. Ele me perguntou desse tal de Altamiro, e eu falei: "Olha, companheiro, você vai me desculpar, mas eu não conheço. Não sei o que é, não me lembro". Como é que você vai lembrar do...
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Do denunciante, o tal do motorista.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — O denunciante, uma figura... Depois que ele me ligou, fui fazer uma apuração de quem era. O cidadão era motorista de um veículo na campanha do meu irmão, devidamente registrado e pago na campanha eleitoral. Está tudo na prestação de contas que foi aprovada. E esse indivíduo fez uma série de gestões na Prefeitura Municipal, onde meu irmão venceu a eleição, para que ele fosse contratado como um dos coordenadores, porque queria um emprego lá de qualquer jeito. Pelo histórico dele, ele não foi aprovado. Esse rapaz foi expulso da Polícia Militar, responde processo hoje por roubo e furto, e esse é o informante que se foi buscar dentro do Município. Agora, além dele, participaram outras figuras, tudo do mesmo nível, inclusive um dos candidatos derrotados na eleição, dizendo que eu teria oferecido 500 mil reais para ele desistir. Ora, mas se ele é beneficiado, como candidato, da anulação de eleição, por que ele não denunciou isso no Tribunal Regional Eleitoral e anulou a eleição? Quer dizer, para mim está muito claro, está muito evidente o oportunismo do momento. Aliás, eu acho que nós precisamos ter um debate aqui de maior profundidade sobre esse assunto. Não podemos tratar esse movimento denuncista que está acontecendo não é na minha cidade, no meu Estado, é no Brasil inteiro. Virou modismo, nesse sentido, fazer denúncia contra Parlamentar.
E eu fico me perguntando intimamente quem é que sai ganhando com essa deterioração do sistema representativo brasileiro. Quem é que se privilegia quando pega-se uma instituição como a Câmara dos Deputados e o Congresso Nacional e diminui-se isso perante a sociedade. Eu não sei a formação ideológica de cada um que está aqui, nem quero avaliar isso, mas volto a dizer a vocês que é chegado o momento... Este episódio aqui é um episódio importante para a Nação. Além de ter que ser apurado rigorosamente, é um episódio importante para normatizarmos as relações entre Executivo e Legislativo de maneira diferenciada daqui para frente. Eu, particularmente, defendo que esta Casa retome a discussão sobre o parlamentarismo. Nós precisamos retomar isso imediatamente. Não é mais possível convivermos com uma relação desse tipo, expondo cada um de nós, que fazemos parte do Parlamento, como se todos aqui fossem canalhas, desonestos, descomprometidos e única e exclusivamente focados em interesses pessoais. Eu, como médico, digo aos senhores: maus médicos existem, mas existem muitos médicos bem-intencionados neste País. Da mesma forma, aplica-se a qualquer outro tipo de atividade: engenheiros, advogados, enfim, em qualquer tipo de atividade existem os bons e os ruins. Mas se generaliza a coisa com tamanha força que pergunto, principalmente à imprensa brasileira: será que esse enfraquecimento favorece a imprensa? Eu acho que não. No tempo da ditadura, os primeiro a serem mortos, deportados, angustiados, eram os representantes da imprensa. Então, quer dizer, o que se quer? O que se pretende com isso? Acho que esse questionamento... Nós temos que aproveitar esse episódio para daqui para frente começar a discutir e modificar a postura de relacionamento de cada um nós. Era só uma forma de contribuição, Deputado Chico.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR — Muito obrigado, Sr. Presidente.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO — Sr. Presidente, partindo da máxima que os últimos nunca são os primeiros, pelo menos no Conselho de Ética — e é natural —, o que está acontecendo, Sr. Presidente, é que os primeiros têm um tempo enorme em todas as sessões — eu tenho presenciado e participado de todas. Quando chega no fim, os últimos inscritos ou não falam, ou não perguntam, ou têm o seu tempo reduzido. Então, o que nós queremos, Sr. Presidente, é que cada um — nada contra o Sr. Chico Alencar ou os primeiros —, mas o tempo tem que ser dividido equanimemente com todos que estão aqui. O que está acontecendo é que no fim, como ontem por exemplo, eu quis falar, estava inscrito e tive apenas 2 minutos para falar.
 Eu acho que nós devíamos nos policiar. Lógico que a exposição do Deputado Pedro Henry tem sido eloqüente, muito ilustrativa, muito participativa para todos nós, mas todos querem participar.
 Então, eu gostaria, Sr. Presidente, por favor, que a Mesa fosse mais rígida com todos os que estão aqui participando.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Josias Quintal) —   V.Exa. tem razão. Eu me apercebi disso e fiz inclusive, ainda há pouco, um apelo ao próprio depoente.
 Eu vou falar daqui a pouco e vou procurar ser o primeiro exemplo dessa preocupação.
 Pois não, Deputado.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO — Só para o bom desempenho desta Comissão, Sr. Presidente, eu acabo de voltar de uma reunião com o Líder Rodrigo Maia e tive autorização para comunicar a esta Comissão que a LDO não mais será votada esta semana. Deverá ser votada, se tudo der certo, na semana que vem.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Josias Quintal) — Muito obrigado pela comunicação.
 Aproveito, então, para passar uma comunicação da Presidência da Comissão. Se a LDO não for aprovada esta semana, teremos reunião dia 5 de julho, terça-feira. Caso contrário, teremos uma reunião informal e administrativa na terça ou quarta, nesse dia, e faremos a primeira reunião oficial dia 2 de agosto, terça-feira. Esse é o comunicado que o Presidente Izar deixou aqui na Mesa.
 O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO — Sr. Presidente, só para compreender, na verdade, haveria essa reunião na terça-feira, mas sem nenhuma oitiva de testemunha. Tão-somente uma reunião administrativa?
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Sr. Presidente. Não. Se tivermos trabalhos normais, teremos oitivas.
 O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO — Agradeço o esclarecimento.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Josias Quintal) — Quero passar a Presidência dos trabalhos para o meu companheiro Deputado Orlando Fantazzini, que é o oitavo inscrito, então não haverá solução de continuidade, porque eu sou o terceiro inscrito e chegou a minha vez.
 Por favor, Deputado Orlando Fantazzini.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Orlando Fantazzini) — Com a palavra o Deputado Josias Quintal, que terá, regimentalmente, 10 minutos para fazer suas perguntas e mais 3 para réplica.
 Obviamente, vamos observar o tempo que será utilizado pelo Deputado Pedro Henry, nosso convidado, poder dar as suas respostas.
 O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL — Obrigado, Sr. Presidente. Primeiramente, Deputado Pedro Henry, quero reiterar todas aquelas manifestações de apreço mostradas pelo Relator Jairo Carneiro acerca de sua pessoa e dizer mais: tenho, naturalmente, também uma empatia por   V.Exa., por conta da sua atuação aqui no Parlamento, por conta da liderança demonstrada por   V.Exa. nesta Casa e, de uma maneira especial, em razão da sua origem, da sua profissão. O senhor é um médico, uma das profissões mais lindas, humanitárias, que existem, e eu tenho em casa um casal de filhos que são médicos. Portanto, o sonho de minha vida foi realizado lá atrás. Então, isso nos atrai, de certo modo.
 Mas, indo um pouco mais além,   V.Exa., além de ser médico, é médico legista, quer dizer, atua numa atividade que tem muito a ver com a minha atividade — eu também sou policial.
 E, como médico legista,   V.Exa. tem como missão principal, como objetivo principal, a busca da aprova que supera até mesmo a confissão. O médico legista disseca as vísceras, disseca os corpos, sempre na busca, enfim, da prova que deve ser incontestável e prevalece até mesmo sobre a confissão, como me referi.
 Ainda fazendo uma analogia a tudo isso, Deputado Pedro Henry, quero dizer que o Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados, em decorrência desses fatos, não sofreu um assassinato, ela não foi assassinada. As instituições democráticas são fortes, a democracia é forte e, por certo, esse episódio vai passar. Mas eu diria que ela sofreu, fazendo uma analogia a tudo isso, talvez um atentado ao pudor. Certamente ela sofreu um atentado ao pudor, que deixa, como   V.Exa. sabe, traumas, seqüelas, traumas que somente o tempo pode se encarregar de minimizar.
 Então, feitas essas considerações, quero dizer que   V.Exa. tem, por tudo isso, também uma responsabilidade grande no sentido da busca de toda a verdade desses fatos, para que a sociedade tenha uma resposta acerca de tudo isso e esse trauma seja efetivamente diminuído e o grau de confiança que esta Casa deva merecer seja restabelecido, ou pelo menos minimizado.
 Vou fazer algumas colocações em bloco, conforme prometi, e peço que   V.Exa. seja bem rápido, até porque   V.Exa. é testemunha. Então, se em algum momento de sua fala ficar caracterizado que   V.Exa. tem, de fato, como se diz, culpa no cartório, aí mandamos para a Corregedoria, que apurará. Mas, até então,   V.Exa. se faz presente aqui na qualidade de testemunha e vamos ouvi-lo nessa condição.
 Gostaria que   V.Exa. fizesse uma explanação muito rápida — sim ou não, se for o caso — acerca do que eu for colocar. Primeiro, há a informação na Casa, que vem açodar mais o episódio, de que o Senador Aloizio Mercadante — foi divulgado pela imprensa — teria feito comentários de que   V.Exa. pode representar um problema maior ainda para o Planalto em vista das informações de que teoricamente   V.Exa. tem conhecimento. Saber se   V.Exa. procurou desmentir o Senador Mercadante, se é verdadeira essa afirmação dele e alguma consideração.
 Há, também, no noticiário uma informação de que o assessor de liderança do partido, João Claúdio Carvalho Genu, seria um dos acusados do pagamento de propina.
 E também essa do Benedito Domingos, a que o senhor também já se referiu.
 E finalmente saber se é verdadeira a acusação que o Deputado Roberto Jefferson lhe faz de lhe ter feito uma advertência, uma admoestação, acerca do seu possível empenho na cooptação de Parlamentares.
 Então, antes que   V.Exa. responda, quero fazer uma ressalva acerca de pessoas que aparecem nesses cenários. Muitas vezes pessoas que conviveram com uma situação — se verdadeira — ao seu tempo não se manifestam, e num momento como este elas aparecem e, por motivação que não cabe aqui me referir, mas nós da Comissão, ainda que entendendo a conduta dessas pessoas, vamos procurar extrair de seus depoimentos também aquilo que pode ser válido para nossa formação de juízo acerca de tudo o que se apura.
 Então, com a palavra   V.Exa., podendo ser bem direto, para facilitar os trabalhos.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Muito obrigado, Deputado Josias Quintal. Eu queria dizer a   V.Exa. que a aferição do grau de abalo da Casa é uma coisa bastante subjetiva e mesmo para um perito fica difícil dizer se é um atentado ao pudor, se é um estupro ou se é uma violência de maior gravidade. Acho que é difícil aquilatar isso, e o tempo vai nos permitir fazer uma aferição melhor no futuro, mas com certeza macula nossa imagem.
 Respondendo de maneira objetiva às suas perguntas, o Senador Aloizio Mercadante, quando saiu a notícia publicada, se não me falhe a memória, no Correio Braziliense, foi ao plenário...
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Orlando Fantazzini) — Desculpe, o depoente não pode ser interrompido, entretanto, o nobre representante do Deputado Roberto Jefferson, Dr. Itapuã, está se retirando da sessão por deliberação própria para acompanhar o depoimento do próprio Deputado Roberto Jefferson na CPI. Então, esse é o esclarecimento que queremos deixar aqui registrado: ele se retira por motivação própria para fazer o acompanhamento do seu cliente em outro procedimento.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES — Sr. Presidente, pela ordem. Não poderia nomear um ad hoc para ficar aqui?
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Orlando Fantazzini) — Não, ele tem advogado já constituído, regularmente intimado. Não, o senhor não tem direito ao uso da palavra. Eles foram regularmente intimados, eles têm advogados constituídos, são em número de dois, e não podemos nomear um advogado ad hoc uma vez que ele tem advogado constituído. É um direito que o advogado tem, só estamos comunicando para que não haja qualquer tipo de prejuízo futuro.
 Desculpe-me, nobre Deputado, mas eu tinha que fazer essa interrupção. Com a palavra   V.Exa.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputado Josias Quintal, respondendo a   V.Exa. de maneira bastante objetiva ...
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO — Sr. Presidente, pela ordem. Quero registrar que a ausência do advogado em nada vai interferir nem prejuízo trará ao representado, haja vista que o advogado já se pronunciou, e dos depoimentos ele pode pedir cópia. Então, não há prejuízo para o representado. É bom que fique claro que, com a ausência do advogado, não haverá nenhum prejuízo para o representado. Então, nós do Conselho de Ética estamos tranqüilos, porque o advogado já falou, não terá mais direito a falar e poderá, no final de semana, distrair-se lendo as notas taquigráficas dos depoimentos.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Orlando Fantazzini) — Sem dúvida alguma. Desculpe-me mais uma vez e peço que ninguém mais levante questão de ordem, uma vez que o depoente não pode ser interrompido.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputado Josias Quintal, respondendo a   V.Exa. a pergunta que me fez — e agradeço mais uma vez a oportunidade de poder abordar alguns assuntos que não tinham até então sido elencados aqui — o Senador Aloizio Mercadante, no mesmo dia em que foi publicada aquela reportagem no Correio Braziliense, trazendo a mensagem de que eu era o homem-bomba,   V.Exa. não disse isso, mas pode ser o próximo homem-bomba do Congresso Nacional — o Senador Aloizio Mercadante fez um pronunciamento no Senado da República dizendo que nunca mencionou, que essa questão não aconteceu e que ele não havia dito que eu tinha de ser blindado coisa nenhuma, que era a reportagem que colocava lá. E o Senador Aloizio me ligou e me disse: "Pedro, eu tenho por você, apesar de pouco relacionamento, grande apreço, grande admiração. Não falei nada a respeito do seu nome." Parece que ele foi aparteado pelo Senador Tasso Jereissati ou outros — não quero afirmar isso categoricamente porque eu não sei, pois não fui buscar isso na sessão do Senado, mas ele falou: "Não tem nada disso, esqueça isso, desconsidere isso." E eu desconsiderei.
