28 de junho de 2005


DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO

NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES

TEXTO COM REDAÇÃO FINAL

CONSELHO DE ÉTICA E DECORO PARLAMENTAR
EVENTO: Audiência Pública
N°: 0951/05
DATA: 28/6/2005
INÍCIO: 14h30min
TÉRMINO: 19h00min
DURAÇÃO: 04h21min
TEMPO DE GRAVAÇÃO:04h21min
PÁGINAS: 142
QUARTOS: 53


DEPOENTE/CONVIDADO — QUALIFICAÇÃO

FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Depoente.
ITAPUÂ PRESTES DE MESSIAS — Advogado do Deputado Roberto Jefferson.
RUI CALDAS PIMENTA — Advogado da Sra. Fernanda Karina Ramos Somaggio.
LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBOSA — Advogado do Deputado Roberto Jefferson.


SUMÁRIO: Tomada de depoimento referente ao Processo nº 1, de 2005(Representação nº 28, de 2005), do Partido Liberal, movido contra o Deputado Roberto Jefferson.


OBSERVAÇÕES

Há intervenções inaudíveis.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) - Havendo número regimental, está aberta a sessão.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) - Pois não, pela ordem.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Sr. Presidente, embora V.Exa. ainda não tenha feito menção, eu gostaria de requerer a dispensa da leitura da ata uma vez que todos os Srs. Deputados já a receberam com antecedência.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Os que tiverem favorável ao pedido do Deputado Orlando Fantazzini permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Por favor, peço silêncio ao plenário.
Expediente.
Correspondência encaminhada pelo Presidente da Casa comunicando decisão do Sr. Presidente quanto à questão de ordem levantada pelo Deputado Edmar Moreira referente aos procedimentos adotados por este Conselho no que diz respeito à Representação n.º 28, de 2005, cópia nas pastas distribuídas pela secretaria.
Ofício do Sr. Deputado Carlos Alberto Leréia colocando-se à disposição do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar para fazer a acareação que se fizer necessária, podendo ser com o próprio Deputado Sandro Mabel e a Deputada Professora Raquel Teixeira, ou só com o primeiro, em conjunto ou separadamente.
Comunico ainda que a revista Veja encaminhou o CD com a reportagem no qual o Sr. Maurício Marinho faz menção ao esquema de corrupção dentro dos Correios.
Ordem do Dia.
Eu gostaria de convidar a Sra. Fernanda Karina Ramos Somaggio a tomar assento à Mesa. Ela poderá vir acompanhada do seu advogado. (Pausa.)
A presente reunião tem por finalidade a produção de provas testemunhais.
A respeito do depoimento da Sra. Fernanda Karina Ramos Somaggio, tenho alguns esclarecimentos para fazer ao plenário, de acordo com o que dispõe o art. 12 do regulamento deste Conselho de Ética. A testemunha prestará compromisso e falará somente sobre o que lhe for perguntado, não sendo permitido qualquer explanação ou considerações iniciais. Inicialmente o Sr. Relator, Deputado Jairo Carneiro, fará as perguntas que poderão ser feitas neste momento e a qualquer momento que entender necessário. Após o Relator, será dada a palavra ao advogado do representado. A chamada para que os Parlamentares inquiram a testemunha será feita pela inscrição que foi entregue aos Srs. Deputados. Falarão os membros do Conselho de Ética, inicialmente os titulares e, posteriormente, seus suplentes. Os Srs. Líderes partidários também poderão falar. Os Vice-Líderes só poderão falar em nome do partido se esta Mesa receber, por escrito, uma autorização do Líder. Os Deputados terão 5 minutos para as perguntas e uma réplica de 3 minutos. O Deputado quando usar da palavra não poderá ser aparteado e a testemunha não será interrompida, exceto pelo Presidente ou pelo Relator. Quando a testemunha se fizer acompanhar de advogado, este não poderá intervir de qualquer modo nas perguntas e respostas, sendo-lhe permitido consignar protesto ao Sr. Presidente do Conselho de Ética.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Sr. Presidente, pela ordem.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Pois não, Deputado.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Sr. Presidente, não vejo os advogados do representado. Eles estão presentes?
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Convido os advogados do representado a sentarem na primeira fileira, se estiverem presentes.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Se não estiverem, consulto se eles foram devidamente notificados.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Foram devidamente notificados e até agora não compareceram. Quando comparecerem, poderão sentar na primeira fileira.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Obrigado, Sr. Presidente.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Termo de compromisso.
 "Nos termos do art. 12, inciso I, do Regulamento do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, presto o compromisso de falar somente a verdade sobre o que me for perguntado acerca dos fatos relatados ao Processo nº 1, de 2005, Representação nº 28, de 2005, do Partido Liberal, movido contra o Deputado Roberto Jefferson.
Sala das reuniões, 28 de junho de 2005.
Fernanda Karina Ramos Somaggio."
A testemunha prefere que se inicie com as perguntas. Na lista de inscrição, o primeiro inscrito é o Deputado Chico Alencar, do PT. Mas o nobre Relator será o primeiro a falar.
Com a palavra o nobre Relator.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sr. Presidente, Deputado Ricardo Izar, nobres colegas conselheiros e Sra. Fernanda Karina Somaggio. Inicialmente, Sr. Presidente, quero passar às mãos de V.Exa. o nosso parecer sobre uma peça oferecida pela defesa levantando alguns pontos e questionamentos.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Por favor, peço silêncio no plenário. Gostaria que os segurança fechassem a porta, por favor. Quando quiserem entrar abram a porta. Mas a porta vai ficar fechada.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Continuando, Sr. Presidente, esse documento deverá ser distribuído por V.Exa. aos nobres membros titulares e suplentes para apreciação em momento oportuno. V.Exa. deixou claro, para evitar qualquer dúvida da parte do senhor advogado, que S.Sa. poderá apenas apresentar protestos, e não fazer inquirições. No caso do advogado representante do representado, mantém e lhe assegura o uso da palavra, se estiver presente.
Sra. Fernanda, queremos agradecer a sua presença. A senhora vem aqui contribuir para o trabalho que cumpre a este Conselho de pesquisa da verdade. Arrolada pela defesa, V.Sa. jurou um compromisso de dizer a verdade, exclusivamente a verdade, seja em favor ou em desfavor de quem quer que seja.
O investigado é o Deputado Roberto Jefferson, mas aqui nós temos de apurar os fatos que constam da representação contra o Deputado Roberto Jefferson e das suas alegações que imputam acusações e formulam denúncias contra pessoas, Parlamentares ou não. V.Sa. ocupou posição importante em uma empresa como secretária.
E eu começo por algumas indagações preliminares, pedindo que não as considere de nenhum modo ofensivas à sua honra e à sua dignidade. Mas creio que são úteis para nos situarmos em um determinado contexto, pela posição que V.Sa. exerceu na empresa.
Inicialmente indago: para vir aqui a este Conselho, a senhora sofreu alguma ameaça, recebeu algum telefonema com algum tipo de mensagem, recebeu alguma pressão ou alguma oferta?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Não recebi nada.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora negou na Polícia Federal as declarações que foram divulgadas em uma entrevista publicada na revista ISTOÉ Dinheiro. Por que a senhora negou na Polícia Federal as declarações contidas na entrevista?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Na terça-feira do dia da publicação, eu estava saindo da empresa onde eu trabalho atualmente indo para a minha casa. E em uma das avenidas de Belo Horizonte eu recebi... Um motoqueiro parou ao lado do meu carro quando o sinal fechou. Eu estava com o vidro por entreaberto. O motoqueiro começou a falar comigo. Eu estava achando que o motoqueiro estava pedindo algum tipo de informação. Eu abaixei o vidro. Foi quando eu ouvi ele falar comigo, ele estava com um capacete até o nariz, um capacete preto, dizendo que se eu falasse qualquer coisa, a minha família estaria em perigo. A minha família seria a minha filha de 8 anos e o meu marido. Eu entrei em pânico. Não sabia o que fazer e foi por isso que aconteceu o que aconteceu.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Isso foi quantos dias antes do depoimento à Polícia Federal?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - No primeiro depoimento, na noite anterior. Na terça-feira à noite.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A ameaça foi na véspera?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Na véspera, por volta de 8:15, 8 horas.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E por que a senhora resolveu reafirmar, confirmar na entrevista à TV Globo as suas declarações na conformidade do que consta na revista ISTOÉ?
A SRA. FERNANDA KARINA SOMAGGIO - Sim, porque eu mudei de advogado. Hoje o meu representante é o Dr. Rui Pimenta. Nós tivemos uma conversa inicial e ele pediu para que eu contasse exatamente tudo o que estava acontecendo. E eu contei. Disse do motoqueiro e ele disse que eu não deveria ter feito isso, que eu deveria ter avisado a todos e aí nessa conversa ele disse que a melhor coisa seria voltarmos à Polícia Federal e fazermos exatamente o que era a verdade e trabalhássemos única e simplesmente em cima da verdade. É nisso que eu estou falando para todo o mundo o que eu vi e o que eu sei. Eu não inventei nada.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Vou fazer uma indagação à senhora que se refere ao advogado, e pedindo ao advogado também a necessária compreensão, porque aqui nós não queremos e nem pretendemos atingir preceitos éticos do exercício da profissão.
A senhora tem conhecimento se o seu advogado, que está ao seu lado, tem alguma relação pessoal de amizade ou profissional com qualquer dessas pessoas que estão envolvidas nesse processo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Ele não conhece ninguém.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Qual o seu grau de instrução?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu tenho o 2º grau técnico em secretariado, falo inglês e italiano fluente e estou aprendendo francês.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Que experiência a senhora tem profissional? Em que outras empresas trabalhou?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu tenho 10 anos de experiência. Sempre trabalhei em empresas multinacionais. Empresas americanas, empresas holandesas, empresas italianas e sempre foi em multinacional. A primeira vez que eu trabalhei em empresa nacional foi quando trabalhei na SMP&B.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora tem alguma declaração firmada por alguma dessas empresas sobre a sua idoneidade, recomendação a respeito do seu trabalho?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Tenho. Tenho carta de recomendação em todas. Mesmo porque sempre assessorei presidentes de empresa.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora pode colocar à disposição cópias dessas declarações para este Conselho?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim, passo para o senhor. Não trouxe agora, mas eu posso passar.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Quantas empresas? Quais empresas?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- É uma empresa que chama Cooper do Brasil, Philips do Brasil, Sila do Brasil, GE do Brasil.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Quanto tempo, mais ou menos, em cada empresa V.Sa. trabalhou?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Trabalhei por volta de 2 anos em cada um delas. Sempre saí porque as pessoas com as quais eu trabalhava eram pessoas que não eram brasileiras, eram americanas. Então, quando eles foram embora, eu saía da empresa e ia para outra empresa, assessorar outros estrangeiros.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- A senhora nunca foi dispensada por justa causa de nenhuma das empresas?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, em nenhuma delas.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Como a senhora conheceu o Sr. Marcos Valério?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu fui... O meu currículo estava na Internet, num site, e eles me chamaram fazendo uma proposta de trabalho. E foi assim que eu o conheci.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Ninguém a indicou?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, ninguém.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- A senhora não conhecia a empresa?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, não conhecia, não sabia onde era.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Nem o Sr. Marcos Valério?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Como foi o processo de seleção a que a senhora se submeteu?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu fui a uma empresa de seleção, eles fizeram um exame de conhecimentos e depois, no mesmo dia, eu fui até a empresa. Conversei com a pessoa responsável do RH lá, ela passou o meu currículo para ele. Eu acho que duas semanas depois eu voltei e o conheci e comecei a trabalhar 1 mês depois.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Qual o cargo que a senhora exerceu na empresa?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu era secretária executiva.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Trabalhava diretamente com quem?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Com o Sr. Marcos Valério.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Quanto tempo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Nove meses.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Qual foi o motivo da sua saída?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Ele me demitiu dizendo que estavam reformulando todo o departamento e que não poderia ter outra secretária.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Não houve nenhuma outra motivação? Nenhuma razão de desempenho ou de quebra de confiança?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, não. A única coisa é que eu já não estava gostando de trabalhar lá, já estava procurando emprego. Acredito que ele deve ter descoberto e, 1 mês depois, ele me manda embora.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Por que a senhora não estava gostando mais de trabalhar lá?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Porque, durante todo o tempo que eu fiquei lá, eu não tinha horários. Eu trabalhava o dia todo, até 7 horas da noite, à noite, sábados, domingos e feriados, e não era esse o modo com o qual eu estava acostumada a trabalhar — assessorando, claro, mas não o tempo todo, integral.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- A senhora exercia uma função que considera que era de confiança?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Com certeza.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- E a senhora tratava com informações mais confidenciais da empresa ou do seu diretor, do Sr. Marcos Valério?
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Em algum momento, ele teve desconfiança de que a senhora pudesse estar quebrando este elo de confiança dele no desempenho da sua função?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Se ele teve, ele não me passou isso.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Por que ele moveu um processo contra a senhora?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu, sinceramente, não sei. O processo, ele me pegou de surpresa. Não sabia. Quem pode dar mais detalhes sobre o processo é o meu advogado.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Mas que processo é? Qual é o tipo da ação?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- De extorsão.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- De extorsão?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Isso.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Eu não sei se o Presidente poderia concordar com o esclarecimento do advogado.
O SR. RUI CALDAS PIMENTA- O Sr. Marcos Valério, contratando um advogado, este representou...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Por favor, eu gostaria que V.Sa. se endereçasse só ao Presidente.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Só o processo, a ação.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - E só dissesse qual o processo, qual a ação.
O SR. RUI CALDAS PIMENTA- O processo é às iras do art. 158, do Código Penal.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Qual é o tipo, por favor?
O SR. RUI CALDAS PIMENTA- Extorsão.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Qual é?
O SR. RUI CALDAS PIMENTA- Extorsão.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Sra. Fernanda, em que passo está o processo? A senhora já apresentou defesa?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Já. Ele que está... Pode passar? Nós já apresentamos, já demos entrada aos habeas corpus para trancar a ação.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Se puder, a senhora oferecer a este Conselho a cópia da petição inicial e da sua defesa, eu acho importante termos aqui esses elementos.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Tudo bem.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Pergunto à senhora: afora o relacionamento de trabalho, o relacionamento profissional, a senhora ocupando uma função de confiança, a senhora manteve algum tipo outro de relacionamento extratrabalho com a família do Sr. Marcos Valério.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, o meu relacionamento com o Sr. Marcos e toda a família era única e exclusivamente profissional.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A agenda que a senhora apresentou, a senhora dispõe de cópia dessa agenda?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim, tenho ela aqui. Está aqui.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Nós queremos que a senhora também, espontaneamente, possa oferecer uma cópia dessa agenda para o Conselho.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Está à disposição do Conselho.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Agora farei questionamentos mais sobre ...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu estou apresentando a cópia do habeas corpus para o senhor poder dar uma olhada.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Mas nós pedimos também a cópia da petição inicial, que é a peça contra a senhora, e da defesa no processo...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Já tem tudo aqui. Ok.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - .... que pode não ser a do habeas corpus. Então, a senhora já confirmou que está disposta aqui a reafirmar o teor das entrevistas concedidas à revista ISTOÉ, que foram duas, embora publicadas em uma única edição, que foi de 22 de junho. Uma entrevista foi em setembro do ano passado.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E a outra já foi este ano, publicadas ambas na edição ISTOÉ Dinheiro, do mês de junho, 22.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Correto?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Correto.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora foi quem procurou a revista ou foi a revista quem a procurou?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu sempre lia os artigos do Sr. Leonardo Attuch e nós nos conhecemos. E um dia eu estava lendo um dos artigos dele que falava sobre o Sr. Delúbio e entrei em contato com ele, falando que o que estava lá não... de todas as reportagens que ele tinha feito, essa não era uma reportagem boa. E ele ficou, achou que eu.. disse que: "Mas por que?" Eu disse: "Ah, porque eu conheço ele por telefone e acho que não é exatamente isso que está acontecendo." Aí, a gente começou a conversar.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Então, foi a senhora quem tomou a iniciativa?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim, porque eu mandei e-mail, a gente conversava por e-mail.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Na primeira entrevista, do dia 2/9..
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Desculpe, eu estou passando ao senhor a cópia do processo. Completa.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Na primeira entrevista do dia 2/9, embora publicada na edição de junho da revista ISTOÉ, a senhora diz que a SMP&B tem a conta do Banco do Brasil na parte de esportes através da MultiAction,
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - ... uma das empresas do grupo. Que é tudo negociata e que eles passam dinheiro para o pessoal do Governo. A senhora diz isso, que está publicado na entrevista. A senhora confirma esta declaração?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. Eu disse o seguinte, em todos os meus depoimentos foi o seguinte: a SMP&B e a MultiAction têm as contas do Banco do Brasil e que o Sr. Marcos tem relacionamento estreito com pessoas de dentro do Banco do Brasil, responsáveis pela área de marketing.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E o que eu disse aqui: "Eles passam dinheiro para o pessoal do Governo". Em algum momento a senhora declarou isso? E agora a senhora confirma alguma coisa nesse sentido?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eles tinham um relacionamento muito estreito, estavam sempre se encontrando, toda a semana, aqui em Brasília.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Eles quem?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - O Sr. Marcos, o Sr. Pizzolatto e mais uma pessoa do Banco do Brasil.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Por favor, quem eram essas pessoas?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - O Sr. Marcos Valério, o Sr. Pizzolatto e o ...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Quem é Pizzolatto?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Ele trabalhou no Banco do Brasil, no Departamento de Marketing.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - De onde?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Aqui em Brasília.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Em Brasília?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Mas eu insisto com a senhora. Está no texto, foi transcrito do texto da revista ISTOÉ Dinheiro: "É tudo negócio...Eles passam dinheiro para o pessoal do Governo."
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, eu reafirmo ao senhor que eles têm relacionamentos estreitos. Eles têm, eles conversam sempre, estão sempre juntos...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Quem são que conversam sempre, estão sempre juntos?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sr. Marcos, Sr. Pizzolatto ...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E quem mais?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - E as pessoas da área de marketing do Banco do Brasil. Eles estão sempre, sempre juntos. Então Ent Então...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A Consultoria que produziu, não é? Espero que esteja fidedigno.
Peço um minuto. (Pausa.)
Vou ler, Sra. Fernanda. Sra. Fernanda, aqui está:
"Dinheiro: O que chamou a sua atenção ali?
A senhora: Eu li a entrevista que vocês fizeram com o Delúbio Soares, o tesoureiro. Parecia que ele é gente boa, mas não é nada disso.
Dinheiro: Por quê?
Fernanda: Ele faz intermediação de negócios. Por exemplo, a SMP&B tem a conta do Banco do Brasil na parte de esportes através da MultiAction, uma das agências do grupo. E é tudo negociata. Eu sei que eles passam dinheiro para o pessoal do Governo".
Está aqui textual, na revista ISTOÉ, atribuindo à senhora essa declaração. Então, eu insisto mais uma vez. A senhora contesta essa declaração sua? Quer ver o texto?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- É o que está escrito.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO- O advogado vai ensinar o que vai falar?
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sr. Presidente, realmente...
Senhor advogado, peço a V.Exa. que não interfira. Prejudicará a testemunha.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim. O que está aqui eu confirmo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Quem são as pessoas do Governo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Ele tem o tesoureiro do PT, o Sr. Delúbio Soares.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO- Questão de ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Questão de ordem.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Sr. Presidente, art. 11, inciso IX: "Se a testemunha se fizer acompanhar de advogado, este não poderá intervir ou influir, de qualquer modo, nas perguntas e nas respostas, sendo-lhe permitido consignar protesto ao Presidente do Conselho, em caso de abuso ou violação de direito".
Então, o advogado tem que permanecer calado; não pode influir nem assessorar a depoente, Sr. Presidente.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Sequer escrever para ela responder.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - E sequer escrever. Está assessorando. Portanto, ela tem de responder o que ela veio para falar, o que ela sabe e o que quiser falar, e não o que o advogado quer.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Vou atender à solicitação de V.Exa.
Com a palavra o nobre Relator.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Quem são, Sra. Fernanda, as pessoas do Governo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- São o tesoureiro do PT, Sr. Delúbio Soares; o Sr. Sílvio Pereiro. E, eventualmente, ele conversava com o Ministro José Dirceu.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Como que a senhora pode, perante este Conselho, nos oferecer elementos que corroborem as suas palavras a respeito desses contatos com essas pessoas?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sempre que chegavam amigos dele na empresa, pedindo algum tipo de favor — não sei quais porque eu não estava presente —, ele sempre dizia em alto e bom tom que ele tinha grande influência com grandes políticos e que podia ficar tranqüilo que ele sempre iria procurar ajudá-los.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- A senhora fazia ligações telefônicas para essas pessoas ou para outras pessoas, políticos ou não, habitualmente, com alguma freqüência?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Fazia quando eles estavam no escritório, sim.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Por favor, relacione as pessoas.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- O Sr. Delúbio Soares sempre. O Sr. Sílvio Pereira sempre. E quando ele gostaria de conversar com o Ministro, ele pedia para que eu ligassem em São Paulo e pedisse para alguém que o Ministro ligasse ao celular dele.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E com outras pessoas, políticos ou não?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu fazia todos os telefonemas enquanto ele estava dentro da empresa. Eu passava para ele e ele falava separado, sozinho.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A sua agenda contém os registros das ligações?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. Era feito em uma folha de papel separada.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora se lembra do número do telefone que a senhora utilizava para fazer as ligações e para receber ligações dessas pessoas?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, mesmo porque já faz um ano e meio que eu saí de lá, quase dois anos. Faz um ano e meio que eu saí de lá. Então, não tem jeito de lembrar.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Mas era do gabinete do Sr. Marcos Valério, o telefone?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Era na empresa SMP&B, onde eu trabalhava.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Ainda nessa entrevista, a senhora diz que o Sr. Marcos Valério é quem comanda a operação e que existe um pessoal do Departamento Financeiro que só faz isso. Quem são as pessoas do Departamento Financeiro? A senhora fala nos nomes de Simone Vasconcelos e Geisa, como as pessoas que cuidavam de tudo. A senhora confirma?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Confirmo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E onde trabalham essas pessoas?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Na SMP&B, no Departamento Financeiro.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Continuam trabalhando lá?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Continuam lá até agora.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora afirma, abre aspas, palavras suas, da revista, que "todo mundo sabe que tem mutreta no fato de a empresa ter um bom dinheiro no Banco do Brasil. Todo mundo sabe". Quem sabe? Qual é a mutreta, usando a sua expressão?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim, os funcionários todos sabem que a empresa tem algum tipo de negócio ilícito. Todos os funcionários sabem.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora afirma que já viu muito dinheiro sair de lá. Sabe para quem era destinado o dinheiro? A senhora chegou a pôr os olhos no dinheiro? Chegou a ver o dinheiro? Tem idéia de quanto seria esse muito dinheiro, que V.Sa. usa a expressão na revista, na sua entrevista?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Tenho conhecimento do dinheiro, porque os boys saiam para tirar o dinheiro; a Geisa saía para tirar o dinheiro também. E nós sabíamos porque ele sempre falava que estava indo para tirar muito dinheiro.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora chegou a ver dinheiro?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, porque eu não trabalhava no Departamento Financeiro, eu era Secretária.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- A senhora tem elementos que possam nos auxiliar para a confirmação da realização de reuniões do Sr. Marcos Valério com pessoas da cúpula do PT?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim, na minha agenda, que vou passar ao senhor tem algumas das reuniões que foram feitas em São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Houve reuniões no escritório?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, nenhuma vez eles foram ao escritório, enquanto eu estive lá.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Onde a senhora diz que ocorriam essas reuniões?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Em hotéis.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sabe de algum hotel?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- No Blue Tree aqui em Brasília...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Em que época?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- A época tem que ver na agenda, porque foram algumas reuniões...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora poderá depois anotar na agenda a época em que ocorreu o encontro no hotel.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Já está anotado.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Já está destacado.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Já.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora tem conhecimento de outros contatos do Sr. Marco Valério com outros políticos, com mandatos ou não?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Ele sempre dizia que ele conhecia a maioria dos Deputados da Câmara, tinha conhecimento de..., tinha amizade com alguns Senadores. Mas eu também nunca cheguei a perguntar, pelo menos para mim ele nunca me disse nada.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora pode relatar alguns pagamentos feitos pela SMP&B a Deputados, Senadores...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Aqui, estou passando a agenda para o senhor tirar cópia, por favor.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- A senhora pode relatar pagamentos feitos, pela empresa SMP&B a Deputados, Senadores ou membros de partido?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, o que eu sei é que quando o Sr. Marcos vinha a Brasília, sempre no dia, ou no dia anterior, eram sacadas grandes quantias de dinheiro, pela Geisa ou pelos boys, que ele passava e vinha para cá de avião fretado. E algumas vezes a Simone disse que já ficava aqui em um hotel, dentro de um quarto o dia todo, contando dinheiro, e era um entra e sai de homem, que ela estava muito cansada, porque ela só estava contando dinheiro e ficava passando dinheiro para essas pessoas.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A Sra. Simone continua na empresa.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim, ela é diretora financeira.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora acredita que...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Por favor, peço silêncio ao Plenário.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A Sra. Simone será capaz de confirmar sua declaração, ou de desmentir a senhora?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Ela tem que declarar, foi ela quem fez.
O SR. DEPUTADO EDINHO MONTEMOR - Sr. Presidente, pela ordem. Acho que não ficou bem claro, no comentário que a gente ouve aqui, que a Simone teria ficado cansada de contar dinheiro ou do entra-e-sai de homens. Só gostaria de ser esclarecido, por favor.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, ela disse...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Com a palavra o Relator. Por favor.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora tem os nomes dos boys?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, eu tenho o nome de um boy.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Qual?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não sei o nome dele completo, o nome dele é Marquinhos, e o Orlando, que é o chefe dos boys. São as pessoas que eram de confiança.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E também existe a figura do motorista nessa história?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim, o motorista de vez em quando levava eles até o banco e ficava esperando.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - O nome do motorista.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Neildo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora afirmou na entrevista que o dinheiro deveria ser dividido. Como sabe? E dividido com quem?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - O dinheiro, quando chegava, ia direto para as mãos da Geisa ou da Simone. Elas separavam o dinheiro. Então, o dinheiro era dividido.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Mas não sabe quem ia o dinheiro?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, porque nunca se falavam nomes dentro da empresa.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora disse que o Banco Rural faz essa parte, e o Banco do Brasil faz a parte mais lícita da história. Pode explicar melhor?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - O Banco Rural...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Real ou Rural?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Rural. O ex-Presidente, falecido, do Banco Rural, José Augusto Dumont, estava sempre na SMP&B conversando com o Sr. Marcos a portas fechadas. Então, se sempre que existia alguma coisa, que tinham que vir a Brasília, vinham no avião fretado do Banco Rural.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Avião fretado do Banco Rural?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Fretado pelo Sr. Marcos ou oferecido pelo banco?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, o avião oferecido pelo banco.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Oferecido pelo banco. E por que a parte do Banco Rural é a parte suja — estou usando essa expressão agora —, se a outra é a lícita, ou a mais lícita, essa não é lícita, por que a senhora disse?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Porque o Sr. José Augusto sempre estava lá e, segundo o Marcos, ele devia favores ao Marcos.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A senhora tem notícia da origem do dinheiro que saía do banco?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, não tenho.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Perguntada na segunda entrevista, do dia 13 de junho se o Sr. Marcos Valério tinha alguma relação com o Deputado Roberto Jefferson, a senhora afirmou que a ligação maior era com os petistas, como Delúbio Soares e Sílvio Pereira. Afinal, ele tinha ou não alguma ligação com o Deputado Roberto Jefferson?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, eu nunca o ouvi falar sobre o Deputado Roberto Jefferson, na minha frente pelo menos.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Nunca fez qualquer ligação telefônica?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, sempre com o Sr. Delúbio ou o Sr. Sílvio Pereira.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Outras pessoas do PT, além dessas duas?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Ele conversava com o Deputado João Paulo, que na época era Presidente da Câmara, e só. E tem o Deputado João Magno, mas o Deputado João Magno é cliente da empresa.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E a senhora falou antes do ex-Ministro, Deputado José Dirceu.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Foi, sim.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Confirma?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Confirmo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Na primeira entrevista a senhora diz que o Sr. Marcos Valério nunca aparece. Na segunda, afirmou que ele pegava o "negócio" e levava de um lugar para o outro. Como era exatamente a forma de agir do Sr. Marcos Valério?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Ele ia à empresa, a Simone separava o dinheiro, e ele saía com a mala.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- A senhora afirma também que o dinheiro vinha de empresas estatais. A senhora confirma?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, isso eu não confirmo. (Pausa.)
