30/04/2019 16:25 - Relações Exteriores
Radioagência
Acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia avança, avalia governo
Representantes de três ministérios manifestaram otimismo (30) com as tratativas para a formalização de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e União Europeia (UE). Uma nova rodada de negociações foi agendada para maio, na Argentina. Os técnicos participaram de audiência pública sobre o acordo na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
Diretor do Departamento de Mercosul e Integração Regional do Ministério das Relações Exteriores, Michel Arslanian Neto, destacou como fundamental para o acordo os dois lados flexibilizarem suas posições. Ele informou que o tema agrícola, um dos mais sensíveis tanto para o lado europeu quanto para o Mercosul, deverá ser objeto de análise na próxima rodada de negociação.
"Na nossa avaliação, o estágio atual da negociação permite vislumbrar um quadro em que essa rodada de maio já seja praticamente conclusiva no plano técnico".
Na avaliação de Arlanian Neto, no entanto, o Mercosul e o Brasil estão chegando atrasados na negociação com o bloco europeu.
"Vários parceiros já fecharam acordos com a União Europeia e já obtiveram tratamento preferencial para suas exportações. Portanto, o efeito principal e imediato do acordo será equalizar as condições de concorrência, uma vez que o Brasil está hoje em uma situação de desvantagem".
Subsecretário de Relações Internacionais do Ministério da Economia, Alexandre Lobo também afirmou que cada lado precisa controlar suas ambições para que o acordo seja possível. Segundo ele, é preciso considerar que determinadas demandas não poderão serão atendidas. Como exemplo, ele citou a demanda brasileira para ter livre acesso ao comércio de carne no mercado europeu.
"Se o Ministério da Agricultura acha que nós teremos o livre comércio da carne, [ele precisa lembrar que] isso foi algo que a União Europeia jamais concedeu em acordos comerciais com parceiros. O que se busca hoje é uma cota maior para a exportação brasileira de carne, açúcar e etanol, mas nesse aspecto não vemos que estamos próximos da conclusão do acordo".
O deputado Hildo Rocha (MDB-MA), que propôs o debate, quis saber dos representantes do governo quais os principais entraves e quais as chances de o acordo se concretizar até o fim do ano.
Em resposta ao deputado, Alexandre Lobo disse que o sucesso das negociações depende do entendimento que um bloco tem das necessidades do outro.
"Essa próxima rodada, em maio, será a conclusão do caráter técnico. E vamos depender de decisões de alto escalão, para definir o que pode e o que não pode em relação aos temas de alta sensibilidade".
Representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Lúcia Gomes trouxe aos deputados números da balança comercial agrícola envolvendo o Brasil e a União Europeia. Segundo ela, o Brasil é o segundo maior fornecedor de produtos agrícolas para o mercado europeu. Em 2018, dos US$ 43 bilhões exportados para a UE, 14% são produtos agrícolas.