 No dia seguinte, saiu uma entrevista minha, alguns trechos de uma entrevista minha que, na verdade, não foi dada no dia seguinte, mas às 11 e meia da noite do mesmo dia em que estava sendo montada essa reportagem. Então, eu recebi a repórter do Correio Braziliense na minha residências às 11 e meia da noite e ela me perguntou: "Aconteceu uma reunião no Senado assim, assim e assim. O que o senhor acha disso?" Eu falei: "Olha, eu acho isso uma bobagem." Porque eu, de fato, penso isso, Deputado Josias. Eu preservo muito a nossa atividade. Acho que cada um de nós temos de nos valorizar. Pergunto a   V.Exa. se algum Senador da República, que é outra Casa, que não tem nada a ver com a nossa, cometer qualquer impropério ou algum equívoco de condução, qualquer coisa que seja,   V.Exa. pensa que temos de ir lá, julgar e sentenciar? Eu acho que isso não compete a nós. Então, o que eu disse naquela entrevista foi exatamente isso: "Olha, não cabe aos Senadores ficarem analisando ou julgando o comportamento de Deputados. A nossa Casa tem de ter autonomia e autoridade para fazer isso". Este é o meu pensamento e eu continuo pensando dessa forma. Mas como o Senador Aloizio desmentiu isso, de pronto, dizendo que não houve nada disso com referência à minha pessoa — até me fez alguns elogios —, eu dei o assunto por encerrado e não prossegui.
 A respeito do João Cláudio, que   V.Exa. citou numa das perguntas, digo a   V.Exa. que conheço o assessor do Deputado José Janene, que trabalha com o Deputado José Janene, e creio que também haverá oportunidade de que ele possa ser inquirido. Eu não entendi direito o que   V.Exa. desejaria que eu falasse a esse respeito. Eu desconheço as atividades dele.   V.Exa., como Parlamentar, sabe perfeitamente que de um outro colega nem sempre se tem a intimidade da assessoria e coisas assim. A respeito de ele trabalhar junto, na Liderança, eu já confessei aqui, no início da minha audiência, que este ano eu, literalmente, me afastei. Fui até criticado pela imprensa pelo excesso de faltas que apresentei no primeiro semestre, porque estava mais vocacionado e voltado a uma questão regional, de fortalecimento partidário regional, e não tive tanta assiduidade e tanta participação aqui no Congresso Nacional. Então, eu não posso falar muito sobre esse assunto.
 Há o terceiro assunto, do Benedito Domingos, que eu já abordei amplamente aqui, e me faltou um — eu escrevi aqui "advertência", mas não entendi direito o que   V.Exa. falou. Faltou um termo aqui. Eu me perdi.
 O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Isso aí, interprete   V.Exa. como bem convier, mas, na verdade, há entrevistas, matérias em vários jornais que falam de um encontro que o Roberto Jefferson teria tido com o senhor e feito uma advertência, uma demonstração, seja lá o que for, uma colocação, uma ameaça, seja lá o que for, com relação a essa cooptação de Parlamentares.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Eu já tive oportunidade de responder isso aqui e disse com absoluta clareza. Ele até disse na reportagem que o Deputado Iris Simões foi encarregado de fazer a advertência pessoalmente a mim. O Deputado Iris Simões nunca fez essa advertência pessoalmente a mim. E o próprio Deputado Iris Simões já declarou na Corregedoria que nunca conversou comigo sobre esse assunto.
 O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - E tampouco o Deputado Roberto Jefferson?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Tampouco o Deputado Roberto Jefferson. Eu já disse aqui também, no plenário desta Casa, que em nenhum momento, apesar da convivência que tivemos, o Deputado reclamou a mim, diretamente, a existência de tal mensalão.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Orlando Fantazzini) - Muito obrigado, Deputado Josias Quintal.   V.Exa., entre perguntas e respostas, consumiu tão-somente 11 minutos.
 Tem a palavra a Deputada Angela Guadagnin.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Boa tarde. Sr. Deputado, o senhor manifestou, no início, seu constrangimento, e depois tentou mudar a palavra, mas acho que o senhor deve manter a palavra constrangimento, porque é um constrangimento qualquer um de nós que viesse, mesmo na qualidade de testemunha, para ajudar este Conselho de Ética, ter de se prestar a esse papel e esclarecer fatos que o outro colocou em cima das suas costas. Então, é constrangimento, sim.
 O senhor citou, numa outra hora, a questão da situação teatral que o Deputado Roberto Jefferson fez nesta Comissão de Ética. E o Deputado Miro Teixeira, quando depôs aqui, colocou que estava parecendo uma minissérie. E a sensação que estamos tendo é que o Roberto Jefferson agora está se sentindo acima do bem e do mal, ele é a verdade e o que ele falar, com o destaque que ele está tendo na imprensa, passa a ser verdade, independente de prova ou não; o que ele falar, passa a ser verdade, mesmo que manche, macule a imagem dos outros, tumultue o andamento do funcionamento desta Casa, mas, na minissérie dele, ele está plantando cada dia uma matéria e passa a ser verdade o que ele fala. Basta ele falar para ser verdade.
 Inclusive uma outra coisa: o senhor disse que o Partido dos Trabalhadores não achava que ele fosse tão ruim, que nós saímos da campanha de 2002, 2004, com dívida registrada na prestação de contas que foi feita à Justiça Eleitoral. Então, o Partido dos Trabalhadores... Ficam até incoerentes todas essas coisas, porque realmente não tem essa relação com a quantidade de dinheiro.
 Eu anotei algumas indagações para fazer ao senhor. O senhor mostrou a sua indignação frente às declarações do Roberto Jefferson. No meu ponto de vista, inclusive já foi discutido aqui, que está correta a sua posição de ter ido à Corregedoria antes de vir para cá. Está correto isso. A nossa análise é que era exatamente essa posição dos passos a serem dados nesta Casa. Mas nós estamos trabalhando para observar se houve falta de decoro parlamentar por parte do Deputado Roberto Jefferson ao fazer essa minissérie através da imprensa.
 O senhor declarou a sua indignação, o seu descontentamento com a forma como foi colocada pelo Deputado Roberto Jefferson. Os outros Deputados do seu partido também tiveram o mesmo comportamento, nessa relação que o senhor teve, depois daquele depoimento do Roberto, da matéria da imprensa? Como foi essa relação?
 O senhor afirmou aqui também, por várias vezes, nunca ter ouvido falar de mensalão nem ter pressionado o Deputado Roberto Jefferson a entrar no esquema. A que o senhor atribui essas afirmações dele?
 O senhor também declarou e eu entendo muito bem, em relação ao Benedito Domingos, porque eu senti e vivi no meu partido uma situação muito parecida de um companheiro de partido que fez uma ação como essa. Até hoje eu não falo com ele e se eu o vir, viro as costas, troco de calçada se cruzar a mesma rua. Eu entendo perfeitamente a sua posição. Mas depois das declarações dele, o senhor afirmou aqui, e eu queria que o senhor deixasse mais claro, que o senhor não via, não sabia ou não havia qualquer distribuição. Entendeu? Não via, não sabia ou não havia? Parece que o verbo é igual, mas o sentido é totalmente diferente.
 Por último, o senhor se refere a várias reuniões com os Deputados do seu partido. Em nenhuma delas houve colocação de conhecimento de mensalão? Porque eu já disse ontem aqui ao Deputado Múcio que eu nunca tinha ouvido falar de mensalão, que a primeira vez que ouvi foi no jornal, quando o Roberto Jefferson apresentou aquela matéria. Nem daquela do ano passado eu tinha tido conhecimento. Houve algum tipo de conversa nessas reuniões com os Deputados do seu partido? Nem em reunião com outros Deputados de outros partidos houve alguma vez mencionada essa questão de mensalão ou repasse de dinheiro, ou que os Deputados recebiam dinheiro para, de alguma forma recebendo... algum tipo de comportamento nesta Casa?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputada Angela, eu agradeço a participação da senhora.
V.Exa. iniciou sua fala tocando no assunto minisséries. Aliás, nós temos um novo capítulo hoje. Hoje, tem mais um capítulo dessa minissérie que expõe, inclusive, alguns companheiros do próprio partido. Quando a gente vê atitudes desse tipo, eu volto a raciocinar na motivação e nessa tese que está sendo defendida e, mais uma vez, eu fico me perguntando qual é a real motivação desse processo. Uma pessoa que expõe tantas pessoas, como o representado aqui estava fazendo, tem alguns objetivos além disso, além daqueles que são oficialmente declarados. E também queria dizer que, na interpretação de médico, entendendo um pouquinho de psicologia médica, eu acho que a aura que está adornando o artista mor deste Conselho, é uma aura messiânica. Está se acreditando num messias. E me pergunto, inclusive, se isso faz parte de sanidade, se isso está descrito como sanidade. Acho que está ultrapassando o limite da sanidade. É uma avaliação de ordem, de natureza pessoal, embora não tenha sido perguntado por ninguém, mas enxergo isso com muita nitidez e não só pela gravidade das denúncias que fez, mas somado às atitudes comportamentais, Deputada Angela. Uma pessoa que, diante desta crise aqui, o que se esperaria de um cidadão normal, socialmente aceitável, é que ele tivesse constrangimento, que estivesse constrangido, como nós estamos aqui, constrangidos, apreensivos. E o que a gente vê é um cidadão que oferece champanhe à imprensa, um cidadão que fica cantando para demonstrar seus dotes líricos. Enfim, é uma coisa que, do ponto de vista médico, preocupa-me bastante. Respondendo de maneira objetiva às vossas perguntas, eu posso dizer à senhora que, na minha bancada, do Partido Progressista, não há um só parlamentar que não esteja indignado. Todos eles, sem exceção, estão vivendo um momento de extrema indignação porque, como eu disse a   V.Exa. e aos demais pares desta Casa no início da reunião do Conselho, nós estávamos vivendo um clima de euforia. O partido estava se transformando. Até fisicamente a liderança do nosso partido melhorou. Nós fizemos um esforço lá junto com o auxílio da Fundação Milton Campos, que é a fundação ligada ao nosso partido e à direção partidária, nós modificamos, colocamos quadros, compramos móveis mais modernos, a liderança melhorou até visualmente. O partido se expandiu, visitou Estados. Estivemos lá com Sandes Júnior em Goiás, fazendo lá encontro regional. Levamos as nossas famílias depois nas águas quentes, reunimos filhos e sobrinhos na Pousada do Rio Quente. Quer dizer, então, nós estávamos vivendo um momento de extrema satisfação individual dentro do partido e, de repente, a gente se vê colocado nas manchetes nacionais da imprensa de uma maneira pejorativa, de uma maneira extremamente leviana, colocada de maneira inconseqüente, eu diria até, pelo Deputado denunciante, aqui representado. (Risos.) Denunciado. Denunciante que fez as denúncias. Então, quer dizer, todos nós estamos indignados. Volto a dizer para a senhora que a atribuição das afirmações dele,   V.Exa. me pergunta a que eu atribuo isso. Eu acho que isso é subjetivo demais eu atribuir, mas eu diria que é um pool de tudo aquilo que eu falei aqui: acho que ele está passando por um processo de deterioração psicológica muito grave, está perdendo o equilíbrio emocional, as faculdades mentais. Está se endeusando, com todo esse processo em que ele foi submetido a uma pressão, qualquer um de nós seria. Imagine qualquer um de vocês no lugar dele, a pressão que foi, a que ele se submeteu, e essa pressão está destoando para dar uma seqüência de coisas que nos leva a pensar dessa forma. Eu acho que isso é subjetivo demais, eu não tenho como responder de maneira objetiva.
O fato do Benedito Domingos,   V.Exa. muito bem teve a sensibilidade de entender, e eu espero que os demais pares desta Casa também possam entender. É uma coisa frustrante por demais a gente ter uma relação de amizade e de repente se sentir meio traído nessa relação. Eu diria, para exemplificar isso, mantida a ética, o decoro, é você pensar num casal, numa relação entre marido e mulher que se amam, se apaixonam e vivem juntos e, de repente, um se sente traído pelo outro. É a mesma frustração. Cada um dos traídos num casamento reage de um jeito. Um quer a separação, vai à Justiça, vai às ultimas conseqüências, o outro vira as costas e vai curtir a sua dor. Eu acho que eu estou fazendo mais ou menos isso. Eu estou curtindo a minha dor com o Benedito Domingos.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO —   V.Exa. está acreditando na reconciliação?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Oi?