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Talvez eu não tenha sido muito claro. Vou repetir com base no texto. Diz a revista: "De onde vem esse dinheiro? Dos contratos com as estatais?" A senhora responde: "Com certeza."
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, mas eu não tenho essa certeza.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Mas a senhora disse isso aqui.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Se ele colocou... Se ele colocou, é... Eu gostaria de deixar bem claro que ele foi ao meu... Eu conversei com ele durante 40 minutos, nunca tinha conversado com nenhum tipo de jornalista, e estava assim... com muito medo de acontecer alguma coisa comigo, e foi tudo muito rápido. Então, é, foi de impulso.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- A senhora teve conhecimento da publicação da sua entrevista?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - No dia, igual a todo mundo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Teve conhecimento?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Ninguém me disse.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- A senhora teve conhecimento da publicação?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Eu tive no dia, na terça-feira à noite, só.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Que dia?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Na terça-feira à noite.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Quando, terça-feira?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - No dia da publicação na Internet, 15 dias atrás. Dia...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Sim. É do dia 22 de junho a revista.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Isso. Porque na verdade eu não... Ele disse que ele não iria publicar nada, que não era uma entrevista formal.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Muito bem. Então, a senhora corrige esse registro que está aí?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim. Corrijo. Ele disse que não era uma...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- A senhora não sabe a origem do dinheiro?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - É isso?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- A senhora tem conhecimento se o Sr. Marcos Valério tinha, ou tem, propriedades rurais, fazendas?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não tenho conhecimento de propriedades rurais.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Nunca ele fez contatos, utilizando seus serviços como secretária, com fazendeiros, com pessoas ligadas à atividade rural?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Com fazendeiros, não. O Sr. Marcos Valério, ele é criador de cavalos, não de boi.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Ele tem fazendas, ou a senhora não sabe?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Ele não tem fazendas. Enquanto eu estive lá, ele não tem fazendas.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Onde é que ele cria o cavalo de raça?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Ele é proprietário de um centro eqüestre em Belo Horizonte, chamado CEPEL, que é onde ficam os cavalos dele.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Sr. Presidente, nobres conselheiros, por enquanto, estou satisfeito.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Com a palavra o Deputado Chico Alencar.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- Eu queria, Sr. Presidente, fazer um apelo a V.Exa. e ao Plenário: na medida do possível, as indagações que já tenham sido feitas e respondidas, que não repetíssemos.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Pela ordem, Sr. Presidente. Muitas indagações foram feitas e não respondidas. Pode ter sido satisfatório para o Relator. Para nós, não.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - V.Exa. não ouviu o que eu disse: que tenham sido feitas e respondidas.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Podem ter sido respondidas...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - A critério de V.Exa., por exemplo, como inquiridor.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Esta Presidência saberá, no momento exato, o que fazer.
Antes do Deputado Chico Alencar, com a palavra o advogado do representado, que deverá fazer as perguntas a esta Presidência.
O SR. LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBOSA - Sr. Presidente, a defesa do Deputado Roberto Jefferson requer a V.Exa. cópia da cópia do processo entregue pela ilustre testemunha agora...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Um pouquinho mais alto, por favor.
O SR. LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBOSA- Pois não. A defesa requer cópia desta cópia do processo a que responde a ilustre testemunha, agora entregue a V.Exa., e também cópia da agenda por ela entregue. Dirige uma pergunta — porque deve examiná-lo aqui neste plenário, quando por oportuno receber esse pedido, enquanto meu colega dirigirá outras perguntas. Que a testemunha esclareça como chegava o dinheiro à SMP&B...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - O primeiro pedido de V.Sas. está deferido.
O SR. LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBOSA - Muito obrigado.
Uma pergunta, e depois prossegue meu colega: como chegava o dinheiro à SMP&B?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Como chegava o dinheiro à SMP&B?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- O dinheiro era sacado no Banco Rural, pelos boys, e eles levavam até a empresa.
O SR. LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBOSA - Isso significa que chegava através dos boys?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim. Quem sacava era o Marco, o Marquinhos, que é um dos boys; o Orlando, que era o chefe dos boys; ou a  Geísa.
O SR. LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBOSA- O volume desse dinheiro permitia carregar em moto?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - O volume permitia carregar?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu nunca vi, porque eu não estava, nunca... eu não estava junto. Eu era secretária. Eles trabalham no departamento financeiro e no departamento de boys.
O SR. LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBOSA- Pois não. Muito obrigado. Meu colega prossegue.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Sr. Presidente, dirigindo as perguntas a V.Exa., algumas delas, evidentemente, pela qualidade da inquisição do nobre Relator, elas já foram respondidas, mas, no fracionamento, quero crer que alguma coisa poderá ser de proveito para esta Comissão. A primeira seria: o Sr. Marcos Valério costumava fazer ligações telefônicas para o Sr. Delúbio Soares e Sílvio Pereira? Ela já respondeu que sim.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Ela já respondeu.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - A outra pergunta seria: quais os números fixos e de celulares com que a senhora realizava essas ligações? Ela disse que não se lembra, não é isso, Sr. Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Ela não lembra, exatamente.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Agora, com que freqüência, Sr. Presidente, essas ligações eram realizadas para Delúbio Soares, Sílvio Pereira e José Dirceu?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Com que freqüência?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eram feitas, enquanto ele estava na empresa, todos os dias.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Essas ligações que eram feitas para José Dirceu, Sílvio Pereira e Delúbio Soares, todos os dias, eram feitas da empresa, é isso?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim. As que eram pedidas para que eu fizesse era do telefone da empresa.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Muito bem. Sr. Presidente, essas ligações que saíam da empresa, elas ser dirigiam à sede do PT?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Elas se dirigiam à sede do PT?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim. Em São Paulo e aqui em Brasília.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Elas se dirigiam também, Sr. Presidente, para telefones celulares de Delúbio Soares, Sílvio Pereira e José Dirceu?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Aos celulares?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Elas também se dirigiam, Sr. Presidente, além de celulares, para a residência dessas pessoas?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Para a residência, também?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, não. Eu nunca liguei à residência deles. Somente aos comitês em São Paulo e Brasília.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Sr. Presidente, alguma vez ela se lembra de ter realizado uma dessas ligações para José Dirceu, para Delúbio ou para Sílvio Pereira, para o Palácio do Planalto?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Lembra alguma coisa do Palácio?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. Liguei apenas uma vez no gabinete do Ministro, uma vez só.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- A senhora costumava receber ou passar ligações para o Sr. Marcos Valério, originárias de Delúbio, Sílvio Pereira e José Dirceu?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - A senhora costumava receber?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- As secretárias ligavam e nós transferíamos juntas. Elas transferiam para o Sr. Delúbio e eu para o Sr. Marcos.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Significa dizer, Sr. Presidente, que eles retornavam as ligações. É isso?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Eu gostaria que V.Sa. fizesse a pergunta.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Eu farei a pergunta. Ela, a secretária, costumava receber ligações do Sr. Marcos Valério, costumava receber ligações na empresa, ou no seu celular, que ela tenha conhecimento, dessas pessoas?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Costumava receber dessas pessoas?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Recebia.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- José Dirceu?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. Do Sr. José Dirceu, não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- José Genoíno?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Sílvio Pereira?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sílvio Pereira, sim.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Delúbio Soares?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Sr. Presidente... A senhora se lembra, perguntando para o senhor, Sr. Presidente, sempre, se chegou a marcar audiências para o Sr. Marcos Valério com José Dirceu?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Marcou audiências com o José Dirceu?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. Eu marquei com o Sr. Delúbio, aqui em Brasília.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Essas audiências, ou pelo menos uma delas, chegou a ser no Palácio do Planalto?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Chegou a ser no Palácio?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- A senhora leu a revista Veja desta semana, de 29 de junho de 2005, edição nº 19.011?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Leu?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, não vi a revista. Não consegui comprar.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Não leu?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, porque eu fiquei na minha casa.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Está bem.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não podia sair.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Sr. Presidente, o Ministro José Dirceu, perguntado por Veja se conhecia Marcos Valério, Dirceu admitiu que sim. Questionado se a relação seria de natureza política, Dirceu respondeu que não. Se seria de natureza pessoal, ele disse "negativo". Pergunto a V.Exa., para que repasse à testemunha, se é do conhecimento dela, ou se ela, pela sua experiência de convivência empresarial, pode nos afirmar se essa relação entre o Ministro José Dirceu e Marcos Valério não era, segundo o Ministro, de natureza pessoal nem política, diante dessa experiência, em que consistia essa relação entre Marcos Valério, o Ministro José Dirceu, Delúbio e Sílvio Pereira? Seria uma relação de interesse financeiro?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Essa relação seria de interesse financeiro?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não tenho conhecimento disso. Ele simplesmente dizia que ele era amigo do Sr. José Dirceu, do Sr. Sílvio Pereira e do Sr. Delúbio Soares.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Marcos Valério afirma, na mesma revista, que procurava Delúbio, que procurava o Ministro Anderson Adauto e o Ministro Humberto Costa para discutirem interesses desses personagens de suas campanhas eleitorais. Sendo ele um empresário, que tipo de interesse ele poderia ter na campanha eleitoral do tesoureiro geral do PT, do Ministro da Saúde e do Ministro dos Transportes?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Qual o interesse na campanha eleitoral?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu não estava lá nesse tempo. Porque enquanto eu estive lá não teve nenhum tipo de campanha política. Estava apenas começando a campanha para Prefeito.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- A senhora chegou a tomar conhecimento de que o Sr. Marcos Valério foi avalista de uma operação bancária para o PT, num empréstimo para o PT feito no Banco BMG?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Ficou sabendo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não fiquei sabendo.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- A senhora sabe... O Sr. Marcos Valério disse que mais de 21 milhões de reais, sacados em dinheiro de sua conta, ou das contas da SMP&B e da DNA, foram direcionados para a aquisição de animais, gado, porque, segundo ele, há fazendeiros que não aceitam vender gado com pagamento em cheque. Sr. Presidente, considerando que um novilho de um ano custa aproximadamente 400 reais e considerando que o valor encontrado nos saques bancários do Sr. Marcos Valério foi para a aquisição de gado, esses 21 milhões seriam suficientes para comprar 52 mil cabeças de gado. Pergunto: a senhora sabe qual o endereço ou quais os endereços das fazendas onde possam ser localizados esses animais?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Sabe o endereço?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. Enquanto eu estive lá, eu não tive conhecimento de nenhuma fazenda, mesmo porque eu tomava conta dos negócios dele, fazia os pagamentos.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Mas como a senhora fazia os pagamentos, a senhora poderia nos informar se tomou conhecimento de alguma fatura de alguma empresa de transporte desses animais, que deve ter dado algo em torno de 2 mil fretes?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Não recebi nada.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- O Sr. Marcos Valério disse à revista Veja que tem 13 cavalos de raça, sendo um deles o filho do Baloubet du Rouet, o cavalo do Rodrigo Pessoa. Se as informações estão corretas, ele teria pago em média 1 milhão 615 mil reais por animal, valor equivalente a 100 veículos zero por animal. A senhora chegou a acompanhar, presenciar ou mesmo ouvir qualquer comentário sobre a aquisição desses animais?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - A senhora ouviu alguma coisa nesse sentido?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Uma vez, enquanto eu estava lá no final do ano, eu trouxe da Argentina 3 cavalos de raça, mas não sei qual valor foi pago, porque simplesmente eu só estava a par da logística, saindo da Argentina e chegando em Belo Horizonte. Não fiz mais nada. O dinheiro, o valor dos cavalos não me foi passado, foi feito com outra pessoa.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- A senhora sabe informar se as empresas SMP&B e a empresa DNA, ambas de propriedade de Marcos Valério, seriam empresas do ramo frigorífico?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. Elas são de propaganda.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- O jornal Folha de S.Paulo de ontem, dia 27 de junho, faz uma conexão entre a CPI dos Bingos, que apura o escândalo envolvendo Waldomiro Diniz, assessor de José Dirceu, e Jairo Martins, que teria participado da gravação que flagrou o assessor de José Dirceu pedindo dinheiro a Carlinhos Cachoeira. Pergunto a V.Exa, Sr. Presidente: a senhora, testemunha, chegou a fazer alguma ligação telefônica ou sabe de algum contato entre Carlinhos Cachoeira e Marcos Valério?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Sabe de algum contato?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, nunca fiz.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Marcos Valério e Waldomiro Diniz tiveram algum contato de que a senhora tenha tido conhecimento?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- A senhora conhece um cidadão chamado Bob, que seria assessor do Ministro José Dirceu em São Paulo?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Conhece algum Bob?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. Nunca falei com...
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Ela não lembra de nenhuma ligação, Sr. Presidente?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não lembro de nenhuma ligação. Quando eu liguei a Brasília, eu falei com a secretária, que também não me lembro o nome, porque foi uma vez só.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Sr. Presidente, ela poderia nos informar qual o escritório que faz a contabilidade das empresas e da pessoa física do Sr. Marcos Valério?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- É um escritório de contabilidade que fica no Barro Preto, em Belo Horizonte, mas eu não sei o nome. Só sei que a pessoa que é responsável se chama Marcos também.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Alguma vez chegou às suas mãos, ou a senhora tomou conhecimento, ou mandou para a contabilidade, ou arquivou recibos eleitorais comprovando a doação de recursos do Sr. Marcos Valério para a campanha do Partido dos Trabalhadores nos Municípios de São Paulo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Santo André?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- São Bernardo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- São Caetano?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Mauá?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Osasco?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Cotia?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Carapicuíba?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Jandira?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Barueri?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Vargem Grande?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Mogi das Cruzes?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Jundiaí?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Belém do Pará?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Para qualquer outro Município ou qualquer Estado do Brasil?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. A contabilidade dele era direto com o departamento financeiro da empresa, e o departamento financeiro passava para a empresa de contabilidade, do Sr. Marcos.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Então, Sr. Presidente, ela nunca teve acesso, ou nunca viu qualquer recibo de doação, recibo de campanha eleitoral, recibo de doação?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. Não, senhor.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- A senhora sabe se o Sr. Marcos Valério costuma hospedar-se no hotel Grand Sofitel em São Paulo, na Avenida Sena Madureira?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- É o hotel em que ele costuma ficar?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- É o hotel em que ele costuma ficar.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- É o hotel, Sr. Presidente, em que ele costuma fazer reuniões com diretores do PT?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Mais alguma pergunta?
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Sr. Presidente, tenho perguntas. Segundo a revista ISTOÉ desta semana, o Sr. Marcos Valério realizou saques em duas de suas empresas — a SMP&B e a DNA —, no período de junho de 2003 a maio de 2005, num total de 20,6 milhões de reais, correspondendo a uma média semanal superior a 100 mil reais, algo como mais de 5 carros zero por semana. Ocorre que o COAF — Conselho de Controle de Atividades Financeiras somente tem o controle dos saques superiores a 100 mil reais. Considerando que os saques superiores a 100 mil são comunicados à Procuradoria-Geral da República e os inferiores não, a senhora poderia nos dizer — se ela, Sr. Presidente, poderia nos informar — se é possível, se apenas é possível que saques inferiores a 100 mil, por exemplo, os muitos, os vários saques de 99 mil, possam ter sido feitos nas duas empresas acima citadas?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Isso quem pode falar para todos é a Sra. Simone Vasconcelos, porque ela é que é a gerente financeira. Eu era secretária, não mexia com cheques, apenas os cheques a serem assinados.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Segundo informações, Sr. Presidente, o Sr. Marcos Valério tem 14 empresas. Nós agora tratamos de apenas duas. A senhora sabe informar se saques inferiores a 100 mil, por exemplo, aqueles 99 mil também foram sacados das demais 11 empresas?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Ela já respondeu, nobre Deputado.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Ah ... ela já respondeu? Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, nós verificamos nas revistas que os saques foram feitos no Banco Rural e no Banco do Brasil. Do Banco do Brasil apareceram apenas, curiosamente, 2 ou 3 saques de valores quebrados. Posso, inclusive, se o senhor quiser, verificar os valores — quebrado a que me refiro é quebrado esmiuçado, não de valores pequenos: 122 mil 245 reais e 36 centavos. O outro, do Banco do Brasil, é assim também; os dos Banco Rural eram valores inteiros — 150 mil, 300 mil, 500 mil, 200 mil. A primeira pergunta que eu faço é em que banco, além do Banco Rural, quais agências do Banco do Brasil, se a senhora se recorda do endereço pelo menos, se não as agências, Sr. Presidente, o Sr. Marcos Valério e suas empresas movimentavam seus recursos.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - As agências, eu não sei as agências. Quem pode dizer isso é a gerente financeira da empresa.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Sr. Presidente, insistindo um pouco nesse aspecto, as agências do Banco do Brasil, Sr. Presidente, em que foram feitos saques, se ela sabe de depósitos, tem notícia de depósito em outros Estados.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Sr. Presidente, questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Eu só não estou entendendo qual é a relação desse monte de perguntas que o advogado está fazendo, se ela já disse milhões de vezes que quem tem que saber essas informações é a gerente financeira. Ele repete coisas quando estamos colocando aqui uma Comissão de Ética para ver o decoro parlamentar do cliente dele. O que isso tem a ver com o cliente dele, o interesse dele com a agência bancária?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - V.Sa. continua? Mas dentro do programado, dentro da matéria em si, por favor.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Sr. Presidente, deixe-me dizer uma coisa. O entendimento, data venia, nós temos...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Eu gostaria que fosse rápido nas perguntas.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Sem dúvida, Sr. Presidente, mas gostaria muito que V.Exa. indeferisse as perguntas que o senhor julgar que não são pertinentes. Vou fazer todas, e V.Exa. indefere aquelas que o senhor julgar que não são pertinentes, está bem?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Está certo.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Voltando à questão do Banco do Brasil. As agências do Banco do Brasil em que o Sr. Marcos Valério e que as empresas de Marcos Valério tinham movimentação bancária eram só em Belo Horizonte, Sr. Presidente?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Que eu tinha conhecimento, somente em Belo Horizonte.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Muito bem. Sr. Presidente, segundo a revista ISTOÉ Dinheiro, talvez o senhor... a resposta tenha sido respondida já pelo Relator. A senhora teria informado que esses valores sacados na empresa de Marcos Valério seriam para ser distribuídos em Brasília. Ela confirmou isso?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Confirmou. Você quer responder novamente? Ela já respondeu.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Sr. Presidente, por acaso ela já respondeu à seguinte indagação, se ela pode nos informar a este Conselho quais pessoas ou partidos políticos a senhora se recorda de ter ouvido dizer lá dentro da empresa tenham sido beneficiados com essa distribuição desse dinheiro.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Ela já respondeu.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - E qual foi a resposta, só para meu esclarecimento, Sr. Presidente?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Que os nomes não eram falados dentro da empresa. O único partido de que eu tenho conhecimento seria o Partido dos Trabalhadores, no qual o Sr. Marcos Valério tem estreitas relações.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Na revista ISTOÉ desta semana consta a relação dos saques em dinheiro da empresa SMP&B, à página 27. Vou contar um pouquinho com a colaboração de V.Exa., Sr. Presidente. Nessa relação, Sr. Presidente, de saques da empresa SMP&B constam saques de agosto de 2003 a outubro de 2003. E aí se interrompe essa relação. Esse período corresponde, exatamente, ao término daquele prazo de mudança de partidos, aquela anualidade exigida por lei para disputar as eleições de Prefeito de 2004. Depois, retorna na matéria a relação de saques a partir de 29 de novembro de 2004, apenas. A senhora poderia nos esclarecer — se é que ela tem conhecimento, Sr. Presidente — se a interrupção foi apenas uma coincidência ou se os valores substanciais de saques ocorreram estratégica e exatamente nesse período de campanha e de mudança de partido previsto em lei?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, eu não tenho conhecimento.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Já na conta da empresa DNA, a maioria dos saques ocorreram, exatamente, no período em que a SMP&B foi poupada. Na DNA, foram sacados entre 10/10/2003...
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Por favor, eu peço silêncio ao plenário.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - ...e 10/09/2004 a importância aproximada de 3 milhões 870 mil reais. Qual a razão de a DNA realizar os saques em período de campanha eleitoral e a SMP&B em período pré e pós eleitoral?
  A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não tenho conhecimento disso.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - A senhora poderia informar-nos a razão pela qual os saques para pagamento de compra dos animais — os cavalos e os bois — foram feitos em valores redondos? Por exemplo: 100 mil, 150 mil, 500 mil, 300 mil?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, não soube disso.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Quem é e qual a importância da senhora ou senhorita  Geísa Dias dos Santos nessa conexão entre o PT e o Marcos Valério, já que foi uma das pessoas que sacou o dinheiro do caixa do Banco Rural? Ela é filiada ao PT?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu conheço a  Geísa da empresa porque ela é braço direito da Simone Vasconcelos, agora se ela é filiada ao partido só ela pode responder.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Quem é Alexandre Vasconcelos Castro, proprietário de uma bicicletaria que faz cobrança e atua como factoring, em Minas Gerais?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não conheço.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Se não conhece, está prejudicado o restante. A senhora conhece ou ouviu falar, dentro da empresa, ou fez alguma ligação do Marcos Valério com um empresário chamado Luiz Antônio Gonçalves, proprietário da empresa Skymaster?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Nunca fiz... Nunca ouvi falar dessa pessoa.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Alguma vez a senhora marcou audiências ou soube de visitas de diretores da empresa Promodal?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - A revista ISTOÉ desta semana traz matéria informando que o empresário Fernando Moura levava ao Hotel Blue Tree, em Brasília, empresários para intermediar relações entre eles e o secretário-geral do PT. Alguma vez a senhora marcou audiência ou realizou ou recebeu telefonema entre Marcos Valério e Fernando Moura, ou eles se conheciam?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Não, senhor.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - Os encontros do Sr. Marcos Valério com José Dirceu, José Genoíno, Sílvio Pereira eram realizados também no Hotel Blue Tree, em Brasília?
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Ela já respondeu isso.
 O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS - A resposta foi positiva?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu disse que eles se encontravam em São Paulo e em Brasília, em vários hotéis.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- A senhora conhece, ouviu falar ou fez qualquer ligação de Marcos Valério com as empresas Link e Geovani?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Diz a revista Época (folhas 34) que Fernando Moura procurou empresários para tratar de negócios falando em nome do secretário do PT e do Ministro José Dirceu e chegou a procurar amigos para perguntar se tinham interesse em nomear alguém do Governo. A senhora sabe se Marcos Valério também marcava audiências semelhantes ou fazia proposta de emprego público a amigo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, não. Não.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Eu faço essa pergunta, Sr. Presidente, porque a própria revista Época afirma: "A amizade entre os dois está na mesma categoria do relacionamento entre Delúbio, o tesoureiro do PT e Marcos Valério".
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Gostaria que o senhor fizesse só as perguntas, por favor.
 O SR. ITAPUÃ PONTES DE MESSIAS - Concluindo, Sr. Presidente — Folha de S.Paulo. A senhora tem conhecimento de que o Sr. Marcos Valério não tem função administrativa na empresa DNA?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu sei que ele é sócio de lá, mas o que ele faz exatamente não. Eu era secretária dele na SMP&B e não na DNA.
O SR. ITAPUÃ PONTES DE MESSIAS- Sr. Presidente, segundo o jornal Folha de S.Paulo, o Marcos Valério aparece como gerente, diretor responsável da empresa DNA, no ato da realização das operações junto aos bancos. Afinal, a senhora sabe se ele é o gerente, diretor responsável ou, estando afastado do contrato social, seria uma espécie de responsável pelos atos de gestão do diretor-gerente?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, o que eu sei é que ele é sócio da DNA. O que ele faz lá eu não sei. Nunca estive com ele lá.
O SR. ITAPUÃ PONTES DE MESSIAS- Sr. Presidente, estamos terminando. A senhora conhece a senhora Margareth Maria Queiroz Freitas?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim, é um das sócias da DNA.
O SR. ITAPUÃ PONTES DE MESSIAS- A Sra. Margareth afirmou à Folha, no dia 14 de junho, que Marcos Valério é o sócio capitalista da empresa. "A Sra. Margareth disse que Marcos Valério não exerce nenhuma função executiva ou administrativa na DNA, mas é sócio capitalista, disse ela". Como a senhora define essa relação capitalista entre Marcos Valério e a DNA?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - A única coisa que eu sei é que era sócio de lá. O que ele fazia eu não sei.
O SR. ITAPUÃ PONTES DE MESSIAS- Segundo a Folha, Sr. Presidente, a empresa Grafite Participações LTDA. é alvo de investigação do Ministério Público do Distrito Federal por desvio de recursos públicos. A empresa Grafite tem conexão com a empresa DNA, sendo sua controladora. A sócia majoritária da Grafite é a esposa de Marcos Valério. Sendo a esposa de Marcos Valério sócia majoritária da Grafite — é a pergunta, Sr. Presidente — e sendo a Grafite a controladora da DNA, pode a testemunha nos informar em que nível comercial se dá essa sociedade capitalista entre Marcos Valério e a DNA, controlada por sua própria esposa?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, não sei. Só o Marcos Valério pode falar para o senhor. Eu não sei.
O SR. ITAPUÃ PONTES DE MESSIAS- Segundo a Folha de S.Paulo a empresa DNA e a SMP&B realizaram um contrato durante o Governo Lula no valor de 507 milhões de reais. A senhora poderia nos informar se esses valores foram objeto de declaração de Imposto de Renda da DNA e da SMP&B?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Isso quem pode falar é o contador.
O SR. ITAPUÃ PONTES DE MESSIAS- Sr. Presidente, a empresa SMP&B — se é do conhecimento dela — e a DNA têm contratos com empresas privadas ou só com empresas públicas?
  A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Tem contrato com empresas privadas, claro.
O SR. ITAPUÃ PONTES DE MESSIAS- Sem mais perguntas, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Obrigado.
Com a palavra ao Deputado Chico Alencar.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR- Sr. Presidente, se cada Deputado membro titular deste Conselho quiser usar o seu direito isonômico em relação aos advogados do representado, cada um fará 38 perguntas, o que é um abuso à paciência de todos nós. Mas o direito de defesa jamais será cerceado aqui. Inclusive, estamos ouvindo aqui, salvo melhor juízo, uma testemunha de defesa do Deputado Roberto Jefferson, acusado de injúria, calúnia e difamação pela representação do Partido Liberal que consta do processo disciplinar do Conselho de Ética.
