Radioagência

Deputados e especialistas que discutiram, na Câmara, o Plano de Manejo da Área de Proteção de Pouso Alto, na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, criticaram a falta de debate do projeto, pelo governo estadual, com as comunidades da região.

A discussão foi promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável a pedido do deputado Augusto Carvalho, do Solidariedade do Distrito Federal:

"Primeiro, que tem 44 anos que eu estou em Brasília e aprendi a amar os encantos da Chapada há muito tempo, levando inclusive os meus filhos pequenos para aquelas caminhadas maravilhosas. Então, é uma relação de afeto que eu acho que eu expresso boa parte do sentimento das pessoas aqui do Distrito Federal e de outras partes do Brasil que vão à Chapada, que fazem questão de ter aquele santuário absolutamente preservado."

Para o deputado Sarney Filho, do PV do Maranhão, a região está sofrendo com desmatamentos e com o avanço do agronegócio, mesma opinião do presidente da Agência Brasileira de Meio Ambiente e Tecnologia da Informação, Donizete Tokarski:

"Esse plano de manejo que não foi discutido com a comunidade, que foi encomendado para fazer com que a sociedade mais possuidora de recursos somente seja beneficiada, e os pequenos agricultores não estão sendo ouvidos. As universidades não estão sendo ouvidas. Não há um processo democrático."

Tokarski disse que o cerrado brasileiro conta com apenas 3% de unidades de conservação, embora tenha 12.356 espécies de plantas catalogadas, sendo que cerca de 400 têm valor econômico comprovado.

Na Câmara, a Proposta de Emenda Constitucional 504 quer colocar o Cerrado e a Caatinga como patrimônios naturais do país, mas tem sofrido resistências do agronegócio, segundo o deputado Sarney Filho.

A chefe do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Carla Guaitanele, afirmou que dos 625 mil hectares que a Área de Proteção Ambiental possuía, hoje só existem 65 mil.