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Reconciliação.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Eu acho que quem procura curtir a dor, Deputado Jairo, não sei se   V.Exa. já usou dessa estratégia, busca incessantemente, eu vou confessar a este Conselho que eu estou esperançoso de receber de volta o Benedito Domingos me dizendo que se equivocou e que não quis colocar aquilo que colocou e reparar essa verdade. Eu estou esperançoso disso. Afirmo textualmente e irretratavelmente: desconheço a existência do mensalão. Nunca ouvi falar disso, nunca participei disso. Então, se eu desconheço, Deputada Angela, portanto, eu entendo que não havia isso dentro do PP como prática. Na reunião do meu partido, nunca houve referência, antes dessa publicação, a essa questão. Eu espero, com isso, ter respondido às indagações que   V.Exa. me fez.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Só mais uma coisa que o senhor falando eu me lembrei. O senhor, dentro desse comportamento, que podíamos chamar até de psicótico que o Deputado Roberto Jefferson está tomando, o senhor não acha estranho que essas denúncias todas ocorram logo depois de ele ter sido citado na fita gravada em que aquela pessoa dos Correios falava que estava a serviço dele, que era ele que era o mentor, que ele era um doidão, que ele falava toda hora com ele, vinha do Rio para conversar com ele, enfim, não faz parte desse quadro?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Deputada Angela, eu prefiro não emitir opinião no campo da atividade médica, primeiro, porque eu estou afastado há muitos anos, segundo, porque não é a minha especialidade. Eu fazia anestesiologia e clínica médica. Então, eu prefiro não emitir opinião sobre essa questão nesse sentido, se   V.Exa. me permitir eu declinar de opinar sobre esse assunto. Eu acho que quem tem que falar sobre isso é um especialista. Eu acho que a gente não pode entrar nesse campo aí. Eu não quero ser leviano, eu não posso sustentar essa tese porque eu não tenho habilidade para isso.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Orlando Fantazzini) — Com a palavra o Relator.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Deputado Pedro Henry,   V.Exa. declarou agora enfaticamente que em sua bancada nunca houve isso e ninguém nunca recebeu isso.   V.Exa. consultou a todos e a cada um da sua bancada, para que   V.Exa. eventualmente não assuma responsabilidade por uma traição?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Olha, a Deputada Angela fez uma pergunta, e eu agradeço a sua observação, eu acho que ela é extremamente pertinente, Deputado Jairo.   V.Exa. tem uma formação jurídica apurada, até familiarmente reforçada, e eu não tenho esse privilégio.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Agradeço os elogios a minha esposa, que é uma magistrada federal, realmente mulher idônea, exemplar. Por ela, eu agradeço.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — E uma profissional brilhante, Presidente do Tribunal, só. Então, essa convivência o fortalece nessas observações. E eu queria dizer, Deputado Jairo, que a resposta que eu escrevi aqui: desconheço a existência de mensalão. Portanto, não havia, até onde vai o meu conhecimento. Obviamente, se fora do meu conhecimento tiver ocorrido, quer dizer...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Para que não surja um outro Benedito Domingos na sua vida.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — O.k. Obrigado. Eu agradeço a precaução. É que eu estou tão desprovido aqui, eu estou me sentindo tão à vontade com todos vocês, que, realmente, não há motivo para a gente... mas é correta, é pertinente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Orlando Fantazzini) — Obrigado, Deputada Angela.
Concedo a palavra à Deputada Ann Pontes.
A SRA. DEPUTADA ANN PONTES — Obrigada, Sr. Presidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Deputados.
Deputado Pedro Henry, eu vou ser bem breve, em função de que a maioria das perguntas que eu faria já foram esgotadas. Eu vou pegar alguns trechos do depoimento do Deputado Roberto Jefferson e gostaria que   V.Exa. fizesse um breve comentário: "Um dia, eu pedi a um companheiro, que não teve coragem de sustentar, e a gente compreende que isso não é dom de todos os homens, que dissesse ao Pedro Henry: avise ao Pedro que se ele tomar os 2 Deputados do PTB que ele está tentando com aquela mala de dinheiro, eu vou para a tribuna e conto a história da maçã e do mensalão." Num outro trecho ele coloca o seguinte: "Eu disse ao Pedro Henry: não mexe aqui, não, porque vai incendiar o circo."
Qual o comentário que   V.Exa. gostaria de fazer em função dessas colocações?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Nunca recebi nenhum recado do Deputado Roberto Jefferson nesse sentido. Nenhum Parlamentar veio até mim dizer que ele estava me ameaçando desse jeito. Tomei conhecimento dessas ameaças assim como acredito   V.Exa., Deputada Ann Pontes, que eu passei a admirar e a respeitar na Comissão de Trabalho, para onde voltei depois que deixei a liderança do partido, voltei a militar, que é minha especialidade, já fui Presidente daquela Comissão e gosto demais daquele trabalho, tive oportunidade de conhecer   V.Exa. Eu acho que a senhora também, Deputada, teve conhecimento dessa fala através da mídia onde foi publicada. Eu também. Nunca recebi nenhum emissário do Deputado Roberto Jefferson que viesse me falar: olha, pare com isso. Você está assediando aqui, pare com isso. E os números que eu mostrei aqui traduzem para a senhora e para todo o Conselho que não houve esse fluxo migratório do PTB para o PP. Não houve. Pelo contrário. Foi maior do PP para o PTB. Foram 4 Deputados nossos que saíram do PP e foram para o PTB. E eu não estou acusando o PTB de nada. Eu não estou acusando o PTB por isso, por compra de Deputado, por propostas indecorosas. Eu sou um homem maduro, Deputada Ann. Eu entendo como funciona o Parlamento. A gente tem a sensibilidade de vida de entender que, às vezes, alguns Parlamentares, alguns políticos, precisam fazer mudanças que são imprescindíveis. Eu já passei por isso. A minha primeira mudança partidária foi porque no partido eu não tinha condição de disputar a candidatura à Deputado Federal. Eu tive que sair do PPS. E eu era o único representante do PPS no Estado de Mato Grosso com mandato eletivo, Deputado Júlio Delgado,   V.Exa. que é do PPS, o único.
O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO — Era.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Era? Não é do PPS também? Saiu também? Desculpa. Então, reforça a minha tese, Deputada Ann Pontes. Agora, é legitimo afirmar que o Deputado Júlio Delgado saiu do PPS porque recebeu proposta de alguém? Ora, a gente tem que entender com naturalidade essas questões. Essas mudanças, às vezes, se tornam imperiosas.
O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO — Deputado Pedro Henry,   V.Exa. me convidou legitimamente para ir para o PP como Líder. Lembra-se disso?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — É verdade.
O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Mas eu não fui para o PP. Saí do PPS, mas não fui para partido nenhum. Devo ir para o PSB, mas eu quero dizer a   V.Exa. que nunca estive envolvido nessas propostas.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - E   V.Exa. me ajuda. Neste momento,   V.Exa., inocentemente, me ajuda. Como Líder, a minha obrigação era convidá-lo. Eu o fiz e nem por isso ofereci qualquer vantagem pecuniária em troca da sua filiação. Tenho admiração pelo jovem Deputado Júlio. Convivi com o pai dele, saudoso companheiro, saudoso que eu falo, na esfera federal aqui que ele trabalhava, ainda muito forte. Encontrei com ele numa pescaria no Mato Grosso, nosso querido e ilustre Dr. Tarcísio Delgado, que foi Diretor-Geral do DNER aqui em Brasília, com quem tive diversas audiências, uma pessoa fantástica, contribuiu muito para o desenvolvimento do transporte no Brasil. Então, quando eu vi esse impasse todo, a minha obrigação como Líder, qual era? Era fazer exatamente isso: Júlio, venha para cá, vamos trabalhar junto. Ele não se decidiu ainda, e eu ainda mantenho minha esperança de convencê-lo a vir para o PP já que ele está desfiliado, mas não se decidiu ainda.
A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Deputado,   V.Exa. tem o hábito de usar malas quando vai a reuniões ou vem aqui à Casa?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Cadê minha assessoria? Eu tenho uma maleta em que eu guardo meu notebook. Eu, quando viajo, eu sempre viajo com o notebook, porque eu gosto muito de informação. Eu, quando visito um Município, eu gosto, antes de chegar lá, de saber quais são as reivindicações, como é a constituição de partido, essas coisas que são inerentes à política.
Eu quando deixei de ser médico, Deputada Ann, e passei à atividade política, eu o fiz na sua plenitude. Eu o fiz de maneira absolutamente responsável. E   V.Exa. me aprontou uma agora, viu? A senhora quando fez essa pergunta, agora a imprensa está filmando a minha maleta lá para mostrar na imprensa. A senhora acabou me prejudicando, sem dúvida nenhuma. Eu fui fazer uma coletiva agora recentemente na Assembléia Legislativa do meu Estado e eu percebi que eu pegava... fomos fazer no comitê de imprensa, por azar meu, não estava funcionando o ar condicionado no comitê de imprensa. Então, não preciso falar para a senhora que toda a imprensa lá dentro, aquilo virou um suadouro, um calor exaustivo, em Cuiabá, 43 graus na sombra. E eu pegava um lenço e passava o lenço no rosto para secar o suor, porque estava todo o mundo suando. Eu percebi que tinha um fotógrafo aqui que só fotografava, Deputado Gustavo, a hora que eu passava o lenço. Então eu falava, falava, falava e ele não batia nenhuma foto. A hora que eu pegava o lenço e passava no rosto, ele clique, e eu sentia o flash. Aí eu virei para ele e falei assim: "Companheiro, você não vai publicar só a imagem de eu secando o rosto." Mas foi dito e feito. No dia seguinte, a reportagem saiu uma fotografia desse tamanho no jornal comigo passando o lenço no rosto. Quer dizer, eu tenho certeza que agora o que vai aparecer não sou eu nem a senhora, é a mala. (Risos.)
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES — Para encerrar, Sr. Deputado, como   V.Exa. vê a correlação, essa convergência de acusações de recebimento de dinheiro por duas pessoas que eram da convivência política de   V.Exa., o Deputado Roberto Jefferson e, em seguida, o ex- Deputado tes de chegar lá de saber o que nora a  sem dúvida lar para  um Não orrelação Benedito Domingos?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Não entendi direito a sua pergunta.   V.Exa. poderia reformulá-la para mim?
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES — Vamos lá, vamos ver se eu tento colocar com clareza. Como é que   V.Exa. analisa essa correlação, essa convergência. Temos duas pessoas que foram da convivência política de   V.Exa. que fazem alegação de que   V.Exa. recebia dinheiro, envolvendo questões de dinheiro, que eram o Deputado Roberto Jefferson e o ex-Deputado Benedito Domingos.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Sr. Presidente.
A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Como   V.Exa. vê essa correlação de duas pessoas fazendo praticamente a mesma acusação?
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Peço licença, um aparte, Deputada. Quanto ao Sr. Benedito Domingos, em nenhum momento — o Deputado já respondeu —, em nenhum momento, nós temos uma informação direta do Benedito Domingos para ele, dizendo que ele recebia dinheiro. Diz que prepostos ou porta-vozes que receberiam ou que estariam levando uma proposta financeira para ele. Então, eu acho que essa parte está respondida e acho que aproveitaria a outra parte.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY — Eu mais ou menos já respondi aqui. Eu acho que a visibilidade da função de Líder é que levou o Deputado Roberto Jefferson... A minha visibilidade na posição de líder é que levou o Deputado Roberto Jefferson a me incluir nessa denúncia que ele fez. Às vezes, Deputada Ann, a senhora pode não ter tido nenhuma experiência de vida nesse sentido, mas a gente que vive na vida pública, às vezes a gente acaba angariando alguns adversários que a gente costuma chamar até de inimigos, algumas vezes, inimigos políticos, mas eu prefiro chamar de adversários, sem saber o porquê. São simples fatos, são simples gestos, o gesto de você estar às vezes vinculado a um grupo político, num Município, o grupo adversário dele lá naquele Município vira seu inimigo mortal, e você não sabe nem o porquê. Mas eu nunca fiz nada contra o sujeito, e o sujeito fala mal de você de manhã, de tarde e de noite. A senhora sabe que isso é inerente à vida pública. Então, às vezes uma atitude minha pode, de certa forma, ter frustrado o Deputado Roberto Jefferson, pode ele ter se diminuído. O que eu estou querendo dizer para a senhora, por exemplo, vou tentar exemplificar para tentar traduzir o que eu acho, o que eu acredito, mas volto a dizer é "achismo". Eu não tenho prova, não há uma fundamentação clara disso. A senhora me perguntou por que eu acredito, então, eu vou falar no que eu acredito. O Deputado Roberto Jefferson é um homem que participa da corte brasileira há mais de 20 anos, e o Deputado Pedro Henry é um ilustre desconhecido de um Estado periférico, que é Mato Grosso, que nunca teve grandes contribuições no cenário nacional.
De repente, o Deputado Pedro Henry chega aqui, no colégio de Líderes, e supera a liderança do Deputado Roberto Jefferson ou se coloca mais próximo ao Governo, sendo que esse era o desejo dele, ou se coloca numa posição de maior destaque, de maior visibilidade política, isso acaba gerando, fazendo nascer um sentimento de disputa interna ou de medição de força que não existe para mim. Se a senhora me perguntar se eu tenho alguma coisa contra Roberto Jefferson. Não. Agora passei a ter. Ele me ofendeu, me xingou diretamente, ele me caluniou. Então, agora, eu passei a ter. Se tinha antes? Não tem. Então, o que eu atribuo é a uma coisa, sabe, que é inerente ao ser humano. Agora acho que ele está ultrapassando o limite. Acho que agora está se transformando numa coisa patológica. Deixou de sair do campo de autodefesa e está partindo já para uma coisa doentia. Eu estou começando a ficar preocupado, porque eu acho que isso coloca em risco muita coisa neste País.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Orlando Fantazzini) — Obrigado, Deputada Ann Pontes.