Sra. Karina, a senhora já tinha ouvido falar em mensalão, mesada para Deputados, até o depoimento do Deputado Roberto Jefferson, no Conselho, há 2 semanas?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, senhor.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- Sr. Presidente, ela entregou a cópia da agenda. Eu gostaria que V.Exa determinasse a entrega aos membros do Conselho de cópia da agenda, até para que possamos ler a agenda e formular outros questionamentos a ela.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - A Presidência vai autorizar.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sr. Presidente, a senhora secretária da Comissão estava fazendo conferência do material da agenda. Estava com todo o cuidado conferindo, antes de passar aos membros do Conselho. Ela destaca que estão faltando páginas. Por que razão estão faltando páginas? a, a ,,,
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- A agenda que está no poder da Polícia Federal está faltando uma página, do dia 31 de dezembro de 2003. Está no depoimento da Polícia Federal. Falta uma página só. Na agenda que está em poder da Polícia Federal falta uma só, do dia 31, que tinha o endereço do meu médico e de uma amiga minha também. Aí eu tirei para poder entregar.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Eu gostaria que fossem juntadas as páginas que estão faltando. Nós vamos analisar. A Secretaria do Conselho vai analisar e numerar todas as páginas. E, imediatamente, o que existe nós vamos mandar para V.Exas.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - É fundamental.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Sem dúvida.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Porque é curioso...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Já está autorizado.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Não, não, Sr. Presidente, porque chega ao Conselho de Ética a agenda faltando páginas. Por que será que não chegou agenda integralmente como foi entregue à Polícia Federal? Até porque, para nós, é fundamental termos acesso a ela, nós todos, Deputados. Agora, se nos é feita a entrega faltando páginas, provavelmente alguma coisa está-se querendo ocultar.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Eu estou encaminhando o que existe e estou pedindo a juntada do resto. Segundo consta ainda está na Polícia Federal.
Com a palavra o nobre Relator.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sr. Presidente, é bom então que fique bem claro... (Pausa.) Seria interessante, Sr. Presidente, Sra. Fernanda...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Pois não, Relator.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Estou passando às mãos do senhor o meu termo de depoimento na Polícia Federal que diz o porquê está faltando uma folha. Exatamente o que eu disse.
O SR. DEPUTADO JOÃO ALFREDO- Sr. Presidente, pela ordem.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Então, Sr. Presidente, falta apenas uma página.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Do dia 31 de dezembro...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Mas o que nós recebemos aqui está com falta de outras páginas.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- É porque essa que eu passei era minha. Meus advogados anteriores que tiraram as cópias a partir do dia que eu comecei a trabalhar lá. O restante era minha.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sr. Presidente, existem páginas intermediárias faltando?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. Existem do começo do ano até maio. Do começo de 2003 até maio de 2003 eu não trabalhava lá, não interessa a ninguém.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - A Secretaria do Conselho está fazendo o levantamento, em seguida eu volto a falar sobre o assunto.
O SR. DEPUTADO JOÃO ALFREDO - Só para pedir a V.Exa. para requisitar à Polícia Federal...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Sem dúvida. Em faltando, nós vamos requisitar. Isso eu já falei, inclusive.
O SR. DEPUTADO JOÃO ALFREDO - ... a agenda completa.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Com a palavra o nobre Deputado Chico Alencar.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR- A propósito, indago à testemunha se essa agenda é pessoal ou da empresa ou é mista.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu ganhei a agenda no começo do ano e usava ela para fazer as anotações da empresa e as minhas anotações.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - E a senhora só se lembra de registros importantes para essa questão política, nacional, de encontros, telefonemas desses 3 personagens citados recorrentemente?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Existem...
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Tem outros?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Tem outros nomes na agenda...
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Importantes e conhecidos?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim, sim.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora poderia citar?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não me lembro agora, porque já faz mais de 1 ano e meio que eu saí de lá.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora só lembra do Delúbio Soares, Sílvio Pereira e José Dirceu?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Deles, porque eram eles que... exatamente. Eram as pessoas que ele conversava sempre. Então, as pessoas que você conversa sempre você lembra.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Mas na agenda contém outros nomes?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Contém.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - De outros contatos?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim, senhor.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora se lembra, por acaso, de um nome Roberto Jefferson?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Roberto Jefferson não, com certeza.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Não? A senhora, naquele elenco de trabalhos que desempenhou, já trabalhou também no interior de São Paulo, na cidade de Mococa onde pelo que vi aqui a senhora é nascida?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Eu nasci em Mococa, eu sou de lá.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - E lá viveu durante um bom tempo.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Morei lá, sim.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - No processo por extorsão que corre na 6ª Vara Criminal, a senhora declarou que tem a melhor impressão do Marcos e até o admira, que jamais admitiria prejudicá-lo, há pouco mais de um mês. Por que a senhora mudou tanto de conceito em relação a esse cidadão?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu não mudei de conceito. Eu não tenho nada contra ele. A única coisa foi que eu sei de fatos que ele fez. Então, isso não quer dizer que eu tenho raiva dele ou não. Eu não tenho nada. Eu não sinto nada por ele.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Alguma coisa a senhora sente, porque, na entrevista à ISTOÉ, a senhora diz que quer que ele se "exploda" e que o que ele mais gosta é de dinheiro e agora ele vai perder. Isso não é propriamente um sentimento de indiferença ou, muito menos, de admiração. A senhora disse que procurou a revista ISTOÉ?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim, eu trocava e-mails, comentava as reportagens.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Há e-mails, nesses autos do processo lá da 6ª Vara Criminal da revista para a senhora?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, nenhum.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora nunca recebeu nenhum e-mail em que alguma empresa jornalística oferecesse dinheiro para a senhora?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu recebi...
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - O compromisso aqui é da verdade, não é?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu gostaria de deixar bem claro ao senhor que eu nunca menti e que eu estou falando sempre a verdade. Então, eu não tenho por que esconder nada.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Então, a senhora nega que alguma empresa jornalística tenha em algum momento oferecido uma gratificação para a senhora dar uma entrevista?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Existe, nos autos, um e-mail, que eu recebi na minha caixa postal, que é uma caixa postal onde recebo vários e-mails de publicidade, e, nesse e-mail, tinha um e-mail de remetente para mim, mandando para mim mesma, dizendo... Eu só lembro o nome da pessoa, que diz, no final, Ana M. e equipe, se eu não me engano. Eu fiquei assustada, imprimi o e-mail e passei para o Sr. Marcos. Então, isso não quer dizer que eu estava querendo tirar nada dele. A única coisa que quer dizer é que eu estava assustada e passei para ele. Uma pessoa que quer tirar dinheiro de alguém não ia passar.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Para o Marcos Valério?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim, passei, deixei para ele.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora ainda trabalhava na empresa nessa ocasião?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, já tinha saído.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Tinha saído? A senhora não saiu... A senhora passou para ele, mesmo ele movendo um processo de extorsão contra a senhora?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, foi antes, foi antes.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Porque, nesse e-mail, fala: "Não adianta nos falar que isso é contra a sua ética" — referindo-se à senhora — "porque isso não existe quando a gente está falando em uma quantia que vai lhe ajudar, e muito". A senhora se recorda, portanto?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Claro.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Mas a senhora não identificou o remetente?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, não identifiquei, imprimi o e-mail e passei às mãos dele. Deixei na empresa para passar às mãos dele. Então, eu não sei quem é.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora fala de reuniões em hotéis, na surdina. A senhora presenciou alguma dessas reuniões ou deduz que elas aconteceram, pelas anotações de agenda?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - As reuniões foram feitas, porque fui eu que marquei as reuniões.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - E a senhora pode afirmar, com convicção perante o Conselho, os exatos participantes dessas reuniões?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, porque quem os convidava era o Marcos.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Então, a senhora não pode assegurar que participaram fulano, beltrano e sicrano. Tinha agendado, mas a senhora não acompanhou nem proximamente as reuniões.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, porque elas foram aqui em Brasília; eu trabalhava em Belo Horizonte.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Ou em São Paulo, não é? A senhora conhece ou já ouviu falar de Carlos Rodemburg?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu já ouvi falar do Sr. Carlos Rodemburg.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Em que situação?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - O Sr. Marcos ligava para ele para marcar reuniões.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - E em Daniel Dantas?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - A mesma coisa.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Também já ouviu falar. A senhora já foi ao Rio, nos últimos 2 anos, para alguma reunião, a serviço da empresa ou...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, nos últimos 2 anos, eu saí no período de Natal, apenas para ir à minha cidade natal, para ver os meus parentes. Foi a única vez que eu saí de Belo Horizonte.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora fala, freqüentemente, de negócios ilícitos que a empresa desenvolveria. A senhora só percebeu isso quando saiu da empresa?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Percebi enquanto eu estava lá.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - E por que não tomou nenhuma atitude em relação a negócios ilícitos? Porque a senhora se diz uma cidadã preocupada com o destino do País, isso é muito meritório. Até nos honrou com o seu voto, seguidamente, no PT — eu sou do Partido dos Trabalhadores. E queremos apurar tudo, sem poupar ninguém.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Espero.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Por que a senhora, como boa petista, não denunciou esses negócios ilícitos?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Porque eu era uma pessoa sozinha, não tenho muitos amigos em Belo Horizonte, não conheço pessoas influentes e, simplesmente, estava assustada, porque o Sr. Marcos é uma pessoa que... Ele é uma pessoa brava. Então, eu não tinha por que bater de frente com uma pessoa, se eu ia perder.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Apesar de a senhora ter dito um mês atrás que tenha melhor impressão dele, até o admira.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu o admiro sim. Ele é uma pessoa extremamente inteligente.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - E brava?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Brava, por que não?
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora disse que soube que às vezes o pessoal do financeiro e provavelmente o Sr. Marcos mandavam tirar 1 milhão em dinheiro no Banco Rural. Como é que a senhora sabe dessa quantia exatamente?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Porque os boys falavam.
A SRA. DEPUTADA ANA ALENCAR - Eles falavam? Mas a senhora nunca viu esse dinheiro?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, porque eles iam diretamente para o Departamento Financeiro.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora dizia que era para dividir. Como assim?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- O dinheiro chegava, eu já tinha respondido, né, o dinheiro chegava à empresa e passava, ia direto pra ou pra Geisa ou pra Sra. Simone de Vasconcelos. E elas separavam o dinheiro, separar dinheiro é dividir.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora disse também na entrevista que a coisa não começou só agora com o PT, vem desde antes. Com que base a senhora afirma isso?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Porque a outra secretária que trabalhava comigo, a Sra. Adriana Fantini falava. Eu falei as palavras dela.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Mas a senhora, agora há pouco, falou que o único partido referido era o PT?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim, eles estavam perguntando. O senhor me fez outro tipo de pergunta.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Pois é, a senhora confirma, então, que esses negócios ilícitos vêm de antes.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Isso, pelas palavras da Adriana Fantini.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora disse até que o Sr. Marcos dança conforme a música e não tem muita ideologia, não é isso?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, não tem.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora mencionou aí um roubo de 500 mil reais. Sabe se foi registrada essa ocorrência e quando aconteceu esse roubo espetacular?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não sei. Foi...
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Até o ladrão deve ter ficado assustado, né?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Com certeza.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Um motoboy com tanto dinheiro assim.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Foi no final de 2003, mas eu não sei se foi feito nenhum tipo de BO. Não estava. Só fiquei sabendo porque os motoboys ficaram assustados e avisaram. Simplesmente falaram.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - E a senhora nem se interessou em saber se um roubo de tal monta mereceu um registro, uma ocorrência na delegacia?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Isso cabe ao Departamento Financeiro, não a mim.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora não entrava nesses assuntos, embora tivesse a ciência desse suposto esquema todo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - E a senhora falou também...
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO- Presidente, uma questão de ordem, Presidente? Está havendo uma votação nominal, eu que avisei o Presidente pra não interromper, mas ele resolveu o problema dele, saiu pra votar. E os outros? Ninguém quer sair daqui de um a um. V.Exa. podia suspender a sessão. Se V.Exa. suspender por 5 minutos, todos vão votar e voltam pra continuar.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Orlando Fantazzini) - O Presidente sugeriu que nós fizéssemos o rodízio.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Mas ninguém quer sair pra deixar de ouvir uma parte.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Orlando Fantazzini) - Entretanto, se nós fizermos o rodízio, vários Deputados vão perder as respostas. Então, eu consulto o Deputado Chico Alencar...
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Só tem mais 2.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Orlando Fantazzini) - Tem mais 2. Ele conclui e nós suspendemos, ok?
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Ok. Obrigado, Presidente.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora informou que o irmão do ex-Ministro Anderson Adauto esteve na agência e pegou uma mala de dinheiro, até numa outra reportagem, se não me falha a memória, a senhora mencionou 100 mil. Como é que a senhora tinha essa convicção de que era uma mala de dinheiro e com 100 mil reais?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- No dia o motoboy saiu pra sacar dinheiro e o irmão do ex-Ministro entrou numa sala na minha frente, junto com a Geisa, ficaram lá em torno de 20 e 30 minutos e ela saiu dizendo: ele saiu com uma mala. Aí a gente brincando com ela: "O que que você estava fazendo aí?" Ela: "Contando dinheiro." Então, tinha feito o saque, ela tinha contado o dinheiro e tinha passado pra ele.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora informa, por fim, que o seu depoimento na Polícia Federal foi minimizado em função da ameaça e a senhora registrou a placa do motoqueiro, deu queixa na delegacia dessa ameaça?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. No último depoimento que eu fiz foi registrado na Polícia Federal, mesmo porque eu estava em pânico, eu estava sozinha, então, eu entrei em pânico, parei meu carro, estava fora de mim, não consegui pegar número de placa nem sei quem é o motoboy, mesmo porque ele estava de luvas, blusa de couro, né, jaqueta de couro e um capacete preto com viseira preta. Então, eu não conhecia, não sabia a cor, fiquei desesperada, fiquei parada nesse lugar em torno de uns 15 minutos, em pânico, chorando, né, não tinha condições de pegar placa nenhuma. E, quando abriu o sinal, ele foi embora. Não tinha jeito.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - A senhora estava indo para o depoimento na Polícia Federal?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, não. Foi na terça-feira, depois que eu saí do meu trabalho. Era por volta de umas 8h, 8h15.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Depois então a senhora, então, fez um outro depoimento à Polícia Federal?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Agregando essa informação?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Exatamente.
O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - De que o primeiro depoimento tinha sido minimizado?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu estava morrendo de medo...
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - ...insuficiente.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu estava morrendo de medo, porque eu acho que qualquer mãe ou qualquer pai faz a mesma coisa quando uma pessoa diz que vai colocar em risco a sua família. Qualquer pessoa faz a mesma coisa. Então, eu estava sozinha, não sabia o que fazia, o que era certo e o que era errado e fiquei com medo e não falei.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - E a senhora pretende no processo que o Sr. Marcos Valério lhe move por distorção modificar o depoimento?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Eu não tenho que modificar o depoimento. Exatamente o que eu disse pro senhor, eu acho ele uma pessoa muito inteligente. Eu não tenho nada contra ele. Se tem alguém que tem alguma coisa contra mim é ele. Ele que entrou contra mim.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Bom, mas a senhora disse que tem a melhor impressão e nada que desabone a conduta dele. E essas entrevistas são muito desabonadoras, não?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim, mas se o meu advogado pedir para mudar, eu mudo.
 O SR. DEPUTADO CHICO ALENCAR - Se o advogado pedir. Está bom. Muito obrigado.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Se for melhor para a Nação.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Nobre Deputado. Eu gostaria de suspender a sessão por 3 minutos, para que os Srs. Deputados pudessem votar em plenário, três minutos. (Pausa.)
 Reiniciada a sessão.
Eu convido a D. Fernanda Karina para vir até a mesa, por favor.
 Deputado Benedito de Lira. (Pausa.) Não está presente.
 A nobre Deputada Ann Pontes.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Obrigada, Sr. Presidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Deputados, Sra. Fernanda, de forma bastante objetiva, encaminharei 7 questionamentos. Gostaria que nós desenvolvêssemos a seguinte sistemática: eu faço a primeira pergunta, de forma objetiva, e a senhora também, de forma objetiva, me responde. Pois bem, segundo afirmou o Deputado Roberto Jefferson em seu depoimento aqui a este Conselho: "Essas coisas, estamos vivendo o primeiro momento, o primeiro momento. Elas vão vir. Virão pela secretária do Marcos Valério, que já está dizendo que empacotava dinheiro". O que V.Sa. tem a dizer dessa informação. A senhora chegou a empacotar dinheiro?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Desculpe. Não. Eu nunca empacotei nenhum tipo de dinheiro, mesmo porque isso daí era função do departamento financeiro, e não conheço o Deputado Roberto Jefferson.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Certo, Fernanda. Vamos então ao segundo questionamento. O Deputado Roberto Jefferson afirmou, no depoimento dele também a esta Casa, que a cúpula — Presidente e Líder dos partidos PL e PP — recebiam ajuda mensal do tesoureiro, do Sr. Delúbio. V.Sa. alguma vez ouviu esse comentário em seu local de trabalho?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Nunca ouvi nada, mesmo porque eu nunca conversei com o Dr. Delúbio.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Terceiro questionamento, Sra. Fernanda: V.Sa. alguma vez ouviu em seu local de trabalho o nome dos Deputados Pedro Henry, Valdemar Costa Neto e Pedro Corrêa?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Nunca ouvi.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Quarto questionamento. Vou aqui, não sei se V.Sa. teve acesso à cópia desta revista, que todos os membros do Conselho aqui devem ter, à pág. 31.
 Vou ler um pequeno trechinho. Tem a parte assim: CPI do Mensalão.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Que revista?
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Que foi repassada para todos os membros. A ISTOÉ Dinheiro.
 Nesta semana, após afirmação do Deputado Roberto Jefferson, que diz ter presenciado o pagamento feito pelo publicitário Marcos Valério, de 4 milhões, ao próprio PTB. Pergunto a V.Sa: A senhora sabe informar se o Sr. Marcos Valério entregou o dinheiro na última eleição de Prefeito e Vereador para o PTB?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu não sei informar, porque eu saí de lá em janeiro de 2004, e a eleição foi durante o ano. Então, não estava lá.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - No depoimento do Deputado Roberto Jefferson, ele afirmou ter recebido 2 parcelas, estas mesmas que ele afirma ter recebido os 4 milhões. Segundo o depoimento do Deputado, elas foram recebidas em duas parcelas: a primeira de 2,2 milhões e a última de 1,8 milhão. E segundo também o Deputado, elas vinham embaladas com etiquetas do Banco do Brasil e do Banco Rural.
 Eu pergunto a V.Sa.: também em documento encaminhado a este Conselho, ele afirma não lembrar precisamente o dia em que recebeu essas 2 parcelas, mas afirma que teria recebido na primeira quinzena de julho de 2004. Na sua agenda tem algum registro de retirada do Sr. Marcos Valério do banco neste período?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, porque em 2004 eu não estava trabalhando na SMP&B.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Não tem como a senhora, então, na sua agenda... Essa informação nós não vamos ter.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - A minha agenda é de 2003.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Está certo. Quinto questionamento: a senhora sabe nos informar se o Sr. Marcos Valério conversou com o Sr. Emerson Palmieri, Tesoureiro do PTB?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não sei informar também não.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Certo. A senhora alguma vez ouviu falar, em seu local de trabalho, especificamente de mensalão ou de recursos de apoio eleitoral?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Nunca foi falado na palavra mensalão e nem em recurso de nada. Eles simplesmente saíam e vinham pra Brasília.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Certo. Meu último questionamento, Fernanda, ainda voltando aqui na entrevista. Deixe eu ver qual é a página. Página 34. Na realidade, era um esclarecimento seu, se V.Sa. de alguma forma falou isso aqui: "É só o Rural que opera com eles?" A senhora teria respondido: "Tem o Rural que faz essa parte e tem o Banco do Brasil que faz a parte mais lícita da história". V.Sa. poderia nos precisar o que é esta parte mais lícita da historia?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. A única coisa que eu sei é que o Presidente do Banco Rural, José Augusto Dumont, que já é falecido, era muito amigo do Sr. Marcos Valério, tinha reuniões freqüentes com ele a portas fechadas dentro da empresa, e o Banco do Brasil era onde eles faziam a movimentação normal.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Então o que quer dizer essa parte mais lícita precisamente? A senhora chegou a fazer essa colocação?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Olha, sim, eu falei isso. Disse mais lícito porque não existia outra palavra a falar, porque eu sabia que o Marcos Valério sempre conversava com o Banco Rural, que era onde ele tinha vários negócios com o Presidente da empresa. Por isso eu disse mais lícito, porque não havia outra palavra a falar no momento.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Certo. Então voltemos para a página 32, que é a última pergunta, Sr. Presidente.
 Karina: li a entrevista que vocês fizeram com o Delúbio Soares, o Tesoureiro, capa da Dinheiro, em 25 de agosto de 2004. "Parecia que ele é gente boa, mas não é nada disso". Dinheiro: "Por quê?" "Ele faz intermediação de negócios, por exemplo, a SMP&B tem a conta do Banco do Brasil na parte de esportes, através da MultiAction, uma das agências do grupo — e é tudo negociata. Eu sei que eles passam dinheiro para o pessoal do Governo".
 A senhora poderia precisar o que é negociata?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Isso já foi respondido ao Relator e vou responder a senhora novamente. Porque eu disse que o Sr. Marcos Valério tinha relações estreitas com o pessoal do Banco do Brasil, no Departamento de Marketing, que seria o Sr. Pizzolato e o senhor... outro Marcos que não me lembro agora o sobrenome dele, que sempre se encontravam todas a semanas, enquanto o Sr. Marcos estava aqui em Brasília.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Isso é negociata na sua concepção?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Nos termos no qual eles se encontravam sim.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Quais eram esses termos? Só nos precise, Fernanda, por gentileza.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Porque se fosse alguma coisa realmente que interessasse somente ao banco, as reuniões seriam feitas dentro do banco, e não em hotéis, e não em outros lugares, em restaurantes, etc.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - A expressão negociata é em função disso, de tratar assuntos pertinentes ao banco fora do ambiente do banco.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim, com certeza.
 A SRA. DEPUTADA ANN PONTES - Muito obrigada. Muito obrigada, Presidente.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Agradeço à nobre Deputada Ann Pontes. E para complementar o nobre Relator.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Em função da indagação da nobre Deputada, havia contrato de prestação de serviços para o Banco do Brasil?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- A SMP&B presta serviços pro Banco do Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - A nobre Deputada Ann Pontes já terminou? (Pausa.)
Com a palavra o nobre Deputado Edmar Moreira. (Pausa.) Perdão, nobre Deputado. Está na frente o Deputado Benedito de Lira.
O SR. DEPUTADO BENEDITO DE LIRA- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Relator, eu ouvi o depoimento da Sra. Karina. E em determinado momento ela declara que tinha conhecimento dessa série de encontros, de reuniões — porque ela marcava na sua agenda de trabalho — com relação à convivência do Sr. Marcos Valério com pessoas do Governo. Parece-me que já houve alguma pergunta a esse respeito, mas eu vou repetir. Se houver, a senhora considera impertinente. No decorrer desses momentos em que a senhora fazia as ligações, o Sr. Marcos Valério pedia para que a senhora ligasse para as pessoas do Governo ou para Parlamentares? Em algum momento a senhora teve oportunidade de ver o Sr. Marcos Valério tratar de nenhuma relação de negócios com o Deputado Roberto Jefferson?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não senhor.
O SR. DEPUTADO BENEDITO DE LIRA - A senhora informaria que os boys iam buscar dinheiro no Banco Rural e no Banco do Brasil. Em algum momento da sua convivência na empresa, a senhora ouviu falar que esse dinheiro era para pagar a Deputado ou a partidos políticos?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. Ele sempre vinha a Brasília com o dinheiro, mas com partidos políticos ele nunca falava.
O SR. DEPUTADO BENEDITO DE LIRA- Não. Quero saber só isso: sim ou não. A senhora ouvia falar que era para pagar a partidos políticos ou a Deputados?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. Ele só dizia que era pros amigos de Brasília.
O SR. DEPUTADO BENEDITO DE LIRA- Bom. A senhora tem ciência de que está respondendo a um processo que o Sr. Marcos Valério propôs contra a senhora. (Pausa.) A senhora disse, no início de seu depoimento, que mudou de opinião, enquanto prestou informações à Polícia Federal, por contra de receio. A senhora foi molestada quando prestou informações ao depoimento na Polícia Civil?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- A única coisa que aconteceu foi que o telefone da minha casa — quase ninguém tem o número do meu telefone residencial — não parava de tocar; sempre perguntando por mim, dizendo que quando as pessoas atendiam diziam que queriam falar comigo, que era um amigo de faculdade. Eu não faço faculdade e não tenho amigos que chegam a esse ponto pra ligar na minha casa. Então o que aconteceu foi isso. Foi que sempre, do dia que fui à Polícia Civil, durante uns 2 meses, o telefone da minha casa não parava de tocar, as pessoas sempre perguntavam por mim, mas nunca deixavam recado, nunca deixavam telefone pra responder. Foi a única coisa que aconteceu.
O SR. DEPUTADO BENEDITO DE LIRA- Mas a senhora não foi ameaçada nem coagida na Polícia Civil para prestar informações.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, não, de maneira alguma.
O SR. DEPUTADO BENEDITO DE LIRA- Então a senhora confirma o seu depoimento que prestou na Polícia Civil no momento em que a senhora foi inquirida?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Confirmo novamente. Sim, senhor.
O SR. DEPUTADO BENEDITO DE LIRA - A senhora confirma o seu depoimento quando prestou perante a Justiça na Vara onde corre o seu processo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Confirmo novamente.
O SR. DEPUTADO BENEDITO DE LIRA- Estou satisfeito, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Obrigado, Deputado. Com a palavra, o Deputado Edmar Moreira.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Pela ordem, nobre Deputado.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Novamente nominal. Então, antes de iniciarmos, nós poderíamos votar e voltar?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Ainda estão encaminhando. Eu vou verificar isso. Com a palavra o nobre Deputado Edmar Moreira.
O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - Sr. Presidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Deputados, demais presentes, eu vou ser extremamente objetivo, Sr. Presidente, ainda mais que, mercê da eficácia e competência de nosso Relator, com certeza, ele exauriu todos os questionamentos e perguntas que eu pretendia fazer e não vou cansá-los com repetição. Mas nós vimos aqui hoje 2 fatos absolutamente inusitados. Primeiro, quem já leu estas estórias, essas revistinhas policiais, quando não se tem um culpado, a primeira culpa que se coloca: "Foi o mordomo, é, foi o mordomo, vamos crucificar o mordomo". E, hoje, dona Fernanda Karina inovou, com todo respeito. Aquilo que a senhora não pôde confirmar, através de suas declarações à imprensa, ora culpa os motoqueiros e office-boys, ora culpa o financeiro. Então, ficaria, com certeza, acerca dessas suas assertivas na imprensa, fica uma indagação de dúvida. E outra inovação — é vivendo que se aprende —, Sr. Relator, os representantes do representado, com certeza, eles não se esqueceram de que Fernanda Karina foi testemunha arrolada por eles e, pelo andar dos questionamentos e perguntas, eles colocaram, com certeza, uma série de dúvidas acerca da reportagem, das declarações que ela deu à imprensa. Parece-me que foram 38 indagações. Com certeza, o representado não a arrolaria novamente como testemunha, em sabendo, previamente, todas essas dúvidas que a senhora...
Eu vou fazer duas perguntas que, de certo modo, são correlatas, e, de certo modo, mas, ao meu arbítrio, ao meu juízo, eu gostaria que D. Karina as respondesse novamente. O Sr. Marcos Valério justifica os saques em dinheiro efetuados por sua agência de propaganda com supostas transações de compra de gados, cavalos e outros negócios agropecuários. A senhora já declarou que desconhecia tais negócios.
