Legislação Informatizada - DECRETO Nº 91.775, DE 15 DE OUTUBRO DE 1985 - Publicação Original
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DECRETO Nº 91.775, DE 15 DE OUTUBRO DE 1985
Regulamenta a Lei n° 7.287, de 18 de dezembro de 1984, que dispõe sobre a profissão de Museólogo e autoriza a criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Museologia.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , usando da atribuição que lhe confere o artigo 81, item III, da Constituição, e tendo em vista o disposto no artigo 19 da Lei nº 7.287, de 18 de dezembro de 1984,
DECRETA
: CAPÍTULO I
Disposição Preliminar
Art. 1º. O
desempenho das atividades de museólogo, em qualquer de suas modalidades,
constitui objeto da profissão de Museólogo, regulamentada por este Decreto.
Art. 2º. O exercício da profissão de museólogo é privativo:
I - dos diplomados em
Bacharelado ou Licenciatura Plena em Museologia, por escolas ou cursos
reconhecidos pelo Ministério da Educação;
II - dos diplomados em
Mestrado e Doutorado em Museologia, por escolas ou cursos devidamente
reconhecidos pelo Ministério da Educação;
III - dos diplomados em
Museologia por escolas estrangeiras, reconhecidas pelas leis do país de origem,
cujos títulos tenham sido revalidados no Brasil, na forma da legislação
pertinente;
IV - dos diplomados em outros cursos de nível superior que, em 18 de dezembro de 1984, contem, pelo menos, 5 (cinco) anos de exercício de atividades técnicas de Museologia, devidamente comprovados.
Parágrafo único - A comprovação a que se refere o item IV deverá ser feita no prazo de 3 (três) anos a contar da vigência da Lei nº 7.287, de 18 de dezembro de 1984, perante os Conselhos Regionais de Museologia, aos quais compete decidir sobre a sua validade.
Art. 3º. São atribuições do museólogo:
I - ensinar Museologia nos
seus diversos conteúdos, em todos os graus e níveis, obedecidas as prescrições
legais;
II -
planejar, organizar, administrar, dirigir e supervisionar os museus, as
exposições de caráter educativo e cultural, os serviços educativos e atividades
culturais dos museus e de instituições afins;
III - executar todas as
atividades concernentes ao funcionamento dos museus;
IV - solicitar o tombamento de bens
culturais e o seu registro em instrumento
específico;
V - coletar, conservar,
preservar e divulgar o acervo museológico;
VI -
planejar e executar serviços de identificação, classificação e cadastramento de
bens culturais;
VII -
promover estudos e pesquisas sobre acervos museológicos;
VIII - definir o espaço
museológico adequado à apresentação e guarda das coleções;
IX - informar os órgãos
competentes sobre o deslocamento irregular de bens culturais, dentro do País ou
para o exterior;
X -
dirigir, chefiar e administrar os setores técnicos de Museologia nas
instituições governamentais da administração pública direta e indireta, bem
assim em órgãos particulares de idêntica finalidade;
XI - prestar serviços de
consultora e assessora mento na área de Museologia;
XII - realizar perícias
destinadas a apurar o valor histórico, artístico ou científico de bens
museológicos, bem assim sua autenticidade.
XIII - orientar,
supervisionar e executar programas de treinamento, aperfeiçoamento e
especialização de pessoas habilitadas nas áreas de Museologia e Museografia,
como atividade de extensão;
XIV - orientar a realização de seminários, colóquios, concursos, exposições de âmbito nacional ou internacional, e de outras atividades de caráter museológico, fazendo-se nelas representar.
Art. 4º. Para o provimento e exercício de cargos, empregos e funções técnicas de Museologia na administração pública direta e indireta e nas empresas privadas, é obrigatória a condição de museólogo, nos termos definidos na Lei nº 7.287, de 18 de dezembro de 1984.
Art. 5º. A condição de museólogo não dispensa a prestação de concurso, quando exigido para provimento do cargo, emprego ou função e será comprovada para a prática dos atos de assinatura de contrato, termos de posse., inscrição em concursos, pagamento de tributos devidos pelo exercício da profissão e desenho de quaisquer funções a ela inerentes.