Com a palavra o Deputado Edmar Moreira. Antes do Deputado Edmar Moreira, o Deputado José Carlos havia feito uma questão de ordem que os últimos nunca têm a possibilidade de falar ao mesmo tempo. Não observo aqui a inscrição de   V.Exa.   V.Exa. está inscrito?
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO — O primeiro. Eu cheguei aqui e fui um dos primeiros. Sou o primeiro inscrito como suplente.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Orlando Fantazzini) — Desculpe. É que eu o estava tendo como titular.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO — Talvez seja pela minha assiduidade.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Orlando Fantazzini) — Sem dúvida. Com a palavra o Deputado Edmar Moreira.
 O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - Sr. Presidente, Sr. Relator, Sras. Deputadas deste Conselho, Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro Henry, me desculpe se no decorrer da minha fala de repente eu vacilar e chamá-lo de amigo, porque eu o considero meu amigo. Mas Deputado Pedro Henry, eu diria que quando   V.Exa. assumiu a Presidência do PP, eu tive uma grande frustração, porque coincidiu a época que eu estava saindo do partido. Mas nem por isso eu me considerei doravante no rol de seus liderados, porque eu aprendi a respeitá-lo pelo seu desprendimento, pela sua seriedade, pelo seu espírito público e pelo seu espírito de camaradagem. Às vezes, quando se fala em camaradagem: "Meu camarada, camaradagem" Mas camaradagem é um termo que tem muita afinidade, é muito profundo. Camaradagem está intimamente ligada à lealdade. Para mim o pior defeito do ser humano é a deslealdade. Por quê? Porque só pode ser desleal aquele em quem nós confiamos. Então, a deslealdade dói, dói, dói em todos nós. Mas eu queria aproveitar o ensejo, a oportunidade, meu caro Deputado Pedro Henry, de mandar um abraço a todos os componentes do PP. Foi o meu primeiro partido. Eu pertenci ao PRN, depois fizemos a fusão com o PPB, PP e foi o meu primeiro partido. E me afastei do PP por motivos absolutamente políticos com relação ao meu Estado, mas lá deixei grandes amigos. Temos lá o nosso Presidente, o Pedro Corrêa, na intimidade, o Pedrinho, homem sério, honrado; o Líder José Janene. E até dando um abraço em toda a bancada do PP, eu faço através desse meu irmão e conterrâneo querido, que é o Deputado Federal Romel Anizio. Então, que o PL não fique com ciúme e não há ciúmes para isso, mas o meu coração continua no PP.
Sr. Relator, diria que está havendo um equívoco em relação a alguns questionamentos aqui feitos, porque a representação do PL, ou do seu representado, foi ensejada através dessas notícias pela imprensa, por todos os jornais. Quer dizer, a representação é absolutamente específica e restrita. Com certeza, todos nós temos a liberdade de solicitarmos à testemunha os mais variados questionamentos, porque o Deputado está aqui hoje como testemunha — e o representado é o Deputado Roberto Jefferson — de um fato absolutamente especificado pelo PL na sua representação, o que não nos dá margem, Sr. Relator, a que se faça muitos devaneios e outras tantas perguntas não absolutamente correlatas com o objeto da representação.
Mercê da competência do nosso Relator, acredito que S.Exa. terá de fazer dois tipos de anotações: aquelas que realmente — desculpe essa intimidade &mdashdizem; respeito ao objeto da representação do PL, ensejada pelo nosso Presidente, Deputado Valdemar Costa Neto; e outras ilações feitas e de interesse — por que não? — deste Conselho e da Casa como um todo, embora não façam parte do objeto específico desta representação.
Então, isso me deixa neste momento uma margem muito pequena para lhe fazer, meu caro Pedro Henry, senão uma indagação, uma constatação a respeito de algo que exaustivamente ouvimos de outras testemunhas e também de   V.Exa.
Quero perguntar de maneira objetiva se, em qualquer momento dessas reuniões políticas com vários partidos, e especificamente sobre essa reportagem em que Roberto Jefferson alegou que   V.Exa. e os Deputados Pedro Corrêa, Carlos Rodrigues e Valdemar Costa Neto teriam se reunido com o Deputado José Múcio, Líder do PTB, e feito uma proposta a ele acerca do mensalão. Esse é o primeiro questionamento.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Meu nobre Deputado Edmar Moreira, fico imaginando   V.Exa. sentado neste plenário ao lado daquele cartaz afixado ali na parede em que diz "Proibido fumar", e   V.Exa., que é um admirável depreciador do bom fumo, de uma palha mineira, que freqüente, mesmo depois de ter deixado o nosso partido, me dava o privilégio de compartilhar da sua convivência lá na Liderança do partido, do PP, onde diversas vezes nós nos encontramos e conversamos longamente. Quero dizer a   V.Exa. aqui publicamente nesta Comissão:   V.Exa. está fazendo uma falta muito grande no PP. Se desejar voltar, terei a honra e o privilégio de estender o tapete vermelho para que   V.Exa. esteja em nosso partido, porque homens como   V.Exa. nos engrandece muito, sem dúvida nenhuma. Eu acho que a inquirição de   V.Exa., Deputado Edmar, dada à nossa amizade, ao nosso companotivo dessa mucheirismo, ao nosso respeito mútuo, fica até um pouco um jogo combinado, e esse jogo combinado às vezes pode até não soar bem. Quero dizer a   V.Exa. que já neguei aqui, em outra oportunidade, e hoje neste momento ratifico: não houve tal reunião, nem pressão ao Deputado José Múcio, se foi isso a que V. Exa. quis se referir.
E, neste momento aqui, ratifico: não houve tal reunião nem pressão ao Deputado José Múcio, se foi isso a que   V.Exa. quis se referir. Isso nunca existiu. Aliás, quem negou a existência dessa reunião foi o próprio Deputado Valdemar Costa Neto, o próprio Deputado Bispo Rodrigues, e eu o faço peremptoriamente. Então, esse assunto, Deputado Edmar... Eu acho que está muito claro para os membros do Conselho que essa reunião só existiu na cabeça do Deputado Roberto Jefferson.
 O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - Apenas para complementar essa pergunta, Sr. Deputado Pedro Henry: nessa reunião especificada pelo Deputado Roberto Jefferson, na residência do Deputado Valdemar Costa Neto — aliás, sede oficial do Partido Liberal, onde realizamos nossas reuniões —, quando se tratou hipoteticamente desse assunto mensalão, segundo alegações do Deputado Roberto Jefferson, a ex-mulher de Valdemar Costa Neto, Dona Maria Christina, estava presente à reunião?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Olha, nós fizemos, se não me trai a memória... Acho que fizemos duas reuniões na casa do Valdemar, se não me trai a memória. O objetivo dessa reunião era um só: era o de discutir a reforma política. Por isso estavam lá os Presidentes do PL; do PP, o meu partido, e do PTB. E estavam os líderes desses partidos porque nós queríamos nos unir e levamos inclusive... Saímos da casa do Valdemar Costa Neto decididos, se não me falha a memória, novamente, Roberto Jefferson e José Múcio, se não me falha a memória, levariam o recado ao Governo, à Casa Civil, mais especificamente, de que nós não aceitaríamos fazer a reforma nos moldes como ela estava desenhada. E que nós estávamos dizendo ao Governo, até sob pena de ruptura, que não impusesse isso ao Congresso na força, na marra, porque nós não aceitávamos. Então, o tratamento, a tratativa que foi feita nessas duas reuniões foi exclusiva sobre reforma política. Não houve outra tratativa. Não me lembro de ter visto a Dona...
 O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - Maria Christina.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - ...Maria Christina na residência, quanto mais na reunião. Não me lembro disso. Na reunião digo com certeza; do almoço, ela não participou. Agora, se ela estava na residência ou não estava... A memória hoje me trai, eu não me lembro de tê-la cumprimentado. Porque nós entramos por uma entradinha lateral que tinha na residência e já entramos na sala onde foi servido o jantar... o almoço. E os funcionários do Deputado Valdemar fizeram a mesa, nós sentamos e comemos. E eu não me lembro de ter visto a esposa dele. Não sei nem se ela estava na residência.
O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - Eu estou satisfeito com sua resposta.
E, para encerrar, Sr. Presidente, Sr. Relator, eu quero dizer que realmente nós temos que ter a convicção hoje, senão a certeza, de que esta Casa foi atingida com um golpe mortal. Esta Casa, como um todo, foi atingida, e nós temos que levar isso às últimas conseqüências. Ontem... na madrugada de hoje, houve um Deputado — eu não vou falar o nome dele porque S.Exa. não está presente — que ofendeu a todo o Plenário. Nós não podemos admitir isso aqui. O Brasil está nos vendo. Ontem, estava vendo através da televisão. A nossa família está nos assistindo. Como é que um cidadão chama todos de ladrão, Sr. Relator? Estou entrando com uma representação, hoje, à Mesa da Câmara, e as minhas testemunhas são os 486 Deputados e Deputadas que se encontravam em plenário. Eu não chamo essa indignação só para mim, mas tenho certeza que todos e todas que se encontravam em plenário estão absolutamente indignados. Não podemos, Sr. Relator, mais uma vez, sermos jogados numa vala comum.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Permita-me, nobre Colega, dizer que entendo que é dever de ofício do Presidente da Casa tomar a iniciativa contra a atitude do Parlamentar, que todo mundo sabe, porque todo mundo viu, que foi o Deputado Pompeo de Mattos, com quem tenho as melhores relações, mas S.Exa. cometeu uma falta que merece reparação.
 O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - É dever do Presidente, mas subsidiariamente nada impede que nós o façamos. E eu vou fazê-lo. Vou fazê-lo.
 Mas, Sr. Presidente, encerrando minha intervenção, quero, mais uma vez, dizer da seriedade... E, para mim, meu caro Pedro Henry, você absolutamente é um homem acima de qualquer suspeita no tocante a esse episódio. Com certeza, eu assino embaixo de tudo aquilo que você disse e declarou hoje, neste Conselho de Ética. E, absolutamente, não é... Você fez uma menção aí, em tom de brincadeira... Não há absolutamente nada combinado. Eu não faço absolutamente nada combinado com ninguém. Não faço. Então, é um jogo aberto, é uma conversa aberta, é olho no olho. E a minha atitude com   V.Exa. e com o seu partido, o PP, não poderia absolutamente ser diferente.
 Obrigado, Sr. Presidente; obrigado, Pedro Henry; obrigado, Sr. Relator.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Obrigado, Deputado.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Orlando Fantazzini) - Obrigado, Sr. Deputado.
 Suspendo os trabalhos por três minutos, por questão de necessidade.
 (É suspensa a reunião.)
O SR. PRESIDENTE (Deputado Orlando Fantazzini) - Estão reabertos os trabalhos.
Concedo a palavra ao Deputado José Carlos Araújo.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Sr. Presidente dos trabalhos no dia de hoje, Deputado Orlando Fantazzini; nobre Relator deste Conselho Ética, Deputado Jairo Carneiro; Deputado Pedro Henry, Sras. e Srs. Deputados, senhores da imprensa.
Ouvi hoje aqui um relato, durante mais ou menos quatro horas, e muitas coisas me deixaram impressionado. O Deputado Pedro Henry, que eu não conhecia, a não ser de passagem — ontem casualmente o encontrei no gabinete do Presidente da Casa e conversei com ele por dois ou três minutos, eu não tinha nenhuma convivência com ele — mas hoje assisti a um relato equilibrado e que foi muito elucidativo.
 O Deputado Pedro Henry fez o relato de uma parte que, confesso, quando no dia do grande teatro, aquela grande encenação do primeiro dia, em que o representado compareceu a esta Casa, antes tínhamos no partido — no qual eu era recém-chegado — e minha opinião é que o Presidente do partido é um Líder e deveria ter estado aqui naquele dia. Digo isso... E agora tomei talvez coragem de colocar isso aqui claramente, porque um ator, apenas um, o grande ator, se preparou por 15, 20 ou 30 dias, sei lá por quantos dias, cantou obras líricas para que todo o Brasil ouvisse, preparou a opinião pública para o que iria falar, e nós, coadjuvantes naquele grande teatro, não estávamos preparados nem decoramos nosso papel. Viemos aqui pensando que o relato daquele dia ia ser como o de hoje, uma pergunta e o representado, aí sentado, faria sua explanação, normalmente, como foi feito por todos que aqui passaram, sem encenação, sem teatro, e nós perguntaríamos e ele responderia, e aí nós ficaríamos satisfeitos.
A surpresa foi muito grande por tudo aquilo que aconteceu e pegou todos de surpresa. Logicamente, depois daquele dia, as pessoas começaram a entender e a ver e têm vindo aqui os citados depor e fazem da maneira como o Deputado Pedro Henry fez aqui. O Deputado Pedro Henry foi realmente — nessa parte, Deputado, em que mais me pego — é que o senhor realmente chegou ao ponto vital. As coisas, adredemente preparadas, ensaiadas, fluíram para a opinião pública como se verdades fossem, atacando esta Casa, atacando a todos nós, Parlamentares, aqueles que mudaram de partido lá atrás — e até eu que mudei há apenas 40 dias e vejo aqui, por exemplo, o Júlio Delgado, que esteve aqui e deixou o partido, e que agora está sujeito... o Líder, o Vice-Líder, o Presidente do partido ficam acanhados, inibidos de convidar para o seu partido, para que não pensem que estão apresentando qualquer atrativo que não seja político, que eu acho válido, e   V.Exa. foi muito correto quando colocou aqui as coisas como elas são na política.