Eu pergunto — praticamente duas perguntas numa: a senhora poderia informar se alguma vez viu ou soube que o Sr. Marcos Valério recebeu em seu escritório pessoa, ou pessoas, empresários do ramo agropecuário? E em seguida: todos os saques em dinheiro que a senhora presenciou ou teve notícia das contas das empresas ou existiram saques da conta pessoal do Sr. Marcos Valério ou de sua esposa?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Ele não tem nenhum tipo de, nunca recebeu nenhum tipo de pessoas ligadas à venda e compra de bois na empresa. Não tem, porque ele não tem fazenda. E nunca vi tirar dinheiro da conta pessoal dele para pagar boi. Não existia esse tipo de movimentação.
O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA - Só para finalizar, Sr. Presidente, como, com certeza, a Dona Fernanda Karina veio aqui com as melhores da intenções, e eu não tenho absolutamente nenhuma dúvida a esse respeito. Eu queria dizer, mais uma vez, que este Conselho de Ética se instalou através de um requerimento que o Partido Liberal, pelo seu Presidente, Valdemar Costa Neto, fez ao Conselho de Ética, para que esses fatos fossem absolutamente apurados. Então, este Conselho de Ética, eu repito e termino, foi instaurado por iniciativa do Partido Liberal, que quer, com certeza, a apuração dos fatos. Obrigado.
 O SR. DEPUTADO BENEDITO DE LIRA — Sr. Presidente, pela ordem.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Pela ordem, o nobre Deputado Benedito de Lira.
 O SR. DEPUTADO BENEDITO DE LIRA — Sr. Presidente, só para completar meu raciocínio nas perguntas que eu formulei à testemunha é que eu requeiro a V.Exa. que seja juntado ao processo os depoimentos da Sra. Karina, quando ela prestou na Polícia e na Justiça, da Comarca de...
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Já foi entregue e já foi autorizado.
Concedo a palavra ao Deputado Orlando Fantazzini.
Eu gostaria que todos os Deputados seguissem a nobre Deputada Ann Pontes, Edmar Moreira, Benedito de Lira, que cumpriram os 5 minutos. Por favor.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Eu vou procurar cumprir estritamente, Sr. Presidente, mas se eu for aos 10, estarei dentro do Regimento ainda.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Com a palavra o nobre Deputado Orlando Fantazzini.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Sr. Presidente, Sra. Karina, inicialmente agradeço o comparecimento da senhora aqui para auxiliar o Conselho de Ética nesta apuração que faz, nesse procedimento proposto pelo Partido Liberal contra o Deputado Roberto Jefferson. A senhora afirmou, num primeiro momento...
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Nobre Deputado, um pouquinho mais alto, por favor.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — A senhora afirmou que mantinha contato por e-mail com o jornalista Leonardo Attuch, uma vez que a senhora lia as matérias e...
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Por favor, eu peço silêncio no plenário.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — A senhora lia as matérias que ele escrevia e fazia os seus comentários. E quando saiu a matéria da revista ISTOÉ Dinheiro, de 25 de agosto de 2004, fez contato com Leonardo Attuch — aí eu não sei se por telefone ou e-mail — lhe dizendo que não gostou da matéria, porque "Ele, Delúbio não eram tudo aquilo, pois conhece ele por telefone". Essa resposta a senhora deu para o nosso ilustre Relator.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — E confirmo.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Isso. Mais adiante, em respeito à indagação da Deputada Ann Pontes, voltou a afirmar categoricamente que nunca falou com o Sr. Delúbio. Eu gostaria de saber — eu acho que aí a senhora pode nos falar, e gostaria que falasse — que motivos levaram a senhora a fazer o juízo de valor de que o Delúbio não era tudo aquilo? Se a senhora nunca falou com ele, por que é que a senhora, então, afirmou para o Leonardo que ele não era tudo aquilo que estava na matéria? O que mais a senhora sabe e não falou para nós ainda?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — O que eu sei, eu falei. E tudo o que eu falei é verdade, porque está sendo provado por todo o mundo. Está todo o mundo indo atrás, e está sendo provado. Então, eu sempre falei a verdade, eu nunca menti e nunca omiti nada.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — O que é que foi provado até agora em relação ao Sr. Delúbio, que a senhora falou?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Ah não... Ao Sr. Delúbio, eu falei, porque eu tinha conhecimento de causa em relação ao Sr. Marcos Valério.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Não, mas o Delúbio, a...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— O Delúbio, eu conheço apenas por telefone e por comentários do Sr. Marcos.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Pois é, mas a minha pergunta é: o que a senhora... E eu peço para o advogado não responder, senão aí vira uma fraude o Conselho de Ética. E V.Exa., como advogado, V.Exa. sabe as limitações. Então, por gentileza, colabore. Eu quero saber qual é o juízo de valor que a senhora fez sem nunca ter falado com o Sr. Delúbio? Para mim, isso sinaliza que a senhora sabe mais algumas coisas.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Quer dizer, então, a senhora não sabe... foi numa impressão, num sentimento da senhora...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — É uma impressão pessoal minha.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Impressão pessoal...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Mesmo sem ter falado...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Mesmo sem conversar, porque as pessoas...
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Mesmo sem tido contato pessoal. É uma impressão pessoal?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim. Acredito que todas as pessoas tiram uma impressão de todos. Não existe isso.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Está, eu só queria saber se era uma impressão pessoal, ou se a senhora saberia...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Totalmente pessoal.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Ou se a senhora tenha conhecimento de fatos e que não fez menção aqui. A senhora... Eu vou insistir, porque a senhora já respondeu 2 vezes, mas não me satisfez a resposta. A senhora respondeu já para o Deputado Jairo Carneiro, que é nosso Relator, e também respondeu para a Deputada Ann Pontes. A senhora afirma, com ênfase, de que ele faz intermediação de negócios. Por exemplo: "A SMP&B tem a conta do Banco do Brasil, na parte de esportes, através da MultiAction, uma das agências do grupo. E é tudo negociata. Eu sei que eles passam dinheiro para o pessoal do Governo". O Relator lhe perguntou, a senhora confirma. A senhora demorou um pouco para confirmar, leu a matéria, disse "confirmo". A Deputada Ann Pontes também perguntou e a senhora confirma. O que a senhora conhece de negociata? Não o fato das pessoas se reunirem. Para mim, isso não é negociata. Eu acho que, quando a gente fala de negociata, fala de alguma ação ilícita. O que a senhora conhece de ilícito, de fato, e o que a senhora tem de concreto que possa garantir a este Conselho que essas empresas passam dinheiro para o pessoal do Governo?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu não tenho nada. O que eu tenho foi o que eu disse exatamente para a Deputada e para o Sr. Relator. É isso que eu sei. Eu nunca estive em nenhum tipo de reunião com eles.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Quer dizer, então...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Eu não estive.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - ... o fato das pessoas se reunirem para a senhora, a senhora está fazendo uma ilação? A senhora acha que eles se reuniam para fazer negociata, mas a senhora não tem prova de que eles fizeram negociatas ou que...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não, prova nenhuma.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Nenhuma, a senhora acha. Então, é no campo da sua impressão, correto?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — É no campo...
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Da sua impressão?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — É um direito que a senhora tem de achar, mas a senhora não prova a sua impressão, correto?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — A senhora também disse que nunca viu o dinheiro, não é? E sempre atribui a responsabilidade aos boys que lhe contaram, ou, então, à Simone e à  Geísa. Então, tudo que a senhora relatou até aqui foi de ouvir dizer, mas não presenciou, correto?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Correto.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Então, a senhora sabe porque alguém lhe fez comentários.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Exatamente.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — E a senhora está reproduzindo os comentários que a senhora ouviu.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim, senhor.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Sem constatar a veracidade desses comentários.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Mesmo porque eu não trabalhava no departamento financeiro.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Lógico, como a senhora já disse.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não tenho o que mexer lá.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Então, por isso que estou querendo reafirmar que tudo aquilo que a senhora está dizendo aqui é de ouvir dizer e que para que a gente tenha a convicção dos fatos, obviamente, temos de ouvir as pessoas que a senhora diz terem dito à senhora.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Exatamente.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — A senhora acabou de dizer para o Deputado Benedito que esteve na delegacia de Belo Horizonte, no dia 8 de setembro, prestando um depoimento, de 2004, correto? E nesse depoimento, perguntada pela autoridade policial "Se, após demitida, a declarante procurou pela funcionária Adriana Fantini Boato" — é isso? —, "a declarante respondeu que sim, que a Adriana era sua amiga particular, pois estavam trabalhando juntas e que até hoje mantém um relacionamento, mas via telefone". Na oportunidade também a senhora declarou que não havia dado nenhuma entrevista para a imprensa, é isso?
O que a senhora atribui à ISTOÉ dizer que a senhora deu — isso dia 8 de setembro de 2004 — e a ISTOÉ diz aqui que a senhora deu a sua primeira entrevista, primeira entrevista, 2 de setembro de 2004. Quer dizer, a senhora deu uma entrevista no dia 2 de setembro de 2004, vai à delegacia no dia 8 de setembro de 2004, diz que nunca deu uma entrevista em depoimento, vai dia 25 de maio de 2005 perante o juiz, ratifica todas suas declarações que a senhora prestou na delegacia, que era de nunca ter dado uma entrevista. A que a senhora alega esse comportamento de, primeiro, negar que deu uma entrevista, tendo dado a entrevista? A senhora pode dizer para mim até "Ah, mas ele falou que não ia publicar". Mas por que a senhora não falou que havia dado uma entrevista para dizer toda a verdade e que tinha a garantia de que essa entrevista não seria publicada?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Primeiro que, quando eu conversei com ele, ele não disse que era uma entrevista. Ele disse que estava... que queria conversar comigo. E foi a nossa conversa em 40 minutos.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Com ele, Leonardo?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sr. Leonardo, sim.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — E a senhora não autorizou a entrevista então?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não, de maneira alguma. Não foi autorizada.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Quer dizer, ele fez uma entrevista, publicou uma conversa...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — E não me avisou nada, não me disse. Eu fiquei sabendo assim como todos, no dia...
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — A senhora está processando o Sr. Leonardo por ter...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Nós estamos pensando, sim, senhor.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Mas não processou até agora. Está só pensando.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não, porque, a princípio, estou na minha defesa. Não processar...
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Sim, mas a senhora não fez nada, só está pensando.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Exatamente.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Essa entrevista foi gravada ou a senhora só conversou e ele foi escrevendo?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Ele disse que não estava sendo gravada. Nós só conversamos.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Não tinha nenhum gravador?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — É.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Quer dizer, não tinha nada?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Exatamente. Então, como ele disse que ele estava lá e queria saber de algumas coisas, eu disse, né? E depois, se ele gravou ou não, aí foi por ele e não por mim.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Foi por ele. A senhora passou um e-mail para o Sr. Leonardo: "Olá, Leonardo, na sexta-feira à noite recebi uma intimação da Polícia Civil de Minas Gerais para me apresentar, na quarta-feira, em uma delegacia para prestar esclarecimentos. Tenho quase 100% de certeza que é do MV. Já contactei um advogado para ir comigo. Depois te dou mais detalhes. Estou lhe dizendo isso apenas para colocá-lo a par da situação. Como você tem mais experiência com esse tipo de coisa, se tiver algo para me instruir, agradeço. Troquei o número do meu celular, mas ainda não está funcionando. Quarta-feira eu te ligo e mando a agenda, que está em um lugar escondido. Está até parecendo filme. (Risos) Muito obrigado".
O Leonardo lhe responde. "Oi, Karina, tudo bem? Por favor, deixe-nos a par dessa conversa com o pessoal da polícia. Se você quiser levar a agenda amanhã, 8 de setembro, para o trabalho, eu tenho uma pessoa em BH que pode pegá-la e trazê-la para mim. Um abraço. Obrigado". A senhora manteve essa correspondência com o Sr. Leonardo?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu enviei porque, como ele tinha dito, eu disse para ele também, que não constou aqui, que eu tinha medo do Marcos Valério de fazer qualquer outro tipo de coisa comigo, mesmo porque ele é uma pessoa muito poderosa em Belo Horizonte e eu sou só uma secretária. Aí eu disse para ele e passei esse e-mail, porque ele estava dizendo que estava querendo fazer uma investigação, então....
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Sobre o Marcos Valério?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Era a única pessoa que eu conhecia.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - E a senhora acreditava mais na ação de um jornalista do que o Ministério Público, porque a senhora disse que está aqui na qualidade de cidadã e eu acredito, como a senhora já respondeu ao Deputado Chico Alencar. Mas a senhora deu mais credibilidade a um jornalista, que não cumpriu com a palavra com a senhora...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Hoje eu não dou credibilidade nenhuma a ele.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Mas não quis procurar o Ministério Público e ajudar o País de fato.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu estava com medo.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Mas o Ministério Público poderia lhe dar todas as garantias, todas as proteções.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Mas eu não tinha esse tipo de informação, que o Ministério Público poderia...
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Nem os seus advogados nunca lhe falaram nada a esse respeito?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Nunca lhe falaram isso?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, eles disseram que para eu ficar quieta, mesmo porque eu já tinha dito a eles que eu tinha medo do Marcos Valério.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Seus advogados disseram isso?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Que eu tinha medo do Marcos Valério.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Seus advogados lhe instruíram?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eles disseram: "Você tem alguma coisa a provar?" Eu não tenho nada a provar. Eu sou a prova. Ele disse: "Então, se você não tem nada a provar"...
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Quer dizer, os seus advogados disseram...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eles não foram comigo. Inclusive eles não foram comigo.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Sim, mas a senhora conversou com eles?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Conversei por telefone.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Eles lhe instruíram a ficar quieta, a não falar nada?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Ele simplesmente disse para eu ir lá e falar o que eu achava que era melhor para mim. Eu fui sozinha. Se o senhor... não sei se tem alguém que pode provar lá, mas eu estava sozinha nas duas vezes em que eu fui.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Na delegacia de polícia sim, mas no fórum não, a senhora estava acompanhada de advogados.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - No fórum, eu estava acompanhada.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - E o seu advogado também não lhe instruiu a relatar esses fatos?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Não?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI — Quer dizer, seu advogado simplesmente mandou a senhora continuar na mesma linha, sem relatar fatos, comprometedores inclusive...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Por isso que eu troquei de advogado.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - ...comprometedores que poderiam à época, inclusive, ter já resolvido esse caso e colocado eventuais corruptos ou bandidos na cadeia.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu acho que isso é um dos motivos pelo qual eu mudei de advogado. Tenho uma pessoa experiente do meu lado. O nosso trabalho é simplesmente falar o que eu sei. Não aumentei em nenhuma vírgula. Tudo que eu sei, tudo que eu lembro, eu passo a todas as pessoas que estão interessadas. Então é por isso... É assim que eu trabalho junto com o meu advogado.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Outro questionamento. A senhora fez o seu primeiro contato com Leonardo, após a matéria do dia 25 de agosto, correto?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim, sim.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - A matéria saiu dia 25. Ele foi até a senhora lá em Belo Horizonte?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Ele foi a Belo Horizonte, no meu trabalho.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - No seu trabalho? No novo?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - A senhora não estava mais em agosto de 2004 lá?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, já estava trabalhando.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Foi no novo trabalho e lá que a senhora conversou?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Porque eu tenho uma hora de almoço. Eu pedi para ele não ir; ele foi. Aí eu fiquei toda sem graça, porque eu saio na rua pra poder almoçar, ele estava parado lá. Tinha me ligado, dizendo: "Ó, estou aqui na porta". Ai...
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - A senhora já o conhecia então?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Ele já... Foi no primeiro contato...
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Não, mas pessoalmente, a senhora já...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, não, não. Ele disse que ele estava num táxi. Ele estava num táxi parado.
 O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI - Foi a primeira?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Foi a primeira e única vez que eu o encontrei.
 O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Deputado Orlando Fantazzini, Sr. Presidente, eu pediria uma questão de ordem. Questão de ordem, Sr. Presidente.
Cumprindo as determinações ditadas por V.Exa., as perguntas deveriam ser feitas em bloco e respondidas em bloco. Foi uma primeira orientação. Pelo menos aconteceu, e hoje interrompeu, mas na última aconteceu. Depois, V.Exa. pediu que fosse feito em 5 minutos, ao que o Deputado Orlando Fantazzini respondeu: "Mas seu eu fizer em 10 minutos estarei no tempo regimental." Eu estou inscrito. Sou o 10º e ele está a 16 minutos inquirindo. Eu só pediria ao Deputado Orlando Fantazzini que concluísse, respeitando o Regimento que ele mesmo mencionou, para que eu pudesse fazer as perguntas, assim como muitos querem fazer.
  O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Nobre Deputado Carlos Sampaio, nas reuniões anteriores, eu tinha pedido que ele fizesse em bloco, e eu senti que não funcionou. Então, nesta, acho que todos podem fazer perguntas, as mais diversas. Agora, o tempo, na realidade é de 10 minutos. E eu estou dando 5 para agilizar todo o processo. E do Deputado é 5 minutos, e a testemunha também está usando esse tempo. Estou controlando e estou facilitando as coisas, porque nós queremos é só encontrar a verdade. V.Exa. será o segundo a ser chamado agora e vai ter o mesmo tempo que o nobre Deputado Orlando Fantazzini.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO- Agradeço.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN- Sr. Presidente, é só uma questão de ordem. Nós estávamos na dúvida se aquela votação nominal, que foi muito recente, não teria dado tempo de uma votação e outra. Ela foi suspensa. Agora tem uma nova votação nominal.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) - Foi a mesma, nobre Deputada.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN- Não, não. É outra, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) — Então eu vou ter que... A última pergunta.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- Primeiro, é só para agradecer e alertar ao Deputado Carlos Sampaio que não são 16 — estou atento —, agora 16 com a questão de ordem dele, mas é entre pergunta e resposta. Eu imagino a ânsia que o Deputado está também para questionar. Mas eu também fiquei ansioso para questionar e aguardei, respeitosamente, todos os Deputados que fizeram questionamento.
Então, eu só queria, para encerrar, perguntar à senhora: a senhora, todo o momento, disse que fazia ligações, sistematicamente, para o Sr. Delúbio, para Sílvio Pereira, e sempre falando com as secretárias, depois fazia as transferências. A senhora, em momento algum, afirmou ter feito alguma ligação direta ao ex-Ministro José Dirceu, sempre dizendo que era pedido para fazer uma ligação para São Paulo e depois o Ministro ligava, embora era no celular, a senhora nunca ouviu a conversa. Então, a senhora pressupõe que ele ligou, mas não pode afirmar que houve a ligação. Pode?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Ele ligou, porque quando ele ligou, o Sr. Marcos falou: "Olá, Ministro, como está?" Então foi ele. Era ele quem estava esperando.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- É o único Ministro que ligava lá, era o Ministro José Dirceu, mais ninguém?
 A SRA. FERNADA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim. Que eu me lembro, enquanto eu estava lá, sim.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- Nenhum outro Ministro ligava?
A SRA. FERNADA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Na minha frente, enquanto eu estava, não.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- Mas também é uma suposição da Senhora que seja o Ministro, não é, pelo fato de ele responder?
A SRA FERNADA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Se ele estava aguardando...
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- Não, é um pressuposto.
A SRA FERNADA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Claro.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI— "Olá, Ministro", mas a senhora não tem certeza até porque a senhora não estava ouvindo a ligação.
A SRA. FERNADA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Claro.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- Certo? A senhora afirma que houve várias reuniões em hotéis, mas como a senhora mesmo respondeu ao Deputado Chico Alencar, a senhora não pode confirmar a concretização das reuniões até porque a senhora não estava lá. Quer dizer, então a senhora sabe que eram marcadas reuniões, mas não pode afirmar a ocorrência do evento. E a senhora também disse que a Simone dizia que estava cansada de ficar no hotel separando dinheiro e tudo mais. Qual o hotel que ela freqüentava?
A SRA. FERNADA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Ela ficava num hotel em Belo Horizonte chamado Gran Bittar. Eu acho.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- Em Belo Horizonte?
A SRA. FERNADA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Me desculpe, aqui em Brasília.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- Em Brasília, no Gran Bittar?
A SRA. FERNADA KARINA RAMOS SOMAGGIO- É.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- Além do Gran Bittar, do Sofitel que a senhora já falou e do Blue True, em quais outros hotéis eram marcadas reuniões?
A SRA. FERNADA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Comigo, só os três.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- Só os três? Nenhum...
A SRA. FERNADA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Existem mais duas secretárias que marcavam também.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- Estou dizendo, com a senhora, que a senhora sabe é só esses três?
A SRA. FERNADA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Que eu me lembre sim.
O SR. DEPUTADO ORLANDO FANTAZZINI- Muito bem. Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) - Só para esclarecer aos Srs. Deputados, o Deputado João Fontes, que veio do plenário, nos informa que está em processo de votação, mas ainda não começou a votação nominal.
 Com a palavra o nobre Deputado Gustavo Fruet.
O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET- Sr. Presidente, vou aproveitar a oportunidade, até para encaminhar os requerimentos, para não interromper o andamento dos trabalhos, por isso até não questionei no início. Mas algumas observações. A primeira delas, junto com o Deputado Mendes Thame e Carlos Sampaio, a bancada do PSDB está solicitando — novamente consulto V.Exa., fizemos o mesmo procedimento junto ao Presidente da Câmara — sobre a necessidade de funcionamento do Conselho de Ética no mês de julho. Da mesma forma estamos entrando com os requerimentos por entendemos que pelos fatos novos que foram apresentados, mas com todas as restrições legais e diferenças de tratamento de uma CPI do Conselho de Ética e da Câmara dos Deputados, ou por iniciativa do Conselho ou da Mesa, ou diretamente do Relator, a quebra do sigilo bancário das empresas mencionadas, a quebra do sigilo bancário do Sr. Marcos Valério, bem como a quebra do sigilo de dados telefônicos dos Srs. Marcos Valério e Delúbio Soares. Inclusive, está formalizado. Estamos solicitando também que seja pedido ao Ministério Público de Minas Gerais e ao Conselho de Administração Financeira os dados que foram publicados no último final de semana pela revista ISTOÉ. E aqui uma observação: é interessante que quase todas as investigações na Câmara, tanto da Corregedoria quanto desse Conselho e da CPI, estão a reboque da imprensa. Falo isso em sentido positivo, em respeito ao trabalho mais ágil e pela realidade diferente da imprensa em relação a ...
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Com licença, Sr. Presidente. Só um instantinho, Deputado Gustavo. Já foi aberto o painel. Já está aberto. Ele já votou duas vezes. Então, a informação...
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - A informação já foi recebida. Logo depois do Deputado Gustavo Fruet, vou suspender os trabalhos por 5 minutos.
 O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET - Está bem, Sr. Presidente. Então, vê-se uma agilidade diferente, mas toda a nossa preocupação também é ter os documentos oficiais, para que não se aleguem eventualmente erro ou parcialidade ou ausência de dados dos documentos que estão sendo publicados. Então, por precaução, essa medida também.
E da mesma forma, tendo em vista o depoimento hoje, estamos requerendo que também sejam convidados a comparecer as Sras.  Geísa Dias, Simone Vasconcelos e Adriane. Eu anotei depois o sobrenome.
E eu faço destaque para duas observações. A primeira delas: é um erro imaginar que um depoimento só vai qualificar totalmente ou desqualificar totalmente o que está sendo objeto de investigação neste Conselho de Ética, relembrando que são temas que se chocam, que há conexão. E num determinado momento deverá haver convergência na investigação. Porém, estamos ouvindo hoje mais um elo na história apresentada pelo Deputado Roberto Jefferson, e um elo que merece toda consideração neste momento de investigação.
Reparem: o Deputado Roberto Jefferson faz a denúncia. Com exceção do Deputado Sandro Mabel, os demais depoimentos dão credibilidade parcial à denúncia. A Sra. Fernanda confirma que havia uma relação muito próxima do Sr. Marcos Valério com algumas autoridades do Governo e do PT. E, rapidamente, olhado aqui para o Deputado João Alfredo, são impressionantes os dados e os detalhes da agenda, o que vai exigir depois uma análise mais cuidadosa de todos e do Relator e, na eventualidade, até de um novo convite à Sra. Fernanda. É impressionante a coincidência de datas, os dados dos hotéis, as passagens, os recibos, os valores, os nomes, os telefones, ou seja, seria muito pouco provável que se tratasse de mera coincidência. Se for uma enorme coincidência, nem um roteirista seria capaz de escrever uma história dessa. E no último final de semana, os dados do Conselho da Administração Financeira, mostrando que no período que foi denunciado houve uma movimentação considerável e saque em dinheiro do Banco Rural e do Banco do Brasil em Belo Horizonte. Ou seja, está se criando o carreto da alegria, o carreto da felicidade, está se fechando o quebra-cabeça. É o tempo que vai confirmar ou não, que vai dar consistência ou não. Mas não é o depoimento somente hoje da Sra. Fernanda que precisa ser desqualificado ou qualificado, porque há uma preocupação muito grande de imaginar que vamos resolver isso aqui esta semana. Nós mal começamos este processo de investigação. Então, eu destaco isso porque a rigor a gente precisava ouvir uma declaração da Sra. Fernanda, e ela fez. Ela confirmou os termos da entrevista dada à revista ISTOÉ e os termos da entrevista veiculada pelo Jornal Nacional. Portanto, não há nem que se perguntar com relação a esses itens que já foram objeto de manifestação.
 A segunda observação e algumas perguntas muito pontuais.
Pergunto à Sra. Fernanda se ela assistiu às respostas do Sr. Marcos Valério e qual sua impressão com relação à resposta dele. E qual sua impressão sobre a relação com o Sr. Marcos Valério no período em que a senhora trabalhou na agência de publicidade?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu assisti, sim. Eu acho... Lá, quando ele apareceu e falou tudo isso, ele simplesmente falou o que eu tinha acabado de falar, que realmente ele tinha um relacionamento com o Sr. Delúbio. E ele simplesmente fez que é verdade o que eu tinha acabado de falar. Essa foi a minha impressão. Então, eu acho que tudo o que eu falei a imprensa está mostrando que é verdade, está embasado no fato de que eu vi e de que eu sou uma testemunha. Foi isso que eu vi, foi isso que eu fiz e se precisar fazer de novo eu faço.
 O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET - O Sr. Marcos Valério é casado?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
 O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET - E a senhora nesse período teve algum contato com o Sr. Emerson Palmieri?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não.
 O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET - Teve contato com alguém do PTB em Belo Horizonte ou em Brasília?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET - Com a Agência Solimões?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, não. Não me lembro.
O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET - A senhora tem conhecimento se as duas agências contrataram outras agências em outros Estados nesse período?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, esse departamento já não é mais o departamento do Sr. Marcos Valério. É o departamento dos outros sócios.
O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET - Sr. Presidente, então, reitero os termos dos requerimentos e também peço para juntar, ao Relator, uma mensagem recebida hoje, imagino que outros Parlamentares também receberam, do Sr. Leonardo Attuch, da revista ISTOÉ. Recebi também um comunicado da direção da revista ISTOÉ com relação ao cancelamento de um contrato mantido com uma provedora, com relação a uma denúncia que foi formulada em relação à entrevista formulada.
E, por fim, pediria à Sra. Fernanda, também de forma objetiva, nesse período, qual foi o tratamento dado pelo Sr. Marcos Valério em relação à senhora, em relação às demais funcionárias? E nesse período teve alguma relação de atrito com ele na agência?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, eu nunca tive relação nenhuma de atrito com ele, mesmo porque não é essa a maneira com a qual gosto de trabalhar, mas ele era uma pessoa sempre muito fria. Não era uma pessoa que deixasse a gente se aproximar muito. Então, ele sempre foi muito frio, não só comigo mas com todos os funcionários da empresa.