CAPÍTULO III
Parte Geral
Art. 6º. Ficam criados o Conselho Federal e os Conselho Regionais de Museologia, como órgãos de registro profissional e de fiscalização do exercício da profissão, dentre outras competências cabíveis
§ 1º Os Conselhos Federal e Regionais de Museologia a que se refere este artigo constituem, em seu conjunto, uma autarquia federal, com personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Trabalho.§ 2º O Conselho Federal terá sede e foro em Brasília-DF e jurisdição em todo o território nacional e os Conselhos Regionais terão sede e foro nas capitais dos Estados e dos Territórios, bem assim no Distrito Federal.
Art. 7º. A administração e representação legal dos Conselhos Federal e Regionais incumbe aos respectivos presidentes.
Art. 8º. Os membros dos Conselhos Federal e Regionais poderão ser licenciados, mediante deliberação do Plenário, por motivo de doença ou outro impedimento de força maior.
Art. 9º. A substituição de qualquer membro, em suas faltas e impedimentos, far-se-á pelo respectivo suplente, mediante convocação do Presidente do Conselho.
Art. 10. Os mandatos dos membros do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais serão de 3 (três) anos, permitida a reeleição.
§ 1º Os Conselhos Federal e Regionais renovar-se-ão anualmente em 1/3 (um terço) de seus membros.
§ 2º Para fins do parágrafo anterior, na primeira eleição dos membros dos Conselhos Federal e Regionais, dois deles terão mandatos de 3 (três) anos, dois de 2 (dois) anos e dois de 1 (um) ano, em ordem decrescente, de acordo com o número de votos obtidos na eleição.
Art. 11. O presidente do Conselho Federal e os presidentes dos Conselhos Regionais, além do voto comum, exercerão o voto de qualidade.
Art. 12. O Conselho Federal de Museologia compor-se-á de brasileiros natos ou naturalizados que satisfaçam as exigências deste Decreto e terá a seguinte constituição:
I - seis membros efetivos,
eleitos em assembléia constituída por delegados de cada Conselho Regional;
II - seis suplentes, eleitos juntamente com os membros efetivos;
§ 1º Dois terços, pelo menos, dos membros efetivos, bem assim dos membros suplentes, serão necessariamente bacharéis em Museologia, salvo nos casos em que não houver profissionais habilitados em número suficiente.
§ 2º O número de conselheiros federais poderá ser ampliado de mais 3 (três), mediante resolução do próprio Conselho.
§ 3º O direito ao voto de qualidade cessará, para o presidente do Conselho Federal, no momento em que o número de conselheiros seja aumentado, na forma do parágrafo anterior.
Art. 13. Compete ao Conselho Federal de Museologia:
I - elaborar o seu regimento
interno;
II -
aprovar os regimentos internos elaborados pelos Conselhos Regionais;
III - deliberar sobre
quaisquer dúvidas suscitadas pelos Conselhos Regionais, adotando as providências
necessárias à homogeneidade de orientação dos serviços de Museologia;
IV - julgar, em última
instância, os recursos sobre as deliberações dos Conselhos Regionais.
V - publicar o relatório
anual dos seus trabalhos e, periodicamente, a relação dos profissionais
registrados;
VI -
expedir as resoluções que se tornem necessárias para a fiel interpretação e
execução deste Decreto;
VII - propor modificações nos
regulamentos do exercício da profissão de museólogo, quando necessária;
VIII - deliberar sobre o
exercício de atividades afins à especialidade do museólogo, nos casos de
conflito de competência;
IX - convocar e realizar,
periodicamente, congressos para estudar, debater e orientar assuntos referentes
à profissão;
X -
estabelecer critérios para o funcionamento dos museus, dando ênfase à sua
dimensão pedagógica;
XI - propugnar para que os
museus adotem as técnicas museólogicas e museográficas sugeridas pelo Conselho
Internacional de Museus - ICOM;
XII - reconhecer as técnicas
referidas no item anterior;
XIII - eleger, dentre os seus
membros efetivos, por maioria absoluta, o seu Presidente e o Vice-Presidente;
XIV - fixar o valor
da anuidade, taxas, multas e emolumentos devidos pelos profissionais e empresas
aos Conselhos Regionais a que estejam jurisdicionados;
XV - dispor, com a
participação de todos os Conselhos Regionais, sobre a Código de Ética
Profissional, funcionando como Conselho Superior de Ética Profissional;
XVI - instituir o modelo de
carteiras e cartões de identidade profissional;
XVII - autorizar o Presidente
a adquirir, onerar ou alienar bens imóveis, observada a Lei nº 6.994, de 26 de
maio de 1982, e demais disposições legais pertinentes.