Não há nenhum inocente, aqui não é uma casa de freiras nem de padres; nós somos todos políticos e sabemos como essas coisas acontecem, existem os bons e os maus, existem os maus Deputados e está na hora, Sr. Presidente, de esta Casa fazer uma limpeza dos maus. A opinião pública exige isso, e esse Conselho de Ética tem um papel importante. Agora, o que temos visto aqui é que as coisas estão se afastando do motivo maior, que é estar aqui para julgar o representado, se cometeu ou não cometeu... foi falta de ética ou não foi?
Ele feriu o Conselho de Ética desta Casa ou não feriu? Então, não estamos ... O Deputado Edmar Moreira colocou muito bem, e nós não podemos nos afastar. Aí eu vou perguntar ao Deputado Pedro Henry: o PTB,   V.Exa. disse que dois Deputados do seu partido foram para o PTB, aliás, dois do PTB para o PP, e quatro do PP foram para o PTB. Na sua opinião, qual foi o atrativo que o Líder do PTB ou o Presidente do PTB ofereceu a esses quatro Deputados do PP para irem para o PTB, ainda na gestão do Deputado Roberto Jefferson?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Ilustre Deputado José Carlos Araújo, obrigado pelas palavras carinhosas que   V.Exa. manifestou no início, mas eu quero dizer a   V.Exa. o seguinte: eu não acredito em oferta de interesse pessoal que não seja interesse político que possa ter sido feita não pelo Deputado Roberto Jefferson, por qualquer partido político aqui. Ninguém é menino, todo mundo sabe a dificuldade que é para se conquistar um mandato eletivo e sabe que o posicionamento correto do ponto de vista político é muito mais importante do que qualquer quantia, do que qualquer benefício pessoal que ele possa ter, porque aqueles que pensam de maneira absolutamente equivocada que eleição se faz só com dinheiro está redondamente enganado. A sociedade brasileira cada vez mais vem depurando a influência do poder aquisitivo, do capital, nas definições políticas. Isso está ficando patente e assim o é que às vezes algumas eleições, tidas como certas, certeiras, hegemônicas, porque detêm grande patrimônio econômico, acabam se frustrando. Então, nessa prática eu não acredito. Os quatro Deputados que deixaram o PP e que foram ao PTB continuam meus amigos, um deles voltou agora para o PP, o Deputado Jair Bolsonaro, ele tinha saído — perdoem-me por mencionar o seu nome, porque ele não está aqui, acho que isso não é elegante — mas ele saiu do PP e foi para o PTB, depois ele acabou passando para o PFL e agora retornou ao PP. Isso é absolutamente normal. O Deputado Marcus Vicente, do Espírito Santo, está no PTB, uma figura maravilhosa, um homem que tenho admiração de tê-lo como amigo, que, no entanto, está no PTB. Nem por isso eu o desqualifico ou eu acho que ele é interesseiro ou menor do que ele era dentro do PP. O Deputado Dr. Antonio Joaquim, que é médico de formação como eu, do Maranhão, vinculado ao grupo do Governador — e o Governador tomou a decisão de se filiar ao PTB ele acompanhou essa filiação. Por isso eu vou fazer crítica a esses homens, a essas pessoas? Não, Deputado José Carlos Araújo, infelizmente o senhor não vai ouvir de mim nenhuma dúvida quanto à seriedade desses Parlamentares que deixaram o PP e migraram para outro partido, quer seja para o PTB, quer seja para os outros, todos os 18 que deixaram o partido. Não levanto dúvida sobre nenhum deles não. Eu acho que tiveram suas razões; são razões de foro político, acredito, tenho confiança nisso. Como também não posso aceitar, Deputado José Carlos Araújo, que se coloque suspeição sobre aqueles que vieram para o meu partido. Vieram porque estavam se sentido mais à vontade aqui dentro, se sentindo mais confortável politicamente. Então, eu acho que é um equívoco pensar que a mudança, a alteração partidária esteja vinculada a interesse pecuniário. Eu vou dizer a   V.Exa. um fato que não disse no início, faltou oportunidade, talvez. Eu era do PPS — eu estava falando essa história e acabei me esquecendo, peço desculpas a vocês, mas essas coisas acho importante registrar — o único mantenedor de cargo eletivo, tive que sair do PPS, como Vice-Prefeito da minha cidade, me filiar ao PDT para me candidatar, me candidatei e fiquei na condição de primeiro suplente. Aí houve um problema de natureza política no meu Estado. Arrumei uma encrenca danada dentro da equipe de Governo, da qual eu fazia parte. Era Governador o Dante de Oliveira que se elegeu pelo PDT no meu Estado, em 1994, e eu junto, como suplente, fazia parte do Governo e encrenquei, briguei. Briguei e falei: eu não posso ficar mais, não tenho como ficar aqui dentro. E briguei no meu Município, com o Prefeito da cidade, que também era do meu partido e não dava certo a nossa convivência, tive que mudar de partido. Saí, fui para o PSDB, que era o partido dentro da aliança do Governador Dante de Oliveira. Vim para cá, tive oportunidade, na seqüência, de assumir o mandato. Vim para cá e trabalhei pelo PSDB, tratando todo mundo com naturalidade, com respeito aqui dentro. Até me lembro que, antes mesmo de eu tomar posse, o Presidente Fernando Henrique Cardoso teve um almoço com a bancada. Fui convidado para fazer parte, estava na iminência de tomar posse, não conhecia um Deputado do PSDB, fui conhecer naquela reunião. E fiz aqui, durante esses dois mandatos do Presidente Fernando Henrique, uma amizade muito grande. O que aconteceu, para minha surpresa? O Governador Dante de Oliveira briga com o ex-Presidente Brizola, do PDT. Aí criou um desconforto, o próprio Dante não tinha mais como ficar dentro do PDT, ia ser cassado. Eu chego a dar risada porque olha a ironia do destino, como é que as coisas acontecem. Ia ser expulso do PDT pelo Brizola por causa de uma postura, uma declaração que ele havia feito de apoio ao Presidente Fernando Henrique Cardoso na época. Ele ia ser expulso do PDT. Aí o Dante teve que sair do PDT. Para onde ele vem? Justamente para o PSDB, que eu estava. Eu falei: eu não posso mais ficar aqui, não tem jeito de ficar. Eu fico asfixiado, porque não está dando certo a relação. Eu tive que procurar um novo partido. Aí os Deputados Francisco Dornelles e Benedito Domingos me receberam: Não, vem para cá, assume o partido no Estado, o partido está acéfalo, venha trabalhar. Não houve nenhuma proposta financeira para eu ir para o PP. Eu fui. E hoje falo, Deputado José Carlos Araújo, com orgulho, o PP no meu Estado é um dos maiores partidos políticos. Elegemos vários Prefeitos, tive um índice de aproveitamento bastante grande nessa última eleição. Temos vários Vereadores. Somos a segunda maior bancada na Assembléia Legislativa no Estado, estamos como muita força. Isso tudo fruto de um trabalho de construção. Então, eu acho que julgar que as transferências partidárias possam estar intermediadas por questões pecuniárias é uma ofensa ao Parlamento, é uma ofensa na relação política do dia-a-dia do nosso cotidiano. Por isso é que eu deploro e nego veementemente qualquer participação do PP nesse sentido.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Eu concordo com   V.Exa., até porque eu acabei de trocar de partido e foi por questão política no meu Estado. Portanto, Deputado, eu quero perguntar, então, a que o senhor atribui a esses boatos que correm aqui, que o senhor e o Presidente do seu partido eram os homens que distribuíam o mensalão no seu partido? A que o senhor atribui esses boatos?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Eu acho que eu já falei isso aqui, Deputado José Carlos Araújo...
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO -   V.Exa. falou que não recebeu. Mas, e o boato?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Pois é, eu vou repetir. Acho que estou sendo, acho, porque é "achismo", é o campo do acho, não tenho outra forma de explicar isso, acho que estou sendo envolvido nisso porque ocupava uma posição de visibilidade dentro do partido. Eu era Líder do partido, então, acabei sendo inserido nisso. Assim como foi o Deputado Valdemar Costa Neto, que era o Presidente; assim como foi o Deputado Sandro Mabel, que é o Líder; assim como foi o Deputado José Janene, que é o Líder agora; como o Deputado Pedro Corrêa, Presidente Nacional do Partido, foi feito esse envolvimento. E seríamos inocentes demais aqui se não admitíssemos que, de certa forma, embora ainda velada, havia uma certa disputa de espaço aqui entre PL, PTB e PP, que eram os partidos intermediários. E se   V.Exa. pensar de forma ideológica, bastante parecidos, partidos de centro, com alguma tendência à direita, embora a definição do Partido Progressista seja iminentemente de centro. Mas, a gente sabe que no exercício prático do poder há uma tendência voltada à direita, centro-direita, eu poderia classificar isso. E esse partidos têm um perfil parecido e semelhante. Em função disso, era natural que houvesse uma disputa entre os três. E eu acho que foi exatamente aí, nesse show pirotécnico patrocinado pelo Deputado Roberto Jefferson, que ele acabou usando dessa oportunidade para puxar para o centro dessa discussão os dois partidos, o PL e o PP. Digo mais do que isso ainda, usou isso como uma estratégia fria, fria, matematicamente calculada. Se   V.Exa. tiver a paciência de pegar a fita do seu depoimento, do depoimento do representado aqui nesta Comissão, e começar a analisar, você vai ver que sempre ele salvaguarda partidos e segmentos partidários que sejam suficientes para isentá-lo em um processo de votação lá no plenário, de cassação. Ele separa um pedaço do PT, elogia esse pedaço do PT; ele separa e isenta o PMDB, o PSDB e o PFL. E se   V.Exa. fizer a conta dessa separação que ele imprimia nas suas declarações generalísticas, vai perceber com clareza e nitidez que, matematicamente, esse artista não tem só o dom do convencimento artístico, ele tem mais do que isso, ele tem um dom matemático fantástico, porque calculou e premeditou isso com muita profecia.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Deputado Pedro Henry, eu queria saber, o senhor participou de várias reuniões com Lideranças do PL, do PTB, do PP,   V.Exa. representando como Líder, como Presidente do partido, quantas dessas foram tratadas de recursos financeiros para os membros do partido?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Nenhuma, Deputado. Nunca participei de reunião que tratasse desse assunto.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - E com os Deputados Valdemar Costa Neto e Sandro Mabel juntos?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Menos ainda. Nem individualmente nem em conjunto.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Nunca trataram desse assunto?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Não.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Nunca houve nenhuma proposta?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Não.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - E o que o senhor sabe a respeito desses 4 milhões que foram dados ao... supostamente entregues ao Deputado Roberto Jefferson?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Só o que foi publicado na imprensa, Deputado José Carlos Araújo. Nada mais além disso. Só ouvi isso.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Deputado Pedro Henry, eu me dou por satisfeito. O senhor aqui, sem nenhum show pirotécnico, sem nenhuma... Queria até fazer uma outra pergunta, o senhor estudou teatro?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - (Risos.) Não, Deputado.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - A pergunta é pertinente, se estudou teatro. Não, porque, o outro, pelo que soube, estudou teatro um tempo e está estudando para tenor agora.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Não, Deputado José Carlos Araújo, o que eu posso dizer para   V.Exa. é o seguinte: a minha origem é italiana. Se   V.Exa. amarrar a minha mão e abaixar o volume da minha voz eu não consigo conversar. Então, às vezes, eu me desculpo...
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Mas daria um bom tenor.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - (Risos.) Também não tenho essas qualidades.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Sr. Presidente, Sr. Relator, eu me dou por satisfeito. Realmente o depoimento do Deputado Roberto Jefferson, como foi o do Deputado José Múcio Monteiro ontem, foi realmente seguro, tranqüilo...
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO -   V.Exa. falou Deputado Roberto Jefferson.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Desculpe-me, desculpe-me, Deputado Pedro Henry. É por isso que, cada vez mais, eu admiro o nobre Relator..
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Impecável. Ele não deixa passar uma.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Às vezes a gente troca, às vezes trocar... Na nossa terra, minha e do Relator, dizem: Mate o homem, mas não troque o nome. Então, o Deputado Pedro Henry, o Deputado José Múcio Monteiro realmente fizeram um depoimento seguro, que foi muito esclarecedor.
 Então, este Conselho realmente terá um grande trabalho. Porque, o que está colocado aqui é a palavra de cada um dos Srs. Deputados. E aí precisamos saber, nobre Relator, Sr. Presidente, o que vai valer é a verdade de um contra a verdade de tantos que aqui têm passado e têm afirmado. Esse que é o dilema que nós vamos nos encontrar. Vai prevalecer aqui apenas, na verdade, um que veio acusar e dizer tantas coisas, só porque treinou e fez aqui uma grande encenação. E os outros vieram aqui de uma forma espontânea, tranqüila colocar. Isso que nós temos que ver como vamos nos comportar, Deputado Pedro Henry.
