RUÍDOS COMTEMPORÂNEOS - Hermusche
Brasília, um papel em branco, demarcado, sinalizado pelo traço de Wagner Hermusche
O Espaço Cultural Zumbi dos Palmares da Câmara dos Deputados apresenta a mostra "Ruídos Contemporâneos", do artista plástico Wagner Hermusche, no período de 11 a 29 de abril, no Corredor de acesso ao Plenário. São 20 obras recentes organizadas em duas séries distintas e uma pintura. As obras de grande formato são expressão do puro desenho com pastel óleo sobre papel negro. Entre as obras expostas, estão 7 gravuras exibidas na exposição "Noites Brasilianas".
Hermusche integra uma geração que se empenhou em empreender pesquisas a fim de criar uma identidade musical, poética, cinematográfica e visual para Brasília. Uma cidade que se apresentava como um território livre ou um papel em branco a ser ocupado, demarcado e sinalizado.
O espaço em que Hermusche se move é o das "noites brasilianas" e o seu posto de observação é a janela do apartamento, do ônibus ou do seu carro em movimento. "Se compararmos a noite de Brasília com a de outras capitais vamos constatar muitas diferenças. A de São Paulo, por exemplo é o caos de máquinas, ruídos, sirenes e luzes. A noite de Brasília é silenciosa e espacial. Por isso, mesmo no horário de rush, o barulho dos carros soa como algo espectral", disse o jornalista Severino Francisco ao ressaltar que é essa atmosfera que Hermusche capta em seus desenhos. "Ele se deixou marcar e deixa também a sua marca na cidade", salientou. A Brasília concisa e derramada, concreta e sideral, concebida por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, é refratada sob as luzes dos carros, dos postes e dos letreiros luminosos dos shopping centers. É uma estética neon-concreta.
Esta mirada sobre Brasília poderia resvalar perigosamente para o território da arte pop ou da assepsia publicitária. Mas Hermusche dribla a armadilha com muita habilidade. Ele redesenha Brasília com algo do gesto visceral do grafite, das granulações de vídeo, das rasuras do traço e da inconclusão de um esboço. O que reponta nas "noites brasilianas" de Hermusche é uma outra Brasília, refundada em cima da Brasília criada por Lúcio Costa e Oscar Niemayer: cinética, eletromagnética, lisérgica impressionista e expressionista. É uma Brasília espectral sob o bombardeio das luzes da cidade.
Hermusche injeta uma alma elétrica na paisagem silenciosa e noturna de Brasília.
Hermusche é um dos nomes mais consagrados das artes visuais de Brasília e tem a cidade como tema recorrente em suas obras, em releituras poéticas e multicoloridas. Ele expôs no Teatro Nacional e na Caixa Cultural recentemente e está presente em diversos acervos aqui e fora do país.
Wagner Hermusche
O artista plástico, fotógrafo e designer Wagner Hermusche, de origem libanesa e japonesa, nasceu no Brasil em 1953. Suas primeiras pinturas datam de 1984 com a série "O Espírito Bélico e a Bomba da Paz", que formam os fundamentos conceituais de sua obra. Ao longo da carreira, realizou exposições e workshops em países como Nicarágua, Espanha, Canadá, Holanda e Alemanha, ao mesmo tempo em que era diretor de arte de uma série de documentários para TV.
Viveu e trabalhou na Alemanha entre 1987 e 1998, quando se dedicou à fotografia, pintura e instalações, enfocando a interação de suportes tradicionais e mídias telemáticas.
Entre 1999 e 2006, período em que viveu ora no Brasil, ora na Alemanha, além de dar continuidade à sua produção autoral, Hermusche atuou como diretor de criação em projetos de grandes exposições temáticas multidisciplinares, enfocando arte e meio ambiente, realizando também a publicação de alguns livros sobre arte e cultura regional brasileira. Estas exposições foram apresentadas internacionalmente em Moscou, Lisboa, México, Seul e Pequim. No Brasil, seus projetos passaram por São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belém, São Luis e Cuiabá.
Desde 2007, cria e produz uma linha de acessórios de moda sob a marca Jallapa Accessories e especializa-se na concepção de eco produtos utilizando fibras naturais brasileiras.
Exposição "Ruídos Contemporâneos" do artista plástico Wagner Hermusche.
Visitação: 11 a 29 de abril de 2011, das 9h às 18h.
Local: Corredor de acesso ao Plenário, Anexo II - Câmara dos Deputados.
Entrada Franca.
Livre para todas as idades.
Realização Câmara dos Deputados.
mais informações em