O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET - Muito bem. Sr. Presidente, então, eu ressalto a segurança do depoimento, porque eu acho que a Sra. Fernanda tem noção com quem ela está lidando, o que ela está denunciando nesse processo, o impacto da sua declaração. Surpreendem-me a segurança e a firmeza das suas declarações. E eu peço, ao final, que sejam votados os requerimentos.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu lhe agradeço. E gostaria de falar que eu tenho medo, sim, sempre tive medo. Desde o começo, sempre fui a parte fraca. Então, quando resolvi falar, tinha que ter uma pessoa do meu lado que pudesse me ajudar e me dar algum tipo de horizonte para eu poder seguir sempre em frente embasada sempre na verdade.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) - Eu vou suspender a sessão por 5 minutos.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sr. Presidente, pela ordem. Se V.Exa. permitir, é Jairo Carneiro. Sr. Presidente, é o seguinte. O Deputado Gustavo já apresentou por escrito os requerimentos à Mesa, ao Presidente?
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) - Já.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - E, quanto a um ponto que V.Exa. levanta de reuniões do Conselho durante o recesso, creio que há um dispositivo regimental que proíbe e não poderemos correr nenhum risco de nulidade de nossos atos aqui no Conselho, mas o Presidente examinará melhor. Mas creio que essa é a situação.
O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET — Sr. Presidente, com toda a razão. Eu fiz a pergunta porque esse dispositivo é claro, a única alternativa é se houvesse uma autoconvocação com fim exclusivo.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) - Está suspensa a sessão por 5 minutos.
(É suspensa a reunião.)
O SR. PRESIDENTE (Deputado Orlando Fantazzini) - Reabertos os trabalhos, convido o Deputado Josias Quintal para fazer uso da palavra.
O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL — Sr. Presidente, quero me desculparco pela minha ausência momentânea, porque tive que estar no PMDB, em uma reunião muito importante do PMDB, com resultado até lastimável, mas tive que marcar presença lá. Portanto, perdi uma parte do depoimento da Fernanda.
Mas, ao que me reporto do início do depoimento dela, que presenciei, queria fazer uma pergunta. Se estiver sendo repetitivo, peço que a própria Fernanda entenda e a Mesa também.
Fernanda, em que momento você passou a ter um desentendimento com a administração da empresa em que você trabalhava? E qual a motivação?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu nunca tive desentendimento nenhum com a empresa, né? A única coisa é que a empresa trabalhava de um modo ao qual eu não estava acostumada, fora da minha ética profissional, fora do que eu aprendi nas empresas nas quais eu trabalhei.
O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Em que tempo se deu esse processo, essa queixa que a direção da empresa, o Valério, ele fez contra você, por extorsão? Qual foi essa motivação? Você pode detalhar, se já não o fez?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, eu não sei por que ele fez isso. Ele me pegou de surpresa, eu não sabia do que se tratava até a hora em que eu fui à Polícia. Até então, eu achava que estava tudo sem problema nenhum, já tinha saído, já estava com emprego novo, que estava amando, como eu amo o emprego onde eu trabalho. Adoro onde eu trabalho. Então achei que ele simplesmente tinha me esquecido, e não esqueceu.
O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Mas uma queixa de extorsão... Que motivação ele tem, ele alega? Enfim, você foi depor e foi informada...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim. Acho que ele quer... estava querendo me botar medo. Eu estava... Porque ele sabia que eu era sozinha, não tinha ninguém. Não conheço ninguém em Belo Horizonte, apenas as pessoas com as quais eu trabalho. Então foi isso. Ele me botou medo, porque ele gosta de botar medo em todo mundo.
O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Naquele momento, ele já tinha ciência de que você viesse a denunciar tudo que acontecia?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Tinha, claro. Quando você faz uma coisa errada você sabe que alguém pode falar.
O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Ah! Uma outra pergunta. Quando você foi abordada por um motoqueiro, isso se deu numa pista, num sinal luminoso...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Numa avenida, em Belo Horizonte.
O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Numa avenida. Num sinal luminoso ou...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, num sinal de trânsito.
O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Num sinal de trânsito?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim.
O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - O motoqueiro te abordou ... De que lado ele te abordou?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Do meu lado esquerdo, do lado do motorista.
O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Do lado do motorista?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim.
O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Após ele fazer essas ameaças, ele saiu em frente e você foi em seguida? Como é que foi?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- É, ele parou, o sinal estava fechado — eu já tinha explicado a todo mundo. Estava com o vidro entreaberto. Abaixei o vidro porque ele estava falando comigo e eu achei que ele estivesse pedindo algum tipo de informação. Aí ele estava com um capacete até o nariz, e foi a hora que ele me disse que se eu falasse qualquer coisa, abrisse a minha boca ou qualquer coisa, eu ia colocar a minha família em risco. Eu estava do lado esquerdo da pista também. O carro que estava atrás, antes do sinal abrir, foi embora. Logo depois o sinal abriu. Eu dei seta e encostei do lado certo, do meu lado direito...
O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Você não teve, assim, oportunidade de pelo menos registrar aquela placa da moto?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu não tinha condições psicológicas de registrar nada. Depois que você... Uma pessoa está na rua, que você está sob pressão o dia todo, abre a Internet, vê a sua foto na Internet e vai embora rápido para chegar em casa... Porque eu não sabia o que estava acontecendo comigo até aquele momento. As pessoas me ligavam perguntando, mas eu não tinha noção do que estava acontecendo, porque eu estava trabalhando, né? Então, fui, saí, trabalhei até quinze para as oito, oito horas, saí do meu trabalho, que demora... nesse horário não tem muito carro, então vai rápido, eu chego em meia hora em casa. Saí do meu trabalho, passei na rua onde eu passo todos os dias e parei. Parei... Depois que ele falou eu entrei em desespero, não sabia o que fazia. Parei o carro e chorei. Fiquei uns 10, 15 minutos chorando, desesperada, olhando lá, achando que tinha alguém do meu lado tentando fazer alguma outra coisa comigo. Então, não existia condições psicológicas de poder... nem de pegar a placa.
O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - É, realmente deve ter sido muito traumático, porque, afinal, também anotar uma placa ou registrar uma placa de uma moto não deve ser tão difícil assim para uma pessoa estando numa situação de razoável tranqüilidade. Deve ter sido muito traumático. Tudo bem. Basta.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) - Com a palavra o nobre Deputado Carlos Sampaio.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sra. Fernanda Karina. Eu iniciaria, Sr. Presidente, fazendo um registro que reputo importante.
Antes de mais nada, acho que cabe a este Conselho cumprimentá-la pelo fato de ter aceito vir aqui depor na qualidade de testemunha. Insisto em uma coisa que eu disse em um outro depoimento: ela não é delatora. Ela veio aqui como testemunha, e como tal tem obrigação de dizer a verdade. A todo momento percebo que Deputados da base do Governo — e eu insisto nisso —, ao invés de buscarem a verdade real dos fatos, têm como preocupação maior desqualificar o testemunho dela. Ao invés de pegarem pontos que têm liga com as afirmações que foram feitas e que devem ser objeto de investigação deste Conselho, que é o chamado "mensalão", ao contrário, querem desqualificar a testemunha e todas as provas que são feitas no sentido de confirmar, infelizmente — ou evidenciar, infelizmente, corrigindo a expressão —, a existência do tal "mensalão". Quando eu ouço o Deputado Fantazzini dizer, a todo momento, para ela: Então, a senhora ouviu dizer?! Então quer dizer que a senhora ouviu dizer?! Então quer dizer que a senhora ouviu dizer... Como se tivesse ouvido dizer num campo de futebol, num corredor de um hotel.
Ela era a secretária do Sr. Marcos Valério, a pessoa de confiança do Sr. Marcos Valério, convivia em sala lado a lado do Sr. Marcos Valério, recebia as ligações, passava as ligações, fazia, trazia, levava, agendava, dizia o hotel, marcava hora. Isso não é ouvir dizer, isso não é informação de corredor, isso não é informação de campo de futebol, isso não é boato. Essas são afirmações importantíssimas e que só fazem referendar o que tem sido dito pelas testemunhas anteriores.
Nós tivemos uma Deputada que veio aqui e disse que recebeu a proposta de um "mensalão". Nós tivemos um ex-Ministro que veio aqui — o hoje Deputado Miro Teixeira —, que confirmou que recebeu a denúncia do mensalão. Então, tudo isso me assusta.
Talvez pela minha formação de Ministério Público, com a vontade de investigar a verdade dos fatos, eu não procure desqualificar as pessoas que se dispõem a vir aqui e narrar fatos que presenciaram. Por ouvir dizer? Secretária não ouve dizer, ela presencia o fato. Não é num corredor, repito, não é num campo de futebol.
Eu insisto: é muito importante o testemunho e o relato que foi dado aqui por ela hoje, porque, de um lado, ela afirma que havia o mensalão; de outro, a Deputada Raquel Teixeira vem e confirma que recebeu uma proposta; de outro, vem um ex-Ministro e afirma que recebeu a denúncia. E agora vem um órgão oficial e diz que o Sr. Marcos Valério levantou, em um ano, 21 milhões de reais.
Todos esses fatos são irrelevantes, vamos nos apegar a detalhes.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sr. Presidente, Sr. Presidente, eu peço a V.Exa... Desculpe, Deputado Carlos Sampaio, mas é para sermos fiéis à verdade. Eu não ouvi a Sra. Fernanda declarar a existência do mensalão. Porque V.Exa. está atribuindo a ela...
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Eu não afirmei isso, eu não afirmei isso.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Eu ouvi, eu ouvi. Então me perdoe, eu ouvi V.Exa. dizer isso.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Não, não, eu não disse isso. Disse que tudo que ela tem dito até agora está a evidenciar, infelizmente, a existência do "mensalão". Nós estamos construindo um conjunto probatório. O depoimento do Deputado Roberto Jefferson, eu insisto, inaugurou o processo de investigação deste Conselho, ele não concluiu. Ele inaugurou. As provas nós estamos produzindo e, para infelicidade nossa e do País, está a se confirmar, depoimento a depoimento, e agora com uma prova documental de um levantamento de 21 milhões de reais no prazo de 1 ano.
E aqui perguntam à depoente, Sr. Relator: A senhora não teve a tranqüilidade de analisar a chapa — que, aliás, é enorme; uma chapa de uma moto é enorme — o número da chapa da moto?
Uma pessoa que está acuada, sofrendo ameaça de todos os lados, e vai se esperar que ela tenha tranqüilidade? Quem está vivendo aquele momento não tem a tranqüilidade que nós temos de, por 3 dias consecutivos, lermos o depoimento dela na ISTOÉ para sabermos como é que nós vamos fazer pegadinhas para ela. Quem lê por 3 dias não pode querer a mesma base de raciocínio de quem sofreu uma ameaça de segundos. Ela tinha que se posicionar em segundos diante uma ameaça e não ter a tranqüilidade, que nós tivemos, de apreciar os autos, todas as provas, com a tranqüilidade que nós temos de fazê-lo. Então, eu insisto nisso.
Ah, mas colocaram aqui: A senhora não teve sequer a vontade de levar isso ao conhecimento do Ministério Público?
Ministros deste Governo não levaram ao conhecimento do Ministério Público, Ministros deste Governo não levaram ao conhecimento da Polícia Federal. E querem que uma ex-secretária de alguém, que simplesmente está se voltando com todas as suas forças e influências contra ela, querem dela esse discernimento de ir ao Ministério Público, de fazer uma queixa-crime?
Perdoe-me, Sr. Relator, não é para isso que ela está aqui. Para mim, ela cumpriu o papel dela, e cumpriu muito bem, quando disse o que viu, disse o que ouviu. E isso, para mim, basta para ser mais um testemunho a evidenciar que existe o mensalão nesta Casa.
Eu não tenho nenhuma indagação a fazer. Era só isso, Sr. Presidente.
O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Presidente, Presidente...
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Pois não.
 O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Eu me sinto no direito de responder.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - V.Exa. foi citado.
 O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Primeiro, eu pediria ao nobre Deputado Promotor de Justiça que se atenha às suas perguntas, que tenha a sensatez de evitar fazer crítica a colegas. Cada um está aqui para fazer as perguntas de acordo com o seu juízo.
Pelo raciocínio de V.Exa., eu acho que podemos até parar os trabalhos, está tudo certo, a verdade já é conhecida, e não tem mais nada a fazer. Então, eu acho que...
Eu peço a V.Exa., que se expressa muito bem — V.Exa., afinal de contas, é Promotor de Justiça e deve ter uma experiência muito grande nos tribunais, nas audiências, e certamente deve também fazer muitas perguntas aos réus, às pessoas processadas, até no sentido de buscar a verdade &mdash...;
Então, eu quero dizer a V.Exa. que a minha posição é de absoluta isenção com tudo isso. Eu creio, realmente, que o que o Roberto Jefferson fala tenha um fundo de verdade ou possa ser, na sua maioria, uma grande verdade. Ele, aliás, dá uma contribuição muito grande à Nação, na medida em que ele desnuda uma situação pressentida por muitos de nós. Mas eu quero pedir a V.Exa. que, nas suas intervenções, limite-se a fazer as suas perguntas, evite, até para que a Comissão tenha um bom andamento, evite o atrito e respeite as posições de seus colegas.
É só isso que eu quero falar, para que a gente não tenha que voltar a discutir, está bem, Deputado?
 O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Deputado Josias, se V.Exa. me permite, quando V.Exa. me pede para me ater a isso ou àquilo, V.Exa. quer que eu me restrinja àquilo que V.Exa. entende que é correto.
 O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Eu quero que V.Exa...
 O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Eu o ouvi respeitosamente.
 O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Não, não. Eu quero que V.Exa. respeite a posição de seus colegas.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Por favor, por favor...
 O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Eu o ouvi respeitosamente e agora gostaria que ele me ouvisse, porque eu fui citado.
 O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Não, você provocou.
 O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Eu não provoquei.
 O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - V.Exa. provocou, V.Exa. me fez uma crítica.
 O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - E a crítica farei todas as vezes que entender oportuno. Não vai ser V.Exa. que vai me impedir de fazê-las. Todas as vezes que V.Exa. ou alguém fizer algum comentário que eu entender inoportuno, com educação, farei todas as críticas que entender necessárias, em que pese o seu aparte. Acho que a ponderação de V.Exa. não foi adequada para uma testemunha que acabou de ser ameaçada. Se V.Exa. se ofendeu com isso, me perdoe...
 O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Isso é problema seu, é problema de juízo seu. A mim o que interessa é buscar a verdade.
 O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Sr. Presidente, eu só queria concluir.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Para encerrar, por favor.
 O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Eu quero, única e exclusivamente, buscar a verdade. E, para mim, não se busca a verdade desqualificando ninguém.
 O SR. DEPUTADO JOSIAS QUINTAL - Busque a verdade com as suas perguntas, Deputado.
 O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - E, por último, aquilo que eu penso eu falo, e as críticas que pretender fazer faço, com ou sem as ponderações do Deputado Josias.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Com a palavra o nobre Deputado Júlio Delgado.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Vamos acabar com essa discussão, porque ela não é necessária para o nosso Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
Eu, Sr. Presidente, gostaria de dizer para a Sra. Fernanda que nós a estamos aqui hoje no Conselho de Ética ouvindo por fruto de uma representação que um partido político fez ao Deputado Roberto Jefferson, que estava, no dia do seu testemunho e de sua defesa, apresentada aqui no nosso Conselho de Ética, falando sobre os 4 milhões que ele havia recebido e que ele não sabia de onde tinha vindo e para quem ele tinha entregue. Estava, em função dessa representação, sob suspeita de escândalo no IRB e nos Correios. Nós estávamos no meio do depoimento, e chegou a revista de V.Sa., trazendo... já gravada em dezembro, e chegou no meio da nossa oitiva naquela tarde.
O representado é o Deputado Roberto Jefferson. O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar não pode se transformar em uma CPI nem em uma CPMI. Nós não estamos aqui para começar a ouvir ilações sem comprovação de quem pode estar sendo levantada como uma testemunha de defesa do próprio representado, o que é um direito. Mas nós temos a incumbência, inclusive dessa discussão que nós tivemos aqui, de averiguar a situação do Deputado Roberto Jefferson, e essa é a função do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar: se ele tem ou não, em função das provas que serão apresentadas. E, na parte que eu pude acompanhar, você, a senhora foi muito contundente e firme nas suas declarações, mas não trouxe comprovação de nada. E a gente não tem aqui o dom da onipresença. Só Deus tem isso. A gente é chamado para votar e, no meio do caminho, atravessa um pouco. Eu não pude ouvir o Deputado Josias, o Deputado Fruet. Mas às vezes eu vou repetir o que eu já tinha ouvido do seu advogado e do Deputado Chico Alencar.
 V.Sa. só ouviu falar — da Simone Vasconcelos ou da outra secretária, que era Diretora Financeira — que tinha dinheiro? A senhora nunca viu o dinheiro? Ver o dinheiro, a senhora nunca viu?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, nunca vi o dinheiro.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - E não sabe para quem o dinheiro foi entregue?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Não estava justificado.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Só sabia que o dinheiro era pego para o Sr. Marcos Valério e que viria para Brasília?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - A remessa, o envio do dinheiro era exclusivamente para Brasília? O dinheiro não poderia ir a Curitiba, a Belo Horizonte, ao Rio Grande do Sul ou ao Acre? Vinha para Brasília?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, porque quem estava marcando era eu. Quem estava marcando o avião para fretar era eu.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Você marcava o avião para ser fretado para vir a Brasília?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Logo depois que eram emitidos os saques?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - O dinheiro, eventualmente não pode ser transmitido para lugar nenhum, sem que a senhora tenha nunca, jamais, o visto?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Não viu?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não vi.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - E nem sabia para quem ele era entregue?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Só tinha os contatos telefônicos, levantados de forma absolutamente aleatória, com o Sr. Delúbio, eventualmente com o Sílvio Pereira, mas não sabia se o contato telefônico tinha vinculação com o dinheiro?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, não. A única coisa... O que eu sei é que sacavam o dinheiro, o que já foi provado, né?
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Sim, sacar o dinheiro é um equívoco que o sistema de finanças está sendo levantado.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - E que viria para cá. Agora, para quem ele dava...
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Que viria para cá?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim. Agora, para quem ele estava dando, eu não estava junto para ver. Como que eu posso falar uma coisa que eu nunca vi?
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Nunca soube se ele foi repartido ou entregue de uma forma total? Porque o Dr. Roberto Jefferson disse aqui, no Conselho de Ética, que ele teria recebido 4 milhões. E o nosso Conselho de Ética passou a virar uma CPI para apurar que ele teria repartido para pagar, como disse o Deputado Carlos Sampaio, a comprovação da existência do "mensalão".
 Você pode afirmar neste Conselho de Ética que o dinheiro era entregue no todo ou se ele era repartido?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - O dinheiro saía do banco por meio dos boys, era entregue para a Sra. Simone Vasconcelos ou para a Geisa, elas contavam o dinheiro, repartiam o dinheiro...
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Não, mas contar o dinheiro é uma prática que todo o mundo faz para comprovar se o valor que foi entregue pelo banco condiz com a realidade. Eu fiz um saque de 100 mil, eu tenho que saber se eu recebi 100 mil.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Mas quem recebeu ou não, eu não sei, ué! Eu não estava junto! Eu não vi!
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Mas a senhora não sabe, então, se ele foi entregue de uma forma total ou se ele foi dividido?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Claro que não! Eu nunca vim a Brasília. É a primeira vez que estou em Brasília. Para o senhor só saber, nunca vim aqui. É a primeira vez que estou aqui nesta cidade.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Só mais uma pergunta, para poder concluir.
 Todas essas informações que a senhora teve... Foi secretária num período pequeno da DNA, que fica em Belo Horizonte...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - O senhor está equivocado. Da SMPB.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Da SM &PB.
 Até porque, pela comprovação, o Sr. Marcos Valério pode fazer parte das duas. Eu sou mineiro e conheço bem a SM & PB e a DNA, apesar de nunca ter freqüentado nenhuma das duas agências. A senhora nunca me viu lá.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Com certeza, não.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Então, eu só gostaria de perguntar se, nesse período em que a senhora esteve lá na secretaria particular do Sr. Marcos Valério, a senhora tem comprovação de que esta prática de saque era uma prática desse período ou ela remontava a tempos anteriores.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu nunca conversei isso com ninguém lá. Então...
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Não, mas no começo do depoimento aqui eu ouvi a senhora falando que a Geisa ou a Simone falava que antes fazia...
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Adriana. Adriana Fantinni.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Adriana Fantinni. Faziam esses saques também. Em período anterior a esse em que a senhora trabalhava lá.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Ela dizia. Ela estava lá do meu lado. Mas eu não vi...
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Ela dizia, da mesma forma que a senhora está dizendo que via?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
 O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Ah! Então, está.
 Muito obrigado, Sr. Presidente.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Com a palavra a nobre Deputada Angela Guadagnin.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Sra. Fernanda, a senhora, por 2 vezes, colocou...
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Deputada, um pouquinho mais alto, por favor.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - É que hoje eu estou rouca. Eu falo normalmente alto.
 A senhora colocou por 2 vezes que sempre fala a verdade. Quer dizer, estamos partindo do pressuposto de que a senhora fala a verdade em todas as suas declarações.
 Então, partindo desse pressuposto, eu queria perguntar há quanto tempo a senhora mora em Belo Horizonte.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu moro em Belo Horizonte há 3 anos.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Há 3 anos.
 A senhora saiu de Mococa. A senhora falou que nasceu em Mococa. De Mococa para Belo Horizonte?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Eu nasci em Mococa, trabalhei lá, morei fora do País durante 3 anos...
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - No que a senhora trabalhou lá?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu estudava. Estudava e trabalhava.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Ah, estudava!
Estudava e trabalhava em quê?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Trabalhava em loja de roupa.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Em comércio.
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Aí, morei fora do País durante 3 anos. Voltei, minha filha nasceu e, depois disso, meu marido foi para Varginha. E eu fui com ele. Então, eu morei em Varginha durante algum tempo, que foi onde eu realmente comecei a trabalhar... Já trabalhava como secretária, então, foi quando eu realmente comecei a ter know how de secretariado executivo.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Então, baseada nessa sua vivência até como secretária, o que faz uma secretária executiva de um dono de empresa de publicidade?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - O que toda secretária faz: marca reuniões, marca viagens, hotéis, recepciona pessoas, faz triagem de documentos, triagem de cartas.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - A senhora me diga uma coisa: a sua sala era na mesma sala do Sr. Marcos Valério?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - A sua sala era em outra sala, e a senhora passava ligações para ele?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - A senhora me diga outra coisa: uma pessoa que tem uma agência de comunicação faz contato com muita gente.
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Essa muita gente com quem ela faz contato era só com os clientes ou com outras pessoas? Como era essa muita gente?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - O Sr. Marcos, enquanto eu fui secretária dele, ele não fazia contatos com clientes, com clientes da empresa. Isso era paras as outras duas diretorias.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - As outras diretorias é que faziam contato?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Então, baseada nisso que a senhora acabou de falar, a senhora, um pouco antes, declarou para o Deputado que a D. Simone vinha a Brasília, pegava o dinheiro, e que a senhora sabia disso, porque a senhora fazia as reservas. A senhora era a secretária específica do Sr. Marcos, de um departamento. Como é que a senhora fazia reserva de passagens, de hotéis etc. para outro departamento que a outra senhora, Simone, é a responsável?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - O Sr. Marcos, se a senhora não sabe, ele é vice-presidente financeiro, e a Simone é gerente financeiro.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Eu não sabia. A senhora não tinha dito isso. A senhora tinha dito que ele era o sócio que não tinha um papel na empresa.
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, eu disse que ele não tinha papel na DNA.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Certo. Então, dentro dessa questão, me diz uma coisa: a senhora disse para alguns Deputados, que não me lembro mais — com esse negócio de sair, a gente perde a noção —, que a senhora não conhecia o Sr. Attouch.
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Fernando Attouch.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - A senhora não o conhecia?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu o encontrei apenas uma vez.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Como é que foi esse... A senhora entrou em contato com ele? A senhora nos falou que viu na revista e, aí, fez contato por e-mail com ele. Como foi essa visita, esse contato pessoal, que a senhora acabou de dizer que foi uma vez?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Nós nos falamos por telefone...
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Como a senhora passou seu telefone para ele?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Fui eu que liguei.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Você ligou para ele?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Ele pediu para que eu ligasse para ele.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Não, espera um pouco. Vamos organizar, só para eu poder fazer a outra pergunta. A senhora viu a matéria do Delúbio. Aí, a senhora entrou em contato com ele por telefone.
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Agora há pouco a senhora disse que foi por e-mail.
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Por e-mail também.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Então a senhora fez por e-mail e por telefone. Por telefone, a senhora deu o seu telefone para ele?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim. Aí, eu passei meu telefone para ele.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Aí, passou o telefone para ele e marcou lá em Belo Horizonte para...
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, não foi marcado. Ele disse que... Passou algum tempo, aí, um dia, ele me ligou e disse que estava em Belo Horizonte.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Que dia?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não lembro.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Está bom. Não vou perguntar o dia cronológico. Em que época?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - 2004, final do ano.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Final do ano de 2004?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - É.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Antes ou depois de a senhora ter feito o depoimento na Polícia Civil e na Justiça, lá no Ministério Público.
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Antes.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Foi antes que a senhora encontrou com ele. Nessa conversa antes, a senhora pediu a ele algum tipo de ajuda para prestar esse depoimento?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Ajuda de que tipo? Se a senhora...
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Qualquer ajuda. Qualquer ajuda.
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Ajuda...
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Vou dizer por quê. Porque no seu e-mail, a senhora diz assim: "Estou lhe dizendo isso para lhe colocar ao par da situação, porque o senhor tem mais experiência e, se tiver alguma coisa que possa me ajudar, me instruir..."
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Claro. Eu estava sozinha. Esse e-mail foi depois que eu o encontrei.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Foi depois que a senhora o encontrou. Então...
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - E esse e-mail, diga-se de passagem, é um e-mail meu pessoal, que eu, sinceramente, não sei como foi que apareceu aqui. O meu advogado sabia disso. Então não sei quem foi que colocou esse e-mail aqui.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - A senhora tinha colocado para o Sr. Leonardo, alguma vez, essa questão da agenda?
 A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não. Ele perguntou só se eu tinha algum documento, e eu disse que tinha uma agenda.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - No contato telefônico ou nessa vez que a senhora esteve com ele em Belo Horizonte?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Quando ele foi a Belo Horizonte.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Porque quando a senhora... depois ele mandou um e-mail que no dia que a senhora estaria indo para a polícia declarar e disse — como disse alguns do Deputados aqui — sobre a questão da MV, que provavelmente 100% da MV: "Contactei um advogado". A senhora disse aqui que não foi à polícia com advogado.
A SRA FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Eu não fui à polícia com o advogado. Eu liguei para o advogado. O advogado disse que para ir comigo ele cobrava um certo valor, e eu não tinha esse dinheiro. Aí eu fui sozinha. Perguntei se existia algum problema eu ir sozinha. Eles disseram que não, e eu fui sozinha.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Está bom. A senhora hoje tem dinheiro para pagar o Sr. Rui Pimenta?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Como é que a senhora está contratando um dos advogados mais caros de Belo Horizonte?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Isso quem está pagando são: eu com meu trabalho, a minha família, a família do meu marido e os meus amigos.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Está bom.
(Intervenção inaudível.)
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) — Vai constar da ata, Sr. Advogado.