Esse é o grande problema que, eu tenho certeza, pela seriedade, competência, que eu não me canso de dizer, do Relator, Deputado Jairo Carneiro, que aprendi a admirar, eu era menino e já o admirava, então, eu realmente fico...
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Aí o senhor tem que esclarecer.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - O senhor acredita no sobrenatural.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Fico feliz, tranqüilo, porque, realmente, a competência e a seriedade do Relator não deixam dúvida de que esse será um julgamento, não um julgamento, mas que será tomada uma decisão justa. Porque nós vamos aqui, os companheiros do Conselho, apenas fazer um relatório para mandar para a Mesa Diretora para abrir o processo ou não dos Srs. Deputados. Portanto, eu fico feliz em ouvir aqui, passar esta manhã aqui com o depoimento do Deputado Pedro Henry.
Muito obrigado.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Chico Alencar) - Obrigado. Certamente o Deputado José Carlos Araújo admirava o Deputado Jairo Carneiro pela posição que ocupava lá nos Babas, na Praia de Itapuã, como centroavante no time do qual o senhor era beque. Portanto, foram meninos juntos. (Risos.)
 Com a palavra o Deputado Orlando Fantazzini.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Obrigado, Sr. Presidente.
 Quero cumprimentar o nosso Deputado Pedro Henry, que, citado, se prontificou a vir a este Conselho prestar os esclarecimentos que o Conselho entendesse necessários. Obviamente cumprimentar o nosso Relator, que a cada dia se aprimora e pouco deixa que nós membros aqui possamos apresentar como questionamentos. Eu acho isso extremamente positivo e salutar, demonstra o grande interesse e a atenção que o Relator tem dado a este caso.
 Mas, Deputado Pedro Henry, eu queria, antes de fazer qualquer pergunta, dizer que eu e o Deputado Chico Alencar somos do bloco de esquerda dentro do Partido dos Trabalhadores. Um bloco chamado às vezes de dissidência, chamados de rebeldes, chamados de tantas outras coisas. Mas, nós temos uma visão que destoa um pouco da visão da grande maioria da nossa bancada. E temos a opinião e a convicção de que estamos aqui também à busca da verdade.
Estou dizendo isso porque uma das primeiras coisas que nós fizemos, quando o Presidente Lula fez menção na abertura daquele Congresso de combate à corrupção, foi elaborar uma carta em apoio integral ao Presidente Lula no sentido de fazer o choque ético, cortar na própria carne e não deixar pedra sobre pedra. Entendemos que todos nós temos de ter esse comportamento aqui. E, obviamente, às vezes, algumas pessoas...
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Sr. Presidente, só fazendo uma ressalva. Nós também, que não somos do grupo que ele fala dentro do partido, também queremos a ética, a democracia, e que a verdade seja apurada. Caso contrário, fica parecendo que só ele quer a verdade.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Chico Alencar) - Tem razão. Aliás, a expectativa é que a maioria desta Casa tenha compromisso com a moralidade pública. Essa é uma expectativa.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Só estou fazendo menção, porque fomos nós que fizemos aquela carta e a fomos protocolar junto ao Palácio. Obviamente, às vezes, o nosso comportamento incomoda. Algumas pessoas reclamam tanto do meu comportamento como do comportamento do Deputado Chico Alencar, de que somos muito agressivos ou muito duros na hora de fazer os questionamentos. Mas o fazemos porque, de fato, estamos objetivando a busca estrita da verdade, pois acreditamos que isso é que vai ajudar a esclarecer a sociedade, a resgatar o Parlamento.
Lamentavelmente, hoje, diante de todos esses fatos —— e aí concordo com o grande espetáculo que foi promovido pelo denunciado e teve a oportunidade de fazer aquele grande espetáculo, que vejo de forma lamentável. As pessoas quando, de fato, estão com a seriedade, comparecem e fazem as suas denúncias sem espetacularizar. Digo sem espetacularizar porque coordeno também na Câmara dos Deputados uma campanha contra a baixaria na televisão. E uma das coisas que me deixa muito entristecido é a espetacularização da violência, da degradação do ser humano, de você pegar um fato e tentar transformá-lo num grande espetáculo.
Feita essa explanação, quero dizer que, como já por outros foi dito, temos o objetivo claro que é investigar o Deputado denunciado. A presença de   V.Exa. tenho não pelo fato de que tenha sido mencionado, mas foi mencionado na condição de que poderia saber de algo que o Deputado Roberto Jefferson... Vejo que S.Exa. desenhou uma certa estratégia de sair dialogando com algumas pessoas e se referindo ao mensalão. Dessa forma, todas as pessoas com quem ele falou não tinham como negar.
Ele disse ao Ministro Miro Teixeira, ao Ministro Ciro Gomes e assim por diante. E todos que vieram aqui nunca ouviram dizer sobre o mensalão, a não ser da boca do Deputado Roberto Jefferson. Isso é curioso. Quer dizer, ninguém ouviu dizer sobre o mensalão, a não ser pela boca do próprio Deputado Roberto Jefferson. Poderiam até dizer outras pessoas que ouviram comentários também de fulano de tal, mas todos são categóricos: "Ouvi falar, mas quem falou para mim foi o Deputado Roberto Jefferson". Ele praticamente montou um cenário. Ele escreveu a peça ou o drama, para mim de forma até premeditada, para poder, no momento oportuno, deflagrar o grande espetáculo.
Além disso,   V.Exa. já negou tudo de forma categórica, com muita serenidade, com muita tranqüilidade. Isso, obviamente, como outros que já estiveram aqui, têm deixado claro de que não tinham conhecimento, não ouviram, não participaram de nenhuma conversa nesse sentido.
  V.Exa. fez a afirmação de que nunca fez uma proposta financeira a ninguém. O Deputado Chico Alencar fez menção a   V.Exa. sobre a matéria do Estadão: "se não fizesse, eu faria". Isso, até para dar oportunidade a   V.Exa. de também poder responder sobre esses fatos, porque como mesmo disse   V.Exa. foi meia página de jornal para fazer acusações daquela natureza. Mais uma vez   V.Exa. foi categórico em afirmar, sem titubear, de que em momento algum aquele episódio ocorreu e que aqueles fatos não eram verídicos. Isso me deixou dois questionamentos. Quando   V.Exa. respondeu sobre a questão das migrações de um partido ao outro, e mostrou até para nós essa tabela que apresentou em seu notebook,   V.Exa. disse —— e eu compreendi talvez como uma insinuação ou uma interrogação ——, que o PP não cresceu nos moldes ou da forma que o Deputado Roberto Jefferson afirmara, e respondeu assim: a nós, a afirmativa de que o crescimento do partido foi por meio de cooptação financeira não se aplica". Quando   V.Exa. diz que a nós não se aplica, pode se aplicar a algum outro partido?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Não, Deputado Orlando, não foi essa a minha intenção em dizê-lo quando coloquei dessa forma. Tenho por princípio não sustentar —— não tive o privilégio como   V.Exa. de ter formação jurídica, minha formação não é essa ——, mas tenho por princípio não sustentar acusação alguma que não possa comprovar. Quando usei esse termo, usei-o exatamente no sentido de defender o Partido Progressista, a qual eu sei que essa prática não foi aplicada. Os outros que façam a sua defesa. Então, não quis estender isso aos demais, porque não tenho delegação dos outros para dizê-lo, e não quis afirmar aquilo que não posso provar. Se algum ou outro partido utilizou desse expediente, não tenho conhecimento.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Obrigado. A outra indagação, e que já foi perguntado várias vezes, por que o Deputado Roberto Jefferson teria envolvido   V.Exa., o seu partido? Obviamente, como disse   V.Exa., só pode dizer dentro do "achismo", uma vez que só o Deputado Roberto Jefferson poderia responder, mas   V.Exa. também disse que o Deputado Roberto Jefferson havia dito que o que motivou a denúncia é a questão do civismo ou interesses contrariados. Poderia ser um dos interesses contrariados a diretoria de FURNAS, que hoje, novamente, o Deputado Roberto Jefferson, numa entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, disse que não conseguiu ter a diretoria de FURNAS em razão que o PP é quem impossibilitou que isso ocorresse? Seria também um interesse contrariado, uma vez que não conseguiu a colocação pretendida e que o próprio Ministro, ou o então Ministro José Dirceu, conforme está relatado no jornal, diz que não, porque o PP estava fazendo pé firme para manter o atual diretor. Seria um interesse contrariado, uma mágoa, e que, não tendo conseguido o seu intento, passou a descarregar sobre o PP, até mesmo em   V.Exa. ilações no sentido de envolvê-los, por não ter conseguido o objetivo de obter a diretoria?
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Deputado Orlando Fantazzini, acho que a sua pergunta, embora pertinente ao dilema que está sendo tratado, seria leviano se a respondesse de maneira afirmativa. Não tenho comprovação disso. Eu desconheço as ambições formais do Deputado Roberto Jefferson. Não quero aqui fazer ilações que não posso sustentá-las em qualquer lugar. Entretanto, se   V.Exa. insistir na pergunta, poderia tentar responder a   V.Exa. de uma forma um pouco diferente sobre esse assunto. Quando coloquei o ponto de interrogação, porque eu mesmo me fiz isso a algum tempo atrás, qual é o sentido da motivação de o Deputado Roberto Jefferson fazer isso? Será que ele está movido pelo sentimento patriótico ou será que ele está com interesses contrariados? Aí, comecei a fazer uma série de correlações para tentar entender esse assunto, para tentar explicar a mim mesmo, e não ao público, não de maneira pública como estamos aqui hoje, mas de maneira do meu íntimo, do meu fórum pessoal de reflexão. Comecei a tentar fazer essa reflexão e cheguei a algumas conclusões. Essas conclusões foram correlações para tentar justificar a motivação. Fiz a correlação primeiro com o tempo. Quando foram feitas as denúncias, em que instante elas forma feitas, para ver se o momento motivou aquilo? Cheguei à conclusão de que foi no momento em que se fez as denúncias de corrupção nos Correios, na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Foi nesse momento que o Deputado Roberto Jefferson tomou a decisão de fazer essas denúncias. Dessa forma, acredito, fazendo uma correlação de tempo com a motivação, acredito que isso possa, por si só, justificar a conclusão a que cheguei, no meu íntimo pessoal. E volto a falar: não é uma afirmação; é uma opinião de foro íntimo e pessoal, de que ele foi movido a interesse pessoal, para poder tirar o foco da discussão central, da corrupção que foi constatada, filmada, mostrada na imprensa nacional, para desfocar isso; para tentar, numa estratégia jurídica bem montada, bem engendrada, colocar mais ingredientes para postergar, arrastar, ampliar, a tal ponto do envolvimento ser tão grande, enorme, que o melhor seja falar assim: "Olha, vamos fechar isso tudo numa grande pizza; não se faz nada para ninguém e fica-se quieto". Acho que essa foi a estratégia, essa foi a motivação, das denúncias. Agora, afirmar isso, Deputado Orlando, seria da minha parte uma irresponsabilidade, porque eu não tenho como comprovar isso. Isso é uma conjectura de foro íntimo e pessoal minha. Portanto, Sr. Relator, peço a   V.Exa. que não entenda isso como uma declaração da minha parte.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Sr. Presidente, eu agradeço. Inclusive, agradeço a clareza com que o Deputado Pedro Henry respondeu, deixando bem claro que são convicções pessoais e que ele compartilhou aqui conosco esse seu pensamento, seu sentimento.
 Por isso, mais uma vez, quero reafirmar aqui o meu apreço a   V.Exa...
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Obrigado.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - &hellipprincipalmente; pelo fato de espontaneamente pedir ao Conselho para ter a oportunidade inclusive de dar a sua colaboração.
 Muito obrigado, Sr. Presidente.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Chico Alencar) - Obrigado, Deputado Orlando Fantazzini.
 Relator Jairo, antes de passar a palavra para o senhor, inclusive o último aí, para alegria de todos os que estão com fome e não têm o privilégio daquela quituteira de mão cheia que o senhor mencionou aqui.
 Ainda a respeito dessa rumorosa questão de FURNAS, a que o Deputado Roberto Jefferson agrega novas denúncias, o senhor tem conhecimento — ou vivenciou, como Líder do PP — de algum problema nessa área, de o PTB pleitear alguma diretoria, e o PP não querer abrir mão? Houve algum debate nesse sentido da forma de coalizão de Governo com repartição de cargos?
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Se esse debate existiu, se essa pendenga, essa contenda existiu, não foi ao tempo em que eu era Líder, e não tenho conhecimento.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Chico Alencar) - Muito obrigado.
 Relator, Deputado Jairo Carneiro.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Caro Presidente, Deputado Pedro Henry, nobres colegas, farei alguns breves comentários, pedindo a compreensão de todos.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Deputado Relator, deixe eu ser indelicado fazendo uma interrupção. Eu terei oportunidade de falar após   V.Exa., para um breve... Eu preciso fazer uma retificação de um equívoco que eu cometi aqui.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Correto. Se quiser, pode fazê-lo.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Faço ao final? Eu aqui prestei uma informação. E, durante a paralisação aqui da reunião, eu pude ir ao plenário registrar o meu voto. E fui... Literalmente, puxaram a minha orelha numa informação que eu dei aqui e que não é verdadeira. Eu falei aqui que nós tínhamos indicado a Diretoria de Abastecimento da PETROBRAS. Isso não é verdade. O Dr. Paulo Roberto Costa, que ocupa a Diretoria de Abastecimento da PETROBRAS, foi indicado por nós à Presidência da Transportadora Brasileira de Gás, à TBG, não à Diretoria de Abastecimento. Ele foi tão eficiente na TBG como Presidente daquela subsidiária, que depois houve uma decisão interna, dentro da PETROBRAS, de guindá-lo à posição de Diretor de Abastecimento. Nós fizemos a indicação dele para a Presidência da TBG. E, quando ele saiu da TBG, nós ficamos sem a Presidência também. (Risos.) Perdemos o privilégio de poder indicar o Presidente.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E, mesmo assim,   V.Exa...
