19/03/2019 18:46 - Política
Radioagência
Câmara lança Frente Parlamentar Mista Ética contra a Corrupção
230 deputados e senadores de mais de 20 partidos integram a Frente Parlamentar Mista Ética contra a Corrupção (FECC), que foi lançada (nesta terça-feira, 19) aqui na Câmara. Não é a primeira vez que os parlamentares se mobilizam para cobrar transparência na gestão de recursos públicos e fiscalização das atividades dos agentes públicos.
A primeira frente contra a corrupção foi criada em 2004, há 15 anos. Mas Gil Castelo Branco, representante da ONG Contas Abertas, que esteve na cerimônia de lançamento, diz que este é um momento favorável para retomar a movimentação em torno do tema.
"Em primeiro lugar, a sociedade está profundamente mobilizada contra a corrupção. Em segundo lugar, nessa nova legislatura, nós estamos tendo parlamentares (deputados e senadores) que vieram justamente de movimentos populares. E o terceiro fator é o seguinte: nós temos, hoje em dia, uma matéria-prima muito grande para que se possa trabalhar. Nós temos o pacote anticorrupção do ministro Sérgio Moro e temos ainda as 70 medidas de combate à corrupção, que foram provenientes de um estudo da sociedade civil que demorou 18 meses e teve a contribuição de 298 entidades, mais de 100 pessoas físicas inclusive."
O deputado Marcelo Calero, do PPS do Rio de Janeiro, que faz parte da frente parlamentar, diz que o trabalho de combate à corrupção já estará facilitado a partir desta agenda legislativa. Ele credita ao alto índice de renovação da Câmara nesta legislatura o fato de que a agenda está em sintonia com os anseios da sociedade.
"A população está consciente de que a corrupção mata, de que a corrupção tem relação cotidiana com a sua vida. Se a fila do hospital está grande, se a escola está mal cuidada, se o professor tá mal pago, a corrupção tem a ver com isso também. Isso é muito importante. As pessoas se conscientizando que a corrupção não é algo abstrato, mas tem a ver com a nossa própria existência".
Para a coordenadora da frente parlamentar, deputada Adriana Ventura, do Novo de São Paulo, o combate à corrupção não tem divisão entre direita e esquerda, situação e oposição. Ela salientou que os parlamentares já se dividiram em grupos de trabalho, para focalizar principalmente três eixos:
"Legislar, para fazer as reformas necessárias; fiscalizar, para propor ações que fiscalizem coisas que tenham que ser fiscalizadas de maneira mais efetiva; e o educar, porque existe um trabalho que a gente precisa fazer com os parlamentares, com outros membros da sociedade civil e com a sociedade em geral, porque a gente tem que falar de corrupção, porque a corrupção, ela existe por todos os lados e a gente precisa tratar adequadamente de uma maneira aberta isso"
Marcelo Issa, do Movimento Transparência Partidária, apontou que, em todos os últimos escândalos de corrupção do país, os partidos políticos foram veículos dos esquemas que vieram à tona. Por isso, ele defende a transparência da atuação partidária e a equidade na distribuição de recursos, entre outras providências.
"Nós avançamos muito no que se refere à transparência das contas e dos processos eleitorais, mas ainda precisamos avançar muito no que tange à transparência das dinâmicas de funcionamento dos partidos e da contabilidade dos partidos"
O primeiro ato da cerimônia de lançamento da Frente Parlamentar Mista Ética contra a Corrupção foi a exibição de um vídeo com uma fala do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Ele saudou a criação da frente e pediu atenção dos parlamentares para a tramitação do pacote anticrime enviado ao Congresso.