20/02/2019 13:56 - Trabalho
Radioagência
Governistas iniciam articulação para votar Reforma da Previdência; oposição critica e diz que aprovação será difícil
Para entregar a Reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro foi recebido na Câmara pelos presidentes das duas casas legislativas, deputado Rodrigo Maia e senador Davi Alcolumbre, e por parlamentares da base de sustentação do governo. Enquanto entregava o texto no gabinete de Maia, deputados do partido de oposição Psol, vestidos de aventais de cor alaranjada e segurando laranjas, protestaram no salão verde contra a reforma e lembravam as denúncias de candidaturas laranjas do PSL, partido de Bolsonaro.
A reforma ainda vai passar por um longo processo de análise na Câmara: Comissão de Constituição e Justiça, comissão especial, dois turnos de votação em plenário. Mas já é possível ver que não vai faltar polêmica.
A líder da minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali, do PCdoB do Rio de Janeiro, criticou a reforma e disse que a aprovação será difícil:
"Já vai ficando claro que os argumentos centrais são completamente falsos. Primeiro que é combate a privilégios quando, na verdade, 82% dos idosos são protegidos pela Previdência; então, mudar a Previdência hoje é tirar a proteção de 80% dos idosos mais pobres desse país. Segundo, que ela resolve a economia, e é o contrário, a economia que resolve Previdência."
Já o deputado Luciano Bivar, presidente do PSL, acredita que não será difícil conseguir a maioria necessária para a reforma:
"Eu acho que estamos todos imbuídos com o propósito de atender o Brasil nas reformas que a gente tem sempre brigado, que é, justamente, equacionar o desequilíbrio financeiro da Previdência pública. Todos os deputados estão imbuídos, porque não é para um governo, não é para uma legislatura, é para o Brasil."
O deputado José Guimarães, do PT do Ceará, afirmou que mudanças na Previdência são necessárias. Mas ele acredita que o governo não tem articulação suficiente para garantir a aprovação:
"O governo não tem centro político, não tem diálogo e não tem como construir uma base parlamentar que dê conta de uma matéria tão polêmica como é a reforma da Previdência. E a nossa posição, da bancada do PT, é muito clara: nós não vamos votar nada que signifique a desconstrução daquele tripé que fez parte da constituinte de 88: previdência, saúde e assistência."
Por outro lado, o deputado Fábio Ramalho, do MDB mineiro, disse que não há crise no governo e defendeu a aprovação da reforma:
"Não é uma crise, há somente um problema momentâneo que já foi corrigido, e o que eu penso é que a gente tem que focar na nossa pauta. A nossa pauta é a reforma, mas reforma com responsabilidade, reforma que a gente faça dentro dos trâmites legais, e que a gente possa, sim, atender na reforma aquilo que é necessário ao país. E convidar também as assembleias legislativas e os governadores para que eles também façam reforma nos estados."
Como a reforma da previdência é uma proposta que muda a Constituição Federal, para aprovar o texto na Câmara é necessário o voto de pelo menos 308 deputados em Plenário, em dois turnos de votação. Depois disso, a proposta ainda vai para a análise dos senadores.