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - É só fazer uma retificação, porque eu informei errado aqui, Relator.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E, mesmo assim,   V.Exa. ficou de encaminhar ao Conselho a relação dos nomes indicados para os cargos na estrutura federal.
 Bom, então, após os comentários que eu fizer, tem uma última indagação de   V.Exa. Também pedirei a compreensão, para já apresentar alguns requerimentos que trouxe e fazer a leitura de um ofício de retificação, que recebi do Estado de Goiás, que foi objeto da reunião de ontem.
 Comentários muito breves. Primeiro, em relação ao Deputado Fantazzini, apenas para ficarmos fiéis aos registros. Creio que a primeira notícia não terá partido do Deputado Roberto Jefferson, a respeito do mensalão, mas da matéria publicada na edição do Jornal do Brasil, de 24, salvo engano, de setembro de 2004.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Conflito dele.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Não sei... Creio que não. Creio que não há remissão à pessoa dele naquela matéria, que gerou aquela sindicância, que foi aberta e logo fechou.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Porque ninguém se apresentou.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sim, sim. Mas, agora, o segundo comentário: a importância de que nós estejamos aqui num ambiente democrático e plural, muito diferente de um regime fechado, em que seguramente pessoas poderiam estar sendo condenadas sem formação da culpa, sem o contraditório, sem oportunidade do exercício da sua defesa. Isso seria muito comum, e não faz muito tempo ocorreu neste País. É importante que a imprensa esteja aqui, e tudo isso está acontecendo com a visibilidade do País inteiro.
 Nós, como conselheiros e magistrados — e não estou aqui também como censor, nem conselheiro dos conselheiros —, temos o mesmo poder, a mesma prerrogativa, as mesmas condições e poderes iguais. Mas, até onde for possível, eu creio que é importante evitarmos a manifestação de juízos a respeito.
 Aqui se falou sobre o Deputado Roberto Jefferson, o grande ator, o grande espetáculo. Eu creio que, independente de ter ele estado na situação de investigado, realmente na tribuna ele é um grande ator. Eu acho que é reconhecido isso por todos os Pares, sem avaliação do mérito do seu discurso. Ele é um dos grandes tribunos, da habilidade que tem da gesticulação, do mise-en-scène, de tantos outros atributos e recursos que ele utiliza para tentar convencer na defesa das suas teses.
 Muito bem. Então, é importante que o indivíduo, não ele, falando em tese, o menos qualificado dos homens, o que seja o maior celerado da humanidade, tenha também o direito de dizer a verdade, tenha também o direito de dizer que alguém cometeu um delito, e alguém ser condenado em função do testemunho e do conjunto de provas, a partir de uma acusação do maior celerado do mundo.
 Todos nós sabemos disso. Não estou ensinando nada a ninguém. São os cuidados, as cautelas, que precisamos ter, para que a gente aqui tenha a presença do Deputado Pedro Henry, que vem, comparece e desfaz tudo que foi dito pelo Deputado Roberto Jefferson contra a sua pessoa.
 E não estou valorando. São registros do que aqui se passou, nesta reunião. Tudo, toda acusação, toda denúncia que foi feita contra   V.Exa.,   V.Exa. aqui contesta. Mas isso, que é importante, que é relevante para o nosso trabalho, não esgota e não elimina a perseguição, a busca, a pesquisa, da verdade, a que temos de proceder até o fim. E, se aqui ele dissesse que   V.Exa. teria cometido outras faltas não relacionados como o mensalão, que   V.Exa. teria utilizado recursos públicos para outros fins, não originários de um eventual mensalão,   V.Exa. aqui iria exigir deste Conselho, para exercer a sua defesa, para mostrar a sua inocência, para mostrar a sua honradez, a sua dignidade, a sua decência, como cidadão, como homem público. E essas portas estariam abertas, esta tribuna estaria disponível para   V.Exa., para exercer esse seu direito e para restaurar o seu conceito de dignidade e para, a partir daí,   V.Exa. tomar até iniciativas conta o seu detrator.
 Isso com   V.Exa. e com qualquer outra testemunha que aqui compareça. Porque, se alguém acusar qualquer Parlamentar de qualquer cometimento de falta ou de delito e que compareça aqui porque tenha sido citado pelo Sr. Roberto Jefferson, pelo Deputado Roberto Jefferson, mesmo que não esteja o assunto intimamente relacionado ao mensalão, mas se desgraçadamente se descobrir que o nobre colega em tese terá cometido comprovadamente a falta, este Conselho não será omisso. Nós teremos de nos reportar à Mesa da Câmara, encaminhando-lhe o relatório pela manifestação da maioria, para que tome ciência e adote as providências.
 Aqui vamos julgar Roberto Jefferson, mas ninguém estará imune, comparecendo aqui, se houver cometido qualquer falta na sua vida pública. Teremos de ser responsáveis para encaminhar para as providências cabíveis, Deputado ou não.
 Era o registro que queria fazer com todo o respeito a todos os nobres colegas, com o maior respeito e apreço ao Deputado Edmar Moreira, que é um Parlamentar padrão nesta Casa. S.Exa. usou uma palavra que, para mim, se pudesse, ele a substituiria por outra. A palavra "devaneios" para mim não foi muito adequada. Com todo o respeito a   V.Exa., que prima no uso da lingüística, mas creio que poderia merecer uma outra referência na sua fala. Não poderia deixar de fazer esse registro.
 A maior importância é que, quando houve o depoimento ou a entrevista, seguida do depoimento do Deputado Roberto Jefferson, este País explodiu. Por um estágio cultural que vivemos, a sensação que houve é de que tudo o que ele disse foi verdadeiro. Era necessário que desenvolvêssemos esse trabalho com responsabilidade, a fim de que os próprios órgãos de imprensa, os profissionais responsáveis que aqui estão fazendo a cobertura possam a cada hora, a cada momento, a cada dia ir repassando os estágios da evolução, do trabalho, da pesquisa e da verdade. E que as palavras ditas tenham a sua desdita, e que prossigamos para descobrir as fontes onde estão escondidas as verdades, a fim de que concluamos o trabalho.
 Com isso, iremos amenizar esse impacto na opinião pública do noticiário inicial, que teria mesmo de provocar pânico na sociedade. Nós, com temperança, com maturidade, com responsabilidade, vamos construindo esse processo, que é talvez o mais complexo da história recente desta Casa.
 É importante, porque estamos vendo que a opinião pública está sedimentando, refletindo e ponderando sobre os prós e os contras, a partir daí compreendendo o papel de todos e de cada um de nós que estamos aqui, porque recebemos essa delegação, essa missão, essa incumbência. Foi importante para mim, muito oportuno, que pudesse dirigir essas breves palavras.
Faço uma indagação...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Chico Alencar) - Tem a palavra pela ordem o Deputado Edmar Moreira.
 O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - Após a indagação eu falo.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A indagação que faço a   V.Exa., e um pouco para quebrar um tanto o ar, o clima que pode ter gerado o meu comentário eventualmente, seria a seguinte:   V.Exa. não enfrentou a passagem de uma indagação quando o Deputado Roberto Jefferson falou em mensalão e falou sobre a maçã. É natural que ainda reste um pouco de expectativa, de curiosidade. Se a maçã não tem nenhuma relação, conexão com algo que seja propina, não precisa   V.Exa. dar nenhuma explicação sobre o que é maçã. Se se trata de um fruto proibido que está na sua vida privada, pode reservar; se tem alguma associação com mensalão, com propina, com algo ilícito, peço que explique.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Deputado Jairo Carneiro,   V.Exa., sem dúvida alguma, neste momento, acaba de complicar muito a minha vida. (Risos.) Se não bastasse as suspeições que já pesam na sociedade brasileira sobre a minha forma de conduta colocada pelo representado publicamente quando da sua entrevista,   V.Exa. agora me complica. Tenho certeza de que a minha esposa deve estar me assistindo no meu Estado, e ela deve estar ansiosa para ouvir essa resposta.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Que   V.Exa. não seja absolvido aqui e condenado lá.
 O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - (Risos.) Mas queria, antes de responder a sua pergunta, fazer 2 comentários que julgo pertinentes. Em primeiro lugar, quando   V.Exa. foi escolhido Relator para esse processo disciplinar que está em andamento neste Conselho não foi à toa. São suas habilidades pessoais, a sua postura e retidão que avalizam para todos nós, Parlamentares, que a segurança de que esse processo será conduzido com disciplina, com ordenamento e, sobretudo, com justiça.   V.Exa. fez questão de frisar isso aí. E eu queria começar essa parte, Deputado Jairo, fazendo um pedido de desculpa a   V.Exa., aos membros desta Comissão e aos membros da imprensa que aqui estão. O pedido de desculpa se refere talvez à forma pouco prolixa como a gente se portou aqui hoje, conversando mais do que deveria ou mais do que pretendia. Eu tenho a impressão que cada ser humano que está aqui dentro desta sala hoje sabe perfeitamente a angústia que cada um de nós, e principalmente eu, tem passado nestes últimos dias. Desde a publicação dessa fatídica matéria na Folha de S.Paulo, literalmente não tenho conseguido mais ter aqueles minutos de tranqüilidade, de reflexão, pessoal, íntima, e de lazer até com a própria família. Em função disso, tenho vivido o meu inferno pessoal. Quando vi, hoje pela manhã, a oportunidade de poder extravasar um pouquinho desse sentimento, dessa angústia, dessa dor profunda, acho que acabei abusando da oportunidade, acho que acabei falando demais, demorando demais em algumas coisas que podiam ser mais objetivas. E peço, por favor, perdão por esse excesso que deva ter cometido aqui, de ter falado além da conta ou além do que precisava ser falado. Mas, por favor, enxerguem isso como uma forma também de extrapolar um pouco desse sentimento, Deputado Chico, que acaba ficando. Foi armazenado. Quantos dias fazem que esse problema foi levantado? Tem um mês já praticamente? Então, espero que vocês entendam a angústia e o inferno pessoal que cada um de nós está vivendo neste momento. E queria dizer que tenho plena confiança neste Conselho. Sei que cada um dos Parlamentares que estão aqui vão buscar incessantemente a verdade para que a gente possa esclarecer isso à sociedade. Digo mais ainda, Srs. Parlamentares: julgo ser importantíssimo para a história do nosso País a decisão que vocês vão tirar, no final de todo esse procedimento, porque o Brasil não voltará a ser o mesmo, o Congresso não voltará a ser o mesmo depois dessa decisão. E eu espero que nós, apesar do momento de crise, do momento de dificuldade que acabou gerando para todo o País, de credibilidade na sociedade, de esperança do povo brasileiro, a gente ainda saiba tirar proveito positivo desse episódio e possa construir uma realidade futura melhor do que essa que estamos vivendo agora. Então, estou depositando muita confiança neste Conselho e nas pessoas que têm essa responsabilidade. E falo aqui com absoluta honestidade. Não sei o que é pior: se é estar aqui na condição de convidado, de testemunha, ou se é estar aí na condição de membro deste Conselho para ter de elucidar essa situação e encontrar saída. Por isso, confio plenamente no seu trabalho, Deputado Jairo, e de todos os seus pares aqui nesta Casa e agradeço a forma como me trataram aqui hoje. Já me desculpei pelo excesso. Queria aproveitar este momento, antes ainda de responder a sua pergunta, para agradecer à minha família que, de forma absolutamente unânime, esteve junto comigo todos esses dias. Peço vênia a esta Comissão para dizer o sofrimento de esposa, mãe, irmãos, filhos, que não desejavam jamais passar por esse dissabor a que estamos sendo submetidos. O que eu posso dizer é que o meu testemunho é acompanhado da verdade, da mais absoluta lealdade que eu possa ter para com a minha família, para com a minha sociedade. Espero efetivamente que a gente possa também ter familiarmente, no âmbito da família, um aprendizado positivo desse episódio e que isso sirva para solidificar ainda mais as relações humanas que a gente conserva dentro da família da gente. Respondendo à pergunta — e não fiz isso por último, Deputado Jairo, para criar suspense —, efetivamente não sei do que se trata a alusão do Deputado Roberto Jefferson quando falou sobre essa questão da maçã. Já fui perguntado sobre isso em diversos locais, não sei do que se trata. Nunca tive confidências no campo pessoal com o Deputado Roberto Jefferson. Nunca nos extrapolamos além do interesse dos assuntos legislativos e dos assuntos de fusão partidária e de questões eminentemente políticas. Nunca tive. Em raríssimas oportunidades, unilateralmente, ele me confidenciou algumas questões, como que gostava de tiro ao alvo e coisas nesse sentido, mas nunca além disso. Nunca tivemos relacionamento social juntos fora aqui do Congresso Nacional, não mantínhamos uma relação de amizade. Então, não sei do que trata. Nunca fiz confidência de natureza pessoal, porque acho também que isso é uma coisa que a gente faz com a família e com os amigos mais íntimos, e eu não tenho essa relação de amizade com ele. Espero ter respondido a   V.Exa. e acho que a pergunta deve ser dirigida a ele na oportunidade em que isso puder ser feito. No mais, só posso agradecer a consideração e o respeito que os amigos aqui nos detiveram.
