06/07/2017 08:58 - Direito e Justiça
Radioagência
Para testemunhas no Conselho de Ética, deputado agiu de má-fé ao usar vídeo de Jean Wyllys
Parlamentares afirmaram nesta quarta-feira (5), ao Conselho de Ética da Câmara, que o deputado Delegado Éder Mauro, do PSD paraense, agiu de má-fé ao divulgar vídeo, que teria sido editado para descontextualizar fala do deputado Jean Wyllys, do Psol do Rio de Janeiro. Mauro se defendeu e disse que a fala, com ou sem edição, deveria ser vista apenas como opinião.
O processo é baseado em uma representação da Mesa Diretora fundamentada em ação na Corregedoria da Câmara. Éder Mauro publicou, em sua página do Facebook, vídeo com parte de pronunciamento de Wyllys durante reunião de 2015, da CPI, que apurou a violência contra jovens negros e pobres no Brasil.
Segundo o deputado do Psol, a frase completa é:
“Tem um imaginário impregnado, sobretudo nos agentes das forças de segurança, de que uma pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa. É mais perigosa do que uma pessoa branca de classe média. Esse é um imaginário que está impregnado na gente.
No vídeo publicado por Mauro, ainda segundo Wyllys, ouve-se apenas
Uma pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa. É mais perigosa do que uma pessoa branca de classe média.
Segundo a deputada Erika Kokay, do PT do Distrito Federal, não houve um corte inocente no vídeo, mas proposital para distorcer a fala de Wyllys e, ainda assim, o material foi divulgado.
Ele estava presente, viu qual foi a fala do deputado Jean Wyllys. E, mesmo assim, se utilizou de uma edição com cortes dolosa para tentar desqualificar o deputado Jean Wyllys. Acho que isso é extremamente criminoso e dá uma profunda insegurança.
O deputado Cláudio Cajado, do DEM baiano, corregedor parlamentar à época da representação, disse que a edição não pode ser questionada e que Mauro divulgou, por má-fé, algo falso.
Para Éder Mauro, a fala de Wyllys reflete preconceito contra profissionais das forças de segurança. O deputado questionou se, nesse contexto, a fala seria caracterizada como racismo - e não apenas uma opinião do parlamentar sem implicação criminal.
"Se ele mesmo diz na própria representação, e as testemunhas dele estão colocando de que quando ele fala, se referindo a essa fala que ele tanto reclama, se referindo à força de segurança não é crime, é opinião dele. Mas quando foi tirada a força de segurança, como foi o caso no vídeo, e se refere apenas ao que ele está falando, aí ele quer dar a entender de que quem fez está colocando ele como criminoso, por estar dizendo que ele está sendo racista com relação aos pobres e negros."
A reunião foi encerrada pouco após o início da Ordem do Dia do Plenário. Assim, outros dois deputados do Psol devem testemunhar só na próxima semana.