XVIII - emitir parecer
conclusivo sobre prestação de contas a que esteja obrigado;
XIX - publicar, anualmente,
seu orçamento e respectivos créditos adicionais, os balanços, a execução
orçamentária e o relatório de suas atividades;
XX - organizar, instalar, orientar e inspecionar os Conselhos Regionais, fixar-lhes o número e a jurisdição e examinar suas prestações de contas, neles intervindo desde que indispensável ao restabelecimento da normalidade administrativa e financeira ou à garantia de efetividade ou princípio de hierarquia institucional.
Art. 14. Constitui receita do Conselho Federal de Museologia:
I - 25% (vinte e cinco por
cento) da renda bruta dos Conselhos Regionais de Museologia, exceto as doações,
legados ou subvenções;
II - doações e legados;
III - subvenção dos
Governos Federal, Estaduais e Municipais, ou de empresas e instituições
privadas;
IV -
rendimentos patrimoniais;
V - rendas eventuais.
Art. 15. Os Conselhos Regionais de Museologia serão constituídos de 6 (seis) membros, escolhidos em eleições diretas entre os profissionais regularmente registrados.
§ 1º Na mesma eleição, serão escolhidos 6 (seis) suplentes.
§ 2º Na primeira reunião do Conselho Regional será escolhido o seu presidente, dentre os membros eleitos.
Art. 16. Compete aos Conselhos Regionais de Museologia:
I - efetuar o registro dos
profissionais e expedir carteira profissional;
II - julgar reclamações e
representações escritas acerca dos serviços de registro e das infrações deste
Decreto; Ill - fiscalizar o exercício da profissão, impedindo e punindo as
infrações à lei, bem assim enviar às autoridades competentes relatórios
documentados sobre fatos que apurem e cuja solução não seja de sua
competência;
IV -
publicar relatórios anuais dos seus trabalhos e, periodicamente, a relação dos
profissionais registrados;
V - elaborar seu regimento interno,
submetendo-o à aprovação do Conselho Federal de Museologia;
VI - apresentar sugestões ao
Conselho Federal de Museologia;
VII - admitir a colaboração
das Associações de Museologia, nos casos das matérias mencionadas nos itens
anteriores deste artigo;
VIII - julgar a concessão dos
títulos para enquadramento na categoria profissional de museólogo;
IX - eleger, dentre os
membros, por maioria absoluta, o seu Presidente e o seu Vice-Presidente;
X - elaborar a proposta de
seu Regimento, bem assim as alterações, submetendo-as à aprovação do Conselho
Federal;
XI -
deliberar sobre assuntos de interesse geral e administrativo;
XII - aprovar a proposta
orçamentária e autorizar a abertura de créditos adicionais e as operações
referentes a mutações patrimoniais;
XIII - autorizar o Presidente
a adquirir, onerar ou alienar bens imóveis, observada a Lei nº 6.994, de 26 de
maio de 1982, e demais disposições legais pertinentes.
XIV - arrecadar anuidades, multas, taxas e emolumentos e adotar todas as medidas destinadas à efetivação de sua receita, destacando e entregando ao Conselho Federal as importâncias referentes à sua participação legal.
Art. 17. Constitui receita dos Conselhos Regionais de Museologia:
I - 75% (setenta e cinco por
cento) da anuidade estabelecida pelo Conselho Federal de Museologia, na forma da
Lei nº 6.994, de 26 de maio de 1982;
II - rendimentos
patrimoniais;
III -
doações e legados;
IV
- subvenções e auxílios dos Governos Federal, Estaduais e Municipais e de
empresas e instituições privadas;
V - provimento das multas
aplicadas;
VI - rendas eventuais.
