Sua Excelência Senhor Presidente da
República,
Sua Excelência Senhor
Primeiro-Ministro e Chefe do Governo,
Sua Excelência Senhor Presidente do
Tribunal Constitucional,
Sua Excelência Senhor Presidente do
Supremo Tribunal de Justiça,
Sua Excelência Senhor Presidente do
Tribunal de contas,
Suas Excelências os antigos
Presidentes da República,
Excelentíssimos Senhores membros do
Governo,
Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral
da República,
Excelentíssimas Senhoras e Senhores
Deputados à Assembleia Nacional,
Caras e caros convidados
Excelências,
Esta é a primeira vez que me dirijo a
vós na qualidade da Presidente deste Órgão de Soberania, eleita hoje no decurso
desta Sessão Solene de Constituição da XII Legislatura da Assembleia Nacional,
que tem neste momento o seu início. Daí que as minhas primeiras palavras são de
saudação à Sua Excelência o Presidente da República e aos titulares dos demais
órgãos de soberania, a quem gostaria de, em nome das Senhoras e dos Senhores
Deputados, que acabam de ser empossados, agradecer pela Vossa presença e
assegurar-vos a nossa total disponibilidade para o reforço da cooperação
institucional no quadro da separação de poderes consagrada pela Constituição da
República.
Saúdo de igual modo as Senhoras e os Senhores
Deputados eleitos e aproveito esta oportunidade para endereçar uma saudação
particular aos mais jovens, às mulheres e aos homens, que pela primeira vez
foram eleitos e são hoje membros do mais alto órgão legislativo do país.
À todos, quero desejar os maiores
sucessos no exercício desta função, numa altura em que o mundo se encontra
profundamente mergulhado numa crise económica e financeira, provocada pelas mais
diversas convulsões internacionais, pela pandemia da covid 19, que ainda
grassa, bem como pelas catástrofes naturais resultantes das alterações
climáticas, impondo-nos profundas reformas em todos os sectores de actividade,
de modo a tornar o nosso país mais resiliente e mais apto a enfrentar os
desafios do desenvolvimento económico, da luta contra a fome e a pobreza,
contra a ignorância e contra as desigualdades.
Quero ainda saudar o corpo
diplomático, as entidades civis, militares, religiosas e os demais convidados
aqui presentes.
Nesta hora em que assumo plenamente as
minhas funções de Presidente da Assembleia Nacional, os meus pensamentos vão
para uma grande mulher santomense, a poetisa Alda Graça do Espírito Santo, que
num dia como hoje, há mais de trinta anos, assumiu a Presidência da Assembleia
Nacional. Foram necessárias mais de três décadas, um longo parêntesis que só
agora se abre com a minha eleição, o que apesar de tudo, orgulha-me
profundamente.
A eleição de uma mulher à este cargo
tão prestigioso da nossa arquitetura constitucional traduz, não só uma evolução
da mentalidade, mas sobretudo uma tomada de consciência no que respeita à
essência dos direitos fundamentais, mormente no que respeita à equidade de
género e ao papel da mulher no desenvolvimento económico e social de qualquer
comunidade.
Por conseguinte, a minha eleição hoje
nesta magna assembleia não traduz apenas a vitória de uma mulher ou mesmo das
mulheres santomenses, mas uma vitória de todo o povo de São Tomé e Príncipe.
São estes pequenos gestos que marcam o avanço de uma sociedade e a propulsa à
patamares cada vez mais altos da modernidade e do progresso.
Finalmente, quero enviar uma saudação
especial a todos os santomenses, lá onde eles se encontram pela forma tão
ordeira, disciplinada e clarividente como participou nas últimas eleições
legislativas, traduzindo uma prática já naturalizada entre nós, o que demonstra
o elevado nível da sua maturidade política neste processo de construção do
Estado de Direito Democrático.
Senhoras e Senhores Deputados,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Excelências,
No Estado de Direito Democrático, são as eleições a expressão
máxima da participação popular na “gestão da cidade” e da coisa pública. As
eleições lembram-nos que o poder pertence ao povo, que ele é apenas delegado
para o cumprimento de uma missão, e deve ser no fim do mandato devolvido ao
povo soberano para que ele faça novas escolhas ou confirme as forças no poder.
Iniciámos hoje uma nova legislatura com a esperança renovada de um
futuro mais promissor, mais radiante, mais próspero e mais harmoniosamente
partilhado. É a isso que nos propomos. Uma sociedade aberta, moderna e de
prosperidade partilhada. No entanto, temos consciência dos desafios que temos
pela frente, das dificuldades que nos espreitam e dos constrangimentos que nos
impõem a nossa condição de microestado insular, arquipelágico, desprovido de
recursos naturais e subdesenvolvido.
