Antônio Peregrino Maciel Monteiro

Antônio Peregrino MACIEL MONTEIRO, depois 2º barão de Itamaracá (PE) - (12/5/1852 a 9/5/1854)

Antônio Peregrino MACIEL MONTEIRO, 2º Barão de Itamaracá, filho do bacharel Manoel Francisco Maciel Monteiro e de Dª Manoela Lins de Mello. Nasceu em Pernambuco a 30 de abril de 1804 e faleceu em Lisboa a 5 de janeiro de 1868.

Depois de estudar Humanidades em Olinda, partiu para a França e, cursando a Universidade de Paris, recebeu o grau de bacharel em Letras em 1824, o de bacharel em Ciências em 1826, e o de doutor em Medicina em 1829. Ainda em Paris recebeu as primeiras e diretas influências do Romantismo. De regresso ao Brasil, começou por exercer a Medicina (Recife), passando depois à vida política e ao desempenho de várias funções públicas (Recife e Rio de Janeiro, 1836-1853).

Representou sua província (Pernambuco) como deputado, com pequenas interrupções, nas seguintes legislaturas:

3/5/1834 a 15/10/1834 — 3ª leg.

3/5/1838 a 21/11/1841 — 4ª leg.

1º/1/1843 a 24/5/1844 — 5ª leg.

1º/1/1850 a 4/9/1852 — 8ª leg.

3/5/1853 a 4/9/1853 — 9ª leg.

Nessa última legislatura foi presidente da Câmara dos Deputados (1852 e 1853).

Fez parte do 1º Gabinete do Regente do Império, Pedro de Araújo Lima, Marquês de Olinda, organizado a 19 de setembro de 1837, ocupando a Secretaria dos Negócios Estrangeiros no período de 19/9/1837 a 15/4/1839. Deixando o ministério em 1839, foi nomeado diretor da faculdade de Olinda, e exerceu diversos cargos, como o de vereador da câmara municipal, diretor do teatro público, provedor da saúde do porto, membro da junta de higiene, diretor da instrução pública. Finalmente ingressa na carreira diplomática como Ministro Plenipotenciário do Brasil junto à corte de Portugal, em cujo cargo veio a falecer (1868).

Foi, além de médico distinto e de orador eloqüente, poeta lírico e um improvisador de talento, tanto em seus discursos como em suas poesias. O Dr. Joaquim Manuel de Macedo, médico e romancista, descreve bem seu carácter:

Maciel Monteiro frequentava apaixonado os teatros, os bailes, as sociedades dos círculos mais elegantes, e ele próprio era o tipo da mais exigente e caprichosa elegância no trajar, sempre rigorosamente à moda, e no falar sempre em mimos de delicadeza e de refinada cortesia, em que, sem pretensão nem demasia, seu espírito sutil e sua imaginação de poeta radiavam suave e encantadamente. Após longas horas passadas em saraus, em companhias aristrocráticas ou em teatros, dormia a sono solto até às dez horas do dia seguinte. Lembrava-se então de que devia falar na Câmara dos Deputados e pensava no seu discurso enquanto apurava cuidados de seu vestir esmerado. Logo depois a câmara ouvia eloqüente discurso, lindíssimo na forma, com perfeito plano na ordem das idéias, pujante na argumentação e revelador da ilustração de que o proferia.

Era do Conselho de Sua Majestade o Imperador, grande dignitário da Ordem da Rosa, oficial da Ordem do Cruzeiro, grã-cruz de diversas ordens da Itália, de Roma e de Portugal, membro da Arcadia de Roma e de outras associações literárias, nacionais e estrangeiras.

  • Deixou escrito:

Dissertation sur la nature, les simptomes de l'inflammation de l'arachinoide et son rapporte avec l'encephalite. Paris, 1829. É sua dissertação inaugural.

Discurso inaugural da instalação da sociedade de medicina pernambucana, a 4 de abril de 1841. Está registrado nos Anais de medicina pernambucana e recitara-o seu autor, sendo aclamado presidente da sociedade.

Nunca tendo feito coleção de seus versos, é dado notícias de algumas poesias registradas no "Dicionário Biográfico de Pernambucanos Célebres", p. 156, por Francisco Augusto Pereira da Costa e nas "Biografias de Alguns Pernambucanos Ilustres" tomo I, de autoria do comendador Antônio Joaquim de Mello.

Outras poesias traduzidas do francês por Lamartine acham-se publicadas no periódico "Progresso", Pernambuco, de 1846 a 1848.

Suas poesias — esparsas completas — estão publicadas na obra "Grandes Poetas Românticos do Brasil", tomo I, de 1959, com prefácio e notas biográficas do Prof. Dr. Antônio Soares Amora.

  • Seu nome é destaque em outras obras:

1 - Sacramento Blake, Dicionário Bibliográfico Brasileiro, vol. I, p. 278.

2 - Otto Maria Carpeaux, Pequena Bibliografia Crítica da Literatura Brasileira, 2ª edição, p. 80, 3ª edição, p. 80.

3 - Rio Branco, Efemérides Brasileiras, pp. 11, 220, 441.

4 - A. Tavares de Lyra, Os Ministros de Estado da Independência à República, RIHGB, vol. CXIII, p. 16.

5 - Ramiz Galvão, Catálogo da Exposição de História do Brasil, 18221.

6 — Joaquim Manuel de Macedo, Ano Biográfico Brasileiro, vol. III, pp.95/8.

7 — Teixeira de Mello, Efemérides Nacionais, vol. I, pp. 11/12.

8 — Galeria Nacional, fasc. 1, p. 72.

Na imprensa política do país também teve o Dr. Antônio Peregrino Maciel Monteiro, Barão de Itamaracá, um lugar bem distinto, escrevendo artigos em colaboração para diversos jornais como O Lidador (orgão do partido conservador). Recife, 1845 a 1848. Foram seus companheiros de redação José Tomás Nabuco de Araújo e João José Ferreira de Aguiar.

A Unido (folha do partido conservador). Recife, 1848 a 1851. Foram seus companheiros os mesmos já mencionados, Floriano Corrêa de Britto e outros.

cd/br/cpsn/nov/2005.