O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Chico Alencar) - Obrigado. Só o Deputado Roberto Jefferson, portanto, esclarecerá o mistério da maçã. Se ele tivesse feito arco e flecha, já dava uma pista para a gente aquela maçãzinha aqui.
Deputado Edmar Moreira.
O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - Sr. Presidente, eu me dirijo especialmente ao Sr. Relator. Sr. Relator, o respeito e a estima que tenho por   V.Exa. me impediriam de qualquer forma de tentar ofendê-lo, mas quem fala de improviso e não está preparado para tal, às vezes, comete certos erros.
Então, por favor, vamos substituir "devaneios" por "reflexões". Desculpa, realmente o termo na hora foi absolutamente inapropriado, mas, às vezes, sem que haja dolo ou ofensa. E nós todos o respeitamos. Então, queria deixar o registro. Isso não passou pela minha cabeça.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Chico Alencar) - Para as reflexões finais (risos), Deputado Jairo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Nobres colegas, eu trouxe aqui alguns requerimentos. Eu vou proceder à leitura, depois a Presidência fará a distribuição.
E, antes disso, a leitura de um ofício que nos chega às mãos do gabinete da Secretária de Ciência e Tecnologia de Goiás, firmado pelo Sr. Marcelo Pereira Resende, Secretário de Gabinete, o mesmo cidadão que subscreveu um documento que eu li ontem na nossa reunião. Dirigido a esta Relatoria, diz:
"Esclareço que, por erro de digitação, houve inversão no número de telefone informado anteriormente. Retifico que o correto é (61) 4111440".
Creio que a grafia teria saído 4014.
"Respeitosamente, Marcelo Pereira Resende".
Leio os requerimentos.
"Requer a acareação de testemunhas no processo disciplinar instaurado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar contra o Deputado Roberto Jefferson.
Sr. Presidente, requeiro a   V.Exa., nos termos do art. 14, inciso IV, do Código de Ética e Decoro Parlamentar, c/c com art. 11, do Regulamento, a acareação dos Deputados Professora Raquel Teixeira e Sandro Mabel, para instrução do Processo nº 01/2005, instaurado contra o Deputado Roberto Jefferson.
29 de junho de 2005.
Jairo Carneiro, Relator".
Ambos já se prontificaram a realizar a acareação.
"Requer encaminhamento à Mesa da Câmara dos Deputados de solicitação de quebra de sigilo telefônico e fiscal.
Sr. Presidente, requeiro a   V.Exa., ouvido o Conselho, nos termos do art. 14, inciso IV, do Código de Ética e Decoro Parlamentar, c/c os arts. 11 e 14, do Regulamento, encaminhamento à Mesa da Câmara dos Deputados de solicitação anexa de quebra de sigilo telefônico e fiscal das empresas SMP&B Comunicação e DNA Propaganda e do Sr. Marcos Valério Fernandes de Souza, necessária à instrução do Processo nº 01/05, instaurado contra o Deputado Roberto Jefferson.
30 de junho de 2005.
Jairo Carneiro, Relator".
Não será apreciado agora, estou apenas apresentando os requerimentos.
O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - Sr. Presidente, uma questão de ordem. Isso não é para apreciação nem votação?
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Agora não.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Chico Alencar) - Para conhecimento.
O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - Desculpa.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Outro requerimento:
"Requer encaminhamento à Mesa da Câmara dos Deputados solicitação de quebra de sigilo bancário.
Sr. Presidente, requeiro a   V.Exa., ouvido o Conselho, nos termos do art. 14, inciso IV, do Código de Ética e Decoro Parlamentar, c/c os arts. 11 e 14, do Regulamento, encaminhamento à Mesa da Câmara dos Deputados de solicitação anexa de quebra de sigilo bancário das empresas SMP&B Comunicação e DNA Propaganda, necessária à instrução do Processo nº 01/05, instaurado contra o Deputado Roberto Jefferson.
30 de junho de 2005.
Jairo Carneiro, Relator".
E, por último, o requerimento que eu espero mereça o consenso de todos. Troquei idéias com o Presidente Ricardo Izar sobre este e sobre o da acareação. E digo, creio que sem incorrer em erro, que ele participou comigo dessa listagem de nomes.
"Requer a oitiva de testemunhas no processo disciplinar instaurado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar contra o Deputado Roberto Jefferson.
Sr. Presidente, requeiro a   V.Exa. nos termos do art. 14, inciso IV, do Código de Ética e Decoro Parlamentar, c/c com o artigo do Regulamento a oitiva das seguintes testemunhas para a instrução do Processo nº 01/2005, instaurado contra o Deputado Roberto Jefferson: Delúbio Soares, Sílvio Pereira, Emerson Palmieri, José Genoino, Marcos Valério Fernandes de Souza, Walfrido Mares Guia, Simone de Vasconcelos, Geiza Dias dos Santos e Marcelo Sereno.
Sala das Reuniões, 30 de junho de 2005.
Jairo Carneiro, Relator".
Além desses nomes, nós temos de ouvir as 4 testemunhas da defesa e os outros Deputados que já estão sendo convidados, creio que 4 ou 5 e que todos sabem que faltam ainda confirmar agenda para comparecimento.
Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Chico Alencar) - Obrigado.
Deputado Fantazzini e, depois, o Deputado Edmar.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Sr. Presidente, minha questão de ordem se reveste em razão do fato de que há de se fazer, e o Relator deveria apresentar a este Conselho, como nós havíamos deliberado, após a oitiva dos Deputados, uma proposta.
E eu estou fazendo esse questionamento, porque eu estou vendo que nós estamos já indo para fazer acareação, oitivas. Quer dizer, eu queria fazer um apelo para a próxima reunião, Sr. Relator, eu sei que o senhor só trouxe para conhecimento, mas eu gostaria que, para a nossa próxima reunião, o Deputado Jairo Carneiro pudesse já fazer uma proposta, um cronograma das demais ações que o Conselho pode fazer. E digo por quê: porque no decorrer de outros depoimentos podem surgir fatos que elucidem, inclusive, depoimentos aqui já prestados, e aí nós não teríamos a necessidade de acareação ou de outros episódios. É hipótese.
Então, eu acho que se V.Exa. pudesse apresentar, na nossa próxima reunião, um cronograma, até para que, ao invés de ficarmos votando individualmente requerimento individual de cada Deputado que fez a convocação de um ou de outro, dentro da proposta, nós já poderíamos aprovar a proposta como um todo. E aí nós ganharíamos tempo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Concordo com   V.Exa.
Nós poderemos ter, eventualmente, alguma dificuldade. Por exemplo, há Deputados que só irão comparecer como convidados no mês de agosto, já anunciaram isso ao Presidente, e eu pude obter essa declaração, por exemplo, do Deputado Pedro Corrêa.
Se nós trabalharmos em julho, ainda assim, ele quer ser ouvido em agosto. E nós não podemos ficar com a nossa pauta paralisada. É uma situação.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Mas eu concordo com   V.Exa., até porque nós já ouvimos inclusive a Sra. Fernanda Karina, que quebrou esse procedimento, até porque, como nós convidamos, as pessoas também vão se agendar.
Então, eu acho que, como o tempo urge contra nós, temos de fazer as deliberações.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - O ex-Ministro José Dirceu também consta que virá em agosto. É outra situação.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Então, nós temos de fazer as nossas deliberações e aí ir adequando.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Ajustaremos em conjunto.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Sem dúvida.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Em conjunto, não tenha dúvida, não. E eu quero a colaboração dos nobres pares para montarmos esse calendário também. Faremos em comum acordo.
Apenas eu entendi — e consultei o Presidente, repito — que essas pessoas seriam pessoas importantes para contribuir. Creio que existem vinte e tantas pessoas relacionadas, mas eu entendi, com a concordância dele, e assim entendo, não quero faltar com a verdade, que esses nomes seriam importantes, claro, com a manifestação da maioria do plenário, que é essa a minha proposta.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Não, não estou discordando. Eu só estou propondo que   V.Exa. já apresente uma proposta ampla para que deliberemos.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Chico Alencar) - Tem a palavra o Deputado Edmar Moreira e, depois, o Deputado José Carlos Araújo.
 O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - Sr. Presidente, apenas quero fazer uma ponderação ao Sr. Relator, até muito cautelosamente. O senhor há de convir que essa declaração pública de intenção ao se convocar esse ou aquele, de certo modo nos compromete a fazê-lo. Desculpa, vou terminar o meu pensamento.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Não necessariamente. Se aqui o entendimento for pela maioria de que não se deve chamar fulano de tal, não se chamará fulano de tal, porque eu me curvarei a essa decisão.
 O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - Sr. Relator, deixa eu terminar. Tenho de ter muita cautela para   V.Exa. não achar que estou sendo indelicado. Quando eu disse que de certo modo temos de fazê-lo, porque, ao não fazer a nosso critério ou deste Plenário, fica aquela indagação: mas por que fulano e sicrano foram citados e não foram convocados? Até mesmo, numa primeira análise, alguns nomes que, data venia, extrapolam esse objeto específico que o Conselho está se propondo, haja vista que há 4 apurações na Casa acerca do mensalão. Será algo apurado mais do que nunca visto. A CPMI do Mensalão está prestes a ser instalada, assim como a CPI do Mensalão da Câmara, a CPMI dos Correios, que vai apurar também o mensalão, e a Corregedoria da Casa. São quatro.
 Essa a ponderação que queria fazer a   V.Exa.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Nobre Deputado, creio que   V.Exa. não deve ficar com esse tipo de preocupação. Veja que na listagem de nomes constam vários Ministros de Estado.
 Fiz a minha reflexão. Entendo que, pelo menos por agora, não se justifica a convocação do Ministro Aldo Rebelo, por exemplo —— Walfrido está na minha relação ——, porque é um Ministro do partido e que, segundo o Deputado, recebeu a sua visita para ter ciência do mensalão. Todos que tiveram ciência do mensalão, Deputado colegas nossos, como o ex-Ministro José Dirceu, já se ofereceram para comparecer, só faltando agendar a data.
 O raciocínio é nesse sentido, mas há Ministros que não relacionei.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Sr. Relator, todos esses nomes já constam, se não me falha a memória, de requerimentos de vários Deputados. Quer dizer, o senhor não está publicizando, o senhor só está...
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Creio que menos as Sra. Geiza e Simone, de que me lembro.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Todos os nomes já foram mencionados.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Chico Alencar) - Pois não, nobre Deputado José Carlos.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Sr. Presidente, nobre Relator,   V.Exa. pede a quebra do sigilo telefônico. Quero dar uma pequena contribuição a   V.Exa. Pelo menos vou ter uma oportunidade de tentar ensinar alguma coisa do ramo.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - O senhor é especialista não em quebra de sigilo, mas em telefonia.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Justamente aí, Sr. Relator. Com relação à quebra do sigilo, é bom que seja especificado qual o período que esta Comissão está precisando. Tem-se de pedir a cópia detalhada das contas passadas, porque não há quebra de sigilo telefônico. O que se quer saber, na verdade —— não vai se fazer escuta ——, pelo que entendo, são os telefonemas dados naquele período. Então, seria bom que se determinasse o período, caso contrário, a pesquisa ficará inócua, ficará muito grande e não vai se chegar a uma conclusão. Seria bom especificar de quais telefones.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Muito bem. Agradeço a   V.Exa. A Consultoria está preparando um documento complementar que é referido no requerimento, que vai ser um documento essencial a respeito do que se propõe.   V.Exa. poderá auxiliar também a consultoria.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Outra coisa, Sr. Relator: em alguns desses casos podíamos ganhar tempo. Na verdade, algo dito a muitos, como uma mentira plantada em vários pontos, termina se tornando verdade. Esse que é o foco da coisa.
 Então, algumas coisas que parece que queremos saber é: determinado Ministro, que é do partido, tomou conhecimento? Quando? Algumas perguntas que podem ser feitas até pelo próprio Relator por escrito, e ele responde. Ganha-se tempo em não trazer o Ministro aqui ao constrangimento. São algumas perguntas que o Relator quer fazer que poderão ser feitas até por escrito, ele responde, e vamos ganhar tempo com isso.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Da minha parte, não há objeção, mas é porque cada cabeça aqui é uma sentença.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Essa é apenas uma sugestão que eu coloco para análise da Presidência e da Relatoria.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Só uma questão breve. Nosso Relator falou do requerimento de quebra, mas a CPI dos Correios já fez a quebra. Eu acho que ganharíamos mais tempo, porque vamos ter que encaminhar à Mesa, pedir à Mesa para encaminhar...
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Eu creio que a Presidência, com essa sugestão de   V.Exa., eu estava com esse pensamento, não quis anunciar, a Presidência poderá obter essas informações, se houver concordância da CPI em fornecer as informações, sem dúvida alguma.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Porque o nosso Regulamento, inclusive, permite que nós façamos prova emprestada através da quebra de sigilo da CPI.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Não tenha dúvida. Concordo plenamente com   V.Exa.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Chico Alencar) - Quatro horas e meia depois do início da reunião, não havendo mais nada a tratar, declaro encerrada esta reunião do Conselho. A próxima reunião ou interna e administrativa ou de oitiva será semana que vem, dependendo da continuidade dos trabalhos legislativos.
 Está encerrada a reunião.