12/02/2019 20:28 - Relações Exteriores
Radioagência
Sem consenso, Parlasul adia para março decisão sobre crise na Venezuela
Os representantes dos países que integram o parlamento do Mercosul não chegaram a um consenso sobre como se posicionar em relação à crise política e humanitária na Venezuela.
A Mesa Diretora do Parlasul se reuniu nessa segunda-feira (11) para definir uma agenda que pudesse ajudar a Venezuela a sair da crise política e humanitária.
Mas os parlamentares saíram da reunião sem nenhuma proposta definida, pois não houve consenso entre o representante do Paraguai e os outros países, como explica o deputado Arlindo Chinaglia, do PT de São Paulo, que é o vice-presidente do Parlasul, pelo Brasil.
"A posição do Brasil, da Bolívia, do Uruguai e da Argentina coincidiu em linhas gerais. Entretanto como qualquer decisão da mesa diretiva, só pode de fato haver essa decisão se for por consenso, o vice-presidente pelo Paraguai disse que não concordava".
Os representantes defendiam que a crise deve ser resolvida pelos próprios venezuelanos, sem qualquer interferência externa, principalmente uma intervenção militar. O Parlasul acompanharia, junto com outros países, o diálogo para que ajuda humanitária chegue à Venezuela e novas eleições sejam realizadas de forma democrática no país.
Tomás Enrique Bittar, vice-presidente do Parlasul, pelo Paraguai, discordou da proposta, e descartou a possibilidade de diálogo com a Venezuela.
"Não é que bloqueamos, porque havia pontos em que convergíamos. Mas nós partimos da base do não-reconhecimento do governo de Nicolas Maduro. O diálogo que se tentou e que se quer tentar, isso já está vencido. O que mais tem de acontecer na Venezuela para que paremos de falar de diálogo? Esse senhor já passou da linha".
A reunião do Parlasul contou com representantes do governo e da oposição venezuelana, pois desde o início do ano o país está com dois presidentes, o que agravou a crise.
No mês de janeiro, o líder da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, se autodeclarou presidente interino do país, e pediu novas eleições. Desde então, as ruas foram tomadas por manifestantes. Maduro já disse que não renunciará e que "vai ao combate".
Para o deputado Arlindo Chinaglia, a negociação precisa ter representantes de Maduro, para não haver risco de um derramamento de sangue na Venezuela. Por outro lado, diversos países, inclusive o Brasil e integrantes da União Europeia, reconheceram Juan Guaidó, da oposição, como presidente legítimo para conduzir um processo de transição no país vizinho.
"É preciso considerar que o que está por trás dessa crise são erros do governo, com certeza; o bloqueio econômico, com certeza; agora, o olho de cobiça é o petróleo. Nossa responsabilidade é, em primeiro lugar, defender o povo venezuelano. E na minha opinião, defender que ninguém toque no petróleo da Venezuela, nenhum grupo estrangeiro de nenhuma natureza porque é uma riqueza incalculável e finita."
O presidente do parlamento do Mercosul, o uruguaio Daniel Caggiani, informou, em entrevista logo após a reunião da Mesa Diretora do Parlasul, que uma decisão deverá ser tomada pelo plenário da instituição em março, com possíveis soluções para crise que assola a Venezuela.