15/12/2014 17:40 - Meio Ambiente
Radioagência
Emissões de gases do efeito estufa devem diminuir até junho de 2015
O principal avanço da 20ª Conferência Mundial do Clima, a COP 20, foi acertar que todos os países, inclusive os países em desenvolvimento, apresentem metas de redução de emissões de gases do efeito estufa até junho de 2015. Em seguida, a Organização das Nações Unidas (ONU) julgará se, no conjunto, essas ofertas satisfazem os cortes necessários para evitar o aquecimento excessivo do planeta.
No ano que vem, em Paris, os países se reúnem novamente para fechar o acordo definitivo para 2020. O novo tratado será obrigatório a todos os países e deverá impactar diversos setores econômicos. O objetivo principal é evitar que a temperatura do planeta aumente mais que 2ºC até o final deste século. Os países em desenvolvimento também deverão apresentar metas de redução de emissões de gases do efeito estufa até junho de 2015.
A COP 20, realizada em Lima, no Peru, reuniu 196 países que aprovaram o chamado "rascunho zero" desse futuro acordo global do clima depois que as nações mais ricas fizeram concessões. O documento aprovado ressalta a culpa histórica de emissões de gases-estufa, o que atribui aos países desenvolvidos mais responsabilidades em comparação aos países em desenvolvimento.
O deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ), integrante da Comissão de Meio Ambiente, acompanhou os trabalhos em Lima. Segundo ele, o Brasil ainda precisa avançar, mas tem cumprido seu dever de casa.
"Pelo fato de nós termos reduzido, de 2005 até 2012, o nosso desmatamento em cerca de 82%, diminuímos as nossas emissões em cerca de 5% com relação a 1999. Parece pouco, mas é mais do que qualquer outro país em desenvolvimento. Então, o Brasil não está tão mal assim na fita, o que não quer dizer que estejamos bem. Ainda há muito o que fazer em termos de redução de desmatamento. T temos que reduzir nossas emissões na agricultura e o mais preocupante de tudo são as nossas emissões no campo de energia, na queima de combustíveis fósseis no setor de energia, com as termoelétricas."
Os Estados Unidos, por sua vez, diminuíram a emissão de gases depois que passaram a usar o gás de xisto em substituição ao carvão. Mas, segundo o deputado Alfredo Sirkis, o maior problema é a falta de apoio político no Senado norte-americano para a questão climática.
"Os republicanos têm uma postura totalmente absurda. Eles negam a existência de mudanças climáticas provocadas pela ação do homem. Eles são negacionistas. E tratados internacionais têm de ser ratificados por maioria qualificada pelo Senado americano. Então, não existe a menor possibilidade, nos próximos anos, enquanto houver uma maioria republicana, de os EUA assinarem qualquer tratado internacional."
Dificuldades como esta influenciaram na falta de consistência no documento da COP 20 em relação às iniciativas dos países desenvolvidos para conter sua poluição entre 2015 e 2020. Não houve um resultado forte sobre esse assunto, tanto que o texto usa o jargão diplomático "encoraja" e não "decide". Nesse caso, o "rascunho zero" pede a análise de oportunidades "ambiciosas" para conter o lançamento de gases para a atmosfera.
O documento cita ainda a criação de elementos que farão parte do novo acordo, como corte de emissões, redução do desmatamento, inovações nas indústrias, investimentos em energias renováveis, entre outros. Ainda não há definição sobre isso e o tema voltará a ser discutido no ano que vem, em Paris.
Ambientalistas defendem que, caso nada seja feito para conter o aquecimento do planeta, haverá maior ocorrência de fenômenos extremos como secas, enchentes, degelo dos polos e aumento do nível dos mares.