José Rodrigues de Lima Duarte
José Rodrigues de LIMA DUARTE, depois Visconde de Lima Duarte, com grandeza (MG) - (17/7/1882 a 3/6/1884)
José Rodrigues de LIMA DUARTE, visconde de Lima Duarte, com grandeza. Nasceu na cidade de Barbacena (MG) em 1826 e faleceu no Rio de Janeiro em 3 de dezembro de 1896.
Formou-se em Medicina pela faculdade do Rio de Janeiro. Durante longos anos deu inúmera provas de proficiência, de desinteresse e de verdadeira caridade, o que granjeou-lhe muitas simpatias e bem merecido apreço.
Desde o ano de 1853 começou a aparecer no cenário político, sendo eleito deputado à Assembléia Legislativa Provincial para o biênio 1854-1855. Foi reeleito para os três biênios sucessivos (1856-1860). Prestou nesta Casa legislativa mineira, à qual mais de uma vez presidiu, dignamente, valiosos serviços à causa pública, discutindo na tribuna ou em trabalhos de comissões múltiplos assuntos de interesse geral. Cooperou sempre com inteligência e probidade para a boa solução de questões em que teve de intervir, ora em razão do cargo que ocupava, ora por espontâneo impulso patriótico.
Também, por um bom tempo, representou a província de Minas Gerais nas seguintes legislaturas da Assembléia Geral Legislativa do Império do Brasil:
10/5/1859 a 11/9/1859 — 10ª leg.
3/5/1861 a 12/5/1863 — 11ª leg.
1º/1/1864 a 16/9/1866 — 12ª leg.
22/5/1867 a 20/7/1868 — 13ª leg.
1/2/1877 a 14/10/1877 — 16ª leg.
15/12/1878 a 10/1/1881 — 17ª leg.
17/1/1882 a 25/1/1884 — 18ª leg.
Na última legislatura foi presidente da Câmara dos Deputados, sendo eleito sete vezes seguidas no período de 17 de julho de 1882 a 3 de junho de 1884. Presidiu esta Casa legislativa paternalmente e com excessiva simplicidade. É o depoimento de um de seus colegas de representação que acrescenta: "Todos o estimavam e rendiam preito às suas delicadas prendas de coração, ao seu trato lhano, à sua pachorra inalterável. A sua intervenção nos debates revestia quase sempre a forma do pedido. Era obedecido mais por uma concessão à sua doçura do que pelo reconhecimento de sua autoridade".
26/1/1884 a 15/11/1889 — Senador. Foi nomeado senador por Carta Imperial de 26 de janeiro de 1884. Antes já havia sido contemplado em quatro listas senatoriais.
Na Assembléia Geral Legislativa do Império do Brasil, o Dr. Lima Duarte pautou o seu procedimento pelas normas da honestidade e de esclarecida dedicação ao dever, sendo estimado e respeitado tanto por amigos como por antagonistas políticos. Os seus princípios políticos em nada sofreram jamais com o cavalheirismo de seu trato e a natural afabilidade de seu caráter. A estes e outros predicados reunia um gênio franco e serviçal que tornou-o muito popular.
Fez parte do 28º Gabinete do Império (Senador José Antônio Saraiva - 1º Gabinete Saraiva), organizado a 28 de março de 1880, ocupando a Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha no período de 28 de março de 1880 a 20 de janeiro de 1882. Nesse alto posto do governo imperial, o conselheiro José Rodrigues de Lima Duarte conservou inalterável a reputação de que gozava, como homem de bem, sempre modesto e acessível, como político igualmente firme e moderado, isto é, dedicado ao seu partido e aos seus amigos, sem paixões exarcebadas contra os adversários. Teve, assim, a habilidade e a sorte merecida de ser em extenso período um dos chefes liberais mineiros mais influentes e considerados, e de jamais ser alvo de agressões pessoais ou veementes ataques da agremiação conservadora, que, aliás, ele nunca e por modo algum favoreceu.