O SR. RUI CALDAS PIMENTA - Sr. Presidente, a testemunha se referiu a um e-mail pessoal dela que está sendo lido aqui. Eu quero requerer que seja juntado esse e-mail aos autos.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN — Sr. Advogado, o senhor não pode me interromper.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) — V.Sa. vai poder requerer posteriormente. Por favor, nobre Deputada, continue com a palavra.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADALGNIN— Estou perguntando, Fernanda, porque você referiu duas vezes que está falando a verdade. Queria saber: em qual das vezes a senhora está falando a verdade? Porque na Justiça a senhora falou uma coisa — a mesma coisa que a senhora falou na polícia de Minas — depois, à imprensa, a senhora falou outra coisa. A senhora teria feito a primeira entrevista, no dia 2 de setembro, para a ISTOÉ; depois a senhora tem essa troca de e-mails com o jornalista; depois a senhora vai à polícia e nega tudo, inclusive dizendo que nada tinha em seu poder que desabonasse a empresa. Nada sabia que desabonasse a empresa e nem a pessoa do senhor... Desabonasse! Não é que a senhora admira ele, gosta dele ou deixa de gostar... De-sa-bo-nas-se! O que a senhora entende por "desabonasse"?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — "Desabonasse" é que eu não tenho nada contra a empresa. Eu não tenho nada contra eles.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Então, como a senhora disse aqui que era negociata?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Porque eu já disse novamente que foi a única palavra que apareceu.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Está bom. Outra coisa. Quando a senhora marcava, como secretária, reuniões, viagens, no hotel tal, no hotel tal... isso é escondido?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Então, por que na revista Veja a senhora diz que eram encontros "na surdina"? Na revista Veja não, na revista ISTOÉ: "na surdina".
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Porque eram encontros que apenas os convidados saberiam que iria existir.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Não. A senhora marcou uma reunião, a senhora sabia onde era, e reuniões na surdina ninguém sabe. Essas reuniões eram públicas.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Os convidados têm que saber porque senão não tem ninguém lá, ué.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Sra. Fernanda, a reunião era pública porque a senhora marcou. Então, como era "na surdina"?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Era marcada entre ele e eu. Alguém precisava marcar. Eu marquei, e ele convidava as pessoas.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Está bom. Outra coisa. A senhora colocou que a Adriana trabalhava na mesma sala que a senhora. É isso?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Quantas pessoas tinham nessa sala?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Três.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Três: a senhora, a Adriana...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— E mais uma secretária.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Qual é o nome da outra secretária?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Patrícia.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— As três faziam a mesma coisa: recebiam telefonema, passavam telefonema, abriam carta, marcavam?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não, eram separadas. Cada uma de um dos donos da empresa.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Então, a senhora confirma que recebia telefonemas especificamente. Essa ligação, quando do Sr. Marcos, era a senhora que fazia?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— As outras secretárias eram com os outros?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Dos outros.
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Está bom. Então, a senhora fez uma ligação. A senhora falou aí que fez uma ligação, não estava na mesma sala, e que o Ministro... que o Marcos Valério falou assim: "Olá, Ministro". Isso no celular. Ele nesta hora, por acaso, estava passando na sua frente? Como é que foi isso? Se a senhora não estava na mesma sala que ele, estava em outra sala, ele não fez a ligação via senhora, como a senhora ouviu ele falar "Olá, Ministro".
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Porque ele estava na porta da sala dele. A sala dele é de vidro, e ele falou alto.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Ah, tá bom. Então, a senhora ouviu isso, ele falar isso?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Ouvi. 
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Ah, tá bom. Outra coisa: não ficou claro ainda por que — se é que a senhora estava falando sempre a verdade, porque a senhora falou que sempre fala a verdade, e eu acredito que a senhora fale a verdade — na Justiça a senhora falou uma coisa, na Polícia Civil falou uma coisa, no Ministério Público falou uma coisa, na Justiça, no dia 20 de maio, agora, recente, falou uma coisa, a mesma versão; depois a senhora, na ISTOÉ, falou outra versão, alegou que antes, quando trocou seu advogado, que seu advogado disse para a senhora falar a verdade, a senhora mudou o comportamento, já que esse advogado a orientou dessa forma, mas quando foi à Justiça Federal a senhora falou outra coisa?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — O que eu falei, eu já disse e novamente vou falar para a senhora: que eu estava com medo, sempre tive medo, porque ele é uma pessoa que bota medo, ele é uma pessoa que gosta de deixar as pessoas sempre sob a visão dele, que as pessoas tenham medo dele. Então, eu acho que ninguém sozinha iria lutar contra tudo sozinha. Eu estava com medo, então...
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Tudo bem, isso eu já entendi. Agora, no dia 20 de maio a senhora falou à Justiça essa versão, a senhora também falou em juízo, jurando falar a verdade.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Mas eu nunca menti. Eu gostaria que a senhora só soubesse que eu continuo não tendo nada contra ele. Eu o admiro, sim; ele é muito inteligente. Então, eu não tenho por que...
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Nem nada que desabonasse a ele e a empresa?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Que nada desabonasse a ele.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Fazer negociata ou reunião na surdina não desabona?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — É a ele.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Mas a senhora falou "empresa", "nada que desabonasse a empresa". A senhora falou aqui: "Nada que desabonasse a empresa e a ele". Nem a pessoa do Sr. Marcos Valério. Quer dizer, nada que desabone é fazer negociata e reunião na surdina, como a senhora falou para a imprensa? Isso não desabona?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Claro que desabona.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Claro que desabona. Então, antes não desabonava, agora desabona? Só mais uma coisa, senhora Fernanda: quando a senhora falou à Polícia Federal aqui, a senhora deu a mesma versão que a senhora falou na Justiça em Belo Horizonte. Depois a senhora mudou de intenção e pediu para a Justiça Federal lhe dar segurança. Agora, pense uma coisa — queria que a senhora raciocinasse comigo: a senhora foi à Justiça Federal, que estava apurando todos os fatos, a senhora estava com medo e depois veio pedir proteção. Por que naquele momento? Não fica meio incoerente, se a senhora vai depor na Justiça e depois pede proteção à Justiça, a senhora fala à Justiça uma coisa, na Polícia Federal uma coisa, depois volta atrás, com orientação do seu advogado, aí passa a ter confiança na Polícia Federal, que vai lhe dar segurança?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Eu estava... vou falar novamente, que eu estava com medo.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Mas não é incoerente?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não, não é incoerente.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Ah, não é incoerente?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não, não é incoerente. Quando você coloca sua família no meio, não é incoerente. Eu estava simplesmente tentando deixar a minha família segura.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Eu entendo.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Eu acho que qualquer pessoa aqui faria a mesma coisa.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Está certa a senhora. Tá. Inclusive, eu entendo perfeitamente esse seu medo, porque eu também tenho família. Mas achei incoerente a senhora, na primeira declaração à Polícia Federal, fazer uma declaração, depois a senhora falou com seu advogado, conforme a senhora falou aqui, aí seu advogado recomendou que a senhora mudasse de posição.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Eu não mudei de posição.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — A senhora falou aqui, a senhora falou. O seu advogado lhe recomendou que mudasse de posição.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — A verdade. Era falar a verdade.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Ah, então antes não era a verdade?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Claro que é. Tudo que está lá no primeiro e no segundo, é tudo verdade, tudo o que está lá.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Tá bom. Aí a senhora passou a ter confiança na Polícia Federal? Antes não tinha?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Antes eu não tinha confiança nem em mim, porque eu estava totalmente apavorada. Então, eu não tinha por que ter confiança em ninguém. Como eu ia ter confiança em alguém se eu não conhecia ninguém?
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Tá. Mais uma coisinha. A senhora colocou que foi um motoqueiro que lhe abordou do lado esquerdo, já fez a descrição aqui. Entretanto, na revista ISTOÉ, a senhora fala que até a sua filha foi interrogada, ameaçada por telefone.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Quando ligaram na minha casa, quando ele colocou o processo contra mim. Ele ligava na minha casa, a minha filha atendia.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — E o processo foi contra o quê? Por quê?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — O processo que tem contra... contra extorsão.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Extorsão de quê?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não sei.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Não sabe? Pergunte a seu advogado. Ele mandou um processo contra a senhora de extorsão.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — De quê?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Ele dizia que eu estava pedindo dinheiro para ele. Eu não preciso do dinheiro dele.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Na revista ISTOÉ a senhora disse que queria que ele explodisse, porque ele botou um processo contra a senhora.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Claro.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — De chantagem?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— De chantagem.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Tá. Então, ele entrou com representação na polícia. A polícia encaminhou para o Ministério Público. Quem entrou com a ação —— os advogados presentes sabem disso —— não foi ele, mas o Ministério Público que acatou o depoimento.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim, mas ele entrou numa delegacia que não é especializada em extorsão.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Mas ele também pode dizer que não entende nada de delegacia.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Mas o Delegado deveria ter mandado ele para outro lugar.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Tá. Só mais uma coisa. A senhora lembra de detalhes todas as vezes que o José Dirceu falava com ele?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Uma vez só.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Mas falava que era toda a semana. A senhora disse aqui que foi toda a semana.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Eu disse que eles se falavam toda a semana, mas nunca passou por mim. Apenas uma vez.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Inclusive, não. A senhora não disse que passou pela senhora. A senhora acabou de dizer que ligou para o celular dele.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Pois é, mas para o Ministro ter ligado para o celular dele, foi eu que liguei em São Paulo e pedi para que ele retornasse no celular.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Tá legal. Agora, me diz uma coisa: teve outros políticos que a senhora fez contato? Ou só esses 3 do PT a que a senhora se refere?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Faz um ano e meio ou mais que saí de lá. Na agenda existem alguns outros nomes, que não me recordo, porque não conversava com ele sempre.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — A senhora colocou aqui que ele não fazia contato com as pessoas com que a agência tinha contrato, que eram outros departamentos que faziam esse contrato. Entretanto, na sua agenda há várias reuniões com o Governador Aécio Neves, que tem um contrato com essa agência, assim como o Governo do Estado tem, a Assembléia Legislativa do Estado de Minas tem, a Secretaria do Estado de Saúde de Minas tem, o Governo do Distrito Federal tem, a Câmara Distrital do Distrito Federal tem. Esses a senhora nunca fez contato?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Esses ele ligava para conversar, mas...
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — A senhora, então, agora afirma que, no caso, a senhora antes tinha dito que não fazia contato com as pessoas com quem ele tinha contrato, agora a senhora diz que tinha?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Clientes normais, não.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — O que a senhora chama de clientes normais?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Clientes que não eram do Governo.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Quais Governos?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Do Governo Estadual, do Governo Federal.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Como a senhora marcou reunião com o Aécio Neves e com o Pimenta da Veiga?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Eu não marquei reunião com o Pimenta da Veiga.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Está na sua agenda.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não me lembro de ter marcado reunião.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Tá na sua agenda. Na sua agenda tem reunião com Pimenta da Veiga e várias reuniões com o Governador Aécio Neves. Aí a senhora fala que, então, no seu papel, como Secretária do Marcos Valério, não fazia o papel de secretariar os outros departamentos.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Exatamente.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Mas com o Aécio Neves a senhora fazia, com o Pimenta da Veiga a senhora fazia?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Tentei marcar reunião com eles.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Então, com alguns a senhora fazia. Não era só com os do PT, mas com outros também a senhora fazia?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim, quando ele mandava.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — A senhora acha, como secretária de uma agência de publicidade, que esse cliente, quando vai ver uma peça publicitária, não passe por ver esse material?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Qual o material que a senhora se refere?
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Material de propaganda.         Você... Não é uma agência de publicidade?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Faz propaganda. Então, os clientes não vêem esse material?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Os clientes vêem, mas não na sala do Sr. Marcos.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Não era com o Marcos.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não, era em outro departamento.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Entretanto, ele marcava reuniões com o Governador Aécio Neves?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim, quando ele precisava de conversar.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Então, é normal? Isso era normal?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Era.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Então, era normal também falar com o Ministro?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim, claro que era normal falar com o Ministro. Não entendo o porquê de não. Ele pode falar com quem ele quiser, contanto que a pessoa o atenda.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — É porque a senhora às vezes lembra de alguns detalhes, às vezes não lembra de alguns detalhes. Não lembra do Secretário, não lembra do telefone. Entretanto, a senhora agora não lembra o que falou, não lembra como foi. Como era essa relação para conversar com o Governador Aécio Neves?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Eu conversava com a Secretária.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Com a Secretária do Governador e marcava reunião?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Onde eram as reuniões com o Governador Aécio Neves?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Em Belo Horizonte.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Onde?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— No Palácio.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Todas eram no Palácio?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Foram uma ou duas só que fez lá.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN — Tinham várias na sua agenda. E com o ex-Ministro Pimenta da Veiga, onde eram as reuniões?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Ele foi à agência uma vez e foi a Belo Horizonte mais outra vez. Então, foi marcado em um banco, se não me engano.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - A última pergunta. Bom, acho que perguntei tudo que queria saber. Bom, eu acho que eu perguntei todas as coisas, não estou achando aqui as coisas que perguntei.
Obrigada.
O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET— Sr. Presidente, peço a palavra para um requerimento por oportuno. Ao final vou me reinscrever.
Por oportuno solicito esse e-mail, porque nós não tivemos conhecimento. Como isso está correndo neste Conselho, peço até que seja investigado se não houve quebra de sigilo. É muito sério, foi dada publicidade, é documento que merece ser investigado, mas merece ser investigado também se houve quebra de sigilo. É muito grave a utilização desse documento neste Conselho. Peço a V.Exa. que seja muito firme nisso. Inscrevo-me para ao final novamente inquirir a Sra. Fernanda.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) — Recebo o requerimento de V.Exa.
O SR. LUIZ FRANCISCO CORRÊA BARBOSA- Sr. Presidente, com licença, nós tínhamos requerido, e peço que V.Exa. delibere a respeito, que esse e-mail que a ilustre Deputada e outros talvez disponham, um exemplar seja juntado aos autos, senão ele pode desaparecer, e essa conduta é virtualmente criminosa, não podemos deixar que ele desapareça.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) — Será juntado.
Com a palavra.....
O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA — Sr. Presidente, pela ordem.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS — Ainda pela defesa, Sr. Presidente, ainda pela defesa eu havia me inscrito, Sr. Presidente
A SRA. DEPUTADA ÂNGELA GUADAGNIN— Só uma questão de ordem, Sr. Presidente, esses e-mails constam da queixa-crime que ela responde em Belo Horizonte.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) — Será anexado ao processo.
Tem a palavra o Deputado Edmar Moreira.
O SR. DEPUTADO EDMAR MOREIRA— Sr. Presidente, nós não podemos aceitar que o nobre advogado de defesa do representado insinue que aqui vai desaparecer documentos. Eu, na qualidade de membro do Conselho, por favor, não pode insinuar que aqui vai desaparecer documento.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) — Nem esta Presidência aceita.
Com a palavra o nobre Deputado José Carlos Araújo.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Sr. Presidente, Sr. Relator, senhores advogados, Deputados, Deputadas, ouvi com muita atenção todo o depoimento da Sra. Fernanda e vi coisas interessantes, vi ex-representante do Ministério Público como advogado de defesa, vi Deputado acusando, vi coisas interessantes, mas vamos ao que interessa que, na verdade, é apurar os fatos.
A primeira pergunta que faço a D. Fernanda é se ela sabe por que está aqui. Ela está como testemunha do representado. Quero saber, D. Fernanda, na sua opinião, quanto a senhora contribuiu para o fato de estar aqui, contribuiu em que e como?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Eu contribui porque...
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Com o fato específico.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Está. Todas as coisas que eu disse estão sendo, estão aparecendo. Quando eu disse que haviam saques, os saques apareceram. Quando eu disse que foi feito depósito em contas de ex-Ministro, ele concordou. Então, essas coisas são embasadas em tudo que eu falei. Então, não tenho porque de... essa é a minha contribuição, é a contribuição para o meu País.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Ótimo, fico feliz com o entendimento da senhora.
Então, vamos voltar um pouco à Mococa, querida Mococa. V.Sa. nasceu em Mococa, não é verdade? Quantos anos a senhora viveu em Mococa?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Vivi em Mococa até 21 anos.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— E não voltou à Mococa?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Voltei, claro, saí de Mococa, fui morar fora...
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Para trabalhar e tal.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Para trabalhar, eu trabalhei, em Mococa, na empresa do meu pai, quando voltei a trabalhar.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— E saiu bem, não houve nenhum incidente em Mococa?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO- Nenhum problema?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Nenhum.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Tranqüilamente?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Não houve nada?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Nada.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Está bom. Eu prestei bem atenção no seu depoimento e em determinado momento, quando se falou de ter recebido, ter feito um telefonema para alguém em São Paulo, e alguém em São Paulo ligaria para o Ministro. E a senhora disse que essa pessoa fez a ligação e o Valério atendeu.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— "Pois não, Ministro". Que espaço de tempo ele ligou para São Paulo e a volta desse telefonema?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Meia hora, uma hora.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Meia hora. Coincidentemente, a senhora estava dentro da sala?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não, ele estava na porta da sala dele.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Então, permita-me, a senhora não está falando a verdade. Eu peço as notas taquigráficas, porque a senhora disse textualmente a outro Deputado que estava dentro da sala. Perguntaram como a senhora ouviu e a senhora disse que estava dentro da sala.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não disse.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Disse. E eu peço aos Deputados as notas taquigráficas. A senhora disse que estava dentro da sala. E aí, à Deputada Angela, a senhora disse que estava na porta da sala.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Que ele estava na porta da sala.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - É. Que ele estava na porta da sala. Mas, da outra vez, a outro Deputado, mais cedo, a senhora disse que estava dentro da sala. Eu ouvi perfeitamente isso e prestei atenção. Portanto, eu gostaria, Sr. Relator... eu tenho certeza que V.Exa. vai comparar essas duas versões...
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO — Todos nós.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Mas V.Exa. é quem está realmente com a missão mais nobre e maior deste Conselho de Ética. Então, eu queria saber, V.Sa. deu 3 ou 4 entrevistas e, nas 3, com 3 versões diferentes. Qual delas é a versão verdadeira?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— As versões... as entrevistas foram... são todas parecidas... são todas iguais.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Não. Não são todas iguais. Uma... não são todas iguais, porque uma, a senhora disse que nunca tinha dado entrevista... No depoimento, a senhora disse que nunca tinha dado entrevista. Depois a senhora disse...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Eu não dei entrevista. Eu não dei entrevista. Eu gostaria que o senhor soubesse que, quando o Sr. Leonardo foi me procurar, ele disse que estava fazendo... estava investigando, que eles estão vendo fatos. Então, não foi uma entrevista. Eu não dei entrevista ali.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - A senhora estava no trabalho quando esse telefonema da... em que... não foi entrevista, mas demorou 40 minutos?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não. Não. O senhor está confundindo. Eu conversei com o Sr. Leonardo apenas uma vez, durante 40 minutos, que foi o tempo do meu almoço, que ele foi me pegar na minha...
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Quarenta minutos no celular?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não. Ele estava comigo. Nós estávamos conversando, na primeira vez que eu o encontrei.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Mas, antes quando ele marcou... que essa entrevista que a senhora diz que não deu e que foi publicada.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - A senhora esteve com ele pessoalmente, que foi... estava esperando no táxi. É isso?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Ah, sim. E não foi marcado nada por telefone antes?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não. Ele simplesmente me ligou e disse que estava lá na porta da empresa. Saí da empresa, fiquei sem graça, e conversei com ele.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Eu gostaria que a senhora fosse mais precisa sobre o motivo de sua saída na empresa. Não houve motivo. Sem quê nem pra quê, ele resolveu... contenção de despesa, qualquer coisa assim, e despediu a senhora?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Ele disse que estava... não foi ele quem me demitiu. Foi a Sra. Simone Vasconcelos quem me demitiu, dizendo que ele tinha pedido pra me dispensar.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - E a senhora passou quanto na empresa?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Nove meses.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Nove meses. A senhora acha que 9 meses é tempo suficiente para ter a confiança do chefe e participar da vida de toda a empresa e numa diretoria financeira a ponto de ter as informações que a senhora teve, não é verdade?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim. Com certeza.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - A senhora tem quanto tempo no novo emprego?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Eu tenho 1 ano.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Um ano. E a senhora faz as mesmas coisas que fazia na outra? Já goza da confiança...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Claro. Toda a secretária, quando começa, a primeira coisa é ter confiança. Então, a confiança é feita em 1 mês, 2 meses, 3 meses, dependendo do tipo da empresa. E foi o que aconteceu.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - No meu conceito, confiança a gente adquire com o tempo, com o comportamento das pessoas...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Dependendo da pessoa, sim.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Não é com o tempo, não é com o tempo determinado de 2, 3 meses. Mas, em algum momento, houve alguma relação conflituosa com seu chefe?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não, em nenhum momento.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Nenhum. Algum atrito, alguma discordância?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não. A única coisa que eu friso novamente é que ele era extremamente frio com todos os funcionários da empresa, inclusive comigo.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Como, senhora?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Muito frio. Uma pessoa fria.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - É um relacionamento profissional, não pode ser de outra forma.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Não pode ser de outra forma.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim, mas...
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Não pode ser... eu não poderia esperar um relacionamento diferente. Entre chefe e secretária não podia... se for chefe e secretária mesmo não pode ter outro tipo de relacionamento.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Claro que não. Mesmo porque eu sou profissional.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Doutor, por favor, doutor. Eu tenho certeza que V.Exa. não vai querer interferir no depoimento, porque V.Exa. continua falando.
(O Sr. Presidente faz soar as campainhas.)
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - A senhora falou também que trocou de advogado.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Eu acredito que um causídico, um advogado como o Dr. Rui Caldas, que já atuou em vários júris, até um júri que foi muito noticiado em Belo Horizonte, teve ampla repercussão, e tal, deve ser um profissional que deve ser... Para contratar, a senhora deve ser abastada, porque deve ser muito caro contratar um advogado dessa estirpe. Deve ser caro, não?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — É muito caro.
 O SR. RUI CALDAS PIMENTA - Sr. Presidente, da mesma forma...
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO - Eu estou fazendo perguntas à D. Fernanda.
 O SR. RUI CALDAS PIMENTA - ... da mesma forma peço para lançar o protesto de acordo com os incisos do Regimento.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Eu já recebi o requerimento.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO — Eu não estou fazendo... Sr. Presidente...
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Continue, nobre Deputado.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO — Estou só perguntando o seguinte. Deve ser... Eu não estou nem sabendo quanto é o preço, estou dizendo que deve ser caro. A senhora, D. Fernanda, deve contratar a peso de ouro um advogado dessa estirpe, um advogado que é conceituado em Belo Horizonte, muitos júris, tal. Então, a senhora, realmente, deve ser abastada para fazer isso.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não sou abastada. Se o senhor quiser saber, a minha conta vive no vermelho, estou sempre usando meu cheque especial, eu não tenho dinheiro. O dinheiro que eu tenho é o dinheiro que eu recebo e o que o meu marido recebe. A maneira a qual nós vamos pagá-lo vai ser pago pela minha família, a família do meu marido, por amigos, pelo meu trabalho. E eu vou pagar por um bom tempo, acredito.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO — Não tem ninguém pagando advogado para a senhora?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não. Pra mim, não.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO — Não? Veja bem, eu só estou querendo saber para entender. O nobre colega aí deve estar nervoso, Presidente. Eu não vejo por que tanto nervosismo com uma pergunta.
 O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS PANNUNZIO - (Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Não cabe aparte, Deputado.
 O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS PANNUNZIO — Não vamos tentar desconstruir a testemunha, só isso.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO — Então, a dispensa da senhora na empresa foi negociada? Quando saiu, foi... A empresa pagou todos os seus direitos, todos...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — A empresa pagou todos os meus direitos, sim senhor.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO — Inclusive horas extras trabalhadas, não é?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não, não houve horas extras. Ele me deu...
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO — Mas a senhora disse que trabalhava sábado, domingo...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Mas isso não foi pago. Ele me deu 5 mil reais a mais por bons serviços prestados. Foi um bônus que ele me deu. Que foi com o que consegui me segurar até eu conseguir um outro emprego.
 O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO — Quer dizer que as horas extras, sábado, domingo, feriado e tal, a compensação foi exatamente esse bônus?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Exatamente.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO— Então, seu chefe é um homem que reconhece o trabalho; um homem, realmente, benevolente, até sabe retribuir às pessoas que trabalham com ele. Já vi que é, realmente... Ficou claro isso quando ele deu essa...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Se ele paga outras pessoas a mais, eu não sei. Ele simplesmente me deu dinheiro a mais dizendo que eu merecia porque estava lá, pronto. E eu aceitei, porque... Qualquer pessoa aceitaria sabendo que vai ficar desempregada.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO— E a senhora acha que tinha direito a esses 5 mil, claro. A senhora acha que tinha direito a esses 5 mil.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Claro! Eu fiz bons serviços a ele.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO— Sr. Presidente, me permita.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) — O Relator está com a palavra.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO— A respeito desse ponto, indago à senhora se tem algum documento que registre que foi uma bonificação, uma gratificação...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim, está no processo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- ... pelos bons serviços prestados.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Está no processo.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO— Tem escrito isso, no texto?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Tem, tem.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO— Já está no processo...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Está escrito.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO— ... esse valor...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- ... que é atribuído aos bons serviços...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO- ... prestados pela senhora.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim, está escrito. Está aí.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS— Sr. Presidente, pela defesa...
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) — Para encerrar, Deputado.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO— Para encerrar, Sr. Presidente, para encerrar. Quantas vezes a senhora tomou ciência da movimentação financeira a que se referiu, às movimentações? Quantas vezes?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Eu trabalhei lá durante 9 meses, e... Sempre. Nunca contei quantas vezes eles diziam que iam tirar dinheiro.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO— Bom, as outras secretárias, os boys, as pessoas que trabalham na firma, V.Sa. acabou de dizer que todos sabem da movimentação, e sabem que a empresa, como foi dito, que a empresa tem alguma ilicitude, faz um ilícito nas suas transações. A senhora disse, às suas secretárias, às suas colegas, que iria citá-las aqui, na Comissão de Ética, e que elas poderiam ser chamadas a depor e confirmar ou não o que a senhora está dizendo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não, eu não tenho mais nenhum tipo de relacionamento com elas, mesmo por que elas não conversam mais comigo porque... Acabou o relacionamento, não tem mais.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO- Por quê? Porque a senhora deu queixa do patrão delas, ou porque...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Eu não sei. Elas simplesmente pararam de conversar comigo depois que começou o processo. Acredito que não tem mais nenhum tipo de...
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAUJO— Só para concluir, Sr. Presidente, então a senhora está sendo processada por extorsão. E a senhora acha que esse processo é justo ou injusto? A senhora praticou a extorsão ou não praticou?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Ele é totalmente injusto, porque eu nunca pratiquei. Não quero, de maneira alguma, dinheiro que não é meu. Não quero o dinheiro dele. Não preciso do dinheiro dele.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Se a senhora cortou toda a relação, por que a senhora teve o cuidado de pegar um fax que insinuava extorsão e foi levar na empresa do Sr. Valério?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Eu saí de um dia para o outro. Na verdade, eu saí numa segunda-feira à noite.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— A senhora saiu chateada, lógico. Não queria sair, pelo que estou vendo.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Claro. Qualquer pessoa, quando perde o emprego, fica chateada. Eu só peguei a minha agenda e as minhas canetas que eu tinha e levei embora. Então, peguei porque eu não iria voltar. Então, peguei e coloquei dentro da...
