23/05/2019 14:51 - Meio Ambiente
Radioagência
Deputados da CPI de Brumadinho se revoltam com silêncio e falta de informação de funcionários da Tüv Süd
Deputados da CPI de Brumadinho se revoltam com silêncio e falta de informação de funcionários da empresa alemã Tüv Süd, que atestou a estabilidade da barragem do Córrego do Feijão. Dos quatro funcionários convocados para depor nesta quinta-feira (23), um deles – o engenheiro Vinícius Wedekin – conseguiu no Supremo Tribunal Federal o direito de não comparecer à CPI. A diretora de gestão e qualidade da Tüv Süd, Alice Maria, afirmou não ter competência para comentar as análises técnicas e as auditorias da empresa. Os engenheiros auditores Makoto Namba e André Yassuda tinham um habeas corpus preventivo, também concedido pelo STF, para não responderem as perguntas da CPI, como informou Makoto:
"Eu só gostaria de falar que a equipe que participou dos projetos da Vale está consternada e arrasada em relação às consequências da tragédia em Brumadinho e que se solidariza com a dor das famílias das vítimas. Por orientação dos advogados, eu vou permanecer em silêncio."
Namba e Yassuda apenas confirmaram o teor de depoimentos prestados à Polícia Federal, à Polícia Civil de Minas Gerais e ao Ministério Público. Foi Makoto Namba quem assinou o laudo de estabilidade da barragem de Córrego do Fundão, em setembro de 2018. Mas, no inquérito da Polícia Civil, o engenheiro admitiu ter havido "barbeiragem" da empresa Alphageos na instalação de drenos na barragem e "pressão sutil" do gerente de geotecnia da Vale, Alexandre Campanha, em prol do laudo de estabilidade. Para o relator da CPI de Brumadinho, deputado Rogério Correia, do PT mineiro, a recusa da Tüv Süd em dar mais detalhes do caso prejudica o processo de responsabilização criminal. Correia confirmou a ida de parlamentares à embaixada da Alemanha na próxima quarta-feira (29) em busca de auxílio na investigação:
"A gente não consegue saber nada da Tüv Süd. Eles vêm e não falam. O outro que era administrador financeiro (Marcelo Pacheco) também não sabe. O Cris-Peter Meier (diretor de negócios e desenvolvimento) fugiu do Brasil: está lá na Alemanha. Isso reforça a necessidade da nossa ida à embaixada da Alemanha, porque uma empresa dá um atestado de estabilidade em setembro para uma barragem que se rompe em janeiro, não esclarece direito a relação que tinha com a Vale e não nos dá a devida informação em uma comissão parlamentar de inquérito. Isso é grave e inclusive fere a soberania nacional, já que é uma empresa estrangeira que deveria facilitar a apuração de um crime dessa gravidade."
Correia e vários outros deputados [Gilberto Abramo (PRB-MG), Igor Timo (PODE-MG) e Áurea Carolina (Psol-MG)] disseram que a Tüv Süd e a mineradora Vale têm adotado a mesma estratégia de defesa: mantêm os funcionários envolvidos no caso afastados de suas funções e pagam os advogados de defesa para unificar as versões.