17/09/2013 22:45 - Comunicação
Radioagência
Presidente de comissão diz que Mídia Ninja pode auxiliar trabalho do Legislativo
Um jeito diferente de produção cultural e de jornalismo. É assim que trabalham dois grupos de jovens: o Fora do Eixo e o Mídia Ninja, sigla para Narrativas Independentes Jornalismo e Ação. Esses movimentos foram tema de um debate que aconteceu nesta terça-feira na Comissão de Cultura da Câmara. Eles ficaram conhecidos durante as manifestações de junho e julho porque mostraram um ponto de vista dos protestos diferente do dos grandes veículos de comunicação. Do meio da multidão, transmitiam as movimentações ao vivo, pela internet.
A qualidade do material é ruim, mas traz o calor dos fatos. Para alguns especialistas, isso não é jornalismo, porque falta profissionalismo. Já para outros, é, sim, um novo fenômeno, como para a diretora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ivana Bentes. O jornalista Bruno Torturra, do Mídia Ninja, diz que essa nova forma de divulgar os acontecimentos democratiza a informação.
"A gente vive potencialmente a idade de ouro do jornalismo. A gente vive em uma sociedade que se define pela troca de informação, pela leitura frequente, pelo acesso que tem aos fatos. Muita gente, até das camadas mais populares, tem smartphone. E como é que a gente está aceitando a ideia de que o jornalismo está morrendo? Tem um abismo geracional gigantesco nisso."
O Mídia Ninja é voltado ao jornalismo. Ele se mistura com outro movimento mais direcionado à cultura, o Coletivo Fora do Eixo. É uma rede que hoje reúne cerca de 2 mil jovens que vivem de arte, mesmo sem estarem ligados a grandes patrocinadores ou morarem no Rio de Janeiro ou São Paulo. Com pouco dinheiro, criaram moedas próprias e pagam parte das contas com trocas de serviços. O sistema vem funcionando, mas na Comissão de Cultura da Câmara criticaram a forma como o governo trata a produção cultural. Dizem que há pouco dinheiro para incentivar a área e que tem sido mal distribuído, priorizando atrações famosas em vez dos pequenos produtores. Além disso, exige burocracias, como prestação de contas, que os pequenos não conseguem cumprir, como explica o integrante do movimento Fora do Eixo, Pablo Capillé.
"Precisa criar mecanismos para tratar os diferentes de forma diferente. Não dá para você achar que a perspectiva isonômica vai tratar o Itaú Cultural da mesma forma que trata o pequeno Ponto de Cultura."
Para presidente da Comissão de Cultura, deputada Jandira Feghali, do PCdoB do Rio de Janeiro, movimentos sociais como o Mídia Ninja e o Fora do Eixo podem ajudar no trabalho do Legislativo para melhorar as áreas da cultura e comunicação.
"Neste segundo semestre, a articulação com o movimento social ainda tem que se intensificar para que a gente consiga avançar em algumas pautas aqui muito difíceis. Uma delas é o orçamento, que é uma reclamação de todos, e a segunda é a democratização da comunicação."
Para a deputada, as discussões sobre produção alternativa de cultura e comunicação precisam ser intensificadas para que a Comissão de Cultura trace estratégias que ajudem a desenvolver os setores.