01/02/2018 15:48 - Saúde
Radioagência
Câmara institui Julho Amarelo para prevenção e combate de hepatites virais
A proposta (PL 3870/15) é do coordenador da Frente Parlamentar Mista de Combate às Hepatites Virais, deputado Marcos Reategui, do PSD do Amapá. O texto foi aprovado conclusivamente nas comissões da Câmara e será analisado agora pelo Senado. As hepatites A, B, C, D e E são doenças infecciosas que atacam o fígado. Entre os sintomas, estão pele e olhos amarelados, febre, tontura, enjoo e escurecimento da urina. Algumas, no entanto, são assintomáticas, silenciosas e, por isso, subnotificadas. Uma das relatoras da proposta (na CCJ), a deputada Érika Kokay, do PT do Distrito Federal, concordou com a definição de um mês específico - o Julho Amarelo - para dar visibilidade aos casos de hepatites virais, mas ressaltou que a prevenção e o combate à doença devem ser diários.
"Dar visibilidade é a forma que se tem para se ficar imune a hepatites virais e, ao mesmo tempo, trabalhar na perspectiva de elevação de uma política pública que assegure o diagnóstico precoce. Ao mesmo tempo, é oportunidade para que a população possa se organizar, ter consciência dos seus próprios direitos e buscar a atenção à saúde, que possibilite o enfrentamento da hepatite viral".
A diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle de Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, informou que as hepatites virais A, B e C são as mais comuns no Brasil. Já a D fica mais restrita à região amazônica, enquanto a hepatite E tem poucos casos registrados no país. O contágio de A e E estão mais associados a problemas de saneamento básico. No caso das hepatites B e C, a transmissão também pode ocorrer por sangue contaminado ou relações sexuais desprotegidas. Os vírus B, C e D podem ter transmissão vertical, ou seja, da gestante para o feto ou da mãe para o bebê, no momento do parto. A prevenção se dá com vacinações, uso de preservativos e cuidados especiais, como o não compartilhamento de seringas, lâminas de barbear e alicates de unha, por exemplo. Adele Benzaken lembra que as hepatites virais são doenças de notificação obrigatória. No caso da C, são cerca de 155 mil casos confirmados no Brasil. Mas Adele Benzaken avalia que o número real passa de 600 mil, já que muitas pessoas podem estar assintomáticas.
"A hepatite C causa cirrose no fígado. A sintomatologia só aparece quando a pessoa já está em um estágio mais avançado da doença. Por isso, todas as nossas campanhas enfatizam que as pessoas - em uma determinada faixa etária, acima de 40 anos de idade - devem procurar ser testadas de uma forma sistemática para que a gente possa achar esses casos assintomáticos".
Adele Benzaken disse contar com o apoio da Câmara e do Senado para o plano de erradicação da hepatite C até 2030. A intenção do Ministério da Saúde é tratar 657 mil pessoas com a doença pelo Sistema Único de Saúde, a partir deste ano. As hepatites A e B têm sintomas mais evidentes e a recomendação do ministério é a atenção quanto à vacinação.