09/11/2016 21:34 - Educação
Radioagência
Reunião da comissão sobre reforma do ensino médio é marcada por protestos
Reunião da comissão mista que analisa a reforma do ensino médio foi marcada por protestos de lideranças de movimentos estudantis.
As mudanças curriculares constam de Medida Provisória (746/16), enviada ao Congresso Nacional no fim de setembro. Entre outros pontos, o texto flexibiliza as disciplinas obrigatórias e eleva a carga horária mínima anual, de forma gradual, das atuais 800 horas para 1.400 horas.
Parlamentares e debatedores se recusaram a iniciar a audiência pública ao serem informados pelo presidente do colegiado, deputado Izalci (PSDB-DF), que a Presidência do Senado havia barrado a entrada das dirigentes da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e da União Nacional dos Estudantes (UNE), convidadas para a discussão. O comunicado causou reação imediata da deputada Maria do Rosário (PT-RS):
"Nós não permitiremos que esse debate continue como um falso debate, onde os estudantes estão com suas movimentações lá fora. Essa atitude aqui no Senado poderá acirrar ainda mais os ânimos da sociedade, dos estudantes e dos professores."
A deputada e as senadoras, também petistas, Gleisi Hoffmann (PR) e Fátima Bezerra (RN) articularam com a presidência do Senado a liberação da entrada da presidente da UNE, Carina Vitral. Já a presidente da Ubes, Camila Lanes, enviou um representante para falar em seu lugar.
Segundo Carina Vitral, sua entrada foi vetada em virtude de um confronto que ocorreu pela manhã entre policiais legislativos do Senado e um grupo de cerca de 40 estudantes que tentavam acompanhar a audiência sobre a reforma do ensino médio que ocorria na Comissão de Educação daquela Casa. Ela atribuiu a atual ocupação de escolas e universidades à dificuldade da classe política em ouvir os estudantes:
"Existe uma dificuldade da classe política de ouvir os estudantes, hoje tem mais de mil escolas e 200 universidades ocupadas exatamente porque os estudantes querem ser ouvidos. A falta de abertura para ouvir a sociedade civil é que torna essa situação complicada."
A coordenadora do Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio, Monica Ribeiro da Silva, afirmou ter presenciado agressões da polícia legislativa do Senado contra estudantes.
"Houve algumas agressões contra os estudantes, eu desci junto com a senadora Gleisi Hoffman e Fátima Bezerra e na descida pude acompanhar duas estudantes na cadeira de rodas indo ter socorro médico porque tinham sido atacadas por spray de pimenta."
A assessoria de comunicação do Senado Federal informou não ter conhecimento sobre o uso de violência na contenção da entrada dos jovens e que a polícia legislativa seguiu o protocolo da Casa, ao liberar a entrada de pessoas conforme a disponibilidade de lugares vagos nas comissões.