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— E foi logo após esse fax, que insinuava a extorsão?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Que estava num clipe.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— E a senhora só foi lá levar depois de um fax que insinuava extorsão. É isso?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não entendi.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— A senhora foi lá levar o e-mail que a senhora recebeu na sua caixa postal da senhora para a senhora mesma, como disse, que ficou assustada, e não levou para casa nem consultou advogado...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não, não.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— ... mas foi levar para a empresa que a senhora trabalhou, que tinha sido demitida, como a senhora mesma falou, injustamente, de uma hora para outra, mas a senhora teve o cuidado de zelar e dizer: "Olha, estão querendo me extorquir". Insinuando extorsão e tal, entregou.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— O senhor está falando do fax ou está falando do e-mail? Porque tem um fax e tem um e-mail.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Do e-mail. Qual fax? O fax do... Estou falando do e-mail. Que fax a senhora está falando?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— O senhor é que falou fax para mim.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Fax, não. Eu troquei fax por e-mail. Estou falando do e-mail que a senhora recebeu, que era da caixa postal, da senhora para a senhora mesma. Disseram que botaram o seu nome. Não é verdade?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim. É um fax do meu nome.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Não é fax, é um e-mail.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Desculpe, um e-mail do meu nome para o meu nome.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Pois é. Essas coisas acontecem. Eu desculpo. Lógico.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— É um fax do meu nome, de mim para mim.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Um e-mail.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Um e-mail de mim para mim.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— Eu posso trocar. A senhora não pode. Pode também.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Então, está. É um e-mail que veio de Karina_Somaggio para Karina_Somaggio, que caiu na minha caixa postal e eu me assustei quando eu abri, achando que era um Spam. Então, eu estava vendo o que era. Aí tinha o conteúdo do e-mail. Eu imprimi o e-mail e mandei entregar, deixei no envelope para entregar para o Sr. Marcos Valério, porque eu achei que, se ele tivesse alguma coisa, ele poderia tomar as providências dele, sabendo que existia uma pessoa atrás dele.
O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO— E a senhora se assusta rápido e se recupera também rápido. Quando o motoqueiro esteve junto do seu carro, que a senhora abriu a porta do carro e que fez ameaça, a senhora teve o cuidado de ligar a sinaleira, encostar do lado certo e parar para descansar e se recuperar do susto que tomou. Levou 10 ou 15 minutos chorando. Eu vi que a senhora realmente se assusta rápido e se recupera com muita rapidez. Portanto, eram essas as perguntas que eu ia fazer.
O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET — Sr. Presidente, peço a palavra pela Liderança do PSDB.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Com a palavra o Relator.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO— D. Fernanda, esse e-mail aconteceu depois que a senhora deixou a empresa?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim. Acho que 1 ou 2 meses depois. Aí eu fiquei assustada. Acho que uma pessoa que quer extorquir alguma coisa não pega um e-mail e entrega.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO— A senhora já tinha recebido a indenização?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Já. Já estava com tudo, inclusive estava vivendo dela, pagando as minhas contas dela.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS— Sr. Presidente, um requerimento da defesa.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — A defesa poderá fazer um requerimento de protesto e encaminhar...
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS— Não é só um requerimento de protesto.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Pois não. Pode dizer.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS— A questão é a seguinte. O art. 17 do Regimento estabelece: "Considerar-se-á concluída a instrução do processo com a entrega do parecer do Relator, que será apreciado pelo Conselho por determinado prazo", que diz aqui de 5 sessões ordinárias. Art.17. Significa dizer, Sr. Presidente, que o voto do Relator será julgado pelos nobres Deputados que compõem este Conselho, evidentemente. Nesse voto, a manifestação deste Colegiado, o voto do Relator, não o relatório, nós saberemos, ao final, se essa representação contra o Deputado Roberto Jefferson, por suposta quebra de decoro parlamentar, é, de fato, cabível ou incabível. Muito bem. Eu tenho percebido, Sr. Presidente, a defesa tem percebido, data venia, em determinados depoimentos, que é necessário, para que, ao final dos trabalhos, nós, da defesa possamos requerer aquilo que julgarmos necessário, que se destaque a manifestação de alguns dos Srs. Deputados que fazem as inquirições — para nós, para facilitar o nosso trabalho —, razão pela qual solicitamos a V.Exa. que para esta audiência de hoje fique destacado nos Anais, nas transcrições, as indagações completas da Deputada Angela Guadagnin e do Deputado José Carlos Araújo, que como ele não é titular, eu não sei de que partido ele é. De que partido é o Deputado José Carlos Araújo, Sr. Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Ele é membro desta Comissão e é do PFL.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS -É do PL, Sr. Presidente, já estou satisfeito. Sr. Presidente, a pergunta é só para saber, o pedido é objetivo.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - O que V.Exa. queria já está dito, e por favor, faça o requerimento por escrito.
O SR. ITAPUÃ PRESTES DE MESSIAS- Eu agradeço, muito obrigado.
O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET -Sr. Presidente, pela Liderança do PSDB.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Está havendo votação nominal no plenário, então vou suspender a sessão por 5 minutos.
O SR. DEPUTADO GUSTAVO FRUET - Sr. Presidente, peço antes, por favor, é oportuno e necessário. O Líder Alberto Goldman está mandando um fax com essa informação, V.Exa. sabe que em momento algum nós procuramos perturbar os trabalhos, a intervenção sempre a mais objetiva e serena e responsável o possível, mas é necessário, em nome do PSDB, fazer um esclarecimento para evitar uma confusão desnecessária e gratuita que está se fazendo. Toda a nossa preocupação sempre foi de deixar claro que não há receio em nenhuma investigação, atinja ela outros Governos ou o Governo anterior do PSDB, não há esta preocupação. Nós não queremos, em momento algum, fazer qualquer tipo de cerceamento. Da mesma que insisto, que um erro não legitima outro erro. Se houve problemas do passado, isso não justifica que se ocorra agora e se não investigue. Por isso o PSDB, de forma responsável, jamais usou as informações de forma leviano neste Conselho, independente do debate político que está se estabelecendo lá fora. Quando me referi inclusive à agenda, em momento algum lancei suspeita sobre qualquer membro do PT, que consta nesta agenda, que vai ser objeto de esclarecimento, mas tenho que constar, primeiro, acabei de falar com o Governador Aécio Neves. O Governador Aécio Neves não precisaria de mim e de Parlamentares neste Conselho para explicação. Ele já fez à público e tem autoridade para fazê-lo. Mas estão querendo misturar as investigações. O Governador Aécio Neves, de forma taxativa, já deu declaração pública que recebeu o Sr. Marco Valério em uma audiência no Palácio da Liberdade, consta nos registros oficiais do Palácio, apesar de existirem outros pedidos de audiência. Audiência essa, que não foi exclusiva, estavam presentes outras autoridades, outros empresários para tratar da recuperação de dívidas do Estado. Portanto, o Governador Aécio Neves não nega, que esteve com o Sr. Marco Valério, mas de forma taxativa, foi um encontro público, dando inclusive credibilidade a anotação da agenda da Sra. Fernanda, mas não se confunda, ele não está sendo investigado, mas não há receio de investigação. E da mesma forma, o ex-ministro Pimenta da Veiga já deixou claro, de forma pública, que recebeu honorários de serviços profissionais, prestados à Agência, que também consta, dando crédito às anotações existentes na agenda da Sra. Fernanda. Portanto, em nome do PSDB, quero deixar bem claro, nós estamos investigando, não estamos desqualificando ou qualificando, mas também, de forma taxativa, queremos toda investigação independente de atingir outros Governos, Governais Estaduais, outras Prefeituras. Mas também, de forma alguma, não se pode misturar todos os nomes como se todos estivessem envolvidos neste mesmo processo de investigação. Em nome do PSDB, do Líder Alberto Goldman, é este registro de respeito ao Conselho e a V.Exa.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Com a palavra, Deputada.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Sr. Presidente, eu sou Vice-Líder também, e em outra oportunidade eu tive que esperar chegar a esta Casa, a esta sala, a esta Comissão um fax da minha Liderança dizendo que eu estava aqui representando o meu Líder. Portanto, gostaria que nós aqui tivéssemos as mesmas oportunidades de falar nos momentos que são devidos e que Deputados não possam falar, porque senão, nós não vamos aqui, vamos definir o que vamos fazer nesta Comissão, e aí determinados Deputados fala quando ele quiser, o que quiser e outros não. Então acho que para o bom andamento dos trabalhos desta Comissão, eu gostaria que isso ficasse registrado e que se nenhum Deputado pudesse falar, enquanto Líder, enquanto não chega aqui a esta Mesa, à Mesa dos trabalhos a indicação, que isso valesse para todos os Parlamentares.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Está suspensa a sessão por 5 minutos.
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) - Está reaberta a sessão. O primeiro inscrito é o nobre Deputado Antônio Carlos Mendes Thame.
Peço silêncio ao Plenário, por favor.
Com a palavra o nobre Deputado Antonio Carlos Mendes Thame.
 SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME - Sr. Presidente, Deputado Ricardo Izar, Sras. e Srs. Deputados, nosso trabalho aqui é tentar, com base num raciocínio lógico, chegar ao conhecimento da verdade como fato completo. Para isso, nós nos valemos de testemunhos e de provas materiais. Os testemunhos nos dão indícios ou já provas testemunhais. Os elementos materiais também nos dão indícios ou provas materiais. O que são indícios? Indícios, na teoria do Direito, são fragmentos conhecidos da realidade. A partir desses fragmentos conhecidos por um trabalho indutivo ou dedutivo, segundo os fundamentos da lógica, procura-se conhecer o fato completo que não é conhecido ainda inteiramente. Por isso, indícios são elementos preciosos. Hoje estamos assistindo a uma tentativa verdadeiramente surpreendente de tentar quase um linchamento da testemunha para desqualificá-la, para demolir indícios. A testemunha nos forneceu dezenas de indícios. E os indícios são elementos valiosos que valem pela sua qualidade e pela quantidade. À medida que alguns dos indícios são comprovados tem-se a ilação de que os outros também são válidos. A qualidade dos indícios também está ligada à riqueza dos detalhes. Dentro dessa linha, valorando, valorizando todos os indícios apresentados, sem descartar nenhum. Pode ser que nem todos sejam comprovados, ou ratificados, vão sê-los por outros testemunhos, pelas provas. Alguns já o foram, alguns indícios já foram comprovados, como a conta com mais de 20 milhões sacados. Isso já foi comprovado. Houve testemunhos já comprovando que realmente receberam o recurso, já comprovaram algumas alegações que eram, no início, apenas indícios, e se transformaram em provas testemunhais.
Quero fazer rapidamente 3 perguntas. A primeira é a seguinte. O Sr. Marcos Valério deu entrada no processo contra a Senhora, acusando-a de extorsão, depois de ter conhecimento de que a Senhora havia feito um depoimento a uma revista?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Se ele tinha conhecimento ou não, não sei. Mas ele entrou com o processo depois que me encontrei com o Sr. Leonardo.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME - Esse é um detalhe importantíssimo. Cronologicamente, foi dada entrada depois?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME - Perfeito. Na sua avaliação, quem grampeou seus e-mails?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- O Sr. Marcos.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME- Depois que a Senhora saiu, os seus e-mails continuaram grampeados?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME- Como a Senhora sabe que foi o Sr. Marcos?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Porque ele me mandou um e-mail que eles têm na mão, escrito, eu não me lembro exatamente o que, com a letra da Adriana Fantini. Mandou um motoboy entregar na minha casa. Esse e-mail tinha alguma coisa escrito assim: "é isso que é a amizade? ou "é desse jeito que você gosta dele?". Então, esse e-mail está guardado junto com meus advogados anteriores. Eu dei para eles guardarem, porque fiquei com medo de ficar com isso comigo. Não sei se eles têm ainda. Acredito que tenham.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME- Se ele grampeou seus e-mails, ele tomou conhecimento dessa troca de e-mails que antecedeu à sua entrevista ou que...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Foi posterior.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME- Foi posterior à sua entrevista?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Foi posterior.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME- A Senhora tem conhecimento de e-mails? Por exemplo, um e-mail que teria sido recebido pelo Sr. Leonardo Attuch no endereço eletrônico attuch@terra.com.br, em 9 de abril de 2005, quando, na realidade, de acordo com documentos a nós enviados pelo portal Terra, Terra Networks, ele já não estaria mantendo esse contrato desde 11.12.2003?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, não tenho conhecimento desse e-mail. O único e-mail de que tenho conhecimento é o meu. O meu e-mail.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME- O seu e-mail?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - O meu e-mail.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME- De alguém mandando um e-mail para a Senhora mesma?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME- A Senhora tentou saber como fizeram essa fraude?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Liguei para um amigo que mexe com informática, que mora fora do Brasil, e ele me disse que podia ser de vários lugares, inclusive... Como ele sabia com quem eu trabalhava, inclusive daqui de Brasília, ou de Belo Horizonte. A única coisa que ele disse é que fazer e-mail de mim para mim mesma é mais fácil quando o servidor é público, não é pago, porque não tem muita segurança.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME- A Senhora tem conhecimento também de algum e-mail forjado, partindo da Kroll para a Senhora?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não. Nunca recebi nada da Kroll, não conheço ninguém de lá.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME- Nem e-mail do Sr. Daniel Dantas? Nenhum e-mail?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, nenhum. Não o conheço. Só vi a foto dele na revista.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME- Perfeitamente. Vendo aqui a forma extremamente segura como a Senhora resistiu a esse bombardeio todo aqui, queria lhe fazer uma última pergunta, que a Senhora pode responder ou não.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Claro.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME- Durante o período em que a Senhora esteve trabalhando lá com o Sr. Marcos Valério, a Senhora sofreu algum tipo de assédio?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, nenhum.
O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME- É só isso. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Com a palavra a nobre Deputada Neyde Aparecida.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, queria, em primeiro lugar, perguntar à Sra. Fernanda Karina. A Senhora diz que nunca mente. A Senhora disse aqui: "Nunca menti."
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu disse que a minha...
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - O que a senhora... Como a Senhora poderia chamar? A Senhora dá um depoimento dizendo que não deu entrevista, que não fez nada e, depois, dá outro depoimento, a Senhora chama isso de quê?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu não menti.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - A Senhora só mudou o depoimento?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- É.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - São diferentes os 2 depoimentos?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Eu omiti, claro. Eu omiti. Já foi respondido isso.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - A Senhora diz aqui que a Senhora também, como secretária, a Senhora emitiu algumas passagens. A Senhora afirmou que emitiu passagens para as filhas do Sr. Delúbio?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, não afirmei.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - A Senhora nunca fez isso?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não. Está na revista, sim. Está na revista. Mas eu... não, emiti...
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Isso não é verdadeiro?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, eu emiti passagens para secretária do ex-Presidente da Câmara.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Eu estou perguntando só se é verdadeira essa afirmação ou não? Não é verdadeira?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, não é verdadeira.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - A Senhora nunca deu esse depoimento?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Na agenda que foi distribuída aqui para este Plenário faltam as páginas de 07 a 11 de maio de 2003, de 27 a 29 de junho de 2003, de 21 a 24 de outubro de 2003, de 07 a 09 de novembro de 2003, de 28 a 30 de novembro de 2003 e de 31 de dezembro até 07 de janeiro de 2004. A Senhora disse que só não tinha registrado 31 de dezembro? A que a Senhora atribui faltar nessa agenda que foi distribuída todas essas datas? A Senhora retirou algumas páginas da sua agenda?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Claro que não.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Essa agenda que foi distribuída aqui é a mesma que a Senhora entregou à Polícia Federal?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Esse é o xerox que os meus outros advogados tiraram. Agora, se eles tiraram páginas ou não, eu não sei. A minha agenda está à disposição da Senhora na Polícia Federal.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Está. A Senhora, então, diz que essa que foi distribuída aqui pode não ser correta?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, ela é xerox. Se ela é correta ou não, tem que pegar as duas e ver.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Na outra não está faltando páginas?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, a outra está completa, faltando apenas o dia 31 de dezembro, inclusive com anotações anteriores, minhas, pessoais.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Por que a Senhora, Dona Fernanda, acha que o seu patrão, o Sr. Valério, ligar para o Ministro José Dirceu parece coisa inescrupulosa e não acha a mesma coisa quando ele liga para o Governador Aécio, para o ex-Ministro Pimenta da Veiga? Por que a Senhora não acha que ele está cometendo ilícito ligando para essas pessoas, mas, ao mesmo tempo, a Senhora diz que é anormal ele ligar para outras?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Porque com o Governador Aécio Neves ele nunca falou diretamente. Sempre foi pela secretária. A secretária fez a pauta de reunião e foi por isso. E com o Ministro era direto. Eu ligava... eu liguei uma vez, diga-se de passagem, mais uma vez falando...
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Mas mesmo assim a Senhora não acha que é normal isso?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Claro que não, se existe a secretária.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Bom, porque na agenda da Senhora consta contato com o Governador...
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Por meio da secretária
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - ... contato com outras pessoas, com outros políticos, mas isso a Senhora não acha que era equivocado? A Senhora achava que não tinha que falar sobre isso? Por que a Senhora achava que tinha de falar sobre determinados políticos e não tinha que falar sobre outros, Sra. Karina?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Porque as pessoas que citei eram as pessoas com quem ele falava sempre.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Não, mas a Senhora disse que com o Ministro José Dirceu só falou uma vez. A Senhora só ligou uma vez.
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Ué, mas foi perguntado sobre ele e eu respondi. Só isso.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Mas na entrevista que a Senhora deu, a Senhora cita só o Ministro José Dirceu. Por que a Senhora não cita outros políticos que estão na sua agenda?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Porque ninguém perguntou sobre os outros políticos. Eu simplesmente respondi...
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Mas a imprensa... quer dizer, que o repórter só perguntou pelos políticos que a Senhora colocou. A Senhora respondeu porque ele perguntou.
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Se a Senhora falava com José Dirceu, se a Senhora falava com outros Ministros?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- E falei também sobre o Pimenta da Veiga, sobre o ex-Ministro Pimenta da Veiga.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - A Senhora é uma secretária executiva, portanto, uma pessoa que tem uma larga experiência. A Senhora não sabe o que é uma entrevista? A Senhora disse que não sabia que estava dando uma entrevista.
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Ele disse que não estava gravando a entrevista.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Mas a Senhora sabia que se tratava de uma entrevista?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, ele disse que estava procurando indícios e que gostaria...
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - A Senhora não sabia, portanto, que era uma entrevista?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, eu não disse nenhuma vez para a Senhora que eu gravei entrevista. Eu não disse aqui que eu gravei entrevista.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - A Senhora não sabia se tratar de uma entrevista, então?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não era uma entrevista.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Era apenas uma conversa entre amigos?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não entre amigos, ele não é meu amigo. Eu encontrei com ele uma vez só.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - A Senhora costumava encontrar com pessoas que a Senhora nunca viu e fazer longos papos de 40 minutos?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Ué, 40 minutos não são longos papos. Longos papos é bem mais do que isso.
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - A Senhora é acostumada a fazer isso, mesmo com pessoas que a Senhora não conhece?
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- A Senhora nunca conversou com ninguém mais de meia hora que a Senhora nunca viu?
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Não, eu é que estou perguntando. A Senhora não está aqui para perguntar, está para responder, por favor.
A SRA. FERANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Pois é, a gente sempre conversa com pessoas. Eu sou uma pessoa politizada... (Intervenção fora do microfone.)
A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Não estou perguntando ao advogado, estou perguntando à Sra. Fernanda. Sra. Fernanda, então a senhora torna a afirmar que não sabia tratar-se de uma entrevista?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim
 A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Por isso, na Justiça, quando a senhora foi inquirida, a senhora disse que não tinha dado qualquer tipo de entrevista?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não dei entrevista. Ele disse...
 A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Mas a senhora sabia tratar-se de um jornalista da revista ISTOÉ?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim.
 A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - A senhora já tinha mantido vários contatos com ele?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não, mantive contato duas vezes com ele, sempre li as reportagens dele.
 A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA — A Sra. Adriana, com a qual a senhora trabalhou durante todo esse período, era sua amiga?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Ela foi minha amiga...
 A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - A senhora mantinha conversas, confidenciava algumas questões relacionadas à sua vida com ela?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não, ela foi minha amiga enquanto nós trabalhávamos lá e só conversávamos coisas de trabalho.
 A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Mas a senhora ligava para ela dizendo que tinha alguns documentos da empresa e que havia um jornalista que estava abordando a senhora, querendo que a senhora desse algumas informações sobre a empresa e sobre o Sr. Valério?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Eu não liguei para ela nenhuma vez dizendo que eu tinha documentos da empresa, mesmo porque eu não tenho. O documento que eu tenho...
 A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Mas a senhora disse a ela...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não disse a ela, ela disse à Polícia que eu falei isso, mas eu não falei.
 A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Mas a senhora disse a ela que o jornalista havia procurado a senhora?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Eu disse a ela que existiam pessoas que estavam querendo saber sobre o Marcos. Foi exatamente isso que eu disse. Agora, documentos eu nunca peguei. O que eu saí de dentro da empresa foi única e exclusivamente a minha, a minha, digo novamente, a minha agenda.
 A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA - Mas a senhora, em conversas com a secretária Adriana, a senhora confidenciou a ela que estava recebendo ligação de um jornalista...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Disse a ela que existia uma pessoa que estava ligando no meu celular, que a chamada não era identificada, que ligou duas ou três vezes, para ela simplesmente avisar o Marcos, para ele ver o que ele poderia fazer, se era alguma coisa dele, só.
 A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA — A senhora acha que o Sr. Marcos entrou com a senhora na Justiça por crime de extorsão por conta dessa conversa que a senhora teve com a senhorita Adriana?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não, eu acho que ele entrou para me botar medo. Só isso.
 A SRA. DEPUTADA NEYDE APARECIDA — Está bom. Muito obrigada, Sr. Presidente.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Eu gostaria de salientar que está consignado o protesto do advogado da testemunha.
 Com a palavra o nobre Deputado Anselmo.
 Com a palavra o Deputado Fernando de Fabinho.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO — Sr. Presidente, Sr. Relator, várias perguntas já foram feitas, várias respostas idênticas a Fernanda já teve a oportunidade aqui de fazer. Eu vou ter que fazer algumas mais ou menos parecidas e encerra a sessão, reabre, começa, a gente perde também alguns questionamentos. Vou começar aqui pela sua agenda, que está muito cobiçada. Com certeza absoluta muita gente já teve oportunidade de olhar. Em alguns momentos, olhando aqui a sua agenda, eu tive oportunidade de ver aqui o seguinte: "Ligar para o Lula". Quem é o Lula?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — O Lula era ou é, não sei, era a pessoa responsável pelo marketing daqui da Câmara.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - O Lula é uma pessoa daqui da Câmara?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — É, ele se chama Luís Costa Pinto, exatamente.
 (Intervenções fora do microfone.).
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) — Continuando, Deputado.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO — Em outro momento, precisamente no dia 22, tem aqui: "Reunião na sede do PT, em Brasília, José Augusto, Delúbio e Marcos Valério". Em outros momentos já tive oportunidade de ver aqui também outras reuniões marcadas. Então, a senhora confirma que a senhora marcava reuniões?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Confirmo.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO — Para o seu patrão e em contato com essas pessoas.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - As pessoas citadas na agenda.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Essas pessoas confirmavam a reunião e aqui se encontravam em Brasília?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim, eles vieram de avião fretado.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO — Esse avião era fretado por quem?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Do Banco Rural.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - O Banco Rural é quem ...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Porque o senhor Luís Augusto era o Presidente do Banco Rural, ele é falecido.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Sei, mas o banco era quem pagava o avião para poder ele estar aqui?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Para vir.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO — Aqui tem um outro momento que diz o seguinte: "Neilton com Delúbio todo final de semana".
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - O que significa isso: "todo final de semana"?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Neilton é o motorista à disposição.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - O motorista à disposição. De quem é esse motorista?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Da SMP&B. 
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - O motorista é da empresa do Marcos Valério?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim, senhor.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - E ele ficava à disposição...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - ...do Delúbio...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - ...todo final de semana?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Durante o final de semana. Quando ele foi lá.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Aqui em Brasília ou lá em...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não, em Belo Horizonte.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Em Belo Horizonte. E o carro é da empresa?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Da empresa.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Aqui tem um outro momento que diz o seguinte: "Hotel Sofitel, reunião com o Sr. Sílvio." Esse Sílvio é o Sílvio...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sr. Sílvio Pereira.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Pereira, do PT?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - E essa reunião, aqui, é com o Marcos Valério? Não está dizendo aqui, mas com o Marcos Valério?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim, com o Marcos Valério.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - O.k. A senhora afirmou também que nunca foram feitas ligações direto para o Ministro.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Eu fiz apenas uma ligação.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Direto para o Ministro?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Não. Conversei com a secretária dele.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Sim, mas ligação direta para Brasília?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não, não. Lá, em São Paulo. Era a secretária do PT, em São Paulo. Se era dele, exatamente, não sei.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Isso. Você ligava para São Paulo, confirmava o interesse...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não, pedia para que... Nessa única vez que eu fiz, liguei a São Paulo, pedi para a secretária entrar em contato com ele para ele retornar para Sr. Marcos. Depois de meia hora, uma hora ele retornou direto no celular.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Mas o procedimento... Para o Marcos Valério falar com o José Dirceu sempre era esse o procedimento: ligar para São Paulo...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Uma única vez.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Mesmo as outras secretárias também faziam...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não. Eu era secretária só do Marcos. As outras não faziam.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO — Só? Então, tinha que ligar a São Paulo, para São Paulo falar com o Ministro, o Ministro...Mas o Ministro, nessa única ligação que a senhora fez, que pediu para que ele retornasse a ligação, ele retornou essa ligação?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Para o celular do Marcos, que foi...
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Diretamente para o celular?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — ...na agência.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Em algum momento do período em que a senhora trabalhou e com essa vinculação e esse conhecimento que a senhora teve de recursos que foram sacados, o motoboy foi buscar...Esses motoboys deviam andar com aquelas maletas nos fundos das motos para poder trazer tanto dinheiro?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Era um boy apenas que sacava, um ou dois boys e a Geisa, claro. Era a Geisa, o Orlando...
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - E ele transportava esse dinheiro em quê?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não sei, eu nunca vi, porque ele saía...A agência é em um prédio.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Ele só comentava depois que fez o saque?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— É. Exatamente.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - O Deputado Roberto Jefferson, em algum momento, ligou para o Marcos Valério?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não. Isso já foi respondido. Não.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Quantas vezes no mês o Sr. Marcos Valério visitava Brasília?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Ele vinha para cá toda semana. Tinha semana que ele vinha...
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Semanalmente, ele estava aqui em Brasília?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Semanalmente.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Vinha aqui fazer reuniões?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— É. Às vezes, vinha terça, voltava na terça, à noite; voltava na quarta, voltada na quarta à noite; às vezes, vinha e dormia...
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Avião fretado?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não. Algumas vezes, avião de carreira; algumas vezes, avião fretado.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Esse avião fretado, quem pagava o avião?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Quando ele vinha, o Banco Rural.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Sempre o Banco Rural pagava o avião para que ele estivesse aqui semanalmente?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não. Ele não vinha toda semana com o avião do Banco Rural. Tinha semanas que ele...
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Mas de quando em vez ele estava aqui?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Parece-me que na sua primeira entrevista, que a senhora afirma não ter dado essa entrevista, mas que ela foi publicada, o repórter não cumpriu o compromisso que fez com a senhora, estava já investigando há algum tempo, e teve oportunidade de conversar com a senhora várias vezes?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não. Eu conversei com ele duas vezes.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Duas vezes.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Uma vez pessoalmente e a outra vez ele me ligou.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Parece-me que nessa entrevista ele menciona que a senhora teve a oportunidade de falar a respeito do Prefeito da Capital, de Belo Horizonte.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sr. Fernando Pimentel.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Fernando Pimentel?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sim.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - O que a senhora comentou a respeito do Prefeito Fernando?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Ele só disse que se ele tinha... Ele também conversava com o Prefeito.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Ele quem conversava? O Marcos?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— O Sr. Marcos, sim.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Ele não conversava com o Prefeito?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Não. Quanto ele pediu reunião com o Prefeito, foi da mesma maneira que eu fiz com o Governador. Liguei para a secretária e pedi para que eles marcassem uma pauta de reunião, um horário de reunião. E assim foi feito.