Art. 18. Para o exercício da profissão referida no artigo 2º deste Decreto,. em qualquer modalidade de relação trabalhista ou empregatícia, será exigida como condição essencial a apresentação da Carteira Profissional emitida pelo respectivo Conselho.
Parágrafo único - As carteiras profissionais, expedidos pelos Conselhos Regionais, terão validade em todo o Território Nacional, para qualquer efeito, de acordo com o art. 1º da Lei nº 6.206, de 07 de maio de 1975.
Art. 19. Para o registro nos Conselhos Regionais e a expedição de carteira profissional os documentos exigidos dos museólogos, nos temos dos itens I, II, Ill e IV do art. 2º da Lei nº 7.287, de 18 de dezembro de 1984, são os seguintes:
I -
para os mencionados no item I, diploma de bacharelado ou licenciatura plena em
Museologia e cópia autenticada do ato reconhecedor da escola ou curso pelo
Ministério da Educação.
II - para os mencionados no
item lI, certificado de conclusão dos créditos ou diploma referentes aos graus
de mestre ou doutor e cópia autenticada de ato reconhecedor da escola ou curso
pelo Ministério da Educação;
III - para os mencionados no
item III, dependendo de se tratar de formados em nível de graduação ou
pós-graduação, os documentos referidos nos itens anteriores, conforme o caso,
devidamente revalidados pelo Ministério da Educação;
IV - para os mencionados no item IV, além das cópias autenticadas do diploma de nível superior e de ato reconhecedor do Ministério da Educação, mais os seguintes documentos:
a) | certidão de tempo de serviço com especificação pormenorizada das atividades exercidas, quando se tratar de servidor de órgão público; |
b) | cópia autenticada de Carteira do Trabalho, acompanhada de declaração de serviços prestados e atividades exercidas, nos termos do artigo 3º da Lei nº 7.287, de 18 de dezembro de 1984, em organismo particular, seguida de cópia autenticada do estatuto social do empregador. |
Art. 20. Serão obrigatoriamente registrados nos Conselhos Regionais as empresas, entidades, e escritórios que explorem, sob qualquer forma, atividades relativas à Museologia, nos termos da Lei nº 7.287, de 18 de dezembro de 1984.
Art. 21. As penalidades pela infração das disposições deste Decreto serão disciplinadas no Regimento Interno dos Conselhos.
Art. 22. Os Sindicatos e Associações Profissionais de museólogos cooperarão com os Conselhos em todas as atividades concernentes à divulgação e ao aprimoramento da profissão.
Art. 23. Até que sejam instalados os Conselhos Federal e Regionais de Museologia, o registro profissional será feito em órgão competente do Ministério do Trabalho.
Parágrafo único - Após o início do funcionamento dos Conselhos, neles deverão inscrever-se todos os museólogos, mesmo aqueles já registrados na forma deste artigo.
Art. 24. Os cursos ou escolas e as associações de Museologia, em cada Estado ou região, promoverão a constituição do primeiro Conselho Regional de Museologia.
§ 1º Nos Estados ou região em que houver mais de uma entidade de Museologia, a direção dos trabalhos de eleição do primeiro Conselho Regional será exercida pela entidade mais antiga.
§ 2º A entidade responsável pela eleição convocará as demais, que serão representadas por três profissionais de Museologia.
§ 3º No caso da existência de uma só entidade, no Estado ou região, cabe a esta a formação do primeiro Conselho Regional, mediante eleição direta entre os profissionais regularmente registrados.
Art. 25. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 26. Revogam-se
as posições em contrário.
Brasília, 15 de outubro de 1985, 164º da Independência e 97º da República.
JOSÉ SARNEY
Almir Pazzianotto
- Diário Oficial da União - Seção 1 - 16/10/1985, Página 15068 (Publicação Original)
- Coleção de Leis do Brasil - 1985, Página 89 Vol. 8 (Publicação Original)