A Assembleia Nacional tem uma responsabilidade da qual não pode
eximir-se. O povo espera de nós a transparência nos nossos atos, o exemplo nas
nossas atitudes e comportamentos, a capacidade de dialogar e encontrar terrenos
que viabilizem soluções inteligentes, a abertura e a determinação que permitam
as reformas estruturais e sectoriais que possibilitem arrancar o nosso país do
anacronismo em que vive e das amarras de um passado que nos persegue e nos
impede de dar o salto para a modernidade.
A este respeito, no dia 25 de Setembro transato,
o povo santomense foi chamado para exercer o seu direito e dever de cidadania com
vista a eleger os seus representantes que deverão nos próximos quatro anos
conduzir o seu destino, independentemente das convicções políticas de cada um, garantindo
assim a unidade na diversidade de ideias.
A Assembleia Nacional tem de ser cada vez mais credível para que
os nossos cidadãos não se divorciem da política, acreditem nas instituições
democráticas e colaborem ativa e permanentemente no processo de construção da
nação. A credibilidade e a paz institucionais são a condição de atração de
investimentos externos de que o nosso país carece para a criação de novos
postos de emprego e geração de riqueza. Instituições fortes, sérias e credíveis
constituem premissas indispensáveis para o desenvolvimento sustentável e a
promoção do bem-estar social de toda a nossa comunidade, tanto a residente no
país, como na diáspora.
Com a tomada de posse, hoje, dos novos deputados, o país fechou um
ciclo e abriu um outro, que tem necessariamente de marcar uma evolução na nossa
forma de trabalhar, na qualidade dos nossos debates, na nossa produtividade e
na eficácia da nossa atuação, enquanto mais alto órgão de controlo e
fiscalização do país.
A colaboração de todos os parlamentares no cumprimento da missão
que nos é acometida, num espírito de unidade, disciplina, trabalho, concórdia e
patriotismo, é fundamental para a condução dos destinos do nosso Estado. Não
constitui para nós dúvidas de que a Assembleia Nacional é composta de
parlamentares oriundos dos mais diversos quadrantes políticos do nosso país,
expressão da nossa diversidade, liberdade de pensamento e de escolha popular.
Mas, nada disso autoriza que um parlamentar ou um grupo de parlamentares se
transforme numa força de bloqueio, de desestabilização ou de perturbação, com o
único propósito de dificultar o funcionamento da instituição.
A Assembleia Nacional goza de sua autonomia plena e independência,
mas os deputados não podem constituir um corpo a parte, separado, estranho e
alheio às preocupações das populações e ao estado do país. Espera-se dele uma
intervenção que vá ao encontro das aspirações do povo, num momento em que são
esperadas mudanças substanciais em vários domínios da vida nacional, fruto das
circunstâncias em que se encontra o país. Para tanto, a Assembleia Nacional
deve colaborar com os demais órgãos de soberania e a sociedade civil na busca
de soluções plausíveis e consentâneas para a resolução dos inúmeros problemas que
afetam o nosso país.
Para que este desiderato seja concretizado, trago na minha agenda de
trabalhos para os próximos quatro anos alguns dos muitos desafios que temos
pela frente:
- A
reforma da Assembleia Nacional, de modo a torná-la uma instituição mais
dinâmica, mais virada para os cidadãos e os problemas reais da comunidade,
mais respeitada, mais credível, mais produtiva e mais flexível;
- Revisão
consensual da Constituição da República e demais normas que configuram a
estrutura do nosso Estado;
- A
procura de melhores condições de trabalho para os parlamentares e os mais
diversos serviços técnicos de apoio, tendo em vista a sua modernização,
eficácia;
- A
melhoria do procedimento e do processo legislativo, introduzindo maior
transparência e celeridade;
- A
capacitação permanente das Senhoras e dos Senhores Deputados, bem como dos
funcionários parlamentares;
- O
ambiente e a adaptação às mudanças climáticas;
- A
adoção de mecanismos que favoreçam a aproximação dos parlamentares dos
seus eleitores;
- A
política de equidade de género e as desigualdades e assimetrias regionais;
- A
proteção da família, da terceira idade e das crianças, incluindo os mais
desfavorecidos;
- A
juventude, a formação e o emprego;
- A
relação com os parlamentares dos países da CPLP e da sub-região;
Senhoras e Senhores
Deputados,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Excelências,
Nos dias de hoje, os Parlamentos têm exercido uma diplomacia específica,
virada para o fortalecimento das relações bilaterais e multilaterais no
contexto do mundo globalizado em que vivemos, através do intercâmbio de ideias
e de experiências, visando o desenvolvimento da política internacional e o progresso
da democracia no mundo. Neste domínio, prometo tudo fazer para manter e
reforçar ainda mais os laços de amizade e de cooperação com os países com os
quais vimos cooperando.
O país precisa de todos nós, de todas as ideias e contribuições. É
neste debate sério, profundo e contraditório sobre as reais questões que afetam
o nosso país e as nossas populações, que reforçamos o poder da nossa Assembleia
e melhor servimos o nosso povo.
Muito obrigada a todos pela vossa
amável atenção