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06/09/2017 20h15


Da. Leopoldina e sua Atuação Política

Dentre as datas mais importantes comemoradas neste ano de 2017, um marco para nossa nacionalidade são os 200 anos da chegada ao Brasil de Da. Leopoldina, nossa primeira Imperatriz.

No passado, quando o protagonismo político estava quase que exclusivamente reservado aos homens, a admirável figura de Da. Leopoldina desempenhou papel de destaque ao incentivar o esposo, D. Pedro - conhecido como o pai da nacionalidade brasileira, autor da independência política e nosso primeiro chefe de Estado enquanto nação independente - nos passos que resultaram na soberania do Brasil.

A arquiduquesa Da. Carolina Josepha Leopoldina d’Áustria nasceu em 22 de janeiro de 1797, em Viena. Embora tenha sido educada na Corte Austríaca, a mais formal das velhas cortes europeias, ela foi uma menina alegre e espontânea.

Casou-se, por procuração, em Viena, com D. Pedro de Alcântara, então príncipe real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 13 de maio de 1817.

Chegou ao Rio de Janeiro, então sede do Reino Unido, em novembro do mesmo ano. Ainda na viagem para o Brasil, passou a se chamar “Maria Leopoldina”, em homenagem à nova pátria, pois fora informada que esse era um nome muito comum entre as princesas portuguesas. Da. Leopoldina teve sete filhos, dos quais dois chegariam a ser monarcas: D. Pedro II, no Brasil e Da. Maria II, em Portugal.

Com o retorno de D. João VI a Portugal, em abril de 1821, o casal herdeiro ficou no Brasil. O avanço de ideias liberais e as independências de vários países na América Hispânica levaram um número considerável de políticos brasileiros a enxergar que a manutenção do Reino Unido Brasil Portugal e Algarves não iria durar muito tempo.

No movimento que terminou com a liberdade política do Reino do Brasil, Da. Maria Leopoldina, assumiu a liderança encaminhando os passos de seu marido. Em agosto de 1822, ela ocupava o lugar de  Regente do Reino do Brasil, em nome do marido, quando D. Pedro visitava Minas Gerais e São Paulo. Presidindo o Conselho de Estado, Da. Maria Leopoldina concordou com os entendimentos do ministro e conselheiro José Bonifácio de Andrada e Silva – que considerava um desrespeito as atitudes dos deputados portugueses que queriam reconduzir o Brasil à situação anterior à vinda da Família Real – e escreveu ao príncipe regente, D. Pedro, aconselhando-o a romper definitivamente com Portugal.

Além da participação no processo que nos levou à independência, também foi muito importante a influência de Da. Leopoldina junto ao seu pai, o imperador Francisco I da Áustria — último imperador do Sacro Imperador Romano-Germânico, que aceitou a independência brasileira. Esta aceitação, por sua vez, terminou por forçar o próprio reino de Portugal a concordar com nossa emancipação política. A liberdade brasileira ficou consolidada no Tratado de Reconhecimento da Independência, firmado entre o Brasil e Portugal, em 1825.

Em 1o de dezembro de 1822, D. Pedro I e Da. Maria Leopoldina foram coroados como sendo os primeiros Imperadores do Brasil, na Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo, a Catedral Velha do Rio de Janeiro. Em 25 de março de 1824, o casal imperial jurou a Constituição do país.

Em dezembro de 1825, a imperatriz Da. Leopoldina deu à luz D. Pedro de Alcântara, seu último filho e que seria o nosso segundo imperador, D. Pedro II, cujo governo se estendeu de 1840 a 1889.

O ano de 1826 foi difícil para Da. Leopoldina, que sofreu com as traições conjugais do marido, com a conjuntura política brasileira e portuguesa e com a saudade de sua família e terra natal. Física e psicologicamente abatida e, novamente grávida, a imperatriz teve um aborto espontâneo e, em consequência, acabou falecendo, em 11 de dezembro de 1826.

A morte de Da. Maria Leopoldina provocou o que se considera o primeiro luto nacional brasileiro, conforme atestam diversos historiadores.

Inicialmente enterrada no Convento da Ajuda, onde recebeu a seguinte lápide, conforme nos atesta Viriato Corrêa (O Brasil dos meus Avós):

“Aqui repousam os restos da adorada imperatriz Da. Maria Leopoldina. O seu espírito, cremos, habita os céus, e sua memória não a gastarão os séculos”.

Com a demolição do Convento da Ajuda, os restos mortais de nossa primeira imperatriz foram transferidos para o Convento de Santo Antônio, também no Rio de Janeiro. Desde 1954, ela está enterrada no Mausoléu Imperial da Cripta do Ipiranga, em São Paulo.