07/03/2013 16:20 - Direitos Humanos
Radioagência
Pastor Marco Feliciano é eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos
Em reunião tumultuada, o deputado Pastor Marco Feliciano, do PSC paulista, foi eleito, nesta quinta-feira, para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Devido aos protestos da véspera e a pedido do PSC, o presidente da Câmara determinou que a reunião fosse fechada ao público. Mesmo assim, os manifestantes, concentrados em um dos corredores de acesso às comissões, entoavam palavras de ordem e voltavam a acusar Marcos Feliciano de "racista e homofóbico".
"A nossa luta / é todo dia / contra racismo / machismo e homofobia".
Dentro da comissão, deputados do PT e do PSOL tentavam obstruir a sessão. O até então presidente do colegiado, deputado Domingos Dutra, do PT maranhense, renunciou ao cargo e se recusou a conduzir o processo de votação.
"Essa é uma comissão também das minorias: dos índios e dos quilombolas. Essa comissão é dos ciganos, é da comunidade gay, é da comunidade das lésbicas, das prostitutas, porque eles são brasileiros, pagam impostos, votam e merecem ter a proteção do Estado brasileiro. Essa comissão é dos evangélicos, é dos católicos, é daqueles que não têm religião nenhuma, é daqueles que professam religões de matriz africana. Por isso, eu saio, renuncio, abro mão e não fico em uma sessão em que o povo brasileiro foi excluído de uma comissão que foi criada para fazer a ligação entre o parlamento e a população brasileira. Eu me retiro e não fico numa farsa."
Além de PT e PSOL, a deputada Luíza Erundina, do PSB paulista, também deixou a comissão.
" Vamos sair juntos, vamos sair juntos. Essa comissão não é mais a Comissão dos Direitos Humanos".
Em seguida, Pastor Marcos Feliciano foi eleito com 11 votos, graças ao PMDB, PSDB e PP que cederam suas vagas na comissão para deputados do PSC. Em seu primeiro discurso, já empossado, Feliciano negou a acusação de racismo e homofobia e repetiu que suas palavras têm sido mal interpretadas.
"Racismo e homofobia são crimes. Se eu houvesse cometido esse crime de racismo, a primeira pessoa a quem eu teria de pedir perdão na vida seria minha mãe, uma senhora de matriz negra. Só a pele dela não é negra, mas o cabelo é negro, o sangue é negro, os lábios são negros, o coração dela é, assim como eu também sou. Deixo aqui a minha hombridade, o meu caráter e a minha palavra de que, neste ano, vamos trabalhar com afinco e mostrar para todas as pessoas que não existe o que eles estão dizendo sobre racismo nem sobre homofobia."
O deputado Feliciano já marcou a primeira reunião da Comissão de Direitos Humanos para a próxima quarta-feira. Ele também manifestou a intenção de criar um minicolegiado para o debate democrático de todos os assuntos possíveis.
Já o PSOL iniciou a coleta de assinaturas para a criação da Frente Parlamentar de Defesa da Dignidade Humana e Contra a Violação de Direitos, que deve funcionar como um fórum alternativo, mantendo espaço para a expressão das minorias na Câmara.