Rádio Câmara

Reportagem Especial

Desafios da educação – bons exemplos do ensino público

23/02/2015 - 19h00

  • Desafios da educação – bons exemplos do ensino público (bloco 1)

  • Desafios da educação – escolas públicas (bloco 2)

  • Desafios da educação – os projetos em análise na Câmara (bloco 3)

A educação é um dos grandes desafios que os novos governantes vão enfrentar. De olho neste assunto tão importante, governo e educadores miram o Ideb, indicador que serve como referência para a qualidade do ensino. O Brasil quer atingir, até 2022, os índices médios dos países desenvolvidos. Fomos até Recife, Pernambuco, onde está localizada a melhor escola de ensino fundamental do país. Lá, visitamos também duas escolas municipais, que enfrentam grandes problemas. Os desafios na Educação são o tema da Reportagem Especial desta semana, em três capítulos.

A educação é vista como um dos grandes desafios do poder público e sempre aparece como prioridade nos programas de governo, sobretudo a educação básica, que compreende três etapas: a educação infantil (para crianças com até cinco anos), o ensino fundamental (para alunos de seis a 14 anos) e o ensino médio (para alunos de 15 a 17 anos).

De olho neste assunto tão importante, governo e cidadãos miram o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, Ideb, o indicador que serve como referência da qualidade do ensino, para saber como anda o Brasil, seus estados e municípios, que usam o índice como parâmetro para orientar a melhora do ensino em suas redes.

Criado pelo Ministério da Educação em 2005, o Ideb é calculado com base na taxa de rendimento escolar (aprovação e evasão) e no desempenho dos alunos em testes nacionais de português e matemática. Quanto maior a nota da instituição nos testes e quanto menor repetências e desistências a escola registrar, melhor será sua classificação. Os estudantes avaliados cursam o quinto e o nono ano do ensino fundamental e o último ano do ensino médio.

O Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco é um exemplo no ensino público brasileiro. A instituição obtém há quatro avaliações consecutivas as maiores médias entre as escolas públicas nos anos finais do ensino fundamental. Com regime parcialmente integral, o colégio tirou 8,4 no Ideb de 2013, em uma escala que varia de zero a dez.

O diretor, professor Alfredo Matos, destacou que o Colégio de Aplicação participa diretamente da realidade do aluno.

"Quando um aluno passa um tempo integral na escola, vamos colocar o tempo integral: como exemplo aqui no Colégio de Aplicação, ele chega às 07h20 e sai às 16h00, duas ou três vezes por semana. Nesse período, vamos ter as disciplinas regulares, no padrão do MEC, o currículo básico. E a escola desenvolve disciplinas que a própria comunidade solicita. E isso a gente consegue adequar a realidade do aluno ao ensino, fazendo com que a escola participe mais de sua realidade."

Para Márcio André, presidente da Associação de Pais e Alunos do Colégio de Aplicação, um dos diferenciais da instituição é a participação da família na gestão escolar. Além disso, ele destaca que o processo seletivo também é outro diferencial:

"São dois mil alunos concorrendo para 60 vagas. Então, os alunos vêm com nível muito alto e uma base muito alta. E vêm com uma afinidade de leitura, gostam de estudar, gostam de pesquisar, gostam de escrever. Encontram aqui, no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco, uma realidade que contempla as expectativas deles que é a tríade do ensino, pesquisa e extensão, atrelada a professores qualificados. Nós temos professores especialistas, com mestrado, com doutorado e até pós-doutorado, que acredito que muitas universidades do país não tenham a qualificação que os professores têm aqui."

Os alunos do Colégio de Aplicação também avaliam positivamente a instituição. Para Pedro, as aulas são dinâmicas e diferentes:

"É um ensino bem avançado em relação a outros colégios. Os professores ensinam muito bem, com aulas mais dinâmicas, aulas que eu não tinha visto em outras escolas."

Já a estudante Letícia destaca a participação dos alunos nos conselhos de classe:

"Tem a questão do conselho de classe, em que os alunos podem falar se os professores estão fazendo as coisas erradas ou certas."

O aluno Paulo Henrique afirma que alunos e professores são mais próximos no Colégio de Aplicação do que em outras instituições de ensino:

"A comunicação entre os alunos e professores no meu colégio antigo era bem dividida. Acho que aqui os alunos e professores se comunicam bem mais."

No entanto, educação pública ainda precisa avançar muito. A média nacional das escolas públicas nos anos iniciais do ensino fundamental, no quinto ano, no Ideb, por exemplo, ficou em 4,9. Já nos anos finais (nono ano), a nota alcançada foi 4; e o ensino médio ficou em 3,7. O objetivo do Ministério da Educação é que o Brasil atinja nota 6 no Ideb até 2022, que seria a média correspondente ao sistema educacional dos países desenvolvidos.

Mas para o especialista em educação José Batista Neto não basta apenas tirar nota seis:

"Esse seis pode não dizer grande coisa. Pode dizer que a gente é capaz de tirar seis nas notas de português ou matemática, mas não ser um cidadão capaz de respeitar a diversidade, conviver com a diferença. Respeitar a opinião do outro, não ser capaz de conviver democraticamente. Pode ser apenas um seis cognitivo, e não um seis no sentido humanístico desse seis."

De acordo com o MEC, apenas os primeiros anos do ensino fundamental devem alcançar a meta antes do previsto, em 2021. Nos demais níveis de ensino, o tempo para alcança-la é maior: os anos finais do ensino fundamental, em 2025; e o ensino médio, apenas em 2028.

O ensino básico, que vai até os 17 anos de idade, é um dos gargalos que a educação do País enfrenta. Confira no segundo capítulo da reportagem especial!

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Mauro Ceccherini
Trabalhos técnicos – Carlos Augusto de Paiva

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