 O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Mas o Prefeito Pimentel tinha conta? A Prefeitura tinha conta na agência?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, não.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Havia negócios na agência com o Prefeito?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não que eu saiba.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Com a Prefeitura?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não que eu saiba.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Não havia nenhuma vinculação?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, eu não sabia de nada. Eu só fiz o que ele pediu: ligar para a Secretária...
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Depois dessa entrevista e da vinculação do nome do Prefeito Fernando Pimentel, não mais foi mencionado o nome dele, inclusive nenhum depoimento?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - A senhora omitiu por quê?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não omiti. Não perguntaram. Acharam...
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - A senhora não lembrou? Não perguntaram?...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, não. Eu só fui uma vez e pedi — uma ou duas vezes — a reunião com o Prefeito. E ninguém falou mais nada e ficou por isso mesmo.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Como foi que a senhora conseguiu chegar ou como ele conseguiu chegar até a senhora, o Leonardo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu sempre li os artigos da ISTOÉ, porque eu recebo por e-mail os artigos da ISTOÉ e sempre li os artigos do Leonardo, e acho ele uma pessoa inteligente etc...
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - E a partir daí começou a haver esse relacionamento?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - É, foi a partir daí.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - E num desses momentos a senhora teve oportunidade de criticar um artigo dele?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - E aí ele teve interesse de conversar com a senhora?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Exatamente.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Aí ele descobriu que realmente a senhora seria o mapa da mina para a pesquisa que ele já andava fazendo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Acredito que sim.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - E aí procurou se aproximar da senhora e colher essas informações?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Exatamente. Isso mesmo.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - A partir daí foi que a senhora recebeu um e-mail da senhora para a senhora mesmo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Foi antes.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Foi antes desse encontro?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Foi antes.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Mas a senhora afirmou que o seu e-mail estava grampeado?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Existem 2 e-mails andando por aí: um e-mail é karinainterline@ig; e o outro e-mail é karinainterline@hotmail. O hotmail foi o e-mail grampeado.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Certo. Que a senhora também afirmou que tinha sido o Marcos Valério que grampeou?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - No momento em que ele grampeou os seus e-mails, ele tomou conhecimento de fatos e logo depois que a senhora tomou conhecimento, logo depois que a senhora enviou uma cópia do e-mail para... entregou lá na empresa para que ele tomasse conhecimento, a partir daí foi que ele abriu o processo contra a senhora?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - A partir daí.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - A partir daí?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Então a senhora caracteriza que este processo é apenas um trunfo para amedrontar a senhora?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - É uma maneira de me intimidar.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - De intimidar?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - E também até de poder justificar perante a opinião pública que tudo isso que a senhora está afirmando...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Era por dinheiro.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - ...era porque a senhora estava querendo extorquir?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Exatamente.
O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - OK, Sr. Presidente, eu estou satisfeito com as respostas.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Com a palavra, pela Liderança do PT, o nobre Deputado Paulo Pimenta.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Obrigado, Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs. Deputados. Confesso que eu estou bastante interessado e bastante intrigado com o depoimento da D. Karina. Eu sou obrigado a tentar recuperar algumas questões colocadas por ela, Sr. Presidente, em função da dificuldade... porque eu leio uma entrevista da ISTOÉ, a Da. Karina diz uma coisa; eu leio a outra entrevista da ISTOÉ, a Da. Karina diz outra coisa; eu leio o depoimento dela na polícia, ela diz uma coisa; eu leio um depoimento mais recente, ela diz outra coisa; ela veio aqui hoje e fala outra coisa. Então, eu tenho dificuldade, inclusive, para saber qual dos depoimentos que eu devo pegar como referência, tamanha a dificuldade que a Da. Karina tem de apresentar uma versão coerente de tudo aquilo que ela está nos dizendo aqui hoje. Mas confesso a V.Exa., ilustre Relator, que vou procurar colaborar para tentar, pelo menos, entender um pouco da lógica do raciocínio da Da. Karina. A senhora — eu tenho consciência disso — tem consciência da repercussão de tudo aquilo que a senhora diz e de tudo aquilo que a senhora afirma aqui para nós? A senhora tem noção disso, não é?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Tudo que eu disse está aparecendo.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Certo. A senhora imagine o seguinte. A senhora diz assim na ISTOÉ : "E o que mais?" "Tem as passagens para as meninas do Delúbio." A senhora sabia que... A senhora imagina como é que uma filha do Delúbio ou de alguém, numa sala de aula ou em algum lugar, se sente quando lê, pega uma revista como essa, e tem aqui... Não é uma pergunta: "O que mais?". Frase da senhora, textual: "Tem passagens para as meninas do Delúbio". E a senhora vem aqui, hoje, e diz assim: "Não, não. Isso não é verdade". Como é que a senhora acha que fica uma pessoa que é vítima de uma mentira como essa durante todo esse tempo? Como é que a senhora acha que fica?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Primeiro que eu já disse que isso não foi feito.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Não, está aqui. A senhora tomou alguma providência junto à revista para desmentir o que está escrito aqui?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Isso é com o meu advogado.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Não, a senhora tomou alguma providência? Está escrito aí: "Tem passagem para as meninas do Delúbio". Afirmação da senhora. Isso é uma mentira. A senhora já disse aqui que é uma mentira.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- "Meninas do Delúbio" não quer dizer que podem ser as filhas dele, podem ser as pessoas que trabalham com ele, não pode? Depende de quem está lendo.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA- A senhora recém disse aqui que não é verdade.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Pois é.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA- Então a senhora tem, em primeiro lugar...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Mas o senhor está dizendo que eu estou dizendo.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA- A senhora, em primeiro lugar, tem que decidir aqui se a senhora quer de fato falar a verdade para nós ou não. A senhora afirma aqui, uma afirmação forte da senhora, que o seu e-mail foi grampeado. Qual é o fato objetivo? A partir do quê que a senhora afirma isso aqui?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Do que vocês me mostraram.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Não, a partir do e-mail seu, a senhora tem coragem de dizer que foi grampeado. E quem grampeou?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Claro. Eu nunca... Esse e-mail eu mandei, ele respondeu e foi para a minha caixa de mensagens e ficou lá durante duas semanas.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA- A partir do momento que um e-mail, a senhora se acha no direito de dizer que foi ele grampeado e dizer quem grampeou?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Claro.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA- Certo.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Ele me mandou um e-mail.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Certo. Certo.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Ele me mandou um e-mail. Mandou entregar na minha casa.-
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA- Quantos e-mails semelhantes a esse foram trocados fazendo tratativas a respeito desse assunto?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Apenas esse.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA- Apenas esse?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Com o Sr. Leonardo, sim.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Apenas esse?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Com o Leonardo, sim.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A senhora acha que alguém que a primeira vez que troca um e-mail com uma pessoa se refere a esse e-mail nos seguintes termos: "Olá, Leonardo. Na sexta à noite eu recebi uma intimação da Polícia Civil de Minas Gerais para me apresentar, na quarta, em uma delegacia, para prestar esclarecimentos. Tenho quase 100% de certeza que é do MV. Já contatei um advogado para ele ir comigo. Depois te dou mais detalhes. Estou lhe dizendo isso apenas para lhe colocar a par da situação. Como você tem mais experiência com esse tipo de coisa, se tiver algo para me instruir, agradeço. Troquei o número do meu celular, mas ainda não está funcionando. Na quarta eu te ligo e mando resposta. Mando a agenda que está em lugar escondido. Está até parecendo filme. Risos. Muito obrigada. Karina". A primeira vez que a senhora passa um e-mail para uma pessoa, nesses termos?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Nesse e-mail do hotmail para o e-mail dele sim, os outros foram só comentários... Existem...
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Não, não. Perguntei para a senhora quantos e-mails a senhora passou...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Do meu hotmail foi só esse.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA-... fazendo tratativas sobre esse assunto. A senhora me respondeu: somente um.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Do meu hotmail...
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A senhora me respondeu: somente um. A senhora me respondeu: somente um.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Do meu hotmail, somente um.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA- Eu quero saber quantos e-mails a senhora passou fazendo tratativas a respeito desse assunto.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Um só. Esse só.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Só esse e-mail?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Só esse.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Certo. E dos outros e-mails fazendo tratativas com pessoas a respeito desse assunto?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Não, só tenho o e-mail que está nos autos.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA- Perfeito. Certo. Então esse e-mail foi do dia 7, certo? A senhora alega que foi grampeada a partir desse e-mail, certo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Sim.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Perfeito. Dr. Marcos Valério ingressou, no dia 1º de setembro, contra a senhora. Como é que a senhora foi grampeada dia 7 e no dia 1º de setembro ele já tinha uma ação contra a senhora e a senhora acabou de afirmar que foi a partir do momento em que os e-mails foram grampeados que a senhora se deu conta de que ele havia entrado na Justiça contra a senhora?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Porque o dia que eu mandei esse e-mail foi o dia que eu recebi o comunicado da Justiça.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA- Não. Eu tenho aqui a notificação da Justiça. A notificação da Justiça é depois da data que o Dr. Valério já tinha ingressado. Certo? Então, a notificação que a senhora recebeu é depois, o e-mail foi depois. Como a senhora diz aqui que foi grampeada e depois que descobriram é que entraram na Justiça contra a senhora, tentando descaracterizar a tentativa de extorsão e de chantagem que a senhora estava praticando?
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Sr. Presidente, pela ordem. Ele faz uma afirmação de que ela estava praticando tentativa de extorsão.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sr. Presidente. Sr. Presidente. Sr. Presidente.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Ela é testemunha.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sr. Presidente.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Ela é testemunha! Ele a está inquirindo como... Não é inquisição aqui, Deputado! Aqui não é inquisição! Não é inquisição! Perdoe-me!
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Nobre Deputado, por favor, V.Exa. dê tempo para a testemunha responder com calma.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Perfeito, Sr. Presidente.
 O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Não dá tempo e faz afirmações, ainda, por ela!
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - É o Ministério Público que diz que ela...
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Certo, Presidente. Ela vai ter todo o tempo necessário, Sr. Presidente. Eu quero que ela me explique como ela afirmou aqui, contou uma história que o e-mail dela foi grampeado, que, a partir do momento em que o e-mail dela foi grampeado, para se precaver, o Sr. Marcos Valério teria entrado na Justiça contra ela, e os documentos provam que a ação da Justiça é de antes do prazo em que ela alega que foi grampeada, porque ela disse que só mandou um e-mail, que é esse do dia 7!
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu só... Ele, ele entrou no meu e-mail. Por quê? Porque ele mandou um motoboy entregar na minha casa, dentro de um envelope, um e-mail exatamente igual a esse que o senhor tem na mão, escrito a mão pela Adriana. Então, esse e-mail...
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A senhora tem esse e-mail?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Está, deve estar com os meus outros advogados na minha pasta, se eles levaram...
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A senhora tem esse e-mail. A senhora pode remeter esse e-mail para nós?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Se tiver com os meus advogados...
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Quem foi o motoboy que levou para a senhora?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não sei. Eu estava trabalhando.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sr. Presidente, Sr. Presidente, permita-me.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Com a palavra o Relator.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sr. Presidente, peço que V.Exa. faça chegar à Mesa uma cópia desse e-mail.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Perfeito, Sr. Presidente. Só não vou tirar agora para não perder meu raciocínio, certo? Quero, em primeiro lugar, Sr. Presidente, deixar aqui registrado que a dona, nossa depoente — deixe eu achar as minhas anotações —, em primeiro lugar, sustentou aqui, fez uma acusação grave que o e-mail dela foi grampeado e disse quem tinha grampeado, sustentou que esse e-mail grampeado teria inclusive levado o Sr. Marcos Valério a ingressar numa ação judicial contra ela, o que, na realidade, é absolutamente fantasioso, porque as datas não conferem. O e-mail é do dia 7 e a ação na Justiça é do dia 1º. Gostaria que isso ficasse...
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Continuando, Deputado.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - ... devidamente claro e registrado. A senhora trabalhou de abril de 2003 a abril de 2004... a janeiro de 2004, depois, a senhora trabalhou onde?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Trabalhei de maio de 2003 a janeiro de 2004.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Depois, a senhora trabalhou onde?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Depois, eu fiquei 5 meses em casa.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Cinco meses em casa.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim, vivendo do dinheiro da minha rescisão.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Vivendo do dinheiro da sua rescisão. Perfeito. Depois, a senhora trabalhou onde?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu já trabalho numa outra empresa que mexe com sondagem geológica.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - É nessa empresa que a senhora trabalha...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Até hoje.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Até hoje. Perfeito. Qual é o seu horário de trabalho?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu trabalho das 9, 9h15m da manhã até as 7 horas da noite.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - No dia 8 desse tempo de 2004, a senhora compareceu perante a delegada Liz Sandra Rios, 8 de setembro, portanto, não havia nenhum motivo para que a senhora não falasse a verdade, afinal de contas, não... por que razão a senhora não contaria a verdade e prestou um depoimento, onde a senhora fez uma série de afirmações mediante compromisso, jurou falar a verdade. Aí, fala várias coisas. Lá pelas tantas, a senhora diz o seguinte, a declarante respondeu o seguinte: "declara que não tem nenhum documento de qualquer tipo relacionado com a empresa em foco e declara que não conhece nenhum repórter, nenhum veículo de comunicação que pudesse utilizar a seu favor se, porventura, tivesse algum documento em seu poder". Portanto, não entregou nenhum documento a qualquer repórter que não sabe o que gerou esse boato no qual a declarante foi envolvida. No dia 8. No dia 7, um dia antes, a senhora mandou um e-mail dizendo o seguinte..., dia 5, dizendo o seguinte, portanto: "Na quarta te ligo e mando agenda que está em lugar escondido". Está parecendo filme. (Risos.) Dois dias antes do depoimento a senhora passou um e-mail dizendo que a senhora tinha uma agenda em lugar escondido, com intimidade, risos, em tom irônico. Aí a senhora chega na frente da delegada e diz que a senhora não tem nada, que a senhora desconhece, que não sabe como foi envolvida nesse boato? Explique-me, por gentileza, para eu entender a sua coerência.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO­ - Vou explicar novamente para o senhor entender.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Quero entender.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO­- Vou explicar novamente.
Eu estava com medo. Eu estava com muito medo, diga-se de passagem. Então, eu acho que uma pessoa sozinha e com medo...
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Mente?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO­- Não, omite. É diferente. Omite.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Veja bem: a senhora foi perguntada — a senhora não omitiu. A senhora mentiu —, a senhora foi perguntada se a senhora tinha algum documento, e a senhora disse: não tenho...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO­- Eu não tenho documento da empresa.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Ou qualquer outro...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO­- Eu vou falar novamente: eu não tenho documento empresa. O que tenho que era da empresa é a minha agenda, que está na Polícia Federal — só.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A senhora sabia que a agenda era importante. Ou não?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO­- Não, eu não sabia.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Então por que a senhora botou aqui: "na quarta eu te ligo, e mando a agenda, que está em um lugar escondido. Tá até parecendo filme...risos" Por que estava escondida se não tinha importância?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO­- Eu disse para ele que na agenda não existia absolutamente nada, e ele queria ver a agenda, e eu não dei.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Perfeito.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO­- Eu guardei a agenda, mesmo porque tinha lá e diziam, no inquérito diz que eu tinha levado documentos da empresa. A agenda era a única prova que eu tinha de que a única coisa que eu tirei da empresa era a minha agenda — minha —, que eu tinha ganhado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Completando, Deputado.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sr. Presidente, eu pedia ao senhor que me desse oportunidade, em nome da Liderança do nosso partido e pela importância do assunto, de pelo menos tentar esclarecer aqui algumas questões que ficaram absolutamente contraditórias.
O SR. DEPUTADO ROBERTO FREIRE - Sr. Presidente, peço uma informação.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Ele não pode ser interrompido.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - O Deputado não pode ser interrompido.
O SR. DEPUTADO ROBERTO FREIRE - Trata-se apenas de uma informação.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Com todo prazer, Deputado.
O SR. DEPUTADO ROBERTO FREIRE - O nobre Deputado está lendo um depoimento que gostaria de saber se está disponível para a Comissão.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Estou recebendo agora.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Foi distribuído para todos, Deputado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - A Comissão acabou de receber. Não tínhamos esse documento; ficamos sabendo dele pela Deputada Angela Guadagnin.
O SR. DEPUTADO ROBERTO FREIRE - Deputada Angela, por favor tenha calma; a pergunta dele é para ajudar.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Não. Não.
O SR. DEPUTADO ROBERTO FREIRE - V.Exa. está bem. A Deputada Angela está muito nervosa.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sou um grande admirador do Deputado.
O SR. DEPUTADO ROBERTO FREIRE - Que S.Exa. fique calma. Eu estou perguntando. Não fique tão nervosa, Deputada Angela.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sr. Presidente, é bom esclarecer se esse documento está aqui.
Consulto se a senhora trouxe a este Conselho cópia desse depoimento?
 (Intervenções inaudíveis.)
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Mas não foi fornecido por ela?
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) - Com a palavra o Relator.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN- Eu quero receber agora, Deputado.
  O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Muito obrigado. Sr. Presidente. Então, está processo. A senhora confere, dona Terezinha? Se estiver...
  O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Dona Fernanda Karina Ramos Somaggio, a senhora estava com medo. Engraçado é que a senhora estava com medo. Engraçado é que a senhora estava com medo e rindo, porque está aparecendo filme: "risos", não é? Não parecia que a senhora estava...
O SR. PRESIDENTE(Deputado Ricardo Izar) - Deputado, vamos direto ao assunto, por favor.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - É porque chama a atenção. Talvez fosse riso de nervoso, está certo. Poderia ser um riso de nervoso. A senhora ... tem esse depoimento da Sra. Adriana Fantini Boato. A Sra. conhece a dona Adriana?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Conheço.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - É sua amiga?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Foi minha colega de trabalho.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Ligou para ela algumas vezes depois que saiu da empresa?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO- Depois que saí de lá? Claro.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A Sra. Sabe o que a dona Adriana falou a seu respeito.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO— Sei.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A Dona Adriana disse o seguinte: "Respondeu que a Karina disse que por saber muito da empresa SMP&B e das relações do Sr. Marcos Valério com pessoas influentes da vida política e financeira, precisava alertá-lo de que tinha pessoas a procurando para obter informações sigilosas da empresa e da vida pessoal do Marcos. Na oportunidade, chegou a questionar por que as pessoas estavam procurando ela, pois ela trabalhava — no caso, a dona Adriana —, há 10 anos, e nunca tinha sido procurada."
A senhora trocou esse diálogo com a D. Adriana?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não.
O SR. O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A senhora nunca conversou com a dona Adriana?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Nunca falei com ela sobre isso.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Nunca falou com ela sobre isso?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não falei.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Nem para alertar que tinha pessoas
lhe procurando?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Somente quando eu
recebi o e-mail que eu remeti ao Sr. Marcos Valério.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sei.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Que foi o que eu
passei para ela.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sei. Perfeito. E a dona Simone Reis
Lobo de Vasconcelos sua amiga?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Segundo a D. Simone, ela disse que "acabou de receber um telefonema da Karina dizendo que ela sabia muita coisa da empresa e, principalmente, do relacionamento do Sr. Marcos Valério com clientes políticos, e que se não recebesse ajuda financeira dele levaria tudo ao conhecimento da imprensa". Teria dito que " já tinha um repórter interessado no assunto, e que a Karina alegou estar muito insatisfeito com o Sr. Marcos." A senhora confirma esse diálogo?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não confirmo, porque
depois que eu saí de lá nunca mais falei com a Simone.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Perfeito.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Sr. Presidente, uma questão de
ordem. Se me permite, Sr. Presidente, todos aqui têm que cumprir prazo regimental. Eu entendo a preocupação do Deputado Paulo Pimenta, eu entendo, mas ele está, exatamente, há 18 minutos inquirindo.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Eu vou concluir, Sr. Presidente. Eu
vou concluir, Sr. Presidente.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Dezoito, quando todos tiveram 10.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Eu não acho justo.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Eu vou concluir, Sr. Presidente.
Numa oportunidade, quando a revista ISTOÉ lhe fez a pergunta: "Por que a
senhora está contando tudo isto?", a senhora disse: "Eu amo o meu País. Estou falando para tentar melhorar. Eu sempre fui petista." A mesma revista ISTOÉ, na mesma publicação, faz uma pergunta para a senhora. E lhe pergunta: "Por que a senhora está falando isso?" A senhora lembra o que a senhora respondeu?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Porque eu sou patriota, eu amo o meu País. Eu acho que as pessoas...
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Não, na outra vez, a senhora lembra
o que a senhora respondeu?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Outra vez, quando?
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Tinha outra, na mesma revista
ISTOÉ, ISTOÉ Dinheiro:"Qual a sua motivação ao fazer essas denúncias?" A primeira vez, a senhora disse "Eu amo o meu País. Estou falando para tentar melhorar. Eu sempre fui petista". Depois, ela lhe perguntou de novo: "Qual a sua motivação a fazer essas denúncias?", numa segunda oportunidade. O que a senhora respondeu?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não me lembro.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - "Quero que o Marcos Valério se
exploda."
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu nunca quis isso. Eu
já falei isso várias vezes. Eu não quero, eu não desejo...
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Dona Karina, está escrito. Foi uma
declaração sua.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu não desejo isso a
ninguém.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Ele fez chantagem para ti
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Mesmo porque não é
do meu feitio desejar mal às pessoas.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Aí, o repórter perguntou à senhora:
"Por quê?"e a senhora disse: "Porque o que ele mais gosta é de dinheiro. E nisso ele vai perder muito dinheiro". Qual das 2 declarações da senhora que a gente dá crédito?
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Que ele faz chantagem.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Que eu amo o meu
País. Eu estou aqui para isso. E, se precisar voltar, eu volto.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Sr. Deputado, para encerrar,
por favor.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Certo. A senhora disse aqui que nunca viu dinheiro dentro da agência.
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Isso.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A senhora nunca viu dinheiro?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Nunca vi o dinheiro
em espécie. Já respondi.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Nunca viu o dinheiro, certo? Como é
que a senhora afirma para onde esse dinheiro se destinava, se é que ele um dia existiu, quando o Sr. Marcos Valério...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Isso já foi respondido.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Eu quero completar a minha...
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Isso já foi respondido.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Eu vou completar. A senhora, por
gentileza...
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - O senhor pode cumprir o
Regimento, mas...
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A senhora disse aqui... para nós
ficou claro que ele tinha, também, a conta do GDF e a conta da Câmara Distrital, correto?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Então, por que a senhora tem
convicção em afirmar, sem nunca ter visto o dinheiro, sem nunca ter enxergado o dinheiro, que esse dinheiro vinha para Brasília, e inclusive para quem ele era destinado. Por que ele não poderia ser destinado, por exemplo, para algum outro cliente?
A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Porque se o senhor
tiver que fazer um depósito... passar dinheiro de uma pessoa para outra, a melhor maneira, a mais segura é fazer depósito, não é?
O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sim. Mas, por quê? A senhora, sem
ver o dinheiro, vem aqui... Porque, sinceramente, o que eu acho estranho no seu depoimento é que a senhora tem lapsos de grande memória e lapsos de amnésia. Então, por exemplo, no início, quando a senhora começou a falar, a senhora disse assim:
"Ah, políticos, o que a senhora lembra?" "Ah! Ele ligava pro Delúbio, ligava pro Sílvio
Pereira, pro Governador Aécio... Mas ontem a senhora não lembrou, não é? Aí, depois, a senhora disse assim: Ah, ele ligava também pro Pizolatto, ele ligava pro João Paulo. Quem mais? O João Magno, mas o João Magno era cliente. Sim, mas o João Paulo também era cliente, era o Presidente da Câmara. O Pizolatto também era cliente do Banco do Brasil, era cliente. Então, a senhora lembra de alguns clientes, de outros a senhora não lembra.
 A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Ela disse que não tratava de clientes.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Que não tratavam de clientes? Então, eu concluo, Sr. Presidente, exatamente dizendo a seguinte questão.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - A última pergunta.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Dizendo a seguinte questão. A senhora que agendava as viagens de avião?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu que agendava as viagens, sim, senhor.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - A senhora sustentou para este Conselho, portanto, que era um avião fretado...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, eu disse que...
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Eu não estou perguntando, não. Era um avião fretado, do Banco Rural, era um táxi-aéreo.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não, ele vinha a Brasília.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sim, secretária, mas que avião era? E quem era o dono do avião?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - O Banco Rural.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - O avião é do Banco Rural?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - As vezes que ele veio pra cá, de avião fretado, foi do Banco Rural.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sim, mas, veja bem. Eu quero entender uma coisa: o Banco Rural tem um avião, ou é um avião fretado?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Não sei, eu não trabalho no banco. Eu não sei.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sim, mas a senhora ligava pra quem?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Eu ligava pro funcionário do banco.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Então, a senhora ligava para o banco...
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Para um funcionário, para uma secretária do Presidente do banco...
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Certo.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - ... e ele conversava com o Presidente. Pronto.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Certo. Eu pergunto isso, Sr. Presidente, por uma questão muito simples: toda viagem aérea tem um registro de quem viajou, não é mesmo? Então, nós vamos poder ....
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Nobre Deputado, encerrou?
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Sr. Presidente, eu quero só passar também para o senhor um documento.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Por favor, eu recebo isso.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Se V.Exa. me permite, que é um levantamento realizado dos pagamentos da SMP&B Comunicação. Então, nós temos aqui — eu acho que isso aqui é um documento muito importante — até mesmo para desfazer uma certa leitura que eventualmente pode ser feita. Então, por exemplo, Ministério do Turismo e Esporte, 2001, 2 milhões 817 mil 488. 2002 — Ministério do Turismo e Esporte, 6 milhões 812 mil 469. 2003 — Ministério do Esporte, 679 mil. 2004, 792 mil. 2005 — 595 mil. Então, veja bem: Ministério do Trabalho, 2001, DNA Propaganda, 2001, 16 milhões; 2002, 13 milhões; 2003, 4 milhões. Então, vejam bem.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - V.Exa. encaminha à Mesa.
 O SR. DEPUTADO PAULO PIMENTA - Durante 2 anos, 2011/2002, as empresas SMP&B mais a DNA receberam 39 milhões, 469 mil reais do Governo Federal. E, nos anos de 2002 e 2004, 14 milhões ...
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - V.Exa., agora, encaminha à Mesa e darei cópia e encaminharei a todos os membros do Conselho. Com a palavra agora o nobre Relator, para encerrar a reunião.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Com a palavra o Relator. Com a palavra o Relator.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sr. Presidente, só algumas questões muito rápidas para a senhora Fernanda. Na agenda, nós encontramos registro, com freqüência, de contatos com um senhor, Dr. Rogério.
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Sim.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Quem é essa pessoa?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Dr. Rogério é advogado e ele viaja sempre com o Sr. Marcos.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - É advogado da empresa?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - É advogado da empresa.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Se a senhora, por interesse do Conselho, for solicitada a realizar alguma acareação com qualquer das pessoas mencionadas, a senhora autoriza, de pronto?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO - Claro.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Concorda?
 A SRA. FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO — Sim.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Eu requereria a V.Exa., Sr. Presidente, que solicitasse da Polícia Federal uma cópia da agenda para nós termos a confrontação e a comparação com o que a senhora distribuiu aqui entre nós.  
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Será solicitado, nobre Deputado.
 O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Muito obrigado.
 O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Srs. Deputados, amanhã, faremos uma reunião às 14h30 e ouviremos os Deputados Pedro Henry e Carlos Rodrigues.
Está encerrada a presente sessão.