Descrevendo o seu perfil em 1884, escreveu o desembargador Carlos Ottoni no seu folheto "Mineiros Distintos": "Viage-se por toda esta longa e remota província, pela mata ou pelo campo, pelos montes ou pelos vales, entre-se nas grandes cidades ou nos pequenos povoados, na morada dos ricos ou na mansarda dos pobres, e em toda a parte o conceito será unânime: Lima Duarte é um mineiro que honra a sua província, um brasileiro que honra o seu país. À puridade o dizemos: nunca ouvimos formular contra ele a menor queixa, sequer; e até parece que o nosso amigo, para identificar-se mais com seus patrícios, se apraz em conservar hábitos e costumes provincianos, que à maravilha lhe assentam. Na viagem imperial tínhamos alegre contentamento sempre que víamos aquele ministro chão, que deixava os camarins reais para conviver com o povo, e trocava a sua farda rica pelos algodões de nossas fábricas. Se o víamos a cavalo, era ele o tipo perfeito de mineiro de Minas, cujo atlético porte realçava com as botas brancas do provinciano. E nesse traje sem cálculo ia muita gentileza à província, pois ela via com "humanos olhos" que o mineiro-ministro era ministro-mineiro. O que é certo é que todos se sentiam à vontade a seu lado e chegavam à sua casa como à de um compadre, ninguém temendo, na aldraba, de ser tratado como importuno ou despedido pelos criados. Ao apertar aquelas mãos, sentia-se a firmeza de uma amigo leal; ao abraçar aquele peito, as pancadas de um coração nobre e generoso".
Dias antes da proclamação da República, o conselheiro Lima Duarte foi titulado Visconde de Lima Duarte, pelo 36º Gabinete do Império de que foi chefe o Senador Afonso Celso de Assis Figueiredo,Visconde de Ouro Preto.
Mudadas as instituições políticas do país com o advento da República, esteve durante algum tempo absolutamente retirado de cargos públicos, mas em 1892 recebeu do governo de Minas Gerais a nomeação para Superintendente Geral do Serviço de Imigração para este Estado, cargo que exerceu até falecer com a solicitude que sempre lhe mereciam os interesses mineiros.
A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ao terem notícia do seu passamento, por voto unânime fizeram consignar nas atas respectivas o profundo pesar com que receberam aquela triste notícia. Esse pesar foi geralmente partilhado no vasto círculo de amigos do Visconde Lima Duarte como um tributo prestado à memória do distinto mineiro, tão respeitável pela honradez de caráter como estimado pelos dotes do seu bondoso coração.
Seu nome é destaque em outras obras:
1 — José Pedro Xavier da Veiga, Efemérides Mineiras, vol. IV, pp. 297/300.
2 - Rio Branco, Efemérides Brasileiras, p. 181.
3 - A. Tavares de Lyra, Os Ministros de Estado da Independência à República, RIHGB, vol. CXCIII, p. 72.
4 - Ramiz Galvão, Catálogo da Exposição de História do Brasil, 15190,18326.
5 — Galeria Nacional, fasc. 4, p. 345.
6 — Octaciano Nogueira e João Sereno Firmo, Parlamentares do Império. p. 167, 168, 586, 587, 588, 590, 591 e 592.
7 - Ministério da Justiça e Negócios Interiores, Arquivo Nacional, Organizações e Programas Ministeriais. 2ª ed. 1962, pp. 325, 331, 338, 345, 363, 368 e 378.
8. - Carlos Tavares de Lyra, Presidentes da Câmara dos Deputados Durante o Império — 1826 a 1889. 1976.
9. - Coordenação de Publicações, Mesas da Câmara dos Deputados — 1826 a 1982. pp. 271 a 277.
10 - Neto, Casimiro Pedro da Silva Neto. A Construção da Democracia. Brasília. 2003. 751 p.
cd/br/cpsn/nov/2005.